VISCONDE DA PENHA (O) – CHEFE DO ESTADO-MAIOR DE CAXIAS NA GUERRA DO PARAGUAI (O) E HERDEIRO DE SUA INVICTA ESPADA (O)

  O VISCONDE DA PENHA – O CHEFE DO ESTADO-MAIOR DE CAXIAS NA GUERRA DO PARAGUAI E O HERDEIRO DE SUA INVICTA ESPADA Cláudio Moreira Bento, associado correspondente Sumário O Conceito de Caxias do Visconde da Penha – Visconde da Penha recebe por testamento de Caxias a sua invicta espada de 6 campanhas e suas armas e cavalo encilhado com os seus melhores arreios. – Visconde da Penha um herói esquecido. A criação do Centro de Doutrina do Exército em 10 de agosto de 2010 – Visconde da Penha patrono de cadeira especial na Academia de História Militar Terrestre do Brasil, como pioneiro em Comunicações em combate a serviço de Caxias. O Visconde da Penha e seu pai o Marques da Gávea – O Visconde da Penha e sua esposa a Viscondessa D. Maria da Penha e sua formação na bicentenária Academia Real Militar do Largo de São Francisco. – Condecorações por campanhas militares e títulos no Império. – Obras que produziu e foram divulgadas. – O Contra-Almirante (post mortem) Caetano Taylor Fonseca Costa o doador da espada de Caxias, em 1925, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. – Caminhos da invicta espada de Caxias depois de sua morte. O Marques da Gávea o Ajudante General do Exército de 1872 a 1888 Saudade e gratidão da Princesa Isabel ao Visconde da Penha e Senhora Síntese da carreira no Exército do Visconde da Penha 1841- 1842-1890 O Conceito de Caxias do Visconde da Penha O Marquês de Caxias, assim se referiu a este esquecido personagem o Marechal de Exército João de Souza Fonseca Costa e Visconde da Penha, conforme registramos em nosso livro Caxias e a Unidade Nacional (Porto Alegre: AHIMTB, 2003), ao tratarmos do Espadim de Caxias, arma privativa dos cadetes do Exército, e cópia fiel, em escala, da invicta espada de 6 campanhas do Patrono do Exército e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Visconde da Penha e Marechal de Exército João Manoel da Fonseca Costa que como Tenente foi Ajudante de Ordens de Caxias, na Guerra contra Oribe e Rosas, 1851-52, e como Coronel e Brigadeiro foi o Chefe do Estado Maior de Caxias na Guerra do Paraguai, 1866-1868, e para quem ele deixou em testamento a sua invicta espada de 6 campanhas que comandou, da qual o Espadim de Caxias, arma privativa dos Cadetes do Exército e cópia fiel em escala desta relíquia . Foto […] Read More

PARABÉNS, MONSENHOR PAULO DAHER

PARABÉNS, MONSENHOR PAULO DAHER Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel A Diocese de Petrópolis vive mais um momento de júbilo e ação de graças: os oitenta anos de vida e bênçãos do Monsenhor Paulo Daher. E o clero, instituições religiosas, paroquianos, familiares, amigos, admiradores, alunos e ex-alunos dessa boníssima criatura de Deus sob o pálio da Mãe Maria Santíssima estão convidados. A Sagrada Eucaristia será celebrada no dia 23 de julho do mês em curso, às 10h. na Catedral São Pedro de Alcântara. Desde já lembro ao rebanho de Cristo que é da vontade do Mons. Paulo que na Missa, substituam o presente objeto por doações em espécie para manter o Espaço Musical que foi criado em sua homenagem e é dedicado a crianças menos favorecidas. Em síntese extraí da rica biografia do querido Mons. Paulo Elias Daher Chedier que nasceu em Salvador, Bahia, 25/07/31 e veio criança para o Rio de Janeiro. Estudou em S. João de Meriti e no Rio de Janeiro. Cursou o Seminário S. José e depois a Universidade Gregoriana em Roma, onde se formou Padre em 1955. Voltou ao Brasil e trabalhou sempre em Petrópolis. Recebeu título de Cônego da Diocese em 1970 e o título de Monsenhor de SS o Papa João Paulo II a 05 de março de 1980. Professor, Ministro de Disciplina no Seminário Diocesano, Diretor a Obra das Vocações Sacerdotais, Promotor Vocacional e Diretor Espiritual do Seminário Diocesano de 1956 a 1967. Foi Professor nos Colégio Werneck, Ipiranga, Instituto Social S. José, Colégio Santa Isabel e na Universidade Católica de Petrópolis desde 1958 a 1992. Confessor de Irmãs de Comunidades Religiosas. Desde 1995 é Capelão e Orientador Religioso do Colégio Santa Isabel. Foi Pároco da Catedral de 1967 a 1986. Foi Assessor Espiritual da Renovação Carismática da Diocese de Petrópolis, da Legião de Maria. É Conselheiro Espiritual da Pastoral Familiar, Foi Coordenador Diocesano das Pastorais, da Catequese. Assessor Espiritual das Escolas Paroquiais de Petrópolis, do Ensino Religioso das Escolas na Diocese. Atualmente (desde 2008) é Vigário Geral da Diocese. Membro da Academia Petropolitana de Letras e da Academia de Educação de Petrópolis dentre outras. Teve vários programas religiosos na Radio Difusora de Petrópolis, na Rádio Imperial e na Rádio FM da Universidade Católica. Há anos publica artigos na imprensa local sobre assuntos religiosos e educação. Lida constantemente com todas as […] Read More

