Joaquim Eloy Duarte dos Santos

DESRESPEITO

  DESRESPEITO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira As empresas concessionárias dos serviços públicos de transporte de passageiros inovaram em Petrópolis. Criaram o caos e o absurdo contra os idosos e escolares. A forma encontrada, para o protesto empresarial contra as leis de amparo aos idosos e escolares, foi a instalação da roleta pela porta da frente, reservando lugares para os idosos em número ínfimo e sob grande aperto porque aquela zona do coletivo está cercada de muitos elementos inibidores de uma circulação menos comprimida. Acotovelam-se os idosos e escolares em poucos assentos e viajando em pé, com total desconforto, numa crueldade infinita contra aqueles que edificaram a existência das novas gerações e deram sua contribuição em favor do caminhar da sociedade. A revolta é grande e infelizes idosos não têm como protestar convenientemente porque, no coletivo, se o fazem, recebem agressões verbais e muitos chega-pra-lá. Por outro lado, a criançada das escolas públicas, com o mesmo “direito”, pisoteia, dá trancos, oferece o retrato de suas vidas cercadas pela violência e despreparo social para a vida. Está na hora da autoridade municipal, que administra a concessão, tomar conhecimento de toda essa crueldade e ordenar que a lei seja cumprida e que se ache uma solução melhor e mais humana. O idoso petropolitano está sendo tratado como lixo nos coletivos. Eis a verdade. Quanto ao transporte de escolares existe uma solução: o Município de Petrópolis poderia dar uma resposta definitiva ao tema do transporte de escolares da rede pública em seus deslocamentos escolares, assumindo o transporte gratuito dos estudantes, mantendo circulando frotas de ônibus escolares, como existem nos principais centros do Mundo. Os famosos ônibus amarelos dos Estados Unidos é exemplo de sucessso no atendimento ao problema. Aliás, com os ônibus escolares, terminaria o problema e a solução apareceria sem aflições e sem prejuizos dos empresários concessionários. E, até, a tarifa escorchante seria minimizada. É uma questão simples de vontade política e visão administrativa.

HONRA AO IMPERADOR

  HONRA AO IMPERADOR Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira No último dia 5, domingo, nos primeiros minutos da tarde, a Capela Imperial da Catedral de Petrópolis abriu seus portões para uma homenagem. Assinalava-se o 179º aniversário de nascimento, o 115º aniversário da partida para o exílio, o 113º aniversário da morte e o 65º aniversário do repouso definitivo em Petrópolis. O personagem: o Imperador D. Pedro II. A cerimônia, revestida de simplicidade e muita poesia, a cargo dos “Jograis de Petrópolis”, foi de encantamento, com assistentes petropolitanos e muitos turistas, surpresos diante do grande respeito e amor pelo extraordinário personagem da História do Brasil. Nascido a 2 de dezembro de 1825, no Rio de Janeiro; falecido em Paris a 5 de dezembro de 1891, o imperador D. Pedro II retornou à sua Pátria e à sua Petrópolis e aqui recebeu sua sepultura definitiva, na Capela Imperial, em cerimônia solene presidida pelo Presidente Getúlio Vargas, em 5 de dezembro de 1939. No mesmo sítio santo também a Imperatriz D. Teresa Cristina e, em 1971 a Princesa Isabel e o Conde D Eu. Recentemente, para a Capela migraram os despojos do Príncipe do Grão-Pará, D. Pedro de Alcântara e sua esposa. A Catedral de Petrópolis tornou-se, assim, depositária de um grande legado, um relicário de amor, devoção e respeito, para romper os séculos na recordação justa de tão magnificentes brasileiros. A cerimônia anual de homenagem ao aniversário de D. Pedro II, idealizada por Dóris Gelli, assumida pela Academia Petropolitana de Letras e pelo Instituto Histórico de Petrópolis e pela Fundação Cultural de Petrópolis, em fase na qual seus dirigentes conheciam a história de Petrópolis e honravam seus vultos, vem acontecendo há alguns anos. É momento de reflexão e de reencontro com nosso destino cultural. Não se trata de uma simples homenagem, mas do resgate da auto-estima da Cidade, em momento de lembrança da memória de seu fundador e cidadão residente e honorário. Associando-se aos promotores, a nossa Catedral, por seu vigário Padre Jac e nossos bispos, tem emprestado total apoio e oficiado missas, a cada ano, com reminiscências em palavras ornadas de simpatia e muita fé nos destinos petropolitanos e nacionais. Cabe, por justo, citar aqueles que acompanharam e acompanham a promoção desde 1999, participando do grupo “Jograis de Petrópolis” : Doris Gelli, Miriam Montenegro Fonseca Andrade, Fernanda, Janine, Jacqueline e […] Read More

