DJANIRA E O LICEU MUNICIPAL PREFEITO CORDOLINO AMBRÓSIO Jeronymo Ferreira Alves Netto Encontra-se no Salão Nobre do Liceu Municipal Cordolino Ambrósio, em Petrópolis, uma extraordinária obra de arte, ou seja, um painel com 25 metros de comprimento por 4 metros de largura, executado a pincel pela extraordinária artista Djanira da Mota e Silva, sem dúvida um dos valores mais expressivos da arte primitivista em nosso país. Selecionando elementos da tradição popular da sociedade petropolitana, a artista conseguiu combiná-los com tal maestria, imprimindo-lhes um magnetismo tão forte, que o painel transmite uma sensação de vida, raramente encontrada em outras obras do gênero. Assim, a autora conseguiu retratar, num estilo futurista, toda Petrópolis antiga, vendo-se o Museu Imperial, a Estação da Leopoldina e sua primeira locomotiva, operários trabalhando com picaretas e teares, jovens modelando aparelhos na cerâmica, tudo em cores diversas. Quem foi Djanira? Que fez? Por que teria oferecido o citado painel ao Liceu Municipal? Quererá saber, certamente quem não se dedica ao estudo da história da arte no Brasil. Satisfazer esta justa curiosidade, é um dos objetivos do presente artigo. Djanira da Mota e Silva nasceu em Avaré (São Paulo), em 1914 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1979. Ao mudar-se para Santa Teresa, matriculou-se num curso de arte no Liceu de Artes e Ofícios, onde conheceu o pintor Emeric Mercier que, segundo nos informa Furke “mais do que um orientador foi seu grande incentivador” (1). (1) FURKE, Ana Maria. Restrospectiva de Djanira. In: REVISTA CULTURA, Brasília: MEC, Ano 7, Nº 25. A partir daí, “[…] sua pintura evoluiu, à força de uma poderosa intuição criativa, transformando-se em suporte de sua documentação de costumes, paisagens e festas populares, das mais ricas da História de nossa arte” (2). (2) DICIONÁRIO DOS PINTORES BRASILEIROS. Vol. 1, Rio de Janeiro: Spala , 1968. Realizou exposições individuais e coletivas, no Brasil e no Exterior, recebendo inúmeros prêmios. Em Petrópolis deixaram saudades as que realizou no Museu Imperial. Suas telas mais famosas são: “Ouro Preto”, “Casario”, “Panorama de Parati”, “Procissão – Folia do Divino”, “Menina com Flores”, “Amolador de Facas” e muitas outras. Dividindo seu tempo entre seu apartamento em Santa Teresa e sua residência em Petrópolis, localizada no bairro de Samambaia, à rua que hoje leva seu nome, a artista sempre acompanhou com grande interesse os acontecimentos marcantes ocorridos em nossa cidade. Aqueles que, em Petrópolis, com ela conviveram e tiveram o […] Read More
MONSENHOR GILBERTO FERREIRA DE SOUZA
MONSENHOR GILBERTO FERREIRA DE SOUZA Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Dia 8 de dezembro de 2005 comemoramos o 60º Aniversário de Ordenação Sacerdotal de Monsenhor Gilberto Ferreira de Souza, ilustre Vigário Geral de nossa Diocese e uma das figuras mais estimadas e representativas do clero petropolitano. Nascido nesta cidade de Petrópolis a 15 de maio de 1921, num lar religioso, já que seus pais, Alicio Ferreira de Souza e Jorgina Ferreira de Souza, eram pessoas simples e de singular piedade. Órfão de mãe, na mais tenra idade foi educado pela avó Felicidade Ferreira de Souza, senhora de peregrinas virtudes, dela recebendo uma bem cuidada formação cristã. Seus estudos iniciais foram feitos no Grupo Escolar D. Pedro II, renomado educandário de nossa cidade, sob a orientação de um seleto grupo de professoras, entre as quais a consagrada mestra D. Germana Gouveia. Em seguida, matriculou-se no Seminário Arquidiocesano do Rio de Janeiro e, posteriormente, no Seminário Provincial de Belo