DISCURSOS – SAUDAÇÃO DE RECEPÇÃO AO ASSOCIADO TITULAR JOSÉ LUIZ DE MENDONÇA COSTA EM SUA POSSE NO IHP Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Sra. Presidente, Sra. Secretária, Sras. e Srs. Convidados, Sras. e Srs. integrantes dos quadros de Associados do IHP, Sra. Vera Abad e Sr. Hamilton Chrisóstomo Frias Martins, também subscritores da indicação. Dr. José Luiz de Mendonça Costa que hoje toma posse da Cadeira n.° 10, cujo Patrono é Carlos Grandmasson Rheingantz e que foi anteriormente ocupada pelo saudoso Paulo Roberto Martins de Oliveira, ganhou os primeiros conhecimentos e os desenvolveu em uma das sedes do reconhecidamente competente, disciplinado, atualizado e sólido ensino jesuíta, o Colégio Anchieta de Nova Friburgo, neste Estado. Com tal respeitada base alcançou o curso superior e graduou-se Bacharel em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de Juiz de Fora, Minas Gerais. A par do exercício nesta área, concluiu cursos de História da Baixada Fluminense no Instituto de Pesquisas e Análises Históricas e de Ciências Sociais da Baixada Fluminense, estabelecido em Nilópolis – cite-se, por experiência própria, ser tal região algo particularmente singular e notável dentre os aglomerados humanos. Aqui residente, na Rua Mosela, participou do Curso de Guia de Turismo de Petrópolis elaborado pelo SESC e realizado em imóvel da Prefeitura Municipal existente na Rua Bingen, então destinado a abrigar o Centro de Excelência e Referência Tecnológica ligado à administração municipal. Constou do Curso de Guia uma apresentação da estrutura fundamental do planejamento da Cidade, criado pelo pré-urbanista Koeler. Passado o tempo, o Dr. José Luiz entrou em contato com o apresentador, movido pelo interesse de aprofundar, para melhor conhecimento, o que com atenção ouvira. Os encontros se sucederam, em debates que a ambos muito serviram. Embora referido o propósito das conversas havidas, em certo dia o Dr. José Luiz surgiu com um insuspeitado volumoso livro que fizera editar. Tendo por título “Petrópolis na História”, com 363 páginas, o autor, em 288 delas, narrou, em escrita leve e agradável e em esquema de montagem histórica original, feitos da humanidade e suas consequências, remotas ou próximas, diretas ou indiretas, em Petrópolis. Da página 291 ao fim, o Dr. José Luiz incluiu minuciosas 1348 notas daquilo que utilizara em seu labor, farta Bibliografia, composta de livros, exposições, simpósios e outros, bem como indicação de Jornais, Revistas e Periódicos, acervos consultados e sites. Contendo, […] Read More
TRAGÉDIA (UMA) – 50 ANOS
UMA TRAGÉDIA – 50 ANOS Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Foi a 16 de dezembro de 1946, por volta das dezenove horas, perto do jantar. Dos mais velhos sou o remanescente e quero lembrar o fato para render tributo à dor de muitos e à lembrança dos que já se foram. A explosão foi forte. Tenho nos ouvidos apenas o silvo altíssimo e inesperado. Houve desequilíbrio entre a quantidade de pólvora e a resistência do material do cano. O canhão foi pelos ares. Danilo Falconi faleceu, depois de horas de esforço para salvar-lhe a vida. Ney, em gravíssimo estado, escapou e chegou à idade de 59 anos, com grande mérito de serviço ao próximo na carreira sacerdotal que abraçou. Dos dois filhos de Zélia, cozinheira da casa dos avós Arthur e Arabella, um sofreu ferimentos no rosto e o outro saiu ileso, protegido pelo corpo de Ney, que lhe caiu por cima. Tenho ambos na memória, mas perdi contato no correr da vida. Este era o grupo central de uma turma de garotos que, por inspiração e liderança do inteligentíssimo Ney, estudava os ensinamentos da física e da química e fazia experiências que encheram de fumaça a então tranquila Rua 16 de Março e outros barrancos usados para as explosões. O bando se compunha de dois gêneros de participantes: os intelectuais e os acompanhantes brincalhões. Eu integrava o número destes. O fato aconteceu na garagem da casa da vovó Arabella, (vovô Sá Earp havia falecido em 1941), na Rua Marechal Deodoro, 73 (hoje Edifício Arthur de Sá Earp Filho, onde está o Banespa), no fundo do terreno, à esquerda, na divisa com as terras do Colégio Santa Isabel. O canhão estava dentro da garagem, voltado para a porta, apontando para os lados da Vila Macedo. O projétil era um pedaço de cabo de vassoura introduzido à força no tubo que surrupiáramos da obra que se fazia na nossa casa da Av. D. Pedro I e que preparáramos para ser o cano do canhão. Na extremidade inferior do tubo fizéramos soldar uma tampa, na Casa Cruzeiro. Com a explosão esta peça lesionou o joelho do Ney, seu ferimento mais leve, e dali foi cirurgicamente extraída. O tubo atravessava uma tábua que era sustentada por duas rodas. Tal armação fora preparada com os jovens Papais, nas instalações de sua casa de móveis, […] Read More
DISCURSOS – Homenagem ao Major Koeler, em 29 de junho 2019.