POSSE DE ALESSANDRA BETTENCOURT FIGUEIREDO FRAGUAS

  POSSE DE ALESSANDRA BETTENCOURT FIGUEIREDO FRAGUAS Alessandra Bettencourt Figueiredo Fraguas, associada titular, cadeira n.º 27, patrono José Thomáz da Porciúncula Senhores e senhoras, É com grande respeito que me dirijo ao presidente deste Instituto, senhor Luiz Carlos Gomes, e aos demais associados e associadas, lembrando-me dos de ontem e dos de hoje, reconhecendo suas importantes contribuições para a escrita da história de Petrópolis e para a preservação do nosso patrimônio cultural, em trabalhos de pesquisa e divulgação, que marcam a trajetória septuagenária do Instituto Histórico de Petrópolis. Não poderia deixar de formalizar um agradecimento especial à historiadora Maria de Fátima Moraes Argon que, acreditando em meu trabalho, indicou o meu nome à apreciação dos membros do IHP. Esta indicação foi referendada pelos senhores Paulo Roberto Martins de Oliveira e Luiz Carlos Gomes, aos quais espero fazer jus à confiança em mim depositada, contribuindo de forma eficaz para a historiografia petropolitana. Para este ato de posse coube-me a tarefa de escrever sobre o patrono da cadeira n.º 27, que passo a ocupar: o Dr. José Thomáz da Porciúncula. Tarefa paradoxal, porque, se por um lado, certamente um agente social com uma trajetória política tão profícua é objeto de estudo que permite muitos desdobramentos temáticos para a pesquisa histórica, por outro lado, o exíguo tempo para a pesquisa, o que dificultou o acesso a fontes primárias, levou-me a um recorte bastante pontual, que passo a expor. O Dr. José Thomáz da Porciúncula, médico e político nascido em Petrópolis, em 25 de dezembro de 1854, foi eleito para a primeira Câmara Municipal de Petrópolis, em 1859, mas não chegou a entrar em exercício. Sua carreira política ganhou destaque como ardoroso republicano, tendo cumprido dois mandatos como deputado provincial entre 1881 e 1887. Foi presidente do Clube Republicano de Petrópolis e, após a Proclamação da República, em 1890 foi designado Presidente do Maranhão, cargo que correspondia ao de atual Governador de Estado. Em 1892, tornou-se Presidente do Estado do Rio de Janeiro, o primeiro eleito diretamente, cargo que ocupou até 31 de dezembro de 1894. É neste período que enfrentou a primeira Revolta da Armada, quando a cidade de Niterói, transformada em praça de guerra, deixou de ser a capital do Estado, a qual foi transferida para Petrópolis em janeiro de 1894. Como presidente do Partido Republicano Fluminense, ligado ao Partido Republicano Federal, este criado em julho de 1893, ocupou o cargo de […] Read More