Horizonte, completando finalmente seus estudos no Instituto Superior de Direito Canônico, no Rio de Janeiro, agregado à Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Ordenado sacerdote em 8 de dezembro de 1945, em Niterói, em cerimônia presidida por Dom José Pereira Alves, então bispo daquela Diocese, começou logo em seguida seu diversificado ministério de educador e formador dos futuros sacerdotes, como professor no Seminário Diocesano de Niterói. Assim, no plano educacional, tem se revelado um educador emérito. Quer no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino, do qual foi primeiro Reitor, quer como professor titular de Ciências Morais e Religiosas da Universidade Católica de Petrópolis, quer como Diretor do Instituto de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas da mesma Universidade, sempre manteve um contato diário e proveitoso com a juventude estudantil, animando-a com a força vigorosa de seu espírito. Em seu gabinete de trabalho, todos o procuravam, buscando sua orientação sensata e oportuna na solução dos mais intrincados problemas. Por outro lado, múltipla e constante tem sido sua atuação religiosa. Foi Secretário Particular do Bispo de Niterói, Dom José Pereira Alves; Secretário do Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, Arcebispo do Rio de Janeiro, para o Concílio Ecumênico Vaticano II; Pároco Auditor no Concílio Ecumênico Vaticano II; Membro do Conselho Presbiterial e do Colégio de Consultores da Diocese de Petrópolis; Chanceler da Cúria Diocesana de Petrópolis; Capelão Militar da Armada, no posto de Capitão […] Read More
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO MUNICIPAL EM PETRÓPOLIS
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO MUNICIPAL EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto No decorrer da primeira República, os críticos do modelo educacional do Império, confirmando a premissa de que é fácil criticar e demolir, mas muito difícil construir, apesar dos quatro planos educacionais que se seguiram até 1915, pouco acrescentaram ao modelo anterior. Assim, o currículo constante do plano de Benjamin Constant era praticamente o mesmo de 1854, apenas, conforme muito bem assinala Valnir Chagas: “[…] apresentava um sentido mais nacional dos estudos com uma visível preocupação metodológica. No primeiro grau acrescentaram Geografia e História, principalmente do Brasil, Desenho e Trabalhos Manuais; no segundo grau, Português (como disciplina individualizada), Álgebra, Trigonometria, Direito Pátrio e Economia Política. O ensino da religião, nos dois graus, foi substituído pelo ensino da Instrução Moral e Cívica” (1). (1) CHAGAS, Valnir. Educação Brasileira: O Ensino de lº e 2º Graus. São Paulo: Saraiva, 1978. Na realidade, a Constituição de 1891, omitindo-se quanto à idéia de um sistema educacional de ensino, apontada por muitos educadores como o ponto de partida para qualquer renovação educacional, dificultou as mudanças reclamadas. Do mesmo modo, a referida Constituição determinava que o ensino primário era de competência do Estado e, no Distrito Federal, da Municipalidade. Ocorreu, então, como observa Arnaldo Niskier “ […] que as Constituições estaduais que se seguiram à federal, colocaram o ensino primário sob a responsabilidade das Câmaras Municipais” (2). Estas, contando com poucos recursos financeiros, não puderam desenvolvê-lo a contento. Apesar disto, a bem da verdade, cumpre ressaltar que os Municípios, sabe-se lá à custa de que sacrifícios, nunca deixaram de ser os grandes animadores desta modalidade de ensino. (2) NISKIER, Arnaldo. Educação Brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1989. Em