AMARO VASCONCELLOS, INDUSTRIAL EM PETRÓPOLIS

AMARO VASCONCELLOS, INDUSTRIAL EM PETRÓPOLIS Francisco de Vasconcellos, Associado Emérito Campos dos Goitacazes, 1926. O capitão de indústria Francisco Ribeiro de Vasconcellos, enfrenta mais uma crise no mercado açucareiro. Afora isso, afligi-o um certo desentendimento familiar, que pode pôr em risco anos de sacrifícios na montagem de um pequeno império, que tinha como empresa holding a Usina São José. É nesse momento que Amaro, terceiro rebento do usineiro, alma irrequieta, farejadora de progresso, contaminada por uma ponta de delírio ambulatório e pelo espírito de aventura, deixa Campos, para radicar-se em Petrópolis, onde pretendia iniciar carreira de industrial em áreas que nada tinham a ver com as atividades tradicionais da família, há duzentos anos lidando com a cana de açúcar. Abril de 1926. Amaro Vasconcellos, já está instalado na serra, desfilando com sua baratinha amarela pelas ruas petropolitanas. Fez-se sócio do Tênis Clube e não demorou muito já estava de namoro com moça de tradicional família de Corrêas. Em 4 de maio daquele ano, protocolava na Prefeitura, sob o nº 1894, requerimento em que anunciava estar montando seis máquinas para fabricação de pregos e um motor elétrico de 6 H.P., no prédio nº 159 da rua João Caetano, pelo que, pedia a devida licença. A 7 de maio, pelo requerimento 1957, pedia permissão à autoridade competente, não só para estabelecer a fabrica de pregos, mas também uma carpintaria movida à eletricidade e solicitava lhe fosse cobrado o imposto proporcional ao resto do ano. Informava que o empreendimento ia ter 12 operários. A 10 de maio, novo requerimento: o de nº 1985, nos seguintes termos: “O abaixo assinado, Amaro Vasconcellos, já tendo instalado as suas máquinas no barracão da rua João Caetano 159, de acordo com o requerimento nº 1894 de 4 de maio do corrente, e tendo satisfeito todas as exigências dessa Prefeitura, requer vistoria para as ditas máquinas” . A vistoria foi efetivada a 14 de maio e detectou no local um motor elétrico de 6 H.P., seis máquinas de pregos e u’a máquina de serra de fita. Os emolumentos foram pagos pelo talão 1458 em 25 de maio de 1926. O jornal “O Comércio” de 3 de setembro daquele ano, estampava na seção de anúncios: “FÁBRICA DE PREGOS AMARO VASCONCELLOS – Fabrica e vende esse artigo em qualquer quantidade. Rua João Caetano 159 – Fone 961 – Petrópolis”. E o “Jornal de Petrópolis” de 25 daquele mês, fazia bela […] Read More

PONTE PRETA (A)

A PONTE PRETA Jany e Carlos Limongi, Associada Emérita e Associado Titular, falecido – A ponte de ferro construída em 1909 sobre o Rio Preto na zona urbana da então sede do 5º distrito de Petrópolis, São José do Rio Preto, foi um capítulo à parte da história da estrada de ferro estendida até aquela localidade. O ramal Petrópolis – São José que pretendia ir até encontrar um prolongamento da estrada de ferro Teresópolis com destino ao Peão e, provavelmente, visando alcançar Sumidouro e Cantagalo, na verdade, só foi concluído até São José onde se desenvolvia a cultura do café. Toda a produção das fazendas situadas à margem direita do Rio Preto ficava sujeita a ser transportada, para embarque nos vagões da linha férrea, usando a ponte de Águas Claras, a mais próxima da sede da Freguesia. Este uso obrigatório da travessia do café deu à Águas Claras uma grande projeção na época, mas seria bem mais econômico se o escoamento da produção pudesse ser realizado através da estação terminal de São José, dentro da sede do então 5º distrito. Assim, inicialmente, a estrada que fazia a ligação de São José com o primitivo caminho para as Minas Gerais, passando por Bemposta e Areal, vinda de Cebolas e descia pelo Córrego Sujo, daí margeando sempre o Rio Preto pelo lado direito, até Águas Claras, onde atravessava o rio Preto e fazia a ligação com a estrada que vinha de Teresópolis no Morro Grande. Águas Claras já era, há muito tempo, uma encruzilhada movimentada. Daquele ponto, os viajantes provenientes de Teresópolis poderiam seguir caminho para Aparecida e Cantagalo ou seguir, no sentido inverso, para Bemposta e Parayba do Sul, grande era o movimento naquela travessia. Mais tarde, com o uso da estrada – de -ferro, principalmente, se fazia a conexão com Petrópolis e Três Rios. Com a cultura do café, esta passagem tornou-se a mais usada para o embarque da produção cafeeira das fazendas situadas à margem direita do Rio Preto, pois a linha férrea foi construída vinda de Areal sempre pela margem esquerda. Por várias razões, fazia falta uma ponte dentro do perímetro urbano do distrito que pudesse ligar a parte alta com a parte baixa, usando a estação terminal de São José do Rio Preto, onde se avolumava o comércio e o movimento de pedestre. A travessia era feita por uma ponte de madeira já em estado precário, apresentando […] Read More

