IMPERATRIZ DONA LEOPOLDINA – SUA PRESENÇA NOS JORNAIS DE VIENA E A SUA RENÚNCIA À COROA IMPERIAL DA ÁUSTRIA (A)

  A IMPERATRIZ DONA LEOPOLDINA – SUA PRESENÇA NOS JORNAIS DE VIENA E A SUA RENÚNCIA À COROA IMPERIAL DA ÁUSTRIA Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança Sobre a nossa primeira Imperatriz amiúde se escreveu, grande parte de sua enorme correspondência foi publicada. Sua atuação política foi analisada. A importância da mesma em nossa Independência e a sua grande envergadura moral foi louvada. Leopoldina, Arquiduquesa d´Áustria, Princesa real de Portugal, do Brasil e de Algarves, Duquesa de Bragança (gravura de Artaria et Comp., Biblioteca Nacional, Viena) A vida familiar, os interesses intelectuais, o amor pelo Brasil, as suas aspirações, alegrias e as suas grandes provações são conhecidas. Mas como era vista pela imprensa a filha do Imperador Francisco II (1) na sua Viena? (1) Francisco II, com o falecimento de seu pai, Leopoldo II, em 1792 Imperador do Sagrado Romano Império Germânico. Com a dissolução do Sagrado Império R.G. em 11 de abril de 1804 assumiu o titulo de Francisco I da Áustria. Nasceu em Florença em 12 de fevereiro de 1768 e faleceu em Viena em 2 de março de 1835. Foi casado 4 vezes:1. com a Princesa Wilhelmine do Württemberg (1767-1790) em 6 de janeiro de 1788; 2. com a Princesa Maria Theresia de Bourbon das Duas Sicílias (1772-1807), em 19 de setembro de 1790; 3. com a Arquiduquesa Maria Ludovica da Áustria-Modena-Este (1787-1816), em 6 de janeiro de 1808; 4. com a Princesa Carolina Augusta da Baviera (1792-1873), em 10 de novembro de 1816. No início era uma das tantas Arquiduquesas, que mais tarde ou mais cedo, deveriam fornecer um objeto para alianças políticas. Leopoldina, todavia foi uma figura, que sobressaiu pelo seu casamento, fora do comum, pela expedição científica que a acompanhou no novo mundo, pela sua atuação política, por ser mãe do Imperador Dom Pedro II e de Dona Maria II e pelo seu prematuro fim. Ainda hoje ela é estudada e admirada no Brasil e na Áustria. Os jornais da época nos fornecem ainda detalhes, pequenos muitas vezes, mas que em parte, não foram considerados pelos historiadores. A imprensa naquele tempo era singela, não realizavam reportagens ou entrevistas, como hoje é uma normalidade. Os acontecimentos, mesmo aqueles da Corte, eram tratados de maneira simples, podemos dizer, quase como nos “Diários Oficiais” dos nossos dias. Apesar disso os diários são, sem duvida, ainda uma fonte preciosa, que nos permite seguir determinadas ocorrências, as quais […] Read More

DISCURSO NO INSTITUTO DE LETRAS E ARTES DE BOM JESUS DE ITABAPOANA – Antônio Izaías da Costa Abreu