conseqüência, o censo realizado em 1920 revelou uma situação nada animadora: […] das 6.582.017 crianças em idade escolar, somente 1.249 (19%), recebiam algum ensino. Este quadro só começa a mudar a partir de 1921, para isto contribuindo, entre outros, três fatos de capital importância: 1. a Conferência Interestadual do Ensino Primário, realizada em novembro do citado ano, em que se buscou uma solução para o problema da difusão do ensino primário e do combate ao analfabetismo; 2. a fundação da Associação Brasileira de Educação, em 1924, por Heitor Lira e Silva que teve o grande mérito, conforme muito bem acentua Jorge Nagle de “institucionalizar a discussão dos problemas da escolaridade em âmbito Nacional […]” (3). (3) NAGLE, […] Read More
PETRÓPOLIS – A SAGA DE UM CAMINHO
PETRÓPOLIS – A SAGA DE UM CAMINHO Gênese e Evolução do Território Petropolitano Carlos Oliveira Fróes, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 18 – Patrono Gabriel Kopke Fróes, falecido Introdução e Índice INTRODUÇÃO Quando comecei a me interessar, realmente, pela História de Petrópolis, mergulhei com afinco na farta bibliografia disponível, a qual foi rapidamente devorada. Isso ocorreu, aproximadamente há dezoito anos atrás. Com toda a “grande experiência de um neófito”, concluí que já sabia tudo sobre a memória da minha encantadora terra natal. Logo comecei a rabiscar algumas apreciações e a ensaiar algumas pesquisas. E, à medida que prosseguia nas minhas despretensiosas incursões, sentia um forte desejo de ampliar, cada vez mais, meus conhecimentos. Rapidamente, parti para um aprofundamento da matéria que havia sido absorvida, ficando completamente envolvido em busca de dados mais amplos e precisos, capazes de propiciar um encadeamento sobre os inúmeros fatos e episódios, até então, publicados. Para minha frustração, logo percebi que a pretendida possibilidade de encadeamento era bem remota, pois, pouco a pouco, foram despontando algumas dúvidas e controvérsias surgidas do confronto entre as versões apresentadas por uns e outros autores. Apesar de minha inexperiência, também fui capaz de perceber alguns equívocos mais sérios. Tudo isso teria acirrado a minha curiosidade, levando-me até o limiar da compulsão. Sem sentir, estava me transformando num pesquisador, em busca das informações que pudessem alinhavar em minha mente uma história local clara, bem encadeada e a mais precisa possível. Para aperfeiçoar – autodidaticamente – meus conhecimentos sobre a metodologia da investigação científica no setor das Ciências Sociais – onde está situada a Historiografia – consultei as obras de três grandes mestres nesse assunto, recurso esse que me permitiu nortear todas as buscas que decidi empreender. O Professor Carl G. Hempel muito me esclareceu sobre as especificidades da pesquisa na área da Historiografia. O notável Bertrand Russel mostrou-me os caminhos e artifícios para a busca da, praticamente inatingível, verdade histórica. E do competente Pesquisador e Historiógrafo nacional José Honório Rodrigues absorvi preciosos conhecimentos sobre a estrutura e a disciplina específicas a serem adotadas numa Pesquisa Histórica. Curiosamente, encontrei em minha “papelada” um recorte do artigo “Principais Datas de Petrópolis – Colônia”, publicado na edição de 1º de janeiro de 1955 da “Tribuna de Petrópolis”, cujo autor, paradoxalmente, era Gabriel Kopke Fróes. Senti que, mais uma vez, meu pai estava me apontando uma direção a seguir. O artigo, composto por cerca de […] Read More
ACHAMENTO DO BRASIL (O)