TEP PEDE PASSAGEM (O)

  O TEP PEDE PASSAGEM! Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira O Teatro Experimental Petropolitano está de volta! Eis a grande notícia que a Classe Teatral e a Cultura Petropolitana estão recebendo com santa receptividade. Não quer dizer que o TEP estivesse paralisado totalmente nos últimos anos. Nem bem à terra, muito menos ao mar e safe-se quem puder nas alturas. A verdade é que o Grupo Teatral, fundado no ano de 1956, andava meio sem direção artística e vivendo dias apenas administrativos, diante do esforço e da responsabilidade de Chico Scali, Vivi Pereira, Helaisse Magarinos e Viviane Moreira. Faltava ao TEP o trabalho artístico, haja vista que desde 1996 até 2004, quase uma década, apenas 3 lançamentos cênicos e uma e outra participação de alguns tepianos em elencos outros. Muito pouco para marcar presença e existência da famosa e histórica agremiação no movimento teatral do município. Seus heróicos remanescentes resolveram relançar o TEP, reunindo-se em Assembléia Geral para definição de novos combatentes. Assim, Vivi Pereira, Silvio Rafael, Shirley Meirelles, Helaisse Magarinos, J. Eloy Santos, Carlos Sion, Janine Ramos, Chico Scali e Roberto Perrota foram eleitos e assumiram a nova Diretoria, com exercício até o ano de 2006. Pois é, 2006 marcará a data do cinqüentenário do TEP e o fato deve ser muito e bem comemorado para que o Grupo siga adiante, no caminho do centenário. Empossada a 2 de julho último – a Diretoria dos 50 Anos – entrou em franca atividade, iniciada pelo rescaldo do que sobrou, reorganização administrativa e uma série de medidas legais para a continuidade da única agremiação teatral de Petrópolis que sempre esteve e funcionou sob absoluta legalização como empresa cultural. A re-entrada do TEP já está com data marcada: será em novembro próximo, para comemorar os 40 anos do Auditório Reynaldo Chaves, da Escola de Música Santa Cecília. Explica-se essa simbiose TEP, Santa Cecília, Auditório Reynaldo Chaves: o Auditório foi construído no 4º andar do Edifício Paulo Carneiro para dotar a Escola de Música de um espaço para exibições artísticas, com 120 lugares. Na época (1964) o TEP funcionava na Escola de Música e assessorou a Diretoria na criação do espaço. Nos anos subseqüentes, o Grupo colaborou na melhoria e aparelhamento, encenou peças no local, ensaiou no palco, enfim, manteve-se sempre anelado à Escola de Paulo Carneiro. Na noite do lançamento do […] Read More

HOMENAGEM DO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS AO SESQUICENTENÁRIO DA INAUGURAÇÃO DA PRIMEIRA FERROVIA DO BRASIL