  DISCURSO NO INSTITUTO DE LETRAS E ARTES DE BOM JESUS DE ITABAPOANA Antônio Izaías da Costa Abreu, associado titular, cadeira nº 3, patrono Antônio Machado Embora prazeroso, no entanto, difícil escrever ou falar para jovens, já que para tanto exige uma definição escorreita e precisa que não motive nas mentes dos ouvintes dubiedade. Daí, a exigência de precisão na exposição temática, condição que a poucos se mostra capaz, principalmente a este orador. Falta-me a necessária capacidade para exposição. Todavia, não poderei deixar de cumprir a referida missão em noite tão festiva e engalanada, com falas tão gentis e carinhosas destes jovens, que despontam para o futuro radiante do amanhã. Quero deixar-lhes a melhor das impressões que neste momento, estão sendo captadas pelos aguçados sentidos desta plêiade de jovens de nossa terra. Este cuidado se impõe, pois, na verdade, a alma infantil são flores frágeis que se mostram viçosas ao receberem o orvalho matinal. Em tais circunstâncias, entendo melhor, seria valer-me do pensamento de Zarminoff contido no frontispício do respeitável trabalho literário de expurgo ao nazismo – EDUCANDO PARA A MORTE, ao proclamar: “as almas infantis são brancas como a neve, são pérolas de leite em urnas virginais, tudo quanto ali se escreve grava, cristaliza e não se apaga mais”. Eu sei, queridos afilhados homenageantes, que tudo que ocorre nesta noite, em clima de contagiante alegria, jamais será olvidado por vocês, ainda que os ventos dos anos em seu galope, procurem varrer. Contudo, certo estou, quando já no ocaso da vida, com as têmporas matizadas pela neve do tempo vocês irão recordar, da doutora NIZIA CAMPOS, presidente deste sodalício, de seus professores, de muitos dos presentes nesse auditório e também deste, que se apresenta como homenageado. Meus queridos afilhados, devo-lhes confessar que muitos outros compromissos prender-me-iam neste fim de semana à capital do estado, mas ao receber o convite para participar desta sessão solene, nesta noite de 26 de agosto corrente, procurei priorizá-lo, pois a minha ausência poderia causar constrangimento aos queridos homenageantes. E isso jamais poderia ocorrer. Embora sem jactância, mas com humildade revelo, da muitas homenagens que me foram conferidas por diversos estados, municípios e entidades e até mesmo do exterior, conforme constam de minha cartilha curricular, devo-lhes confessar ser esta a mais significativa, pois nela refletem a espontaneidade dos infantes, o amor que lhes envolve a alma e, mais ainda, o desprezo a qualquer cobrança ou apoio […] Read More

RESGATES PETROPOLITANOS [MARIA ELVIRA MACEDO SOARES]

  RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Maria Elvira Macedo Soares nasceu em Paris aos 2 de novembro de 1911. Está pois a transcorrer o primeiro centenário de seu nascimento. Filha do político e jornalista José Eduardo de Macedo Soares, fundador e diretor-presidente de “O Imparcial” e do “Diário Carioca”, e de Adélia Costallat de Macedo Soares, ligou o seu destino a Petrópolis desde tenra idade. Seus pais adquiriram em 16 de dezembro de 1915 e 9 de fevereiro de 1918 a parte principal da Fazenda Samambaia que incluía a casa grande, vinda de meados do século XVIII e demais benfeitorias. Foram transmitentes Horacio Moreira Guimarães, filho do Barão de Guimarães e sua mulher Ana Maria Rocha Miranda Moreira Guimarães. Maria Elvira, que atendia na intimidade por Marieta, chegou portanto a Samambaia com quatro anos de idade e ali passou gostosos verões durante sua meninice e adolescência. De suas lembranças deu conta em interessante livro de 1977 que intitulou “Samambaia”, obra que tive o prazer de apresentar e anotar e que recebeu boa crítica de Luis da Câmara Cascudo em memoráveis cartas que dei à publicidade em “Camara Cascudo do Potengi ao Piabanha” Petrópolis, 1989. Em “Samambaia” há um capítulo dedicado às visitas regulares que durante o verão fazia à fazenda o Bispo de Niterói D. Agostinho Benassi (1868/1927), onde o prelado era recebido com toda a pompa e circunstância por D. Adélia, senhora conhecida por sua radical religiosidade. Mas aquelas férias de fim de ano na tranquilidade samambaiana sob o olhar compreensivo e simpático de D. Benassi, foram bruscamente interrompidas pela necessidade de mudar-se a família para a Europa por causa de perseguições políticas durante o governo de Artur Bernardes (1922/1926). Marieta foi internada num colégio em Wetren na Bélgica. De volta à pátria, retomou os veraneios em Samambaia, que a separação dos pais em 1929 não conseguiu prejudicar. Na partilha de bens do casal a fazenda tocou à D. Adélia, que no entanto já não pôde contar com as bênçãos regulares de D. Benassi, morto em 1927. Ao iniciarem-se os anos trinta dos novecentos, Marieta mudou-se para São Paulo para viver na companhia da avó paterna. Mulher de imensa coragem pessoal, meteu-se na revolução de 1932 como enfermeira de campanha dos revolucionários paulistas. Participou da resistência em Itapetininga e ali conheceu o primeiro marido, […] Read More