PETRÓPOLIS NA GUERRA DO PARAGUAI

  PETRÓPOLIS NA GUERRA DO PARAGUAI Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette Da Guerra do Paraguai (1865-1870), sem dúvida o maior conflito militar ocorrido na América do Sul, participaram inúmeros petropolitanos, natos ou por adoção, pertencentes à Guarda Nacional ou ao Corpo de Voluntários da Pátria. A Guarda Nacional, cumpre lembrar, foi criada pelo Padre Diogo Antônio Feijó, quando Ministro da Justiça da Regência Trina Permanente, em 18 de agosto de 1831. Foi instituída com o escopo de defender a Constituição, a liberdade, a independência e a integridade do Império; manter obediência às leis, conservar ou estabelecer a ordem e a tranquilidade pública; auxiliar o Exército de linha na defesa das praças, fronteiras e costas. No dizer de Gustavo Barroso, a Guarda Nacional “foi uma instituição militar que, à exceção de seus derradeiros anos de decadência, prestou relevantes serviços ao país, como reserva do Exército” (1). Tomou parte em inúmeras campanhas internas, assegurando a manutenção da ordem, mas foi na Guerra do Paraguai que ela mais se destacou, mobilizada pelo Decreto n.º 3.383. A Guarda Nacional só foi extinta pelo artigo 22, do Decreto n.º 13.040, de 29 de maio de 1918. Os Corpos de Voluntários da Pátria foram criados pelo Decreto n.º 3.371, de 7 de janeiro de 1865, do Governo Imperial, buscando aumentar o número de soldados no Exército Brasileiro, que no início da guerra era considerado inferior ao número de soldados do Exército Paraguaio. Na ocasião, a solução encontrada pelo governo brasileiro “foi apelar para a tradicional magnanimidade do povo brasileiro, pacífico e tolerante, mas sempre pronto a derramar generosamente seu sangue em momentos de crise nacional, predisposto a assegurar com seu prestimoso concurso a integridade da pátria” (2). Em consequência, o apelo do governo brasileiro ao voluntariado “despertou uma verdadeira cruzada patriótica, contribuindo para que o exército ativo que, em 1865, era de aproximadamente 18.320 homens, atingi-se, no ano seguinte, a elevada cifra de 67.365 homens e, em 1869, 82.271 homens” (3). (1) BARROSO, Gustavo. História Militar do Brasil. Cia. Editora Nacional, São Paulo, 1938. (2) DUARTE, Paulo de Queiroz. Os Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército Editora, 1981, p.200. (3) SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador. São Paulo, Companhia das Letras, 1998, p.303. Segundo nos informa Bretz, “o Governo Imperial, pelo Decreto n.º 919, de 27 de fevereiro de 1852, […] Read More

POSSE DE NELSON DE SÁ EARP

  POSSE DE NELSON DE SÁ EARP Nelson de Sá Earp Sr. Presidente, Dr. Claudionor de Souza Adão Srs. Membros da Mesa Meus Consócios Senhoras e Senhores Obrigam-me os meus quinze minutos a uma inexorável síntese. A ela serei obediente. Resumidamente, acodem-me 1º – agradecer a honra com que me recebem os meus ilustres colegas deste colendo Instituto, reverenciando a generosidade com que acolhem um simples promitente cultivador das verdades históricas da minha e nossa queridissima terra petropolitana. Passo a servo incondicional desta Casa. 2º – declarar que prometo cultuar a História, isto é, prometo cultivar a memória de todos os fatos e acontecimentos que edificaram e edificam a honra de nossa terra. Não só as memórias passadas, as lembranças pretéritas, mas trazer à recordação os ideais futuros, revertê-los ao presente, torná-los vida, ativos, atuantes. A esperança é também memória, mas memória daquilo que se deseja do futuro realizar. E as aspirações do que está para vir, senhores historiadores, são parte do vosso e de meu futuro trabalho. Não é tradição desta Casa o saudosismo, mas antes, tirar do passado as lições do que se projeta para o amanhã. Esta Instituição é celeiro do progresso, e o é por tradição. E abraço a vossa admirável causa. Que mais posso dizer em tão escasso tempo? Para mim, esta noite é uma aurora. Em lugar do famoso “Anoitece” do venerando e célebre Raimundo Corrêa, o mestre dos mestres parnasianos, ao cantar, nos seguintes termos, o crepúsculo, quando o sol em chamas esbraseado se recolhe e diz, ANOITECE, assim descrito: Esbraseia o Ocidente na agonia O sol … Aves em bandos destacados Por céus de oiro e púrpura raiados Fogem … Fecha-se a pálpebra do dia … Delineam-se, além, da serrania Os vértices da chama aureolados. E em tudo, em tôrno esbatem derramados Uns tons suaves de melancolia … Um mundo de vapores no ar flutua … Como uma informe nódoa, avulta e cresce A sombra à proporção que a luz recua … A natureza apática esmaece … Pouco a pouco, entre as árvores a lua Surge trêmula, trêmula … Anoitece. Em lugar desse belíssimo “Anoitece”, eu ousaria, modesta e canhestramente, mas desejoso de traduzir os meus sentimentos de esperança e júbilo, parafrasear o insigne e incomparável mestre, – e não sei se o consigo – dizendo, então, como mais apropriado a este instante de aspirações mais altas, AMANHECE (fazendo-o nos seguintes termos) […] Read More

