NO SEU DIA, AMIGO! Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Maior que o dia das mães ou o dos pais, assim é o Dia do Amigo, comemorado hoje, 20 de julho. “Mãe só tem uma!” – diz tudo o fraseado popular. A mãe, porém, não é uma escolha, é destino e, por vezes (ah, tristeza!) ela não corresponde aos anseios do filho. O pai, ah! este é mesmo difícil porque, antes do DNA dizia-se que “pai é uma presunção” e nem sempre valia o que estava escrito na certidão do filho, como não vale para muitos registrados com testemunhas e tudo nos cartórios da especialidade. O amigo… ah!, o amigo, este sim é uma escolha, sua ou dele; é um consentimento para o relacionar pelo resto da vida entre pessoas sem vínculos de parentesco ou, até, sob esta circunstância. Existem irmãos amigos e inimigos, parentes serpentes, mães, pais e filhos que não transitam juntos pela mesma porta. A amizade contém o sagrado; a devoção à sinceridade, à franqueza, ao dar-se à confidência e mesmo entregar-se àquele da devoção amiga. Não se trata de relacionamento sexual, onde a paixão carnal dos sentimentos predomina; antes de tudo, a amizade traduz pureza, aliança, alegria, mãos estendidas… Amigos estão fora das grandes estatísticas; contam-se pelos dedos das mãos, não caem como chuva do céu da imaginação, chegam pelo sentimento aliado à bondade. Para o amigo a distância não existe, nem o tempo do célere calendário, nem a proximidade mais estreita; a amizade, por vezes, não tem cumprimento de mãos nem cumplicidade de olhares e, até, transpõe os limites da morte. O amigo por perto é excelente; mas ele pode estar muito distante no tempo e no espaço e a lembrança boa e sincera dele perdura; se falecido, uma lágrima furtiva, uma lembrança enternecida, o ouvir de sua voz de aconselhamento e de ajuda, mantém eterno o sentimento e reforçam a saudade. Tive amigos, tenho amigos, sou feliz porque os possuo. Meu pai, felizmente, foi o meu maior amigo e, com minha mãe, sob esforços inimagináveis, forjaram o que sou. Ainda os ouço e sigo. E, para deixar registro, um amigo não parente, verdadeiro amigo meu e de todos à sua volta, merece citação, porque seu exemplo de figura humana perdura além do limite da morte e, assim, na lembrança através dos vindouros tempos: […] Read More
JOÃO PAULO II
JOÃO PAULO II Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira As estridentes trombetas do passado guerreiro, os espocares das metralhas das guerras hodiernas, a falsidade humana do egoísmo atávico, silenciam na noite do espanto anunciado. Chegam reis e paupérrimos homens de todos os limites da Terra para honrar o Homem que parte para a santidade. O corpo é exposto ao Mundo inteiro, como jamais ocorrera; eis que a mídia poderosa divulga o desenlace e toda a preparação para o sepultamento. A serenidade do rosto, as mãos postas em oração, o corpo untado com as vestes santas, aureolam a beleza daquela Vida de extremada entrega aos Homens de Boa Vontade. Juntam-se aos piedosos os ímpios; anelam-se nos cumprimentos ao derredor os áulicos da subserviência aos pecados mortais do Mundo; acercam-se mãos em oração devota junto a lágrimas de sincero sentimento; poderosos ajoelham seus olhares últimos em reverência protocolar; júbilo do Infinito pelo cumprimento dos desígnios de Deus. O Papa deixa o sofrimento do corpo espalhar-se pela serenidade da matéria inerte enquanto as lágrimas sinceras do mundo balsamam gotas de amor pelo conturbado planeta. A esfera comprime-se diante da pressão do sentimento e, por segundos mágicos, aformosea-se em coração latente deixando o Universo ofuscado pela luz intensa que dele parte e celeremente funde-se ao Infinito. Prosterna-se a Humanidade diante de um grande líder que fez do amor, da coragem, do desassombro, da sinceridade, da fraternidade, da sabedoria, da presença encantada, do respeito humano, da compreensão ecumênica, da luta pela Paz, pela face bondosa mesmo que em esgar de sofrimento… Enfim, criatura humana porfiante, sinta o verdadeiro Amor nessa partida que há-de de ser corolário de novo tempo, continuando o projeto do Santo Papa. Do Papa Santo. A Igreja Católica, Apostólica, Romana, do Mundo, do Brasil, e todos os credos justos e efetivamente perto de Deus, estende os braços do Papa a todos de Boa Vontade. O santo surge pela vontade de Deus e por suas obras no Universo. “Habemus Papam” e que seja da mesma santidade daquele que hoje beija o Céu como sempre osculou todas as terras nas quais peregrinou pela Santa Paz. Graças a Deus!