RESGATES PETROPOLITANOS [ JOÃO FRANCISCO BARCELOS]

  RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima João Francisco Barcellos foi dos grandes advogados fluminenses, ao lado de tantos outros de igual fama, a montar o seu quartel general aqui em Petrópolis, onde residiu, produziu imensamente e colecionou vasta clientela e inúmeros amigos. Nasceu na antiga Santa Teresa de Valença, hoje Município de Rio das Flores aos 26 de agosto de 1862. A 25 de maio de 1928 tombou fulminado por um ataque cardíaco, quando fazia sustentação oral no Tribunal da Relação (hoje de Justiça) em Niterói, à época capital do Estado do Rio de Janeiro. Fez o Dr. Barcellos curso de humanidades no Colégio Pedro II e, com os preparatórios na mão, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde fez brilhante curso até bacharelar-se em 1885. Como todo moço de sua época, era abolicionista e republicano. Radicando-se em Petrópolis, engrossou as fileiras dos que pugnavam pelo fim da Monarquia. Já na República, durante o governo de José Thomaz da Porciúncula, foi Chefe de Polícia do Estado e Secretário do Interior e Justiça. Eleito deputado federal não tomou posse de sua cadeira na Câmara, abandonando definitivamente a política. Nunca ficou suficientemente esclarecida essa súbita decisão. Homem de caráter forte e incorruptível, alicerçado em sólidos princípios éticos e filosóficos, deve ter experimentado alguma contrariedade para tomar atitude tão radical. Entregou-se dali em diante de corpo e alma à advocacia, ganhando fama, não só por seus conhecimentos jurídicos e habilidade no desempenho profissional, mas também por sua retidão, pelo espírito de justiça e sobretudo pelo repúdio à chicana, à treita, ao chamado apostolado do embuste. Foi o defensor intimorato de quantos necessitavam ver amparados os seus direitos, ainda que as causas não rendessem a seu patrono honorários suficientes. Nesse modelo espelhar-se-ia com certeza Heráclito Fontoura Sobral Pinto. João Francisco Barcellos foi membro do Conselho Diretor e Presidente do Banco Construtor do Brasil. João Francisco Barcellos morava à Rua Silva Jardim n° 163 e de lá saiu o cortejo fúnebre com número avultado de pessoas em direção ao Cemitério Municipal. Ainda nesse mesmo ano de 1928 a Prefeitura Municipal de Petrópolis por sugestão do Dr. Luiz Pessoa Cavalcanti, e de Amadeu Guimarães, Spartaco Banal e Francisco Costa Bastos Filho, todos residentes no Itamaratí, baixou o Ato n° 43 de 26 de outubro, dando o nome de João […] Read More