MEMORIAL PARA A MARECHAL DEODORO (UM)

  UM MEMORIAL PARA A MARECHAL DEODORO Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga Mais conhecida até a fundação da povoação como caminho dos mineiros, a estrada passou a incorporar a nomenclatura urbana de Dona Tereza quando após o planejamento urbano de Koeler ganhou a denominação que a acompanharia até o final do século XIX, Rua Princesa Dona Januária. Observamos que não existia a passagem do Alto da Serra para o Morin (atual Padre Feijó), assim sendo o trajeto pesado de carroças e tropas de muares, corria por toda a Rua de Dona Tereza até o centro do então vilarejo, passava à frente da Fazenda do Córrego Seco até que atravessava o citado córrego continuando sua viagem pela Estrada dos Mineiros. Após a proclamação do sistema republicano que fecha o ciclo monárquico em nosso país, o processo branco de ‘desmonarquização’ por que foi atingida a cidade, conduziu a novas denominações em suas ruas, e atingiu a Dona Januária que passou a ostentar a denominação do chefe maior do movimento, Rua Marechal Deodoro, assim como da principal via na qual desaguava, que deixou de ser Rua do Imperador, para envergar a data do movimento, Avenida XV de Novembro. No ano de 1857, justamente ano da elevação de Petrópolis a cidade, segundo descrições de Gabriel Fróes, um dos maiores cronistas históricos de Petrópolis, foi aberta ao trânsito a nova ponte situada em frente a Rua Princesa Dona Januária, que segundo este era o tradicional ‘…desembocadouro de carros e passageiros que se dirigiam a cidade’. Antes se prolongava a viagem até o encontro dos rios, onde de outra ponte de madeira se passava ao lado oposto seguindo viagem para as Minas Gerais. A construção da referida ponte fazia parte do projeto de urbanização de Koeler para a principal via da cidade. Não podemos dizer que as obras estivessem concluídas, pois ainda levaram mais alguns anos, mas mesmo assim a cidade se tornava passo a passo o ‘cartão postal do Imperador’, digno de registro daquele que foi o mais importante fotógrafo da Corte, Klumb, que fotografou em 1865 a entrada da Rua Princesa Dona Januária e de uma de suas mais importantes casas comerciais da época na esquina (prédio onde atualmente possuímos a Farmácia Brasil), e de alguns habitantes da mesma região que para esta posaram. Outro registro fotográfico processou-se mais tarde a partir do […] Read More

DISCURSOS – DEPOIMENTO PARA O TRABALHO DA FUNDREM – Ruth Boucault Judice

  DISCURSOS – DEPOIMENTO PARA O TRABALHO DA FUNDREM – 29/11/1981 Ruth Boucault Judice, associada titular, cadeira n.º 33, patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Pediram-me um depoimento sobre os trabalhos realizados em Petrópolis para o Zoneamento da cidade e o Uso do solo. Penso, em sã consciência, que mais que um depoimento, posso dar um testemunho do que foi realizado. Participei de praticamente todas as reuniões, informei-me de tudo. Opinei, concordei e discordei quando necessário. Vi sair destas reuniões o projeto final, a conclusão do que seria necessário para, preservar essa Cidade Imperial! Hoje, tomo conhecimento de críticas, de que a lei é restritiva, que há erros, e pasmem senhores, que é uma lei elitista! Como elitista, se foi de nossas reuniões que surgiu a idéia de estímulo a construção de vilas; de proteção ao patrimônio fabril, que é muito importante; de proteção à arquitetura popular, em especial às vilas operárias? Mas essas pessoas que hoje atacam, tiveram como eu, as portas abertas para opinar, criticar e até contribuir. Pena que tenha havido omissões, que são sempre as geradoras de críticas sem fundamento. A primeira reunião que compareci, fui sem ser convidada, como simples cidadã. Chegou ao meu escritório (Firma Construtora) um convite do Sindicato da Construção Civil para o meu sócio que é engenheiro, participar de uma reunião com a turma da FUNDREM que já vinha estudando paulatinamente o zoneamento da cidade. Fui, de curiosa. O convite não era para mim. Mas eu era petropolitana de coração, residindo na cidade por mais de 30 anos, queria saber de seu destino. Gostei das diretrizes do trabalho, vi que era coisa séria e que seria válido perder tempo com ele. Voltei à próxima reunião e daí em diante, passei a ser convidada como Presidente do Instituto Histórico, cargo que eu até hoje ocupo. Interessei-me enormemente porque, eu que sou professora de História da Arte, conhecedora dos preceitos modernos de Preservação, fiquei feliz ao ver como os técnicos da FUNDREM e os membros da SPHAN estavam atualizados no assunto, já expurgado dos erros do passado, quando nesse Brasil só se pensava em salvar o que era colonial ou barroco. Começamos juntos: eles com as técnicas e nós – moradores da cidade, com a vivência da mesma – a procurar um denominador comum que preenchesse a necessidade urgente dessa cidade que também é industrial, mas que tinha todo um patrimônio ambiental, […] Read More