DESRESPEITO
DESRESPEITO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira As empresas concessionárias dos serviços públicos de transporte de passageiros inovaram em Petrópolis. Criaram o caos e o absurdo contra os idosos e escolares. A forma encontrada, para o protesto empresarial contra as leis de amparo aos idosos e escolares, foi a instalação da roleta pela porta da frente, reservando lugares para os idosos em número ínfimo e sob grande aperto porque aquela zona do coletivo está cercada de muitos elementos inibidores de uma circulação menos comprimida. Acotovelam-se os idosos e escolares em poucos assentos e viajando em pé, com total desconforto, numa crueldade infinita contra aqueles que edificaram a existência das novas gerações e deram sua contribuição em favor do caminhar da sociedade. A revolta é grande e infelizes idosos não têm como protestar convenientemente porque, no coletivo, se o fazem, recebem agressões verbais e muitos chega-pra-lá. Por outro lado, a criançada das escolas públicas, com o mesmo “direito”, pisoteia, dá trancos, oferece o retrato de suas vidas cercadas pela violência e despreparo social para a vida. Está na hora da autoridade municipal, que administra a concessão, tomar conhecimento de toda essa crueldade e ordenar que a lei seja cumprida e que se ache uma solução melhor e mais humana. O idoso petropolitano está sendo tratado como lixo nos coletivos. Eis a verdade. Quanto ao transporte de escolares existe uma solução: o Município de Petrópolis poderia dar uma resposta definitiva ao tema do transporte de escolares da rede pública em seus deslocamentos escolares, assumindo o transporte gratuito dos estudantes, mantendo circulando frotas de ônibus escolares, como existem nos principais centros do Mundo. Os famosos ônibus amarelos dos Estados Unidos é exemplo de sucessso no atendimento ao problema. Aliás, com os ônibus escolares, terminaria o problema e a solução apareceria sem aflições e sem prejuizos dos empresários concessionários. E, até, a tarifa escorchante seria minimizada. É uma questão simples de vontade política e visão administrativa.
HONRA AO IMPERADOR
HONRA AO IMPERADOR Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira No último dia 5, domingo, nos primeiros minutos da tarde, a Capela Imperial da Catedral de Petrópolis abriu seus portões para uma homenagem. Assinalava-se o 179º aniversário de nascimento, o 115º aniversário da partida para o exílio, o 113º aniversário da morte e o 65º aniversário do repouso definitivo em Petrópolis. O personagem: o Imperador D. Pedro II. A cerimônia, revestida de simplicidade e muita poesia, a cargo dos “Jograis de Petrópolis”, foi de encantamento, com assistentes petropolitanos e muitos turistas, surpresos diante do grande respeito e amor pelo extraordinário personagem da História do Brasil. Nascido a 2 de dezembro de 1825, no Rio de Janeiro; falecido em Paris a 5 de dezembro de 1891, o imperador D. Pedro II retornou à sua Pátria e à sua Petrópolis e aqui recebeu sua sepultura definitiva, na Capela Imperial, em cerimônia solene presidida pelo Presidente Getúlio Vargas, em 5 de dezembro de 1939. No mesmo sítio santo também a Imperatriz D. Teresa Cristina e, em 1971 a Princesa Isabel e o Conde D Eu. Recentemente, para a Capela migraram os despojos do Príncipe do Grão-Pará, D. Pedro de Alcântara e sua esposa. A Catedral de Petrópolis tornou-se, assim, depositária de um grande legado, um relicário de amor, devoção e respeito, para romper os séculos na recordação justa de tão magnificentes brasileiros. A cerimônia anual de homenagem ao aniversário de D. Pedro II, idealizada por Dóris Gelli, assumida pela Academia Petropolitana de Letras e pelo Instituto Histórico de Petrópolis e pela Fundação Cultural de Petrópolis, em fase na qual seus dirigentes conheciam a história de Petrópolis e honravam seus vultos, vem acontecendo há alguns anos. É momento de reflexão e de reencontro com nosso destino cultural. Não se trata de uma simples homenagem, mas do resgate da auto-estima da Cidade, em momento de lembrança da memória de seu fundador e cidadão residente e honorário. Associando-se aos promotores, a nossa Catedral, por seu vigário Padre Jac e nossos bispos, tem emprestado total apoio e oficiado missas, a cada ano, com reminiscências em palavras ornadas de simpatia e muita fé nos destinos petropolitanos e nacionais. Cabe, por justo, citar aqueles que acompanharam e acompanham a promoção desde 1999, participando do grupo “Jograis de Petrópolis” : Doris Gelli, Miriam Montenegro Fonseca Andrade, Fernanda, Janine, Jacqueline e […] Read More
