Lourenço Luiz Lacombe

RESUMO DA HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS (UM)

UM RESUMO DA HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS Lourenço Luiz Lacombe, ex-Associado Titular, Patrono da Cadeira n.º 28 D. Pedro I conheceu a fazenda do Padre Correia em março de 1822 quando, a caminho de Minas, procurava obter o apoio de Vila Rica para o movimento da Independência. Mas ao chegar ao Alto da Serra encantou-se com o panorama daí descortinado e logo pensou em construir um Palácio para si, comprando um terreno a Antônio Correia Maia por 2 contos e 400 mil réis. É a primeira idéia da construção de um palácio na Serra. Mas foi a fazenda do Padre Correia que o encantou verdadeiramente: pelos bons ares, pela vegetação e pelo carinho com que ele e sua família eram recebidos, inicialmente pelo próprio sacerdote, logo depois por sua irmã e herdeira D. Arcângela Joaquina da Silva. Aí procurou o Imperador refúgio para os males que afligiam sua filha, a princesinha D. Paula, a quem os médicos recomendavam mudanças de ares. Por esse motivo foi Pedro I um assíduo frequentador daquela propriedade. E de tal assiduidade veio o desejo da Imperatriz D. Amélia de adquirir a fazenda. D. Arcângela, alegando razões sentimentais – a fazenda era um bem da família e não deveria passar a mãos estranhas -, indica a D. Pedro I a fazenda vizinha, do Córrego Seco, de propriedade do Sargento-Mor José Vieira Afonso. Os entendimentos com o militar chegaram a um bom termo, tanto que, a 6 de fevereiro de 1830, foi assinada escritura de compra da fazenda por 20 contos de réis. Aí pretendeu o Imperador construir o seu palácio de verão a que daria o nome de Palácio da Concórdia, também atribuído à fazenda. Mas não chegou a realizar seu sonho: no ano seguinte sobreveio a abdicação e embarcou D. Pedro I para a Europa. A fazenda passou a ser administrada pelo seu procurador que usou o sistema de arrendamento a fim de prover de meios o Imperador abdicatário. Com a sua morte em 1834, abriu-se-lhe o inventário, tocando a propriedade a D. Pedro II – estava ela, porém, hipotecada aos credores e a Casa Imperial não dispunha dos meios necessários para o levantamento da hipoteca. A Assembléia Geral, então, abriu um crédito necessário e a fazenda do Córrego Seco foi entregue ao jovem Imperador, cujo Mordomo, o Conselheiro Paulo Barbosa, prosseguiu o mesmo sistema de arrendamento. O último arrendatário foi o Major Júlio Frederico Koeler […] Read More

RELEMBRANDO AMIGOS . . .

RELEMBRANDO AMIGOS . . . Lourenço Luiz Lacombe, ex-Associado Titular, falecido – ARTHUR CEZAR FERREIRA REIS. Prossigo com o nosso saudoso Artur César o necrológio dos sócios correspondentes do nosso Instituto. Nasceu em Manaus a 8-1-1906. Seu pai era jornalista e escritor teatral – Vicente Torres da Silva Reis e sua mãe Emília Ferreira Reis. Fez os estudos iniciais em sua cidade, em grupos escolares, na época em que tais estabelecimentos preparavam de fato seus alunos, estudando depois no Ginásio Amazonense, de tantas tradições. Bacharelou-se em Direito no Rio pela velha Faculdade da Rua do Catete; velha nos dois sentidos: o velho casarão, já em mau estado abrigava a Faculdade criada em 1827 e então pertencente à Universidade do Rio de Janeiro Mas dedicou toda a sua vida ao magistério. Foi fundamentalmente, professor, iniciando sua carreira no Colégio D. Bosco, de Manaus, daí passando para a cadeira de História Universal, do Brasil e Noções de Direito Pátrio na Escola Normal do Amazonas; logo depois nomeado catedrático de História da Civilização e do Brasil na Escola de Comércio Sólon Lucena. Nesse mesmo ano participou da Comissão encarregada de fixar os limites dos municípios do seu estado – designado relator geral dos trabalhos. Todas essas preocupações levaram-no ao Instituto Histórico do Amazonas, do qual foi eleito presidente perpétuo, tendo sido ainda Representante no seu estado, da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Em 1961, já no Rio, foi, por designação do Governador Carlos Lacerda, exercer o cargo de Diretor de Departamento da História e Documentação do Estado da Guanabara. Mas há um fato pitoresco na biografia de Artur César. Em 1964 estava ele em Genebra, integrando a Delegação do Brasil à conferência do Comércio e Desenvolvimento, quando se deu no Brasil o Golpe de Estado de 31-03. Sem noticias precisas do Brasil, apenas a de que o Presidente Goulart fora deposto, decidiram embarcar todos de volta, à frente o Ministro (seria ainda Ministro?) do trabalho que chefiava a delegação. Ao aterrissar no aeroporto do Rio o avião, deu-se uma cena interessante e ao mesmo tempo pitoresca: pela janela do avião estranhou a presença na pista de vários colegas de trabalho e – o que foi mais curioso: sua secretária sobrassando um buquê de flores. E pensou: que faz toda essa gente aí ? Eu já viajei tantas vezes com minha mulher e nunca minha secretária lhe trouxe flores… Mal desceram a […] Read More