CENTENÁRIO DE NELSON DE SÁ EARP (O)

  O CENTENÁRIO DE NELSON DE SÁ EARP Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Quem sai aos seus não degenera, diz o velho ditado popular. Foi exatamente o que ocorreu com Nelson de Sá Earp. Na linha materna era ele neto de Hermogênio Pereira da Silva, o homem que deu envergadura político-administratriva a Petrópolis no início da República. Médico oftalmologista, foi várias vezes vereador entre 1892 e 1910, elegendo-se quase sempre Presidente da Câmara, à época com funções executivas. Com uma visão extraordinária da vida pública, jamais inaugurou uma obra, simplesmente entregava-a à população, pois estava no estrito cumprimento de seu dever. E não foram poucas as suas realizações nos quase vinte anos em que esteve à frente dos destinos petropolitanos. Pelo flanco paterno Nelson de Sá Earp era neto de Arthur de Sá Earp, misto de baiano e escocês, com estágio nas Minas Gerais e pouso definitivo em Petrópolis, onde também exerceu a medicina, foi Vereador e Presidente da Câmara, notabilizando- se pelo ambicioso plano de obras que executou na primeira década do século XX. Interessante notar que os médicos brasileiros sempre revelaram significativa eficiência e muita sensibilidade quando engajados na administração pública. Médicos foram Juscelino, A.C.M., Pedro Ernesto, Hermogênio Pereira da Silva, Arthur de Sá Earp, pai e filho, Joaquim Moreira, Oswaldo Cruz, Paula Buarque, Mário Pinheiro e também Nelson de Sá Earp. Ungido pela Santa Cruz nasceu Nelson nesta cidade aos 3 de maio de 1911. Foi aluno do Colégio São Vicente de Paulo. Estudou Medicina no Rio de Janeiro e ali poderia ter feito carreira brilhante. Contrariando preceito milenar, preferiu ser profeta em sua terra. Ainda na década de trinta dos novecentos firmou- se como clínico em sua cidade. Naquele tempo baldaram-se-lhe os arroubos políticos barrados pelo Estado Novo, ditadura braba que durou de 1937 a 1945. Com a redemocratização do país a partir de 1946 afloraram em Nelson de Sá Earp os desejos de servir a seu povo como político e administrador. Ia assim cumprir a segunda vocação de seus troncos familiares. E Nelson elegeu-se Vereador, foi Presidente da Câmara, confiando-lhe Petrópolis a Prefeitura em 1958. Fui um de seus eleitores na primeira eleição de que participei na vida. E desde então passei a acompanhar de perto a sua eficiente e brilhante trajetória de médico e de homem público. Não obstante tão absorventes […] Read More