NOVA VERSÃO PARA O BRASÃO DE PETRÓPOLIS? (UMA)

UMA NOVA VERSÃO PARA O BRASÃO DE PETRÓPOLIS? Manoel de Souza Lordeiro, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 24 – Patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido Armas ou brasões são emblemas heráldicos adotados como insígnias por pessoas e famílias nobres, sociedades ou corporações, cidades, estados ou países. A ciência (ou a arte) dos brasões remonta ao tempo das Cruzadas, passando nos fins do séc. Xlll a subordinar-se a preceitos rígidos. Os brasões são metodicamente compostos por figuras diversas em variadas cores, denominadas metais e esmaltes, representadas sobre um fundo ou campo, cujo desenho lembra o escudo dos guerreiros medievais. Os metais são o ouro e a prata. Os esmaltes são: goles (vermelho), azul, sinopla (verde), sable (preto) e púrpura. Os brasões de cidades são normalmente encimados por coroas murais: em ouro, quando capitais, e prata, quando cidades e vilas, as cidades identificadas por cinco torres. Proclamada a República, muitos estados ou cidades adotaram armas próprias para utilização em fachadas de edifícios públicos, veículos e documentos oficiais. Tais emblemas, entretanto, não se subordinavam, na maioria das vezes, às regras fixas da heráldica, apresentando símbolos e alegorias em excesso e, quase sempre, de acentuado mau gosto. Nessas ocasiões, heraldistas e artistas gráficos raramente são consultados; todos se acham competentes para criar símbolos que são encaminhados a simples desenhistas para passá-los a limpo… Datam do início da República as primitivas armas de Petrópolis. De um artigo de Paulo Olinto em “Geopolítica dos Municípios” transcrevemos o seguinte trecho: “Em conseqüência da Revolta da Armada, Petrópolis passara a ser a capital provisória do estado do Rio de Janeiro. A mudança do governo verificou-se a 20 de fevereiro de 1894, e mesmo depois de sufocada a revolta, ali permaneceu até 4 de agosto de 1902. Um dos primeiros atos da respectiva Câmara Municipal foi a criação das suas armas, cujo projeto, aprovado na Assembléia Municipal de 11 de junho de 1894, pomposamente determinava: “Emblema de forma oval, orlado na parte superior pelas palavras RECTE REPUBLICAM GERERE e na inferior ESTADO DO RIO DE JANEIRO, ESTADOS UNIDOS DO BRASIL; em fundo azul, destacando-se as montanhas que circundam o município de Petrópolis, por onde corre o Rio Piabanha, margeado por fábricas de tecidos, e no espaço, a esfera, encimada por uma estrela, e tendo em faixa a data de 30 de junho de 1892, instalação da municipalidade de Petrópolis, tudo enlaçado pelos produtos locais, café e cana, com o dístico MUNICÍPIO […] Read More

QUESTÃO DE LIMITES ENTRE OS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E MINAS GERAIS – II (A)