  HOMENAGEM DO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS AO SESQUICENTENÁRIO DA INAUGURAÇÃO DA PRIMEIRA FERROVIA DO BRASIL Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Mauá era dotado do olhar do futuro. Assim começa a placa de bronze mandada colocar pela Prefeitura Municipal de Petrópolis, quando instalou sua Administração no Palacete Mauá, no ano de 1991. A cidade de Petrópolis tem sido a escolha, o recanto, o bálsamo de brasileiros e de cidadãos do Exterior. Naquela Serra da Estrela, onde pontificou a visão do Major Julio Frederico Koeler, rompedor das montanhas e dos rasgos do vale inóspito, a conquista do engenheiro e arquiteto resultou na cidade amada, cobiçada, desejada e, por vezes, desprezada e abandonada. Mas nem sempre foi assim. Nos dias primeiros, quando o entusiasmo embalava as ações e os passos rompiam pela mata adentro, na busca do melhor e do mais elevado, chegaram ao povoado os habitantes que vinham capitaneando o capricho salutar do Imperador Dom Pedro II. O monarca construía sua casa de verão e no entorno da azáfama febril da edificação nobre, vinham aqueles que estavam ao lado e do lado do Poder. Alguns para manter o contato visual e outros para que o Monarca os divisasse em plantão de espera. Irineu Evangelista de Souza não estava sob qualquer das alternativas. Pelo contrário: edificou sua casa de verão concomitante com o palacete do Imperador. O grande empresário brasileiro, como todos os viajantes serra acima, passavam muitas horas na penosa subida; deixavam nas curvas da rústica estrada os costados enrijecidos de cansaço; fustigava-se o animal de sela e as carroças rangiam penosamente, agredindo a mata virgem com o ruído dissonante que absorvia o pipilar assustado dos passarinhos. Irineu, o futuro Barão e Visconde de Mauá, adquiriu o terreno para sua casa de verão em Petrópolis, no ano de 1852. Dez anos após, 1862, assinala o viajante Carlos Augusto Taunay no seu livro “Viagem Pitoresca a Petrópolis”: “Na Praça de Coblenz, em fralda de morro, levanta-se o palacete Mauá … que assoma ares de morada domanial” (ou dominial?). Instalado na serra de Petrópolis, Mauá tinha negócios na Corte e cortejava a ciência crescente do modelo adotado pelo Brasil, a Velha Europa, que se modernizava e alavancava do ferro e do fogo da audácia a revolução industrial. Chegava-se a Petrópolis pelo velho caminho dos tempos de D. João VI e pela região […] Read More

GUERRA E AUTO-ESTIMA

  GUERRA E AUTO-ESTIMA Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Está faltando em nossa gente petropolitana uma sacudidela de auto-estima; um estado de espírito permanente, muito e sempre além de um instante especial qualquer que nos manieta aprisionados pelo santo sentimento de cidadania. Na manhã de domingo, 21 de março, tive um momento sublime de auto-estima, reforçado àquele que alimenta meu coração de forma vigilante, vendo, sentindo, emocionando minha cidadania, ouvindo um concerto em comemoração aos 90 anos de nascimento de Guerra-Peixe.. Não foi em Petrópolis, terra do maestro e compositor e sim em Niterói, no Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense. As páginas de Guerra-Peixe foram executadas pela Orquestra Sinfônica Nacional, sob a regência do maestro petropolitano Carlos Eduardo Fecher, estudioso da obra do maestro, tema de sua tese de mestrado, estando Fecher empenhado na criação e sedimentação do Memorial Guerra-Peixe. Tanto exemplo de dedicação e amor ao mestre Guerra-Peixe tem origem, primeiro, no valor e na imortalidade de sua obra e, segundo, na percepção de Fecher quanto a não deixar que tal patrimônio fique no desconhecimento de nossa gente e que possa ele ampliar a projeção internacional que já habita nos principais centros do primeiro mundo. César Guerra-Peixe nasceu em Petrópolis há 90 anos atrás, 18 de março de 1914 e faleceu no Rio de Janeiro no ano de 1993. Deixou uma obra extraordinária que consagrou sua vida e permanece viva, admirada e executada nos tempos presentes. O concerto de Niterói reuniu peças extraordinárias que encontraram no maestro Fecher e no uníssono vibrante da Orquestra Sinfônica Nacional, uma parceria que levou à manhã niteroiense a beleza e a magia inspirada do querido compositor, enlevando ao “bravo” e ao aplauso de pé, o clímax do programa. A violinista Antonella Pareschi, solista e spalla de orquestra, desenvolveu com sentimento da alma e maestria técnica o “Concertino para Violino e Orquestra”, sob consagração da platéia que lotou as dependências do teatro da UFF. Também foram destaques, na execução da peça “Roda de Amigos” os instrumentistas Otacilio Ferreira Lima Filho (fagote), André Luís Góis (clarinete), Moisés Ávila Maciel (oboé) e Andrea Ernst Dias (flauta). Constou do concerto “Petrópolis de Minha Infância”, com páginas que relembram a “Baronesa” subindo a serra, as crianças na Praça da Liberdade, os barquinhos do Cremerie e o bloco dos “Indios do Morin”. O conhecido “Ponteado” e […] Read More