DISCURSOS – Homenagem ao Major Koeler, em 29 de junho 2019. Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Dignas autoridades, senhores, senhoras. O convite para falar aqui, em nome do Clube 29 de Junho, muito honra e a mais me obriga. Uma especial e cordial saudação aos organizadores. Estamos ao pé do monumento, criado para guardar os restos mortais de Koeler. Queremos homenagear quem planejou e construiu a cidade. É nossa manifestação pública de admiração e respeito por ele, por sua obra na qual vivemos. Coisa particular a admirar é haver ele sabido ler a natureza, haver ele considerado tão perfeitamente a conformação física do território em que plantaria o palácio de Pedro II e a povoação adjacente. Deste atento exame surgiu ponto básico do projeto de Koeler e da sua execução. Pelo planejado e pelo feito, ou seja, por aquilo que planejou e por aquilo que fez, podemos vê-lo a pensar: a sede da Fazenda do Corrego Seco está em nível acima de trecho de rio cujas bordas não são bastante largas – tal sede ficava na hoje denominada Rua Mal. Deodoro – mas cursos d’água formados nestes vales vão se unir em uma área razoável e suficientemente plana e ampla para localização do palácio e da povoação circundante. É onde estamos – área plana onde se localizam Catedral, Rodoviária-Estação de Transbordo, Rua do Imperador, da Imperatriz, Koeler, Roberto Silveira, Palácio de Cristal, Treze de Maio -, denominações atuais. Por aqui andamos sem subir uma rua. Nos quarteirões, bairros, se deparam áreas mais apertadas entre as elevações. Mas ali sempre descobriu o responsável pelo planejamento espaço bom às margens dos rios, riachos … para caminhos e construções. Seguindo o sentido da vazante das águas, a partir dos pontos mais afastados da cidade, se chega ao centro, à Praça da Confluência. Basta pensar nas concretas conclusões de Koeler para sabermos que os rios são da maior importância em Petrópolis. Importância para o bem e para o mal. Para o bem da população resultariam áreas livres para luz, ventilação, arborização, circulação. Sim, circulação invejável, até hoje. De fato, se tivéssemos querido, poderíamos ter mão única em quase todas as ruas da cidade. O resultado da assim formação da cidade seria o mal de possíveis enchentes, quando a força da natureza superasse o previdente cuidado humano. Salvo dois excepcionais casos – assunto para […] Read More
CENTENÁRIO DA MORTE DE ARTHUR DE SÁ EARP E TRINTA ANOS DA DE NELSON DE SÁ EARP
CENTENÁRIO DA MORTE DE ARTHUR DE SÁ EARP E TRINTA ANOS DA DE NELSON DE SÁ EARP Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Francisco José Ribeiro de Vasconcellos é Associado Emérito desta casa, por todos os títulos. Apreciado amigo, companheiro de longa jornada. Obedecendo à intimação que me fez, venho lembrar, na abertura da presente reunião do Instituto Histórico de Petrópolis (13/05/2019), que neste ano de 2019, em dias de junho e outubro, se darão o centenário da morte de Arthur de Sá Earp e os trinta anos do falecimento de Nelson de Sá Earp. Arthur de Sá Earp morreu nesta cidade a 11 de outubro de 1919. Tinha sessenta e um anos. Nascera a 11 de julho de 1858, em Juazeiro, na Bahia. Entre os fatos e os feitos de sua passagem pela Terra, há os que não ultrapassaram os limites do conhecimento dos muito próximos. Vou aqui citar um dado concreto, material, que ajuda a contemplar mais inteiramente o retrato de Sá Earp velho. Está em minhas mãos um exemplar do Tratado de Medicina Legal, pelo Dr. Agostinho José de Souza Lima (n. em Cuiabá, 11/03/1842 e f. em Petrópolis, 28/12/1921) – Lente jubilado da cadeira de Medicina Legal e Toxicologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro –, dois volumes em uma só encadernação (Rio de Janeiro, Typographia Hildebrandt, rua dos Ourives n. 8, 1904, 1905). Na 1ª página do primeiro volume estão lançadas a assinatura Sá Earp e a data 1905. A maior parte das folhas do livro está marcada com sinais e anotações. Salta