RELIGIOSOS E AS RELIGIOSAS DESCENDENTES DOS COLONIZADORES GERMÂNICOS DE PETRÓPOLIS (OS)
RELIGIOSOS E AS RELIGIOSAS DESCENDENTES DOS COLONOS GERMÂNICOS DE PETRÓPOLIS (OS) Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Este estudo, que foi realizado no campo Eclesiástico de Petrópolis (RJ), tem por finalidade comentar os primeiros momentos dos colonos germânicos católicos, seguidos de uma resenha de fatos, até que conseguissem a plenitude de uma boa assistência religiosa, além de dar conhecimento sobre os Religiosos e as Religiosas descendentes dos colonos germânicos, que respectivamente ordenaram-se e professaram-se, em sua maioria, nos seminários e congregações estabelecidos nesta cidade. Primeiramente, serão apresentados alguns dados sobre o início da atuação católica de assistência, que se iniciou para os colonos católicos, a partir de 29 de junho de 1845 – início da Imperial Colônia. No princípio, a assistência religiosa para os colonos foi um tanto confusa, principalmente por causa dos responsáveis pela Colônia que não davam a devida importância ao compromisso assumido com os colonos, através do Contrato de Engajamento dos mesmos, estabelecido no processo de colonização de Petrópolis. No referido contrato, numa das cláusulas, constava que além da reserva de um terreno para a construção de um templo católico germânico e de uma escola, também deveria ter acompanhamento de um sacerdote de sua nacionalidade, para as celebrações das Santas Missas, com atuação permanente nos demais eventos religiosos. Vale ressaltar que para os evangélicos luteranos, que eram um terço do contingente total dos colonos, nunca houve maiores embaraços, pois sempre foram assistidos por pastores designados para Petrópolis (RJ) ou vindos de colônias vizinhas. Embora com atraso, tiveram o seu templo germânico inaugurado em 1863, após o término da Colônia, que ocorreu em 06/01/1860, ou seja, 11 anos antes da inauguração da igreja dos colonos católicos. Após pouco mais de um ano de espera, seguida de inúmeras reclamações, o Governo Provincial do Rio de Janeiro resolveu atender aos apelos e contratou por cinco anos os serviços religiosos do Padre Franz Anton Weber, a contar de 12/11/1846, até o findar do ano de 1851, quando o Padre Weber retornou à Europa, ficando os colonos sem a orientação espiritual, que deveriam ter por um sacerdote de sua língua materna. Somente no final do ano de 1853 contrataram o Professor Padre Theodor Wiedmann, que aqui chegou no dia 10 de janeiro de 1854 e neste mesmo dia, tomou posse como Vigário, com o título oficial de Pároco – Curato da […] Read More
ESCOLA MUNICIPAL JOHANN NOEL
ESCOLA MUNICIPAL JOHANN NOEL Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Sras., Srs., Jovens e prezados parentes da família NOEL. Sinto-me honrado pelo convite da minha própria e estimada família, para representá-la nesta solenidade e, ao mesmo tempo, representando também o Instituto Histórico de Petrópolis e o Clube 29 de Junho de Tradições Germânicas, para a inauguração desta escola, situada à margem direita do principal rio de Petrópolis, o “Piabanha”, neste Quarteirão Bingen e que terá o nome do nosso patriarca, o colono germânico JOHANN NOEL. Primeiramente, quero externar através da nossa família, os nossos mais sinceros agradecimentos ao Sr. Marcos Novaes (Ex-Diretor da Comdep), pela iniciativa de homenagear os nossos colonizadores, e também ao nosso atual Prefeito, o ilustre médico Dr. Rubens José França Bomtempo, por acatar tal sugestão, demonstrando a sua sensibilidade no reconhecimento dos nossos valores históricos. Apresentarei um breve histórico