A QUESTÃO DE LIMITES ENTRE OS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E MINAS GERAIS – II Francisco de Vasconcellos, Associado Emérito Durante os anos oitenta do século passado, o assunto dos limites entre as províncias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, praticamente desapareceu dos relatórios e dos noticiários. Na fala do Presidente fluminense Antonio da Rocha Fernandes Leão, em 8 de agosto de 1886, ficou consignado o seguinte: “Não tendo na lei do orçamento os meios precisos para levar a efeito aquele trabalho, declarei ao Presidente de Minas em ofício de 11 de junho que oportunamente solicitaria da Assembléia Legislativa Provincial a decretação da verba necessária para a referida verificação, caso não fosse da competência do governo geral manda-la executar”. Conforme se viu até aqui, essa tormentosa e arrastada questão de limites viveu de 1843 até o fim do Império num completo jogo de empurra, dos presidentes das províncias para as respectivas assembléias, que jamais votavam as verbas indispensáveis à demarcação e ao levantamento das plantas; e dos governos provinciais para o central, que por sua vez ouvia o Conselho de Estado, que custava a dar pareceres ou o fazia de forma insuficiente. Mas há um aspecto em tudo isso que não pode ser descurado: o caráter unitário do Império brasileiro, que em grande parte jungia as províncias aos desígnios do governo geral, foi também um dos grandes responsáveis pela não solução em tempo hábil do problema lindeiro no norte fluminense. Afinal, dentro do conceito, do espírito da Constituição de 1824 e da legislação dela decorrente, pouca diferença fazia se esta ou aquela porção do território de uma província estivesse sendo disputado por uma outra. Afinal tudo era Império do Brasil, que jamais deu espaço a qualquer vislumbre de federação. Esse fato não passou desapercebido ao engenheiro Cypriano J. de Carvalho que, em memória apresentada ao Secretário de Obras Públicas e Indústrias do governo Maurício de Abreu, em 1º de agosto de 1897, registrou; “A discriminação das divisas do Estado do Rio de Janeiro, tem constituído, desde muito, uma aspiração dos seus mais ilustres administradores e bem poderia ser hoje uma realidade se maiores houvessem sido em outros tempos, o prestígio e a autonomia provinciais”. Foi com o advento da República e especialmente depois da Constituição Federal de fevereiro de 1891 e da Carta Estadual de abril de 1892, que o tema começou a ser estudado com maior […] Read More

PORTUGUESE AND BRITISH NAVIES, 1750-1815 (THE)

  THE PORTUGUESE AND BRITISH NAVIES, 1750-1815 Kenneth H. Light, Associado Titular, Cadeira nº 1 – The period covered is one in which important events that had a significant and permanennt impact on history, ocurred; the Napoleonic war (1793-1815), the independence of America and, especially for Portugal and Brazil, the journey of the Royal Family in 1807/08. The two Navies had, during this period, an active and very often fundamental part to play. This paper discusses their principal activities, then describes and comments on the men, the ships and the men aboard their ships. It will not come as a surprise to learn that the responsibilities of the two Navies were very similar: 1. Actions deriving from war – the capture or destruction of enemy vessels, the transportation of troops, blockade of ports, interception and inspection of merchant vessels and amphibious operations. During the periods of conflict activities were so intense that during the 27 years of the Napoleonic war Britain lost 166 vessels, including 5 line-of-battle ships. In compensation she captured 1,201 vessels, including 159 line-of-battle ships and 330 frigates. Portugal, in turn, lost the frigate Minerva near Sri Lanka in 1809. 2. Escort merchant vessels, defending them from the enemy and from pirates. The North African coast as far as Tripoli was a haven of Barbary pirates. A Portuguese squadron, using Gibraltar as their temporary base, permanently patrolled this region. Every year the convoy of merchant vessels (80 or more in number), heading for India and Brazil, would be escorted as far as the Atlantic Isles; beyond it was highly unlikely to meet pirates, until reaching the Brazilian coast. At a previously agreed date, a squadron would be sent to cruise off Madeira and, after picking up the convoy, escort it to the safety of the Tagus. In the East, Britain was fully occupied defending vessels belonging to the East India Company. The region was so dangerous that, in addition to an escort, the vessels had to be armed. 3. Transport dignitaries to their posts and deportees to their place of banishment. The unique example, during this period, was the journey of the Royal Family of Portugal to Brazil. 4. Transport valuables for the Crown. The Portuguese line-of-battle ships that escorted the convoy of merchant vessels, when necessary, continnued their journey all the way to Brazil. In 1769, for example, the line-of-battle ship Na. Sa. dos Prazeres sailed […] Read More

MARINHAS DE GUERRA PORTUGUESA E INGLESA – PERÍODO 1750-1815 (AS)