aos olhos que a obra foi atentamente lida, relida, estudada, comparada. O conteúdo foi cuidadosamente analisado e assimilado. Para demonstrar isto, serve o que consta no pé da página 307, do segundo volume. É uma nota manuscrita, com o seguinte teor: “(2) – Tivemos occasião de observar no accidente que sofreu o Dr. Alberto Torres”. A nota se prende a marca acrescentada ao texto impresso, na parte em que Souza Lima descreve as características, em termos da Medicina Legal, da tatuagem produzida por disparo de arma de fogo na pele humana. Sá Earp estudou o texto e o corroborou com a ferida que pessoalmente vira no colega Alberto Torres (1865-1917). É acréscimo, à mão, de testemunho da descrição da dita tatuagem. Folhear o livro conduz a uma afirmação: o […] Read More
PLANO DIRETOR DE PETROPOLIS – PROPOSTA DE EMENDAS IHP 2011
PLANO DIRETOR DE PETROPÓLIS – PROPOSTA DE EMENDAS IHP 2011 Comissão: Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Vera Lúcia Salamoni Abad, Associada Titular, Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Patrícia Ferreira de Souza Lima, Associada Titular, cadeira n.º 36 – Patrono José Vieira Afonso INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS 2011 PROPOSTA DE EMENDAS AO PROJETO DO PLANO DIRETOR DE PETRÓPOLIS ihp (protocolo Câmara Municipal CM 0631/06.04.2011) Embasados em tudo quanto consta das Considerações Especiais e Gerais constantes do presente documento, submetemos a exame as emendas ao final apresentadas e justificadas. As notas se destinam a certificar as citações e a fornecer a base interpretativa em seu contexto. I – CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS II – CONSIDERAÇÕES GERAIS III – EMENDAS PROPOSTAS I – CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS Necessariamente, quando se trata de criar uma lei, como é o caso, tem-se que trabalhar o ordenamento jurídico como um todo. Esta não é uma questão menor ou desprezível. Se se luta por uma lei, ela há de ser feita o mais perfeitamente possível, sob pena de se perder a matéria substancial, o melhor propósito e a mais nobre intenção por causa de um defeito instrumental. A apreciação atual é a do Plano Diretor. Em primeiro lugar tem-se que colocar sobre a mesa a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Lei n.º12.376, de 30/12/2010) e dar especial atenção a seu artigo 2º e seu parágrafo 1º. Dizem eles: Art. 2° – Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1° – A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. (NOTA 01) “Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro.” (Redação da LEI Nº 12.376/30.12.2010) Art. 2° – Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1° – A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2° – A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3° – Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. […] Read More
RELÓGIO DE SOL NO MUSEU IMPERIAL
RELÓGIO DE SOL NO PALÁCIO IMPERIAL Arthur Leonardo de Sá Earp, associado titular, cadeira n.º 25, patrono Hermogênio Silva (Ao saudoso companheiro Manoel Lordeiro, com quem tenho a certeza passaria horas deliciosas e enriquecedoras a discutir a matéria e a preparar este trabalho) Há três pessoas de grande importância. Para Petrópolis, de um modo geral e em matérias específicas, e para mim pessoalmente. Estou me referindo a Lourenço Luiz Lacombe, Maria Antonieta Abreu e Silva e Dora Maria Pereira Rego Correia. Lacombe foi professor, sem exagero, de grande parte da população da cidade, de várias gerações. Fui seu aluno, no Colégio São Vicente de Paulo, estimado, não pela aplicação, mas pelas ligações de família e pela sempre alegre admiração que lhe devotava. Fez parte da cúpula intelectual do Município e da Nação. Ocupou com distinção e por largos anos o comando do Museu Imperial. Antonieta, culta e inteligente, uma querida amiga. Serviu ao Museu com competência em alto cargo. Dora, dedicada e meticulosa, também me distinguiu com amizade