ESCRAVISMO E ABOLIÇÃO EM PETRÓPOLIS

  ESCRAVISMO E ABOLIÇÃO EM PETRÓPOLIS CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA SOCIAL PETROPOLITANA: ESCRAVISMO E ABOLIÇÃO EM PETRÓPOLIS (1) Oazinguito Ferreira da Silveira Filho “O Balaio, o Balaio chegou Cadê branco? Não há mais branco Não há mais sinhô” ( Cântico das lutas da Balaiada, in, Luiz Luna) “Ó didê, Baba um pê Levanta-se, o pai está chamando…” (O Caçador e os Orixás do Mato, in, Deoscoredes M. dos Santos) Produzir um trabalho sobre o percurso histórico da raça negra em nossa comunidade é na maioria das vezes um trabalho que aparenta relativa facilidade de ser produtivo mas, também torna-se um tanto difícil, quando os elementos que temos que pesquisar se encontram na quase sua totalidade dispersos, e em locais às vezes o mais inacessível. Portanto, procuramos formular uma síntese, ou melhor um “alinhavado” de textos, já anteriormente produzidos, e que até hoje possuem um denotado grau de importância científica em nossa cidade. São estes textos trabalhos fundamentais elaborados pela Comissão do Centenário, produzidos por vários autores. E para complementar, como não podia deixar de ser, recorremos ao constante manancial de informação que são os jornais que compõem a Hemeroteca Publica Petropolitana. A expressão acima utilizada “fácil”, tem por característica não a depreciação do trabalho, mas o fator que o movimento histórico do negro em nossa comunidade difere das dos demais por uma única e atenuante característica; a da densidade demográfica – a não grande representatividade numérica em nosso quadro populacional, através das várias épocas que antecederam ao último quartel do século. Porém, ao tempo ela torna-se significativa, desde que possamos formular um pequeno quadro histórico na formação social. (1) Publicado em 12 de maio de 1984, no Segundo Caderno da Tribuna de Petrópolis AS OBRAS DO CAMINHO NOVO Nossos registros começam por volta do início do século XVIII, quando das aberturas das picadas para construção do Caminho Novo para as Minas Gerais. Em documento um dos pioneiros desta construção, Garcia Rodrigues Paes, filho do famoso “bandeirante das esmeraldas”, que é declarado “falido” não podendo mais continuar seu intento de abrir a nova estrada, em virtude de o esforço haver consumido todos os bens que lhe pertenciam, bem como aqueles que havia herdado. Este “enfraquecimento capital”, resultou nas seqüentes fugas de escravos, mão-de-obra a este pertencente, fruto do capital investido (2). (2) Comissão do Centenário de Petrópolis, volume , pg. 41 Fugas que freqüentemente levavam estes escravos a se refugiarem em nosso […] Read More

EM DEFESA DE PETRÓPOLIS

    EM DEFESA DE PETRÓPOLIS Guilherme Pedro Eppinghaus A fim de simplificar o desenvolvimento do tema proposto e atingir a finalidade do estudo em pauta, orientarei a redação de acordo com o seguinte roteiro: 1. – preservação do que pode e deve ser mantido; 2. – correção do que for conveniente, na medida do possível, em molde econômico; 3. – evolução em todos os setores. 1 – PRESERVAÇÃO Neste ítem, o estudo compreende a manutenção de tudo o que existe de bom. De nada vale ter e não manter. Devemos preservar as ruínas dentro dos limites de garantia e tendo em vista a integridade das peças em questão. Na figura do termo ruína, Petrópolis pouco tem a enquadrar. Com respeito à natureza já se dá o contrário. Muito há a preservar. E para preservar é indispensável lutar corajosamente. A ecologia, que abrange inúmeros fatores de influência, oferece as maiores dificuldades. Algumas invencíveis, que são consequência de intempéries que fogem ao controle dos homens. Outras, resultam das alterações havidas na formação do revestimento superficial do terreno. Nestas, têm importância primordial o desflorestamento e o movimento de terra. A derrubada de árvores provoca a erosão, destruindo assim a capa de terra vegetal que as alimenta, riqueza que constitui sua existência. Com a erosão surge o assoreamento, cuja sedimentação promove obstruções nos vales, que perdendo o seu normal escoamento causam as enchentes. Quanto ao movimento de terra, além dos mesmos fenômenos causados pelo desmatamento e por eles agravados, inicia um regime de escoamento que prejudica a natural disseminação da água nascente ou pluvial. Importante ainda no que diz respeito à preservação é o aspecto paisagístico. Não é necessário referir o quanto representa como atração turística, todos o sabem porque todos o sentem. A natureza nos proporciona uma fonte de beleza, uma tranquilidade contagiante que nos é essencial. Não só uma observação da paisagem pelo simples usufruto do belo, mas uma possibilidade de se aliviar a tensão, resultante do trabalho exaustivo e agitação constante a que somos submetidos. De muita valia é a preservação de obras públicas e particulares, não só pelo valor histórico e paisagístico, mas pela utilidade que proporciona a quantos são beneficiados. A preservação e conservação de logradouros, monumentos e edificações são de grande importância pelo seu valor histórico, adequação da denominação, forma e estilo, servem como instrumentos de fixação e instrução. 2 – CORREÇÃO A correção das distorções que […] Read More