  AS MARINHAS DE GUERRA PORTUGUESA E INGLESA – PERÍODO 1750-1815 Kenneth Henry Lionel Light, Associado Titular, Cadeira n° 1 – Patrono Albino José de Siqueira Este ensaio abrange um período que concentrou importantes eventos, que tiveram uma influência significativa e permanente na História; a guerra napoleônica (1793-1815), a independência da América e, o que nos afetou profundamente, a jornada da Família Real ao Brasil (1807/08). As duas Marinhas tiveram uma participação ativa neste período e, muitas vezes, fundamental. O objetivo deste ensaio é conhecer-as melhor; assim, após uma breve introdução sobre as suas principais atividades, iremos descrever e comentar sobre os homens, os navios e os homens a bordo dos seus navios. Não será surpresa constatamos que as responsabilidades das duas Marinhas eram muito semelhantes: Ações ligadas a guerra – capturar ou destruir navios inimigos, transportar tropas, bloquear portos, interceptar e inspeçionar navios mercantes e operações anfíbias. Durante os períodos de conflito as atividades eram tão intensas que, nos 27 anos que durou a guerra napoleônica, a Inglaterra perdeu 166 navios incluíndo 5 naus-de-linha. Em compensação capturou 1201 navios inimigos, incluindo 159 naus-de-linha e 330 fragatas. Portugal perdeu a fragata Minerva perto de Sri Lanka em 1809. Escoltar navios mercantes, defendendo os de ação inimiga e de piratas. A costa da Africa do Norte, até Tripoli, era um escondedouro de piratas berberes. Uma esquadra portuguesa, com base em Gibraltar, permanentemente patrulhava esta região. Anualmente o comboio de navios mercantes (80 ou mais navios) com destino à Índia e ao Brasil, era protegido até alcançar as ilhas do Atlântico; em data previamente combinada, uma esquadra era despachada para cruzar os mares perto da Madeira e acompanhar-o até o Tejo. No Oriente a Inglaterra se ocupava em defender os navios da Cia das Indias (East India Company). Os mares por onde velejavam eram tão perigosos que além da escolta os navios mercantes tiveram que ser armados. Transportar dignatários a seus postos e deportados para o seu lugar de desterro. O exemplo singular neste período foi a jornada da Família Real portuguesa. Transportar valores para a coroa. Os navios de guerra que escoltavam o comboio de navios mercantes, quando era preciso, continuavam a viagem até o Brasil. Em 1769, por exemplo, a nau-de-linha Na. Sa. dos Prazeres saiu do Tejo em 25 de abril escoltando dois navios indo para a Índia e varios mercantes com destino a diferentes portos do Brasil. Em julho […] Read More

PERFIL DE JOAQUIM NABUCO DIANTE DE SUA PERSONALIDADE DE HOMEM BRASILEIRO E SEU TEMPO

  PERFIL DE JOAQUIM NABUCO DIANTE DE SUA PERSONALIDADE DE HOMEM BRASILEIRO E SEU TEMPO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira nº 14 – Há muitos anos li um impressionante trabalho literário ao tempo em que vivo documento de uma época de nossa História do Brasil. Era um alentado estudo biográfico acerca do estadista Nabuco de Araújo, sob o pomposo título “Um Estadista do Império, Nabuco de Araújo – Sua vida, suas opiniões, sua época – por seu filho Joaquim Nabuco”. O filho, Joaquim Nabuco, que produzira tão alentado trabalho, era uma personalidade das mais respeitadas no decorrer da agitadíssima fase interregna Império – República. Sem dúvida, um dos lummares da cultura brasileira, Joaquim Nabuco tomara o encargo de escrever uma biografia do conselheiro Nabuco, seu pai, exemplo de vida, de homem público, de cidadão brasileiro da mais alta estirpe de amor ao país. Tal como o pai assim o era, o filho, Joaquim Nabuco. A extensa e completa biografia política do pai era, em verdade, o início da expressiva biografia do filho. Ou melhor dizendo, da autobiografia do filho haja visto que a projeção moral, intelectual, pública, familiar, era simbioticamente perfeita; entrelaçavam-se as personalidades, indivisíveis, em seqüência admirável de uma geração para a outra. Umbelicavam-se as vidas com a perfeição maior do sentimento de amor filial, profissional e respeitoso cumprimento da perfeita missão pública por ambos abraçada e levada quase à perfeição. Quase à perfeição porque, seres humanos, cada qual, sem exceção, por pensamentos e obras, têm descaminhos de trajetória, tragando o indivíduo nos abismos da curiosidade da vida por suas opções naturalmente sociais. Os Nabuco de Araújo não fugiram à regra e, tal como os titulares de funções públicas de nossos dias – e de todos os tempos – sofreram a crítica nos impropérios oposicionistas ou, até, na negridão dos cortinados palacianos, que sempre escondem as tramas obscuras embuçadas pelos sorrisos da hipocrisia estampada nas luminárias da falsidade. Não fora a criatura humana o personagem mais inconstante do reino biológico, soprado na materialidade de um astro celeste dotado de vida, pelo destino divino. Joaquim Nabuco escrevendo sobre o pai, falou do país; biografando o progenitor ilustre, fez história; condensando em letras de forma a vida de um ser humano de raras virtudes, contribuiu para o esclarecimento da fase imperial de nosso desenvolvimento como nação. Tomou de paradigma uma figura de exponencial e rara atuação nos fastos […] Read More