invejável. Por igual prestou inestimáveis serviços à direção do Museu Imperial. Teci apenas alguns elogios aos tão prezados amigos, dentre os muitíssimos mais que lhes são devidos, para situá-los na problemática situação em que há tempos me envolveram e da qual só agora tenho a impressão de me estar livrando, mal e mal, porque a saída encontrada lançou-me em novos labirintos. Mas destes tenho a satisfação de dizer que não me ocuparei diretamente, porque me criam eles um novo entusiasmo. É que espero, ansioso, despertar em cabeças mais vivas, jovens e capazes a curiosidade e o ânimo de procurar e encontrar o que resta oculto ou sem explicação. Faz bastante tempo, já eu companheiro de Lacombe no Instituto Histórico, chamou-me ele à parte e, com a intimidade com que me distinguia, indagou se eu percebia, na foto em papel que apresentava, algum Relógio de Sol. A imagem não era nada boa. Reproduzia a fachada da entrada principal do Museu. E Lacombe perguntou, mais ou menos nestes termos: “aí no balcão ou sacada, você não vê nada?”. Fachada principal do Palácio Imperial. Talvez tenha sido esta a foto apresentada por Lacombe. (Acervo do Museu Imperial – AN-CSVP-005) Entre outros motivos, penso que ele me escolheu para o teste, porquanto sou amante de Astronomia e faço parte do Clube de Astronomia do Rio de Janeiro, tendo aludido no discurso de posse no Instituto […] Read More
PETRÓPOLIS E A REGIÃO SERRANA NOS 500 ANOS DE BRASIL – FUNDAÇÃO E PRIMEIROS DESENVOLVIMENTOS E AS IMIGRAÇÕES
PETRÓPOLIS E A REGIÃO SERRANA NOS 500 ANOS DE BRASIL – FUNDAÇÃO E PRIMEIROS DESENVOLVIMENTOS E AS IMIGRAÇÕES Arthur Leonardo de Sá Earp, associado titular, cadeira n.º 25, patrono Hermogênio Silva Tive dúvida entre desenvolver por escrito o esquema elaborado para a palestra ou tornar material a ser lido o que naquela oportunidade foram palavras ouvidas. Acabei optando por apenas retocar a transcrição do que foi gravado, a fim de fugir da tendência de produzir um novo texto. O que segue se prende ao intento de ser fiel ao que foi dito. Procura também suprir a visão daquilo que foi mostrado ou exibido através de retroprojeção para ilustrar o citado esquema. As faltas de melhor concatenação da exposição de idéias ficam por conta dos azares da apresentação verbal. Não sou historiador. Sou simplesmente um curioso, amante de sua terra, que entende que o bom cidadão deve buscar o melhor conhecimento possível da realidade em que vive. O tema desse ciclo de palestras é muito interessante. A contribuição da nossa serra, dessa região serrana, da Serra dos Órgãos, ou seja da Serra do Mar nesse trecho, para o desenvolvimento do Brasil nos primeiros quinhentos anos. Nós temos características especialíssimas, mas a primeira coisa a mostrar é algo bastante diferente de Petrópolis. É uma foto publicada no jornal O Povo. Saiu no dia 8 de julho de 2000. Retrata o Largo da Carioca, a 7 de julho, às 19 horas. Em meio a essa iluminação toda, há um pontinho branco. Ele está aceso desde 1710, diante de uma imagem de Santo Antônio! Durante o cerco francês à cidade, as tropas portuguesas ficaram cercadas no Convento, no morro de Santo Antônio. Houve um momento de grande desespero e a imagem de Santo Antônio foi colocada sobre a muralha que guarnecia o convento. Os combates se deram, os franceses foram afastados e a comunidade toda, portuguesa, brasileira, militar, aqueles que se viram, portanto, libertos da ofensiva francesa fizeram um voto de permanentemente deixar acesa uma luz diante da imagem de Santo Antônio. Hoje, mesmo de dia, quem passar pelo Largo da Carioca, olhando lá para o Convento de Santo Antônio, vai encontrar aquela luzinha acesa. Há duzentos e noventa anos ela está acesa. No início, alimentada por óleo, e hoje por eletricidade. Houve até no orçamento público da cidade do Rio de Janeiro uma verba especial para o azeite da lâmpada de Santo […] Read More
EXERCÍCIO DIRETO DO PODER – SOBERANIA POPULAR – PARABÉNS, PETRÓPOLIS!