CARNAVAL EM PETRÓPOLIS NO SÉCULO XIX

  CARNAVAL EM PETRÓPOLIS NO SÉCULO XIX CONTRIBUÍÇÃO À HISTÓRIA SOCIAL PETROPOLITANA: SUBSIDIOS PARA UMA HISTÓRIA DO CARNAVAL EM PETRÓPOLIS NO SÉCULO XIX (1) Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga “E o povo? Esse, também, se divertia. Logo às primeiras horas da manhã, os escravos iniciavam, barulhentamente, o entrudo, pelas senzalas e pelos logradouros da cidade. O Rio de Janeiro acordava em alvoroço, ouvindo os ambulantes que já apregoavam as mercadorias da ocasião: – Porvio! Limão de chêro, de toda cô. Bom chêro. Bom chêro. Um pacote de polvilho custava, no começo da passada centúria, cinco réis e uma dúzia de limões d’água, cheirando a canela, dois tostões. O limão vinha no tabuleiro da preta e o pacote de pó de goma no cesto ou no samburá. – Porvio! Limão de chêro! As crianças saltavam da cama, gritando: Entrudo! Entrudo! Entrudo! E iam provocar a vizinhança, bombardeando as urupemas e grades de pau com bolas de cera cheias de água, que lhes davam as famílias, atrás das rótulas, a cocar a cabeça do primeiro que surgisse para responder ao desafio. Dentro em pouco generalizava-se o combate. A labareda de alegria pegava fogo em todo o Rio de Janeiro. E os limões de cheiro a cruzar! Entrudo! Entrudo! Entrudo!” (in, EDMUNDO, Luiz, Recordações do Rio antigo) (1) Extraído do nosso ensaio, “Subsídios para a História: O Carnaval de Ontem”, publicado em caderno especial da Tribuna de Petrópolis em 04/03/1984. O texto acima que bem caracteriza o “carnaval” carioca, popular, genuinamente brasileiro em pleno século XIX, de nada teria a ver com o carnaval que se desenvolveu em Petrópolis a partir dos registros impressos da década de 50 do mesmo século. Embora do carnaval petropolitano nada de novo possuiu-se para se acrescentar à história desta festividade folclórica de herança portuguesa tão presente em nossa sociedade. Todos os elementos que no município encontramos foram transferidos da Corte e das demais regiões e adaptados ao cenário local, principalmente a partir da presença dos “veranistas”. A “Petrópolis colônia”, possuía em sua constituição demográfica uma grande massa de colonos alemães, vindos de províncias “esquecidas” da Alemanha, campesinos em sua maioria, ignorantes, e cujo germe de festividade não passava de seu próprio folclore e costumes, comemorações camponesas às épocas de plantio e colheita, tão comuns herdadas do cotidiano feudal europeu. Por outro lado o contexto dominante entre […] Read More