O ACHAMENTO DO BRASIL Carlos Oliveira Fróes CAPITULO I I – INTRODUÇÃO Comecei a rabiscar estas linhas na Praia dos Lençóis – Porto Seguro – num local paradisíaco, repleto de coqueiros, ingazeiras, caxandós, bromélias praianas e amendoeiras – de onde se podia vislumbrar a Baía Cabrália em toda sua extensão, compreendida entre a Coroa Vermelha e a Ponta de Santo André. E dentro de cinco anos seria comemorada a Efeméride do 5º Centenário do Descobrimento do Brasil … Era uma adorável manhã de julho, com céu azul, temperatura amena. Soprava uma suave brisa de nordeste que mal levantava pequenas marolas nas verdes águas do litoral sul da Bahia. Enfim, um cenário maravilhoso. Não tardou a desabrochar em minha mente de “Velho Marinheiro” – mesclada com a de “pesquisador neófito” – um empolgante sonho. Pude vislumbrar, num local afastado cerca de meia milha da Foz do Rio Mutary, o “pouso mui seguro”, onde estiveram ancoradas as doze embarcações da Frota de Cabral. Muita emoção! Logo percebi que não se tratava, apenas, de um inopinado resgate do mais importante evento da História Pátria. Aquele quadro também evocava reminiscências do meu passado, relativo à época em que comandei o glorioso Navio de Desembarque de Carros de Combate “Duque de Caxias”. Exatamente ali, eu passara quarenta dias com meu navio fundeado aguardando os horários para executar os muitos exercícios navais programados. Daí por diante, venho passando longas temporadas em Porto Seguro, lugar que elegi como ideal para escrever e desenvolver os meus trabalhos historiográficos. Uma vez desvanecida a visão do “lindo sonho”, comecei a refletir sobre a pesquisa que havia iniciado cerca de vinte e cinco anos atrás. Ali mesmo na praia comecei a escrever os prolegômenos desta narrativa, pois, durante minhas viagens, sempre tenho disponível em meu carro uma pasta com lápis, papel e borracha. CAPITULO II ANTECEDENTES DA VIAGEM DE CABRAL AO BRASIL Ninguém põe dúvidas sobre as milhares de “viagens costeiras” pelo “Temível Mar Oceano” (Atlântico) executadas – antes do Século XVI – pelos audazes primitivos navegantes “Pré-Colombianos”: pelo Atlântico Norte os Vikings, Batavos, Bretões, Celtas, Gauleses, Saxões e outros – até mesmo “Mediterrâneos como Egípcios, Gregos, Fenícios, Cartagineses, etc”.; e pelo litoral ocidental africano e ilhas mais próximas, os Portugueses e, possivelmente, também os “Mediterrâneos”. Porém – em contrapartida – existe um número excessivamente grande de especulações sobre “viagens fantásticas” que teriam antecedido os fatos épicos de Colombo e […] Read More
MORTE TRÁGICA DE SINHÁ MOÇA NO RIO DA CIDADE (A)
MORTE TRÁGICA DE SINHÁ MOÇA NO RIO DA CIDADE (A) Gabriel Kopke Fróes, Fundador, Patrono da Cadeira n.º 18 A 12 de novembro de 1721, o capitão Luís Peixoto da Silva fez requerimento ao governador e capitão-geral da Capitania do Rio de Janeiro Aires Saldanha de Albuquerque para ser dono de terras vizinhas às de Bernardo Soares de Proença. Concedida a sesmaria, tornou-se o referido capitão o primeiro fazendeiro do Rio da Cidade. Deve ter sido no meado do século XVIII que a fazenda do capitão Peixoto foi vendida a Manuel Antunes Goulão. De posse das terras, deu-lhes Goulão grande impulso, construindo, com provisão de 29 de outubro de 1749 e benção exatamente dois anos após, a Capela de Nossa Senhora do Amor de Deus, origem da devoção que dura até os nossos dias. Grande terreno ao lado da capela foi reservado para o cemitério que ali funcionou durante muitos anos, mesmo depois de abandonada a fazenda. A capela do Rio da Cidade, a segunda, provavelmente erigida em todo o território da futura Petrópolis, tornou-se logo o centro religioso da vasta vizinhança. Nela houve missa já no Natal de 1751. A alegre capelinha possuia ao centro