EXERCÍCIO DIRETO DO PODER – SOBERANIA POPULAR – PARABÉNS, PETRÓPOLIS! Arthur Leonardo de Sá Earp, associado titular, cadeira n.º 25, patrono Hermogênio Silva Na oportunidade em que Petrópolis vive tão importante e festejado aniversário, vale ressaltar uma das suas virtudes desde o nascimento. Esquecidos dela, muitos buscam instrumentos para fazer funcionar, hoje, de acordo com as normas constitucionais, a participação popular nos destinos do Município. No que toca à Cidade e a algumas outras partes do Município, existe possibilidade de organizar este exercício da cidadania com segurança e rapidez, bastando apenas resolver pormenores. O fato é que não há necessidade de definir áreas para equacionar a efetiva atuação da soberania popular. Elas já estão definidas! Cada quarteirão tem base física própria, incluindo prazos (lotes) com seqüência numérica específica. Ainda que as fronteiras dos quarteirões hajam passado para o esquecimento no uso diário, se convocados os proprietários, habitantes, moradores, comunidades, que estejam vinculados a prazos de uma determinada seqüência numérica, ver-se-á imediatamente constituída a população de tal área. E, como no planejamento inicial da Cidade esta área não foi delimitada por critérios meramente arbitrários, mas por princípios predominantemente ecológicos, os problemas que a ela se referirem serão comuns a todos os que ali viverem. Assim é que, por exemplo, se forem chamadas todas as pessoas titulares de interesses em prazos com numeração iniciada por 3.400, ter-se-á formado o corpo popular representativo do Quarteirão Presidência. Seguindo no exemplo, para alguém estar incluído em determinada consulta popular a comprovação de ligação ao prazo significará o mesmo que título de eleitor. Isto pode ser feito de logo. Os pormenores precisam ser trabalhados, mas o fundamental já existe, desde os primeiros momentos da aniversariante Petrópolis. O assunto lembra questão que merece ser analisada. Há algumas designações urbanas que não tiveram por fonte o Plano Koeler, mas brotaram do uso popular, da iniciativa privada, etc. São nomes que estão na fala do dia a dia e não devem ser combatidos, apenas situados na medida do possível. Sua utilidade não é grande, porque em geral são designações de áreas não suficientemente definidas. O Valparaíso, continuando em termos de exemplo, permite bem mostrar isto. É designação popular, respeitável. Dada, porém, a sua indefinição, ela, que nasceu aplicada vagamente restrita ao espaço formado pelas Av. Portugal e ruas próximas, foi-se alargando ao sabor das opiniões particulares porque ninguém pode saber onde começa ou termina. É, ao contrário, perfeitamente […] Read More
CÂMARA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS – TESTEMUNHO DE FATOS POUCO CONHECIDOS
CÂMARA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS – TESTEMUNHO DE FATOS POUCO CONHECIDOS Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Antes de qualquer outra palavra quero manifestar meu profundo agradecimento pela distinção da indiciação de ser o orador da solenidade. Sinto-me inteiramente desvanecido em poder ocupar a tribuna privativa dos eleitos pelo povo, para lhes dirigir uns tantos pensamentos quando oficialmente se relembra o meu bisavô Hermogênio Pereira da Silva, no nonagésimo ano após sua morte. Segundo eméritos historiadores como Antonio Machado, Alcindo Sodré, Gabriel e José Kopke Fróes, Francisco de Vasconcellos, as histórias de Petrópolis e de Hermogênio se confundem, ele é indeslembrável, o outro Koeler da cidade, o grande administrador durante os quase vinte primeiros anos da República. Como os seus feitos são amplamente tratados pelos historiadores e por demais conhecidos pelos senhores, deles não falarei. Não falarei que ele foi médico, com cursos de especialização no exterior, e que, assim, se preocupou muitíssimo com as questões de saúde da população, tendo inclusive praticado