Discurso de posse do associado titular Gastão Reis Gastão Reis, Associado Titular, Cadeira n.º 40 – Patrono Yeddo Fiuza   Num primeiro momento, falar sobre o patrono da cadeira 40 que vou ocupar, Yêddo Daudt Fiúza, causou-me um certo constrangimento.  Seu perfil político parecia muito distante do meu, defensor que sou da monarquia parlamentar. Depois, investigando mais a fundo, através da tese de mestrado de Priscila Musquim Alcântara de Oliveira, intitulada O Candidato do PCB: A trajetória política do engenheiro Yêddo Fiúza – 1930-1947, defendida em 2012 na UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora, confesso que passei a vê-lo com outros olhos, reconhecendo aspectos positivos em sua trajetória de vida, ainda que mantendo discordâncias de fundo. Yêddo Fiúza nasceu em Porto Alegre em 15 de setembro de 1894. Era filho de Adolfo Fiúza e de Maria Luisa Daudt Fiúza. Era primo de João Daudt d’Oliveira, futuro presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), no período 1942 a 1951, e também da Confederação Nacional do Comércio, de 1946 a 1947. Foi através da família Daudt, de sua mãe, muito bem articulada nos meios empresariais e políticos, que Yêddo acabou galgando posições de relevo na vida pública do país, sem com isso querer desmerecer sua competência profissional e sua capacidade de fazer acontecer.   Foi no Colégio dos Jesuítas de Porto Alegre que fez seus estudos do ciclo básico, formando-se mais tarde pela Faculdade de Engenharia de Porto Alegre. Cabe notar que esta seguiu a tradição alemã da Universidade Humboldtiana de entrelaçar pesquisa com formação profissional, que certamente adicionava à formação teórica a prática tão importante na formação de um bom engenheiro. Na parte inicial de sua tese, Priscila de Oliveira, enfoca a questão do papel do indivíduo na História. Ela nos fala da posição de Marx, relembrando que não é uma questão bem resolvida na abordagem marxista, que destaca o papel da estrutura sócio-econômica e da classe social em que o indivíduo está inserido. Menciona as posições de Plekhanov e de Trotsky. O primeiro via o indivíduo, segundo a visão de Marx, como mero representante de forças sociais e da tendência histórica da época. Já Trotsky destaca o papel da liderança individual no desenrolar da História. Na sua tese, Priscila de Oliveira cita o historiador Valério Arcary que nos fala de Trotsky. Este teria dito que, sem Lênin, a oportunidade histórica do bolchevismo poderia ter sido perdida. Sem […] Read More