IGREJAS NEOGÓTICAS DE PETRÓPOLIS (AS)

  AS IGREJAS NEOGÓTICAS DE PETRÓPOLIS Ruth B. Judice, Associada Titular, Cadeira n° 33, Patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Antes de entrar no assunto peço vênia para um explicação prévia. Sentimos que o turismo, em Petrópolis, começa a interessar a gregos e troianos; pessoas cultas, interessadas na história do período imperial do Brasil, e pessoas apenas curiosas em conhecer a cidade imperial. Enfim o gancho é sempre o nosso passado que desperta interesse. Está na hora de criar mais informações sobre o assunto. Há anos (20) pesquiso a arquitetura de Petrópolis e há uns 5 anos surgiu a idéia de passar para o papel as conclusões a que cheguei. Com esforço, lentamente, pois o pior obstáculo é o financeiro, consegui, sem auxílio algum, editar o – Palácio de Cristal e, se Deus quiser, breve estarei com As Igrejas neogóticas, no prelo. É sobre elas que quero lhes falar hoje. Dei o nome de Guias Turísticos ao conjunto de 10 diferentes livros que estou programando. Aos dois, seguir-se-ão: Os Chalés, Os Casarões e a Arquitetura Palaciana. Palácio de Cristal: comecei com a Revolução Industrial, para inserir no seu contexto, o nosso Palácio que surgiu nessa época. Só entendendo a própria Revolução Industrial, entenderemos a importância do nosso Palácio de Cristal e a necessidade de preservá-lo. Igrejas: comecei com a origem das Igrejas cristãs explicando o plano basilical, chegando ao românico para atingir a sua evolução, ou seja o gótico. Isto posto, fica mais fácil explicar o neogótico de nossas Igrejas. Analisei, não apenas a Catedral, que é a mais importante, mas que não é a única. Falei da Igreja São Vicente de Paula (Westphalia) Igreja Evangélica, Santo Antônio, Coração de Jesus, e Sant’Ana e São Joaquim. Começaremos nossa palestra com a origem das igrejas cristãs no ocidente. A filosofia do cristianismo não começou com Cristo, mas sim multo antes do seu nascimento com seus profetas, que não pregaram apenas no ocidente, mas também no oriente. Passaram pela Grécia pagã e pela Síria. Fugindo das cadeias do Himalaia, seguiam as caravanas nos desertos, e, percorriam com elas o caminho da seda. Assim, evitavam o Mar Mediterrâneo onde havia obstáculos, tais como piratas e tempestades. Sabe-se que chegaram até a China e parece, terem chegado à Índia. Cristo nasceu sob o domínio de Tibério e depois d’Ele, em Roma, os cristãos eram perseguidos e até jogados às feras no Coliseu, por […] Read More