pessoal e diáriamente a vacinação domicílio a domicílio, durante surto de varíola. Não falarei que ele, antes de vir para Petrópolis em 1884, foi vereador à Câmara do Rio de Janeiro, tendo ali apresentado projetos que mais tarde se concretizaram, como o Tunel Velho, o Corte do Cantagalo, os túneis Santa Bárbara e Rebouças. Não falarei que, republicano e abolicionista, participou já em Petrópolis da fundação do primeiro Clube Republicano fluminense e, assim, caída a Monarquia, foi Delegado de Polícia e logo depois Presidente do Conselho de Intendência (Câmara) de Petrópolis e depois Presidente da primeira Câmara Municipal eleita no regime republicano. Não falarei que ele foi diversas vezes reconduzido à presidência da Câmara, posto que na época possuía as funções executivas (prefeito), e a exerceu nos anos de 1893, 1894, 1896, 1897, 1901, 1902, 1903, 1904, 1908, 1909 e 1910. Não falarei que de sua capacidade e eficiência administrativas Petrópolis recebeu um impulso tão acentuado como o de Koeler, dirigido a atender às necessidades básicas e de progresso da população; assim aconteceu com o abastecimento de água, o fornecimento de iluminação e eletricidade, instalação de esgoto, de serviço de transporte, de telefone, construção de moradia para os de pequena renda, cuidados com a higiene e a saúde, limpeza pública, abertura e calçamento de ruas, construção de pontes, arborização da vias da cidade. Não falarei que foi […] Read More
KOELER – BICENTENÁRIO DE NASCIMENTO
KOELER – BICENTENÁRIO DE NASCIMENTO Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Hoje, vivemos aqui um dia de festa, comemoração de uma data de nascimento, 16/06/1804, bicentenária. São duzentos anos do nascimento de Júlio Frederico Koeler, aquele que nos legou talvez a obra-prima de sua capacidade criativa, ou seja, o Planejamento de Petrópolis, o que nos leva às reflexões deste momento, para homenageá-lo. É interessante observar que nos primeiros cem anos tivemos o surgimento de Koeler na Terra, infância e educação, e o início rigoroso e concreto de Petrópolis no solo, de acordo com o plano idealizado, para em seguida termos pouco a pouco o seu desvirtuamento por algumas das administrações da cidade; o desrespeito se acentuou nos cem anos posteriores, a ponto de quase se considerar abandonado o projeto magistral, salvo a manifestação e as lutas de uns poucos estudiosos; só quase ao final deste tempo se renovou o interesse por ele. Apesar do descaso e das ofensas, o cerne do pensamento de Koeler resistiu e Petrópolis se manteve e é original e bela graças a ele. Assim, porque dois os centenários transcorridos, escolhemos dois quarteirões para conhecer melhor, em festivo tributo a Koeler, como se fossem duas velas de um bolo. Selecionamos de um lado o Renânia Inferior e de outro o Palatinato Inferior. A idéia tem também ligação com o fato de Koeler haver nascido em Mogúncia, capital da Renânia-Palatinato. Para acender tais velas é preciso, no entanto, da chama que as tranforme em fontes de luz. Esta chama são os princípios básicos que nortearam as ações de Koeler e que fazem da planta e das instruções para o erguimento da cidade uma verdadeira obra de planejamento urbanístico, de acordo com as idéias mais avançadas da época e até hoje vigorantes, precursoras mesmo de duas exigências atualmente essenciais, a social e a ecológica, dando a Petrópolis, com toda a justiça, o título de primeira cidade planejada do Brasil. Resumidamente, porquanto se trata de um painel, apenas enunciamos os critérios fundamentais do Plano, lembrando, para bem interpretá-los, que, como sempre acontece, o resultado passa a ser independente do criador e, por vezes, ultrapassa os limites da concepção inicial. Queremos citar: – as partes componentes da cidade foram determinadas pela finalidade de cada qual (por isto, Vilas e Quarteirões); – as características da finalidade das partes ditaram as diferentes […] Read More