TRIBUTO À SENSIBILIDADE

  TRIBUTO À SENSIBILIDADE Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira A Tribuna de 1º de fevereiro divulgou matéria assinada por Rubens Silva, de rara oportunidade e adequada ao contexto da nossa Petrópolis atual. O empresário Gustavo Baptista Teixeira, entrevistado pelo repórter acerca da restauração que salvou o imóvel da rua Washington Luís nº 237, confessou seu entusiasmo por haver compreendido a importância do chalé construído no final do século XIX, como representativo da melhor arquitetura petropolitana, acrescentando ao seu entusiasmo pelo término da obra tratar-se de “…uma construção de muito bom gosto e ao mesmo tempo simples, já que não é nenhum casarão…” O exemplo raro dado por Gustavo Batista Teixeira, embalado pelo desejo de restaurar a casa, conquistando a parceria do excelente arquiteto Márcio Gomes, que refez as plantas, casou informações, acompanhando o dia-a-dia da obra, deve ser seguido pelos petropolitanos no sentido de salvar o pouco que nos resta de nosso patrimônio arquitetônico, seja no Centro Histórico, como nos bairros e distritos. Tribute-se ao IPHAN uma boa nota no somatório de suas atribuições profissionais, pelo tombamento do imóvel e toda a facilidade e empenho na liberação e acompanhamento da restauração. A casa da rua Washington Luís nº 237, raro exemplar da criatividade arquitetônica do final do século XIX, edificada ao fundo de terreno estreito, possuía um jardim fronteiro com árvores frutíferas, canteiros de flores, três pedestais para esculturas de jardim e seis gigantescas palmeiras imperiais. Foi construída pela família Roldão Barbosa, integrada por grandes personalidades da construção civil e da cultura petropolitana nos séculos XIX e primeira metade do século XX, notadamente o empresário Roldão Barbosa, proprietário dos cinemas Capitólio, Petrópolis e Glória, mais tarde explorados por Luiz Severiano Ribeiro. Desde 1896, quando terminou a construção da casa, os Roldão Barbosa nela residiram, passando-a em 1936 para o comerciante, poeta e dramaturgo Reynaldo Antônio da Silva Chaves e deste para a sociedade beneficente Centro Auxiliar dos Funcionários do Telégrafo, que ali instalou sua sede, sob administração do Secretário Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos, que passou a residir na casa a partir de 1938. Ao falecer Joaquim Heleodoro a 19 de setembro de 1959, a sociedade beneficente foi extinta e a casa vendida, sendo utilizada para fins comerciais até ser abandonada, tornando-se ponto de mendicância até o incêndio que quase a destruiu na madrugada de 17 de abril de […] Read More

SINDICATO DO TURISMO (O)

  O SINDICATO DO TURISMO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira A década de 20 assinala em Petrópolis a atenção municipal para o turismo, com total apoio dos veranistas. O Centro Histórico da cidade era tipicamente sazonal e estava edificado sob pilares de uma urbanização eclética. Os prédios eram exemplares representativos do gosto estético ditado pelos cabedais financeiros dos veranistas; viviam iluminados nos verões e deitavam solidão e negritude enevoada nos períodos invernosos. A vida urbana no verão brilhava de novembro a abril; era agitada sob o sol de altitude e a chuva copiosa e ligeira de todas as tardes; no contraponto, as ruas de pouco tráfego passavam em mansuetude nos dias dos invernos rigorosos de friagem úmida bordados pela névoa matutina e do fim da tarde, além de um frio sol de viva coloração. A cidade alegre dos verões convidava a passear a cavalo ou em viaturas e os veranistas eram vistos por toda a parte, enquanto a população fixa cuidava do comércio e dos serviços, aos visitantes oferecendo uma variedade de apelos consumistas. O veranismo era a prática de um turismo regularmente compulsório. Na visão política e intelectual dos habitantes fixos, o município sobrevivia no inverno graças à intensa atividade fabril e no verão pelo colorido da natureza sempre em descoberta em meio ao bulício dos veranistas. Sob esse conjunto de preocupação, notáveis da terra e adotados, tinham visão consciente de que era o turismo sazonal fixo o segredo de Petrópolis e que se devia adotar posicionamento vigilante para que ele crescesse. No Rio de Janeiro, capital que ditava o comportamento social do País, fundara-se em 9 de novembro de 1923, a Sociedade Brasileira de Turismo e noticiava-se a novidade como “o primeiro passo, amplo, dado nesse sentido”. Em verdade, Petrópolis já se antecipara aos doutos cavaleiros cariocas de prestígio, através de João Roberto d´Escragnolle, o primeiro real publicitário em Petrópolis, que abrira em 1908 uma agência de turismo voltada para a divulgação da riqueza ambiental do Município, a “Agência Alex” (Propaganda e Informações – faz tudo e tudo sabe), também realizando corretagem de imóveis e editando guias de divulgação e de indicações para os passeios. Nas décadas de 10 e 20 surgiram interessantes guias da cidade, verdadeiras jóias pioneiras da atividade. O “Sindicato de Iniciativa de Turismo do Município de Petrópolis” também é anterior à Sociedade do […] Read More

