A empresa C. Pareto & Cia e a Companhia Fiação e Tecidos “Cometa” Maria de Fátima Moraes Argon – Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe Em 5 de março de 1888, o Ministério da Fazenda do Império deu a concessão a uma Companhia para a instalação de uma fábrica de papel em terrenos do Meio da Serra, que pertenciam a Fábrica de Pólvora da Estrella da Serra. A concessão seria por 35 anos, sem responsabilidade alguma para a Fazenda Nacional nem indenização de benfeitorias.[1] [1] Memorial (cópia datilografada) apresentado ao Ministro da Fazenda pelo capitão Angelo Mendes de Moraes sobre a situação da Fábrica Cometa, em terrenos do Patrimônio Nacional. Raiz da Serra, 25 de novembro de 1925. Arquivo Tristão de Athayde (CAALL/ATA/C/C19/114-2). Acervo Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade/Ucam. Mais tarde a fábrica de papel converteu-se em fábrica de linha, denominada “Manufactureira de Linhas Estrella”, permanecendo ali até março de 1897, quando abriu falência. Por alvará do Juiz da Câmara Comercial do Tribunal Civil e Criminal da Capital Federal, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, de 13 de fevereiro de 1897, os bens hipotecados ao Banco da Lavoura e Comércio do Brasil foram a leilão em 19 de março, pelo leiloeiro Joaquim Dias dos Santos, sendo adquiridos pelo valor de 196:000 Rs, conforme escritura pública de 10 de abril de 1897, por Pareto & Claviez (Carlo Pareto e Alexandre Claviez) para a empresa C. Pareto & Cia, que se encontrava em vias de organização, tendo sido constituída legalmente em 14 de abril de 1897. Entre 1897 e 1902, a firma despendeu cerca de novecentos contos de reis para ampliar e melhorar as instalações, tendo sido em 1902 aumentado o capital para 1.500:000 rs.[2] [2] Requerimento (minuta por letra de Alceu Amoroso Lima) da Companhia Fiação e Tecidos “Cometa” ao Presidente do Conselho de Águas e Energia Elétrica. Sem local e data. Arquivo Tristão de Athayde (CAALL/ATA/C/C19/114-3). Acervo Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade/Ucam. Nestes terrenos do Meio da Serra é instalada a Fábrica de Tecidos “Cometa”, cujo anúncio é publicado no Almanak Laemmert, de 1898: “Carlo Pareto & Cia – Fábrica de Tecidos “Cometa”. Escritório Rua General Camara, 34 e 36. Rio de Janeiro”. Em 1903 foi aberta a filial no Alto da Serra e, em 28 de março, Carlo Pareto, proprietário da fábrica de tecidos “Cometa” apresenta o requerimento nº 569 à Câmara Municipal de […] Read More
Discurso de posse da associada titular Ana Cristina Borges López Monteiro Francisco
Discurso de posse da associada titular Ana Cristina Borges López Monteiro Francisco Ana Cristina Borges López Monteiro Francisco, Associada titular da cadeira nº 15, patrono Estanislau Schaette Ilustríssima Sra. Presidente do Instituto Histórico de Petrópolis Maria de Fátima Moraes Argon Ilustríssimo Sr. Luiz Carlos Gomes a quem devo minha indicação, juntamente com Fátima Argon e Fernando Antonio de Souza Costa, aos quais desde já agradeço imensamente. Ilustríssimos confrades e confreiras Autoridades presentes Caríssimos familiares e amigos, Boa noite! Certamente, a primeira coisa a ser dita diz respeito ao quanto me sinto honrada e feliz em fazer parte do Instituto Histórico de Petrópolis como associada titular. E, já de início, gostaria de visitar meu lugar de fala porque sinto que percorri o caminho inverso ou, quando muito, desviei do que é visto como tradicional, para chegar aqui. Cresci com a narrativa de histórias de reis, rainhas, imperadores e nobres que “eram de carne e osso”, bem distantes daqueles dos contos de fadas. Passei minha adolescência nos jardins do Museu Imperial que, para muito além do sentimento de bem-estar que me proporcionava, acabou por se tornar o lugar perfeito de estudo ou descanso, quando saía do Santa Isabel e precisava voltar horas depois, para o estágio do Curso Normal. Também foi cenário para fotografias da turma, encontros com amigos, passeios com familiares que vinham conhecer a cidade, mas que, a cada vez revisitado, descortinava algo novo aos meus olhos que se acreditavam acostumados com aquele ambiente. Anos depois, serviu como túnel do tempo para minhas aulas de História nas quais pude desfrutar de vários “D. Pedros, Teresas Cristinas, Isabéis e Leopoldinas, escravos e aias que, vestidos a caráter (!), corriam pelos jardins e corredores apontando e mostrando tudo que tinham aprendido. Mais uns anos, e aquele espaço assumiu lugar de fonte de pesquisa para meus orientandos do Curso de Direito da UCP e, para minhas próprias pesquisas de Mestrado e Doutorado. E foi nesse momento que minha história se costura com a de Fátima e tantos aqui presentes. No entanto, o que vale destacar, é que foi a partir desse momento que encontrei o que realmente mais gosto de fazer: pesquisar, desvendar, investigar e aprender com a história. E nesse novo universo, conheci Fátima que não só abriu as portas, gavetas e pastas de arquivos, mas abriu meus olhos, mente e coração para uma forma especial de pesquisa. Parafraseando Koselleck, […] Read More