biográfico do meu ancestral. Na qualidade de trineto, posso expressar toda a minha admiração a este parente maior, que viveu momentos heróicos pelo sacrifício a que se submeteu, pelo ideal de luta, para conseguir meios melhores de subsistência, para a sua família, deixando para trás o berço natal, para aventurar-se nestas terras petropolitanas, onde viveu os últimos 14 anos de sua vida. JOHANN NOEL foi um simples trabalhador de profissão lenhador/carvoeiro que, com a sua família, habitava a pequenina Aldeia de Neuhüten, situada entre a margem direita do Rio Mosel e a margem esquerda do Rio Rhein, no Bispado de Trier, na grande Região do Hunsrück da antiga Prússia-Renânia – Alemanha, onde nasceu em 04/11/1801, filho de Johann Noel (o 1º) e de Anne Margareth Krämer. Atraído pela oferta do Governo Brasileiro para a formação da colonização de Petrópolis, juntou-se a outros patrícios para tentarem melhor sorte de vida no Brasil. Venderam o que puderam dos seus bens e pertences, arrumaram as malas, despediram-se com tristeza e emoção dos seus parentes e amigos, para numa viagem inóspita, finalmente chegarem ao topo da Serra da Estrela, na iniciante Imperial Colônia de Petrópolis. Johann Noel, veio para Petrópolis com sua esposa Elisabeth Catharine Mathieu e seus 6 filhos: Johann, Catharine, Marie, Nicolau, Marianne e Peter. Chegaram à Petrópolis no final do mês de agosto de 1845. Provisoriamente, com outros colonos, ficaram abrigados num barracão da Colônia, onde hoje é o Convento de Lourdes, no antigo Caminho Colonial, mais […] Read More
HISTÓRIA E O TURISMO EM PETRÓPOLIS (A)
A HISTÓRIA E O TURISMO EM PETRÓPOLIS Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Infelizmente, têm-se visto nos materiais de propaganda e informações turísticas da Imperial Cidade de Petrópolis, erros que se tornaram fatos correntes, devido à desinformação e à falta de pesquisa de quem os produz. Não se pode chamar estas pessoas de profissionais, porque em Petrópolis, ainda não se compreende que os ofícios são diversos e, portanto, necessitam de capacidades diferenciadas para a sua realização. No caso específico da “História de Petrópolis”, as coisas tendem a se complicar, em relação a quase tudo que foi publicado até hoje, pois a bibliografia é escassa e a documentação, principalmente do século XVIII até às primeiras décadas do século XIX, é pouquíssima, reunida em arquivos diversos e geralmente fora de Petrópolis. Além disso, nossos cronistas e historiadores mais antigos, aos quais devemos muito da história de Petrópolis, não tiveram o rigor necessário na obtenção de certas informações e nem citaram suas fontes e bibliografias, perpetuando pelos tempos informações que com o avanço das pesquisas foram retificadas. Dois bons exemplos são as notícias vinculadas com relação aos seguintes títulos: “A Colonização Italiana em Petrópolis” e “A Fundação de Cascatinha em 1873”, porque os dados neles apresentados não correspondem à realidade. Ao contrário do que foi descrito nestas notícias, os italianos não foram colonos, pois eram imigrantes livres de contratos, que vieram voluntariamente para trabalharem no Brasil. Quanto a fundação da localidade denominada Cascatinha, que ocorreu em 17/09/1873, refere-se apenas à Carta – Decreto Imperial n.º 5407, autorizando a instalação da Cia. Petropolitana, nos dois últimos prazos de terras do Quarteirão Westfália e ao uso das águas do Rio Piabanha. Para mais esclarecimentos sobre este assunto, ver “Os Primórdios da Cia. Petropolitana no Quarteirão Westfália”, pelo autor deste trabalho em curso, no SITE do IHP. Quanto ao nome CASCATINHA, este sobreveio da Cascata do Retiro do Bulhões, cuja queda d’água situa-se no Rio Piabanha, entre o Quarteirão Westfália (tendo à sua esquerda a Estrada União & Indústria, sendo este trecho atualmente denominado de Rua Dr. Hermogenio Silva) e as terras da antiga Fazenda da Engenhoca, no setor conhecido, como terras do Retiro de São Thomaz e São Luiz. Por volta do ano de 1861, após a inauguração da Estrada União & Indústria, popularmente o local em torno da queda d’água e proximidades ficou […] Read More