DIÁRIOS DE D. PEDRO II: VIAGENS DE CONHECIMENTO E RECONHECIMENTO

  DIÁRIOS DE D. PEDRO II: VIAGENS DE CONHECIMENTO E RECONHECIMENTO Alessandra Bettencourt Figueiredo Fraguas, associada titular, cadeira n.º 27, patrono José Thomáz da Porciúncula Thais Cardoso Martins 1. Introdução A História, cujo objeto precípuo é observar as mudanças que afetam a sociedade, e que tem por missão propor explicações para elas, não escapa ela à própria mudança. Existe portanto uma história da história que carrega o rastro das transformações da sociedade e reflete as grandes oscilações do movimento das idéias (…). (RÉMOND, 2003, p. 13) Este trabalho é um desdobramento da pesquisa desenvolvida pela equipe do Arquivo Histórico do Museu Imperial relacionada ao projeto Conjunto documental relativo às viagens do Imperador D. Pedro II pelo Brasil e pelo mundo, nominado pela UNESCO com o Registro Nacional Memória do Mundo do Brasil, em 2010. O grande desafio para a equipe que analisa esta documentação com vistas à elaboração do dossiê a ser apresentado para a candidatura ao Registro Memória do Mundo Internacional da UNESCO, em 2012, é refletir sobre fontes exaustivamente examinadas, a partir dos novos domínios e abordagens historiográficos, das novas perspectivas teóricas e metodológicas e do novo paradigma institucional, pautado no Plano Nacional de Cultura, a fim de romper com a perspectiva da historiografia positivista e factual e com as narrativas hagiográficas, laudatórias dos grandes personagens da história. Este trabalho tem como objetivo principal analisar os documentos relativos à primeira viagem de D. Pedro II às províncias do sul, entre 1845 e 1846, os diários da sua segunda grande viagem pelo Brasil, de 1859 a 1860, e o diário da viagem à América do Norte, em 1876, como fontes que nos possibilitam perceber o processo de consolidação do Estado Nacional, de construção da identidade nacional e de conhecimento e reconhecimento do chefe da Nação, e também da construção de si do imperador enquanto agente histórico, primando pela interdisciplinaridade entre a História e a Arquivologia e a História e as Ciências Sociais, além de mostrar as possibilidades de utilização de um arquivo privado, a partir de uma abordagem micro-histórica, no que ela pode nos revelar a respeito do objeto de estudo: a trajetória de vida de D. Pedro II. Esses documentos, enfim, são fontes privilegiadas para refletirmos sobre questões mais amplas inerentes ao período monárquico brasileiro, e para buscarmos nos relatos deixados pelo imperador aspectos reveladores em relação à nossa problemática teórica fundamental: a dialética entre agente social e […] Read More

ESTRADA DO CONTORNO – BELVEDERE – MONUMENTO AO TROPEIRO

  ESTRADA DO CONTORNO – BELVEDERE – MONUMENTO AO TROPEIRO Mariza da Silva Gomes, associada honorária Não poderia deixar de destacar outra curiosidade a cerca do local onde está erigido o “Belvedere”: o projeto de intenção de construir no local um Monumento ao Tropeiro de acordo com os apontamentos feitos pelo Sr. Gustavo Ernesto Bauer, gentilmente cedidos por D. Vera Bauer sua filha ao Arquivo Histórico no dia 17 de agosto de 2011, onde consta uma reunião ocorrida às 16 horas no Museu Imperial em 22/05/1967, com a presença dos membros do Instituto Histórico Professor Lourenço Luiz Lacombe, Paulo Machado Costa e Silva e Gustavo Ernesto Bauer; destacamos também a presença do Engenheiro do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem Philuvio de Cerqueira Rodrigues e do Sr. Victor Canongia Barbosa. Sendo aberta a sessão pelo Sr. Presidente da Comissão Organizadora do Museu Rodoviário, o Engenheiro Philuvio Cerqueira Rodrigues, que cientificou aos demais presentes o motivo da reunião: – “a possibilidade de erigir-se o Monumento ao Tropeiro que a rigor deveria ser erigido na Praça General Carmona, próxima a Estação Ferroviária de Petrópolis, por ser ali exatamente, o local por onde passavam as tropas em demanda à Corte, no entanto, devido a exigüidade do espaço e o tráfego intenso do local, verificou-se ser impossível a realização de uma obra de arte de tamanho vulto”. Depois do exame de vários outros lugares, foi lembrado o local denominado “Duques” no km 40 da Estrada Washington Luiz; examinando o mesmo verificou-se que nesse trecho passam ali os “bananeiros”, os tropeiros da atualidade, onde o passado e o presente se confraternizam. Verificou-se então pelo Engenheiro Philuvio, referindo-se ao local “Duques”, um inconveniente: – desapropriação de áreas, absolutamente necessárias; lembrou, então, que a Comissão deveria reunir-se no “Belvedere do Grinfo”, marcando o encontro para o dia 17/07/1967 às 10 horas. O Sr. Presidente comunica, que, tendo pensado melhor sobre o local, concluiu ser o melhor, justamente, este onde nós estamos no momento o “Belvedere do Grinfo’, lugar amplo e sem dificuldade das desapropriações. Nisto os membros presentes Dr. Victor Canongia Barbosa e Gustavo Bauer, estiveram de pleno acordo. Não resta dúvidas que o Belvedere oferece condições favoráveis para um monumento de grande proporções, pois dispõe de uma vasta área e o monumento viria completar o conjunto paisagístico. Gustavo Ernesto Bauer Acervo Particular