AMÉRICO LOURENÇO JACOBINA LACOMBE

Américo Lourenço Jacobina Lacombe Lourenço Luiz Lacombe, ex-Associado Titular, falecido, Patrono da cadeira nº 28 – Eis um consócio sobre o qual é muito difícil falar. Meu primo irmão duas vezes, pois que nossos pais eram irmãos e nossas mães eram irmãs. Fomos criados praticamente na mesma casa, de minha avó, que se comunicava com a nossa, por uma passagem no jardim. Embora mais velho do que eu, pois teria feito 84 anos e eu ainda não completei 80, Américo sempre foi para mim, o companheiro certo das ocasiões incertas, o amigo que não me falhava nas horas mais necessárias. Quantas vezes chego ainda pensar: vou comentar isto com Américo; preciso conversa sobre isto com Américo – e logo depois vem a desilusão da verdade… Guardo, por isso, dele uma lembrança imperecível e uma saudade profunda e dorida que me acompanhará, estou certo, até o fim de minha vida. No dia em que completaria 84 anos celebrou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro expressiva sessão em sua homenagem, quando falaram os companheiros Arno Welling e Homero Sena. Seus discursos, perfeitos e definitivos, disseram tudo que poderiam dizer sobre o homenageado. E no final da sessão, coube-me a pedido de meus primos, filhos de Américo, ali presentes, agradecer em nome deles a homenagem. Não consegui. Subi a tribuna e mal pude pronunciar comovido: “Obrigado! Muito obrigado – mesmo!” E desci, emocionado. Américo nasceu como que sob o signo do número 7. Os estudiosos em numerologia poderão, talvez, explicar o que isto representou em sua vida. Era sétimo filho do casal Domingos Lourenço Lacombe e Isabel Jacobina Lacombe; nasceu no dia 7 do sétimo mês do ano e seu nome tem exatamente sete letras. E para completar esta série de coincidências morreu no dia sete (de abril) de 94 Sua personalidade deve ser estudada sobre quatro aspectos que se entrelaçam e se completam: o professor, o historiador, o ruista e o homem de fé. Depois de seus primeiros estudos no saudoso Curso Jacobina, de tão gloriosa tradição na vida educacional brasileira Bacharelou-se na velha Faculdade de Direito da Rua do Catete. O velho e desconfortável casarão abrigava nessa época uma plêiade de jovens idealistas aos quais logo Américo se uniu e que viriam a se destacar na vida pública do país – entre os quais a figura estelar de San Tiago Dantas. Recebido o diploma em 1931, mais sem sentir a vocação […] Read More

RELEMBRANDO AMIGOS . . .

RELEMBRANDO AMIGOS . . . Lourenço Luiz Lacombe, Sócio Titular, falecido – JOSÉ KOPKE FRÓES Quem diria que José Kopke Fróes foi duas vezes sócio do Instituto Histórico. Porque foi o único que teve duas propostas para o nosso quadro social. A 1ª. vez redigi em 10-12-48 a proposta, declarando ser ele “herdeiro de um nome tradicional , bibliotecário da Biblioteca Municipal, onde vem realizando uma obra, sob todos os pontos de vista, digna dos maiores encômios; pesquisador de nossa história local e colaborador na imprensa da cidade” … E obtive, sem dificuldade, as assinaturas de Guilherme Auler, Germana Gouveia, Américo Jacobina Lacombe, Francisco Marques dos Santos e Cláudio Ganns. Apoiado por estes eminentes confrades, dei entrada no Instituto. Pois a 19 de fevereiro de 49, lavrou o então secretário Luiz Afonso d’Escragnolle a sentença: Recusada, aposta no alto da página, sem dizer porque … Vim a saber depois que ainda as velhas rixas da política municipal haviam adiado a entrada de José Fróes no nosso convívio … A 13-11-1952 propõe o então Presidente Leão Teixeira, José Fróes para sócio efetivo “na 1ª. vaga que se abrir” e estranha que “já deveria ter ingressado no Instituto” … Mas só a 30-10-54 o Presidente Mesquita Pimentel, declarando haver se verificado uma vaga, remete às Comissões estatutárias, que com muita efusão acolhem a proposta. Fróes nasceu em Petrópolis, cidade pela qual tinha acendrado amor, a 16 de agosto de 1902, filho do prof. Gabriel Coutinho Fróes e Anita Kopke Fróes, sendo o pai o seu 1º. Mestre e educador, e em cujo colégio, instalado no atual Palácio Grão Pará, fez os seus estudos básicos, diplomando-se mais tarde em odontologia, profissão que, de resto, nunca exerceu. Aqui em Petrópolis foi trabalhador na Prefeitura Municipal, cuja Biblioteca dirigiu por mais de 30 anos – digo mal – não se limitando a dirigir aquela livraria, mas deu-lhe o caráter de biblioteca de Petrópolis, criando a seção Petropolitana onde procurou reunir tudo o que se escrevia e se publicava em Petrópolis e sobre Petrópolis. E era um encanto ver o carinho com que tratava aqueles livros. E também – e isso é muito importante – a preocupação de servir os estudantes: contou-me Miguel Pachá, que estudando na Faculdade de Direito da nossa UCP, sentia falta de livros técnicos das matérias curriculares. José Fróes adquiria as obras para a Biblioteca e punha-se à disposição dos alunos. Mas […] Read More