do altar a imagem dedicada ao culto do Amor Divino que lhe deu o nome. E esse título é a prova da devoção dos donos e lembra um mistério da nossa fé católica: o mistério da S. S. Trindade, no qual adoramos um Deus em três pessoas, chamando o Espírito Santo, com justa razão, a pessoa do Amor Divino. A bela imagem apresenta Maria Santíssima segurando em suas mãos imaculadas a pombinha branca, símbolo do Espírito Santo, para significar que a Santa Mãe do Salvador vivia em união íntima com o Espírito do Amor Divino e estava cheia de graça celestial. Nos anos de 1783 a 1789, os padres Antônio Tomás Aquino Corrêa e José Joaquim de Santana celebraram atos religiosos na antiga capela do Rio da Cidade, como provam os livros da paróquia de Inhomirim. Daí em diante, há confusão com respeito à Fazenda do Rio da Cidade e sua capela. O certo é que em 1808 a capela conhecida pelo nome de Nossa Senhora do Amor de Deus é a do padre Tomás de Aquino Corrêa construida na célebre Fazenda dos Corrêas, sinal de que o altar e orago foram transportados do Rio da Cidade para a nova vivenda e que […] Read More
EXÉRCITO E A REVOLUÇÃO FARROUPILHA (O) – UMA RELEITURA
O EXÉRCITO E A REVOLUÇÃO FARROUPILHA – UMA RELEITURA Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Com a Abdicação de D. Pedro I, forças políticas que assumiram os destinos do Brasil provocaram um enfraquecimento do poder militar do Brasil, sob o falso lema de que as Forças Armadas não podiam ficar nas capitais e sim na defesa das fronteiras e do litoral e com base nesta falsa premissa: “Forças numerosas e permanentes são uma ameaça: À Liberdade. À Democracia. À Prosperidade econômica. À Paz .” O caso mais gritante foi a dispensa, por estrangeiro, do Tenente Emílio Mallet, atual patrono da Artilharia, então consagrado herói em Passo do Rosário e que havia cursado a Escola Militar do Brasil . No Rio Grande do Sul esta política atingiu radicalmente a estrutura do Exército, ao ser ordenado que o Batalhão de Artilharia, ao comando do Major de Artilharia José Mariano de Mattos fosse aquartelar em Rio Pardo. José Mariano era carioca formado pela Escola Militar. Na República Rio-Grandense para cuja adoção ele influiu decisivamente, depois da vitória de Seival, em 10 de setembro de 1836, pela Brigada Liberal de Antônio Neto, ele foi Ministro da Guerra e da Marinha, Vice-Presidente da República e Presidente da República interino, além de autor do brasão que figura na bandeira da República Rio-Grandense que foi adotado para o Rio Grande do Sul pelos constituintes de 1891. Assunto que abordamos em nosso livro Símbolos do Rio Grande do Sul… Próximo do final da Revolução ele foi preso em Piratini, por Chico Pedro ou Moringue, e mais tarde Barão de Jacuí e mantido preso em Canguçu, a sua base de operações, em cadeia que mandara construir como “quarto de hóspedes para os farrapos”, como ironicamente divulgava. Finda a Revolução, José Mariano de Mattos foi o Ajudante General de Caxias na guerra contra Oribe e Rosas em 1851-52 e ao retornar ao Rio retomou sua carreira, sendo Ministro da Guerra em 1865. O Major de Infantaria João Manuel Lima e Silva, tio de Caxias, por irmão de seu pai o Brigadeiro Lima e Silva, possuía o curso da Escola Militar e comandava a unidade de Infantaria do Exército em Porto Alegre. Unidade que foi transferida com ele para São Borja e para lá se deslocando, estacionou em Rio Pardo, por falta de condução para seguir para seu destino. Ele foi um dos que opinaram pela proclamação da República Rio- Grandense e […] Read More
LICEU DE ARTES E OFÍCIOS DE PETRÓPOLIS (O)