SANTOS-DUMONT – 130 ANOS

  SANTOS-DUMONT – 130 ANOS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Palmira, em Minas Gerais, foi o cenário do nascimento do menino Alberto, filho do fazendeiro de café engenheiro Henrique Dumont, descendente de franceses e da senhora Francisca dos Santos Dumont. O dia: 23 de julho de 1873, há exatamente 130 anos. O local exato foi a Fazenda Cabangu no distrito de João Aires, em momento no qual o engenheiro Henrique empreitara obras para a Estrada de Ferro Central do Brasil e se achava residindo em Cabangu. Hoje Palmira é o Município de Santos-Dumont. Passou a infância na Fazenda Dumont, que o pai adquiriu em Sorocaba, São Paulo, para dedicar-se à lavoura do café. Hoje o território da fazenda transformou-se no município paulista de Dumont com a sede municipal na casa de fazenda que pertencera à família Dumont. Estudou no afamado Colégio Culto à Ciência, em Campinas, em seguida no Instituto Kopke e, por fim, no Colégio Morton. Concluídos esses preparatórios, matriculou-se na Escola de Minas, em Ouro Preto. Não terminou o curso superior. O jovem era prático, inventivo, apreciava a vida ao ar livre, amava as aventuras narradas nas obras de Julio Verne, vendo seu pai que ele deveria estar na capital cultural e científica do Mundo, naquele final do século XIX, para alar sua prodigiosa imaginação a feitos extraordinários. Colocou-o em Paris. O diminuto jovem, magrinho, esguio, leve, elegante, logo conquistou a simpatia da cidade e do povo parisiense e meteu-se em galpões para participar da febre da conquista do espaço que Paris abrasava no coração dos pioneiros. Não deu outra. Em pouco tempo estava Santos-Dumont construindo e testando balões, arriscando a vida em experiências, assustando transeuntes urbanos com estripulias aéreas, sob o objetivo de dar asas à criatura humana. A partir de 1897 o “petit Santos” (seu apelido carinhoso em Paris) criou vários balões em escala crescente de aperfeiçoamento e o seu primeiro e pequeno balão individual recebeu o batismo de “Brasil”. Animado pelo lançamento de um concurso destinado a provar ser possível dar dirigibilidade aos balões, levou poucos anos aperfeiçoando suas criações, inscrevendo o seu balão-dirigivel n° VI, conquistando o “Prêmio Deutsch de La Meurthe” na memorável tarde na qual a Comissão Julgadora e curiosos viram Santos-Dumont sobrevoar o céu parisiense, contornar a Torre Eiffel e pousar no solo coberto de aplausos. Estava resolvido ser possível […] Read More

FILHO DE UM FERRADOR QUE SE TORNOU MAESTRO (O)