RUI BARBOSA NA VISÃO DE MARTIN GARCIA MEROU

RUI BARBOSA NA VISÃO DE MARTIN GARCIA MEROU Francisco de Vasconcellos, Associado Emérito Com o advento da República, o Brasil acercou-se enormemente das nações hispano-americanas, tendo havido mesmo uma espécie de febre americanista entre nós. Mais do que da Europa, recebemos de nossos vizinhos representantes diplomáticos com enorme bagagem cultural e intensa produção intelectual. Poder-se-ia mesmo dizer, que muitos desses homens, acabavam eventualmente servindo a seus países no exterior, menos pela capacidade de fazer diplomacia, que pelos seus méritos de escritores ou cientistas, maxime no campo das ciências humanas. O argentino Martin Garcia Merou, pode ser considerado um exemplo bem ilustrativo. Nomeado em março de 1894, para servir no Brasil como Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário de seu governo, apresentou credenciais no Rio de Janeiro, em 19 de julho de 1894, já depois de extinta a Revolta da Armada e quase no apagar das luzes do turbulento e sanguinário governo do Marechal Floriano Peixoto. Radicou-se Garcia Merou em Petrópolis, como era comum naquela época e, por quase dois anos conviveu entre nós, ilustrando com sua presença o corpo diplomático aqui sediado. Nos seus momentos de lazer, ao invés de viver a vida um tanto frívola e mundana das rodas da diplomacia, preferiu dedicar-se ao estudo da literatura brasileira, para depois divulgar na imprensa de seu país o resultado de suas investigações, levando ao conhecimento de seus patrícios, figuras de primeira linha completamente ignoradas na área platense e de resto em toda a América de fala espanhola. Na verdade, também nós aqui vivíamos a ignorar os autores hispano-americanas, como se estivéssemos em pólos completamente distintos. Os artigos de Martin Garcia Merou foram publicados em Buenos Ayres, em 1897, numa revista chamada La Biblioteca. Depois, foram reunidos em livro, no ano de 1900, sob o título “El Brasil Intelectual”. É aí que vamos encontrar, entre outros, o longo estudo que fez da personalidade e da obra de Rui Barbosa. O diplomata argentino conheceu Rui Barbosa, quando este voltava do exílio na Inglaterra durante a ditadura de Floriano. Pela mão de Tobias Monteiro, foi levado à bela chácara da rua São Clemente, numa tarde de primavera de 1895. E aí teve uma longa entrevista com o intelectual baiano. Confirmando as judiciosas observações de Humberto de Campos exaradas no seu livro de Crítica, lª série, Garcia Merou, viu em Rui Barbosa, muito mais o literato, o homem de frases candentes, de períodos lapidares, de […] Read More

REALIZAÇÃO DE UM SONHO (a história da Câmara Municipal de Petrópolis começa a ser escrita) (A)

A REALIZAÇÃO DE UM SONHO (a história da Câmara Municipal de Petrópolis começa a ser escrita) Paulo Machado da Costa e Silva, Associado Titular, Cadeira nº 2 – Devo declarar, de início, que há muito tempo desejava trazer ao conhecimento da população, que se preocupa com a preservação da memória histórica de nossa cidade, uma notícia auspiciosa e interessante sob vários aspectos. Desejo informar sobre o que se está fazendo para revelar, documentalmente, de forma segura e isenta, como, no passado e no presente, a história da Câmara Municipal de Petrópolis foi, e continua sendo, um fator importante para se compreender o desenvolvimento social, econômico e cultural da pequena povoação/colônia, que se iniciou nos altos da Serra da Estrela. E isto ocorreu a partir do momento em que Petrópolis com apenas 14 (quatorze) anos de existência, quase num passe de mágica, se tornou e se firmou como cidade e cabeça de Município. Por outro lado, é muito bom que, por essa forma, toda Petrópolis tenha ciência de que a Câmara Municipal de nossos dias, por seus Presidentes, com apoio dos demais Vereadores, não pensa exclusivamente em política administrativa e partidária – o que é de sua obrigação –, mas também se tem interessado por muitas outras causas nobres. Entre elas, a de apoiar a recuperação da memória histórica da própria Câmara Municipal, que completou, em 17 de junho deste ano, cento e quarenta anos de atividades, iniciadas na histórica sessão de posse dos seus primeiros Vereadores, em 1859. Convém que, antes de qualquer outra informação, se detalhe como nasceu e se está desenvolvendo esse trabalho de pesquisa histórica. Em 1965, por iniciativa deste palestrante, que então exercia a Presidência da Câmara Municipal de Petrópolis, houve uma primeira tentativa, com o apoio do ilustre historiador e dedicado Diretor do Museu Imperial, prof. Lourenço Luiz Lacombe, para se datilografar o primeiro livro de Atas da Câmara Municipal com o objetivo de tornar possível a leitura e a consulta dessas informações. Infelizmente, por não ter havido adequada preparação e apoio técnico, o projeto teve que ser abandonado. Como integrante do Instituto Histórico de Petrópolis, fiquei decepcionado pelo insucesso, mas disposto a retomar o projeto na primeira oportunidade, que se apresentasse. Os anos se passaram e ela apareceu quase trinta anos mais tarde. Era a grande ocasião de que não se poderia abrir mão. Vejamos. Em 29 de novembro de 1993, a Diretora do […] Read More