O LICEU DE ARTES E OFÍCIOS DE PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto Logo após a implantação do regime republicano, evidenciou-se uma atitude governamental voltada para a educação profissional, com a valorização dos Liceus de Artes e Ofícios e a criação de outros estabelecimentos do gênero. Assim, o governo Nilo Peçanha, através do Decreto nº 7.056, de 23 de setembro de 1909, criou escolas de aprendizes em todas as capitais dos Estados, embora “atendendo esta modalidade de ensino a uma crescente mas, mesmo assim, diminuta clientela” (1). (1) RIBEIRO, Maria Luiza Santos. Introdução à história da educação brasileira. São Paulo, Cortez e Moraes, 1978. Dentro deste contexto, Petrópolis logo se mostrou favorável à idéia de desenvolver o ensino profissional, antecipando-se a outras cidades, criando em 15 de novembro de 1890, por iniciativa do engenheiro Bernardino Lopes Ribeiro, seu Liceu de Artes e Ofícios. Funcionando inicialmente no prédio que mais tarde seria substituído pelo edifício do Forum, tal estabelecimento de ensino tinha como finalidade “proporcionar a todos os indivíduos, nacionais e estrangeiros, o estudo das belas artes, não só como especialidade, mas também como aplicação necessária aos ofícios e indústrias, explicando-se os princípios científicos em que elas se baseiam” (2). (2) Estatutos do Liceu de Artes e Ofícios. Petrópolis, Tipografia do Mercantil, 1891. Seu currículo era extraordináriamente diversificado e rico, pois previa um Curso Preparatório que correspondia ao então denominado ensino primário, para os alunos que não o tivessem recebido anteriormente, um Curso de Ciências Aplicadas (Aritmética Superior, Álgebra e Trigonometria, Física, Química, Mecânica Aplicada e Noções de Direito), e um Curso de Artes e Oficíos (Desenho, Máquinas, Arte, Cerâmica, Escultura, Estatuária, Gravura, Pintura e Música). Desde cedo, apesar dos esforços de seus dirigentes, o Liceu começou a enfrentar sérias dificuldades, sobretudo financeiras, que se agravaram quando as subvenções que lhe concediam os governos estadual e municipal foram suprimidas, pois as contribuições dos sócios não eram suficientes para custear as despesas. Segundo nos informa a Tribuna de Petrópolis, de 15 de novembro de 1904, “as dificuldades financeiras enfrentadas foram de tal ordem que as aulas estiveram suspensas por um período de dois anos” (3). (3) TRIBUNA DE PETRÓPOLIS. Petrópolis, 15 de novembro de 1904. Todavia, em 1918, inaugurou-se uma nova fase na história do estabelecimento, quando a convite do sr. Bertho Antonio Condé, se reuniram a 14 de abril, na sede da Sociedade Beneficente de Petrópolis, várias personalidades, para tratarem do […] Read More
ARQUIVO HISTÓRICO DO MUSEU IMPERIAL A SERVIÇO DAS CIÊNCIAS (O)
O ARQUIVO HISTÓRICO DO MUSEU IMPERIAL A SERVIÇO DAS CIÊNCIAS Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe Os arquivos e coleções (1) que formam o acervo do Arquivo Histórico do Museu Imperial (2) não são especializados no tema Medicina e/ou Saúde, entretanto, há informações relevantes na documentação referentes a invenções, procedimentos médicos, saúde pública etc. (1) Arquivos: Conjunto de documentos que, independentemente da natureza ou do suporte, são reunidos por acumulação ao longo das atividades de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas. Coleções: Reunião artificial de documentos que, não mantendo relação orgânica entre si, apresentam alguma característica comum. Ana Maria de Almeida Camargo e Heloísa Liberalli Belloto. Dicionário de Terminologia Arquivística. São Paulo: Associação dos Arquivistas Brasileiros, Núcleo Regional de São Paulo/Secretaria de Estado de Cultura, 1996. (2) Instituição subordinada ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN/MinC. O acervo é formado por 54 arquivos e coleções que pertenceram a pessoas que atuaram na vida política, social, econômica e cultural do período monárquico, ocupando cargos relevantes na administração pública e papel importante na esfera da vida privada. Destaca-se, entre eles, o arquivo particular da Família Imperial, denominado Arquivo da Casa Imperial do Brasil (1249 a 1940), doado ao Museu Imperial por D. Pedro Gastão de Orleans e Bragança, em 1948. D. Pedro II declarou, em seu diário de 1862, que nascera para consagrar-se às letras e às ciências, e Guilherme Auler (3) salienta “É curioso observar que não existiu uma preferência especial para um ramo da arte ou da ciência. A todos os setores chegou o apoio benemérito do Monarca”. O Imperador concedeu, por decreto de 20/10/1887, uma bolsa à Dra. Maria Augusta Generoso Estrela (1860-1948) para estudar na Escola Médica de Senhoras, em Nova York, sendo a primeira brasileira e a primeira sul-americana a formar-se em medicina. Ela ingressou na Academia de Medicina em 1876 com 16 anos e terminou o curso em 1879, tendo recebido o diploma de médica em 29 de março de 1881 quando completou a maioridade. Voltou ao Brasil em 1882, revalidou seu diploma e teve intensa atividade médica até sua morte em 1946. (3) Auler, Guilherme. Os bolsistas do Imperador. Petrópolis: Tribuna de Petrópolis, 1956. A Coleção Mota Maia merece também especial atenção, trata-se de documentos que foram produzidos e acumulados pelo médico Cláudio Velho da Mota Maia que recebeu do Governo Imperial, em […] Read More
AFONSO, JOSÉ VIEIRA (SARGENTO-MOR)
AFONSO, JOSÉ VIEIRA (SARGENTO-MOR) Gabriel Kopke Fróes, Fundador, Patrono da Cadeira n.º 18 José Vieira Afonso nasceu, presumivelmente, na Fazenda dos Vieiras, no Sardoal, por volta dos anos de 1770 a 1775, filho de Manuel Vieira Afonso e Catarina Josefa de Jesus. Seu pai, residente até 1756-1757 em Inhomirim, na baixada, mudara-se para a Quadra do Secretário. Serra acima, nasceram, à exceção dos primogênitos, os filhos do casal, todos aí criados, estabelecidos e casados. José Vieira Afonso, o mais estimado e conhecido da geração dos Vieiras, casara-se com Rita Maria de Jesus, tornando-se abastado fazendeiro entre Areal, Cebolas e Bemposta e só vinha ao Córrego Seco em visita aos velhos pais. Era ele dono de vasta área de terras em que se situavam as capelas de São Silvestre, Santa Cruz e Santo Antônio do Engenho e devia ser homem muito importante e popular, pois que, tanto a gente humilde, como as famílias fidalgas, o convidavam, amiúde, para padrinho de batizados e casamentos. A 3 de julho de 1807, foi nomeado para o posto de alferes da 5ª Companhia do Regimento de Infantaria de Milícias de Inhomirim e, subindo a escala de dignidades, em 1810 seu nome apareceu como capitão, anos depois como major e, de 1822 em diante, era Sargento-Mor. Era, ademais, Cavaleiro da Ordem de Cristo, fidalgo, portanto. Foi a 17 de abril de 1828 que, por morte dos pais, José Vieira Afonso entrou na posse legítima da Fazenda do Córrego Seco, ou seja das terras que hoje constituem a cidade de Petrópolis. Mas, por pouco tempo, visto que, aos seis dias do mês de fevereiro do ano de mil oitocentos e trinta, o Córrego Seco era vendido a Sua Majestade Imperial Dom Pedro I. O Sargento-Mor José Vieira Afonso que em seu testamento houvera protestado viver e morrer em sua fé católica, encomendando a alma à Santíssima Trindade e rogado à Gloriosa Virgem Maria e aos anjos de sua guarda que por ele intercedessem quando se fosse do mundo – faleceu em S. José do Rio Preto, atual 5º Distrito de Petrópolis, a 26 de janeiro de 1852.