FARDA, UNIFORME E O HISTÓRICO DA CIDADE

  FARDA, UNIFORME E O HISTÓRICO DA CIDADE Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga “O seu corpo, em que está inscrita uma história, casa-se com a sua função, quer dizer, uma história, uma tradição, que ele nunca viu senão encarnada em corpos ou, melhor, nessas vestes habitadas por um certo habitus” (Bordieu, Pierre. O Poder Simbólico, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1998, p.88) Muitos confundem farda com uniforme, mas tecnicamente, farda não é uniforme. Uniforme é apenas uma composição de peças de um vestuário que visam à padronização visual de determinado grupo, de uma classe ou profissão. Já a farda possui não somente conceito assim como uma dimensão completamente diferente de uniforme. Farda é por constituição um símbolo, representativo na maioria da instituição a que pertence. Identifica-se por uma história composta por valores de uma instituição maior como o Estado ou a própria representatividade da soberania de um povo. Farda é a projeção da autoridade institucional, de suas forças militares e policiais. Ao ingressar em uma instituição militar o homem ou a mulher torna-se herdeiro de um conjunto simbólico identificador da instituição. Esse é composto por práticas e discursos, expressos em cerimônias, símbolos e pelo dia-a-dia institucional (Schactae, Andréa Mazurok). Para o imaginário histórico petropolitano, inúmeros são os registros presentes em declarações pela imprensa ou na própria literatura local do século XIX e no século XX. Tais como os registros do garbo dos petropolitanos que se apresentavam no Tiro de Guerra nas primeiras décadas do século XX, ou na presença, inclusive fotográfica que alguns membros da Guarda Nacional se apresentavam em reuniões (O Mercantil), talvez como forma de ostentação ou mesmo de opressão, autoritarismo. Fotos nos arquivos do Museu Imperial dos inspetores de quarteirões, autoridades policiais garbosas e de profundo relacionamento e demonstração de segurança com as comunidades. No imaginário dos moradores, a presença do guarda noturno com seu tradicional apito e farda. Até mesmo o imaginário colonial apresentou-se por intermédio dos viajantes, no realce das fardas alemãs que alguns ainda guardavam, e segundo declarações vez por outra apresentava às comunidades por onde passavam, o que traduzia-se em respeito. Assim como, a tradição já estava estabelecida com a presença dos ‘Dragões’ que acompanhavam o Imperador e sua família em suas constantes viagens à cidade, principalmente nos anos 70 e 80 do século XIX (O Mercantil). As fotos de Haack apresentam […] Read More

CONDE DE RESENDE, O FUNDADOR DO ENSINO MILITAR ACADÊMICO NAS AMÉRICAS E DO ENSINO SUPERIOR CIVIL NO BRASIL EM 1792 E O CRIADOR DA CIDADE E MUNICÍPIO DE RESENDE EM 1801

  CONDE DE RESENDE, O FUNDADOR DO ENSINO MILITAR ACADÊMICO NAS AMÉRICAS E DO ENSINO SUPERIOR CIVIL NO BRASIL EM 1792 E O CRIADOR DA CIDADE E MUNICÍPIO DE RESENDE EM 1801 Cláudio Moreira Bento, associado correspondente Conde de Resende – o criador da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho em 1792, e do Município de Resende em 1801 Focalizaremos o 2° Conde de Resende, Tenente-General D. José Luiz de Castro, que foi o 13° Vice-Rei do Brasil (1790-1801). Autoridade máxima do Brasil, que deu foro de vila, em seu governo, a uma única povoação e por ele especialmente escolhida. Vila que, desde 1801, passou a denominar-se, em sua honra e homenagem, Resende, e seus filhos nela nascidos, ou de coração, de resendenses. No último caso, filho de coração, decorrência do cosmopolitismo de Resende, que possui as suas mais profundas raízes no povoamento por mineiros, fluminenses, paulistas e até gaúchos da primitiva povoação de N. S . da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova, descoberta e fundada, em cerca de 1744, por bandeira partida das minas esgotadas da Alagoa da Airuoca, em Minas, sob a liderança do Tenente-Coronel do Regimento de Auxiliares de Mogi das Cruzes/ Jacareí, em São Paulo, Simão da Cunha Gago. Campo Alegre por ser a região de Resende e imediações, então, uma belíssima, ampla e fértil clareira predestinada à pecuária, assentada sobre planície terciária. Clareira ampla em planície incrustada na Mata Atlântica dominante ao seu redor, e que viria a ser devastada para ceder lugar ao ciclo do café no Brasil que teve início aqui em Resende. Terras hoje ocupadas pela pecuária. Quando o Conde de Resende assumiu como vice-rei, a atividade econômica no Campo Alegre se intensificara a partir da abertura do Caminho Novo, em 1778, ligando por terra o Rio a São Paulo (pela antiga Rio – São Paulo) e integrando Resende atual na economia nacional e rompendo, por via de conseqüência, o isolamento da mesma. O café havia surgido em Resende muito promissor. O esgotamento do ouro em Minas provocou uma migração mineira para a atividade pecuária no Campo Alegre. A movimentação do anil, do café, do açúcar, exigiu mulas para transportá-las, o que marcaria a presença de gaúchos tropeiros de mulas, circunstância que chegou ao ponto de Resende consumir 1.800 mulas ano, para movimentar a plantação de café, e escoá-la inicialmente para o Rio, por terra, e depois até Angra […] Read More