REVOLTA DA ARMADA E A MUDANÇA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO PARA PETRÓPOLIS (A)
A REVOLTA DA ARMADA E A MUDANÇA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO PARA PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette A Revolta da Armada, deflagrada por Custódio José de Melo, em 6 de setembro de 1893, foi causa da mudança da capital fluminense para Petrópolis. Como conseqüência do golpe de estado de Deodoro da Fonseca, em 3 de novembro de 1891, dissolvendo o Congresso e proclamando o estado de sítio, fato que desencadeou violenta oposição política ao governo, Deodoro renunciou a 23 de novembro de 1891, passando o governo ao vice-presidente Marechal Floriano Peixoto. De imediato foram levantadas contestações sobre a legalidade do novo governo, fundamentadas nas interpretações do artigo 42 da primeira Constituição Republicana que prescrevia o seguinte: “Se, no caso de vaga, por qualquer causa, da Presidência ou Vice-Presidência, não houverem ainda decorrido dois anos, do período presidencial, proceder-se-á a nova eleição” (1). (1) PORTO, Walter Costa. As Constituições no Brasil. A Constituição de 1891. Fundação Projeto Rondon, Ministério do Interior, s/d., p. 1. Os contestadores da legalidade do novo governo apelavam para o fato de que, não tendo Deodoro chegado a governar por dois anos, Floriano ocupando a Presidência não estava cumprindo o dispositivo constitucional. Entretanto, os que temiam pela realização de um novo pleito presidencial, o qual poderia por em perigo a consolidação do regime republicano, encontraram respaldo nas disposições transitórias, parágrafo 2º, artigo 1º, da referida Constitução que estabeleciam normas específicas para a primeira eleição feita pelo Congresso, dispondo: “O presidente e o vice-presidente, eleitos na forma deste artigo, ocuparação a Presidência e a Vice-Presidência da República durante o primeiro período presidencial” (2). (2) PORTO, Walter Costa. As Constituições no Brasil. A Constituição de 1891. Fundação Projeto Rondon, Ministério do Interior, s/d., p. 37 Entendiam assim, os partidários de Floriano, que dentro de tal período, não podiam ser realizadas novas eleições. Baseando-se pois nesta disposição, o vice-presidente manteve-se na Presidência. A 6 de abril de 1892, treze oficiais-generais do Exército e da Marinha assinaram um manifesto intimando o Marechal Floriano Peixoto a proceder a eleições para o cargo que ocupava. Seus signatários foram demitidos das comissões e comandos que exerciam e a seguir reformados. Os descontentes, organizaram manifestações de rua, exigindo a renúncia do presidente, baixando então o Governo o Decreto 791, que suspendia as garantias constitucionais por 72 horas. Os manifestantes foram presos e […] Read More
ASSASSINATO DO CEL. GENTIL DE CASTRO – UM MÁRTIR DA CAUSA MONARQUISTA NO BRASIL (O)
O ASSASSINATO DO CEL. GENTIL DE CASTRO – UM MÁRTIR DA CAUSA MONARQUISTA NO BRASIL Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Os primeiros anos do governo de Prudente de Morais transcorreram em condições bastante adversas; ainda fermentavam as paixões resultantes da Revolução Federalista no Rio Grande do Sul; a situação financeira agravara-se em conseqüência das prolongadas lutas; os partidários exaltados de Floriano Peixoto, denominados “jacobinos”, sonhavam com uma “ditadura redentora”, não poupando ataques ao chefe da nação. Às questões político-partidárias juntavam-se com freqüência atritos com os militares, como a revolta dos alunos da Escola Militar do Rio de Janeiro que haviam se sublevado contra o seu comandante, a quem acusavam de ser antiflorianista e até incidentes diplomáticos, como a ocupação da ilha de Trindade por um cruzador britânico, numa atitude acintosa à soberania nacional. Embora o governo tivesse agido com grande energia contra os revoltosos da Escola Militar, prendendo e desligando do Exército os insubordinados e a questão diplomática com a Inglaterra tenha sido resolvida satisfatóriamente, graças aos bons ofícios do governo português, o clima de descontentamento e de incertezas