ROTEIRO DE ESTUDOS (UM)

  Um Roteiro de Estudos Guilherme Auler Não nos parece exata a afirmação dogmática de certos cavalheiros sobre a IMPERIAL COLÔNIA DE PETRÓPOLIS. Declaram que o seu estudo histórico já se acha concluído e nada de importante resta a pesquisar. Situamo-nos, em polo oposto, em absoluta divergência. E para início de conversa, convém lembrar que dos Relatórios Anuais da Colônia somente foram localizados e publicados os referentes aos anos 1848, 1849, 1853, 1854, 1855, 1856 e 1857. Desconhecem-se, portanto, cinco deles, ou sejam os relativos a 1850, 1851, 1852, 1858 e 1859. Também, os ofícios do Major Julio Frederico Koeler, que muita informação proporcionam sobre os anos 1845 a 1847, ainda se acham inéditos, na sua grande parte. Muitos aspectos da Colônia pedem uma atenção especial. Por exemplo, as obras realizadas pela Diretoria, com descrição tão minuciosa nos relatórios, permitem o estudo bem desenvolvido da nossa geografia urbana. Acompanhamos, nesses documentos, a abertura de Ruas e de Caminhos, a construção de pontes e canais, o alargamento das vias de acesso, a modificação provocada com escavações e aterros, enfim tudo que o braço humano realizou, na urbanização de Petrópolis, executando o genial projeto do Major Koeler. O movimento demográfico, desde a primeira estatística publicada no Relatório do Presidente Aureliano, com as curvas de casamentos, nascimentos e óbitos, fornece curiosos elementos de desenvolvimento e expansão. E, se encararmos o setor genealógico, as descendências dos Colonos, famílias que desapareceram pela falta de varonia ou de prole, ou as que se expandiram de modo exuberante, chegaremos a conclusões surpreendentes. Os nomes dos Colonos, suas origens, e a própria quantidade dos elementos chegados, são temas não definidos. Além dos 1.818 Colonos citados pelo Presidente Aureliano, há mais 200 que em fins de 1846 [espontaneamente chegam] (truncado na publicação), segundo revelações dos papéis oficiais. Daí, surge uma distinção na estatística do Diretor Galdino, onze “Colonos obrigados à Província”, isto é, devedores das despesas de suas passagens, e Colonos sem qualificativo algum. O povoamento dos Quarteirões, a natureza das casas e seu mobiliário, despertam muita curiosidade. E nos antigos inventários, colhemos elementos esclarecedores. As finanças da Colônia representam outro capítulo muito controvertido por alguns, que se esquecem que tudo é pago pela Província do Rio de Janeiro. Confundem despesas da Superintendência da Imperial Fazenda, isto é, dinheiro vindo da Mordomia da Casa Imperial, com os gastos da Diretoria. Além da verba mensal de 6:000$000, a Província inúmeras […] Read More

PROPRIEDADES DO MAJOR KOELER EM PETRÓPOLIS (AS)

  AS PROPRIEDADES DO MAJOR KOELER EM PETRÓPOLIS Guilherme Auler Quando transcorre mais um aniversário ­ 21 de novembro ­ da morte do Major Júlio Frederico Koeler, em homenagem à memória do primeiro Diretor da Imperial Colônia e também do primeiro Superintendente da Imperial Fazenda de Petrópolis, vamos recordar as suas propriedades nesta cidade, em cujo nascimento ele teve parte tão importante. Inexplicavelmente, até hoje, estão desconhecidos dois documentos básicos para o estudo da formação de Petrópolis: a escritura da doação da Fazenda Quitandinha, propriedade de Koeler, ao Imperador Dom Pedro II, e a escritura de rescisão do contrato de arrendamento da Fazenda do Córrego Seco. Tivemos, entretanto, a satisfação de localizar esses manuscritos tão importantes, no arquivo da Superintendência da Imperial Fazenda, e mais adiante vamos transcrevê-los, na íntegra. A Compra da Fazenda Quitandinha. Em 1º de junho de 1841, Guilherme Francisco Rodrigues Franco, por escritura particular, vendeu a Júlio Frederico Koeler a Fazenda Quitandinha, pelo preço de 1:600$000, com a testada de 1.500 braças e o fundo de uma légua. A transação foi ultimada, em 9 de setembro de 1846, quando se lavrou a escritura de ratificação de venda, no Cartório de João Pinto de Miranda (Rio de Janeiro), Livro de Notas 188, folhas 165 e seguintes. O teor do documento é o seguinte: “SAIBAM quantos este público instrumento de escritura de ratificação de venda virem, que no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e quarenta e seis, aos nove dias do mês de Setembro, nesta mui leal e heróica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em o meu Cartório perante mim Tabelião, compareceram como outorgante Guilherme Francisco Rodrigues Franco e como outorgado o Major Júlio Frederico Koeler, este reconhecido pelo próprio de mim Tabelião e aquele das duas testemunhas abaixo nomeadas e assinadas perante as quais, pelo outorgante, me foi dito que sendo senhor e possuidor da Fazenda denominada ­ Quitandinha ­ que tem de testada mil e quinhentas braças e de fundo uma légua, partindo pelo lado de Leste com a Fazenda do Córrego Seco, com os fundos da qual faz testada, e com a Serra geral; pelo Oeste, com a Sesmaria de Marcos da Costa; pelo Sul, com o alto da Serra da Taquara; e pelo Norte, com a Sesmaria de Velasco; a tinha vendido ao Major Júlio Frederico Koeler, pela quantia de um conto e seiscentos mil […] Read More