JUSTIÇA FEITA!

  JUSTIÇA FEITA! Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Em Petrópolis fez-se justiça. Perfeita. Íntegra. Congratulações à Justiça. Homenagens precisas ocorreram; rejubilemo-nos. Nada foi gratuito ou gerado por interesses corporativos ou egoísticos. Aconteceu na cabeça dos doutos sob nosso aplauso e o de todos que conheceram e conviveram com os homenageados. Por vezes nomes são dados a logradouros e prédios, sem cuidado, injustamente; as homenagens ficam perdidas por insuficientes; desagradam; não têm unanimidade. As duas, que citarei, apresentam-se perfeitas e honram Petrópolis, seu povo, sua Justiça. Ao Fórum na Rua Barão do Rio Branco, o batismo de Dr. Felisberto Monteiro Ribeiro Netto; ao Fórum Trabalhista no Centro Histórico, o nome do Dr. Carlos José Essinger Schaefer. Tive o privilégio de conhecê-los, acompanhá-los, admirá-los. Sei, portanto, como foram justas as homenagens, que perpetuam dois excelentes magistrados, o primeiro petropolitano honorário; o segundo, nato. Dr. Felisberto, mestre do direito, da honra, da simpatia, viveu para servir, ajudar, unir em verdadeiro sacerdócio profissional. Encaminhou advogados valorosos para a Magistratura, a eles assessorando, ensinando, prestando assistência, incentivando com seu saber e exemplo ao exercício digno da nobilitante profissão. Não tive o privilégio de ser seu aluno, infelizmente, mas o admirava, com ele conversando muito nas pausas entre as aulas na Universidade, onde fomos colegas professores, para honra e satisfação minha; e na Academia Petropolitana de Letras, na qual foi titular, sempre presente, atuante, participando em Diretorias, ao meu lado e ensinando sempre, mestre que era. Seu nome na Casa da Justiça é perfeito e honra Petrópolis e o Estado do Rio de Janeiro. Como ele honrou em vida. O Schaefer – adoto esta chamada mais íntima, foi colega meu de bancos escolares, desde os tempos do Colégio São José, na Avenida Koeler, 260, na fase da Diretora Profª Zaida Ferreira Alves Esteves, passando pela Faculdade de Direito, a pioneira do ensino superior, na qual eu me encontrava inscrito e freqüentando a 1ª turma e o Schaefer, nela ingressando no ano seguinte, bacharelando-se na 2ª turma. Participamos do Diretório Acadêmico Ruy Barbosa onde ele despontava com sua alegria, seu falar troante, sua inteligência privilegiada. Advogado brilhante, ingressou na Magistratura Trabalhista, notabilizando-se pela humanidade, aguçada percepção, conhecimento e competência, justo e perfeito magistrado. Seu nome na Casa da Justiça Trabalhista honra seu trabalho e borda de orgulho santo seus companheiros dos maravilhosos idos da mocidade. Justíssimo seu […] Read More