continuou reinando por todo o país. Em conseqüência, teve início uma séria crise política entre o executivo e o legislativo, queixando-se os senadores e deputados da ausência de uma convivência mais estreita entre os dois poderes. Francisco Glicério de Cerqueira Leite, antigo preposto de Floriano Peixoto no Congresso, habilidoso articulador político, chefe do Partido Republicano, como Presidente da Câmara dos Deputados, controlava os congressistas e procurava evitar um rompimento formal com o governo. Prudente de Morais, por sua vez, desejava libertar-se da tutela do partido e, por considerar Francisco Glicério um Florianista, procurava afastá-lo de sua influente posição como Presidente da Câmara dos Deputados. A crise política acentuou-se quando o governo apresentou um projeto de anistia aos brasileiros que, direta ou indiretamente, haviam participado da Revolução Federalista, no Sul, e da Revolta da Armada, no Rio de Janeiro. Este projeto, abrangendo todos os vencidos, foi considerado exageradamente liberal e não teve boa repercussão entre os florianistas, sendo rejeitado no Congresso. Francisco Glicério, comenta Silva “ […] já não interpretava, perante o Congresso a política do presidente da República” (1). Prudente de Morais conseguiu libertar-se da tutela do Partido Republicano Federal, mas o número de seus adversários cresceu consideravelmente, distanciando-se dele o próprio Vice-Presidente Manuel Vitorino “para tornar-se posteriormente, uma das figuras […] Read More
ESCOLA DE ENGENHARIA INDUSTRIAL (A)
A ESCOLA DE ENGENHARIA INDUSTRIAL Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette A Escola de Engenharia Industrial da Universidade Católica de Petrópolis nasceu de um convênio entre as Faculdades Católicas Petropolitanas e o Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ). O citado convênio foi assinado em 13 de dezembro de 1960, em solenidade que se realizou no auditório da Federação de Indústrias do Estado e que foi presidida pelo Núncio Apostólico, Dom Armando Lombardi. Compareceram ao ato destacadas personalidades, entre as quais o Exmo. Sr. Bispo de Petrópolis, Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra; o presidente do Centro Industrial do Rio de Janeiro, Sr. Zulfo de Freitas Mallmann; o prefeito de Petrópolis, Dr. Nelson de Sá Earp; o diretor da Faculdade de Direito, Dr. Aloysio Maria Teixeira, que também representou o Reitor das Faculdades Católicas Petropolitanas e os representantes dos governadores Roberto Silveira e Carlos Lacerda. A nova Faculdade surgiu da necessidade de se adequar a formação do elemento humano, com vistas aos interesses gerais da produção e ao desenvolvimento econômico do país. Sua criação, é justo salientar, deveu-se em grande parte aos esforços desenvolvidos pelo professor Décio José de Carvalho Werneck, educador realista, objetivo e prático, que soube conduzir, com rara habilidade, as conversações entre as Faculdades Católicas Petropolitanas e o Centro Industrial do Rio de Janeiro. Quanto à escolha de Petrópolis para instalação de tão importante unidade de ensino, encontrou ela justificativa no excelente conceito das Faculdades que já vinham funcionando, pelo rigor e qualidade do ensino; na expressiva atividade industrial desenvolvida na cidade; e na curta distância do parque industrial carioca. Para dirigir a nova escola foi convidado o engenheiro Oscar Lisboa da Graça Couto, Diretor Superintendente da Graça Couto S.A. Indústria e Comércio e que também foi professor titular da cadeira Higiene de Habitações e Indústrias. Instalada em 6 de maio de 1961, no recinto da Câmara Municipal, em ato presidido pelo Magnífico Reitor Dr. Arthur de Sá Earp Neto, o qual contou com a presença de expressivas figuras eclesiásticas, municipais e estaduais, da indústria e do comércio, a nova Escola foi autorizada a funcionar pelo Decreto nº 50.419, de 7 de junho de 1961, do então presidente Jânio da Silva Quadros. A Escola de Engenharia Industrial iniciou suas atividades com o Curso de Mecânica, ministrado em cinco séries. Visando a fornecer a seus alunos um ensino de […] Read More