  O FILHO DE UM FERRADOR QUE SE TORNOU MAESTRO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira   Partamos no sonho de uma alegoria, mesmo que falseie a cronologia verdadeira da história da Escola de Música Santa Cecília: Era uma vez um menino. Parece que o vejo correndo por aqui. É levado, muito irrequieto. De repente ele pára toda a atividade, apura o ouvido; escuta… O que escuta o menino que o faz enlevar-se? É um som não necessariamente mavioso; mas é musical; é um som musical (arranham-se, em exercício, cordas de violino) por vezes estrídulo e irritante… Mas, é música que o menino escuta; arregala os olhos e segue. Atravessa a rua sem muito cuidado. É um menino sem os medos da prudência. Aproximando-se, sente que ao som nervoso do violino em estudo junta-se um exercício de escalas em piano; logo notas de uma flauta remete seu embevecimento a um êxtase que o detém diante do prédio esquinado, baixo, com uma longa varanda em curva dominando toda a fachada. No alto ele lê o que, antes, não chamara sua atenção: “Sede Própria – Escola de Música Santa Cecília”. Como aqueles ratinhos da fábula de Hamellin ele segue o som da flauta e do violino e do piano e adentra pela varanda, toca com as pontas dos dedos na porta quase fechada, que empurra com cuidado evitando chamar a atenção. No pequeno salão vê, ao fundo, um palco e nele exercita-se um aluno de flauta observado pelo atento professor. Outros três meninos e jovens acompanham a aula, à espera de seus exercícios práticos. Atrás de uma porta entreaberta, o som do piano aguça a curiosidade do menino que, nessa altura, nem sente que flutua de enternecimento ao tempo em que agita-se de ansiedade. Mais adiante, atrás de outra porta, um violino range em protesto pelo exercício de um aluno que experimenta a vocação. O menino, naquela irreverência, mesmo que contida pelo êxtase, empurra a porta de onde vem o som ranhento do violino… Entra na sala, o aluno desconcerta-se, o professor censura com o olhar e adverte: – O que é isso? O que deseja aqui? – Eu ouvi o violino lá de cima da minha rua onde moro, vim atraído e nem sei o que faço aqui… – é trêmula sua voz infantil. -O senhor, menino, gosta de violino? – […] Read More

VESGA HOMENAGEM

  VESGA HOMENAGEM Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Leio em nossa imprensa a notícia. A Fundação de Cultura e de Turismo, administradora do bem municipal antigamente denominado Teatro Dom Pedro e popularmente já conhecido e rebatizado de Teatro Municipal de Petrópolis, está para inaugurar a Casa de Espetáculos agora para valer. Positivo! Finalmente Petrópolis terá o seu Teatro Municipal funcionando! No complemento da boa nova vem um absurdo, uma bobagem, uma coisa estranha e muito esquisita, sem pé e nem cabeça e que está provocando protestos de toda a classe artístico-cultural do Município. A atual administração municipal deliberou que o Teatro Municipal de Petrópolis será oficialmente chamado de Paulo Gracindo. Ninguém admira mais o ator Paulo Gracindo do que eu e uma legião de brasileiros batendo palmas; o grande nome do teatro, rádio, cinema e televisão, um “showman” completo, Pelópidas (Paulo) Gracindo merece muitas e muitas homenagens de todo o País. Porém, meus senhores do governo petropolitano, conferir ao ator o nome do Teatro é um ato da mais impertinente bobagem. E o será, ainda, se nominarmos a Casa de qualquer outro nome. O Teatro Municipal é o Teatro Municipal de Petrópolis, e pronto! Tal como os teatros municipais espalhados pelos brasis afora. Não tem que levar patronímico nenhum. E muito menos do grande ator Paulo Gracindo, cuja passagem por Petrópolis sempre foi fugaz e apressada, sem nenhum vínculo com a cidade, embora um cidadão e artista da maior expressão. Mesmo entendendo que o Teatro Municipal de Petrópolis assim deve ser, sem homenagens pessoais, ainda poderia aceitar se mantivesse o nome primeiro, de batismo, dado pelo construtor João D’Ângelo: Teatro Dom Pedro. O ideal, no entanto, é ser Teatro Municipal de Petrópolis e pronto! Quando o imóvel foi escolhido para Teatro Municipal, aventava-se a idéia de homenagear, em um espaço nobre do Teatro, o edificador do prédio João D’ Ângelo, para reafirmar aos pósteros a nossa gratidão pelo importante bem cultural. Aí, sim e, também, a outras figuras de nossa cultura artística em outras dependências internas. Não caberia, nem ai, homenagem a Paulo Gracindo. Se ele esteve no elenco de um ato ligeiro encenado no Teatro na inauguração, tudo bem! Parabéns para ele e Petrópolis pela honra. Mas, e Leopoldo Fróes, o internacional Raul Roulien, Jaime Costa, Jararaca e Ratinho, Orestes e Leonor Mattos, Alda Garrido, Linda Batista, Vicente […] Read More