Curiosidade sobre a canonização do Padre Anchieta (Uma)
Uma curiosidade sobre a canonização do Padre Anchieta Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe A princesa imperial D. Isabel exerceu a regência em três ocasiões, na qualidade de herdeira de seu pai, o imperador D. Pedro II: a primeira vez ocorreu em 1871-1872, a segunda, em 1876-1877 e a terceira, em 1887-1888. Durante a segunda regência, a princesa Isabel escreveu ao Papa Pio IX, em 11 de julho de 1877, uma carta a favor da canonização do Padre Anchieta – referendada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque –, do seguinte teor: Santíssimo Padre. À presença de Vossa Santidade levam os Bispos deste Império uma súplica que, posso dizer, não é exclusivamente sua. Pedem a canonização do Pe. José de Anchieta: e eu a eles me uno para obtê-la de Vossa Santidade. A vida desse missionário, tão cheia de atos de caridade heroica e de milagres, não é conhecida somente no Brasil; mas aqui onde ele derramou os benefícios da sua palavra e do seu exemplo, é mais viva do que em qualquer outra parte a memória de suas virtudes, e daí vem a esperança que todos nutrem de ver atendida pelo Chefe da Igreja a rogativa daqueles Prelados. Queira, pois, Vossa Santidade resolver que é lícito aos católicos brasileiros venerarem em seus altares a imagem de tão santo varão. Queira também Vossa Santidade lançar sua apostólica bênção sobre mim e sobre minha família e sobre a Nação Brasileira. De Vossa Santidade muito obediente filha. Isabel, Princesa Imperial Regente. O Papa Pio IX era um defensor da doutrina ultramontana – que, em linhas gerais, postulava a infalibilidade papal e combatia as ideias e as instituições que defendiam a secularização e o anticlericalismo – e a princesa Isabel, católica fervorosa, era adepta do ultramontanismo. O excesso de religiosidade da princesa imperial D. Isabel não era visto com bons olhos pelos políticos, que receavam o poder que a Igreja teria sobre os assuntos do Estado. Esse “fervor religioso passou a ser usado como argumento contra a implantação do Terceiro Reinado, a partir de sua intervenção declarada a favor da anistia dos bispos” (DAIBERT, 2004) envolvidos na chamada Questão Religiosa (1872-1875), conflito ocorrido entre a Igreja Católica e a maçonaria no Brasil do século XIX, que acabou se transformando em uma grave questão de Estado. A questão evoluiu centrada na atuação […] Read More
Paulo Rattes e o Decreto nº 198
Paulo Rattes e o Decreto nº 198 Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe O então Prefeito Paulo Rattes assinou, em 7 de janeiro de 1977, um dos mais importantes decretos para a preservação da memória petropolitana, o decreto de criação do Arquivo Público Municipal, que ampara por meio legal a conservação do patrimônio documental da cidade de Petrópolis. Segundo os dados de 1999, apenas quatro dos 91 municípios do estado do Rio de Janeiro possuíam arquivos públicos: a cidade do Rio de Janeiro, Resende, Natividade e Petrópolis. O Arquivo Público de Petrópolis foi o primeiro a ser criado no estado do Rio de Janeiro. O administrador foi sensível ao apelo feito pelas bibliotecárias Maria Amélia Porto Migueis e Yedda Maria Lobo Xavier para que protegesse e conservasse os documentos oficiais reconhecendo neles a importância para a história do município. A fim de resolver alguns problemas de ordem prática, dividiu-se o Arquivo Público em dois setores: o Arquivo Central e o Arquivo Histórico. O Arquivo Central, subordinado à Secretaria de Administração, transferiu os documentos produzidos e acumulados pela Câmara Municipal no exercício de suas funções de legislativo e de executivo – período de 1859 a 1916 – e pela Prefeitura desde 1916 (ano de sua criação) até 1968, formando assim o acervo do Arquivo Histórico, cuja ampliação se daria através de novos recolhimentos previstos no próprio decreto. A documentação foi então transferida para as dependências da Biblioteca Municipal até que se obtivesse um local adequado à sua importância e ao seu natural crescimento. Lamentavelmente, isto nunca ocorreu! O Arquivo Público nunca conseguiu ocupar o seu verdadeiro espaço na administração pública. O Arquivo Histórico subordinado à Fundação de Cultura e Turismo abriga hoje cerca de 700 mil documentos do período de 1859 a 1978, e ocupa as mesmas salas da Biblioteca Municipal sem as condições exigidas para sua adequada instalação e, principalmente, encontra-se inviabilizado para receber novos lotes documentais transferidos do Arquivo Central. O Poder Público precisa consolidar definitivamente o Decreto nº 198. Seria uma homenagem justa e merecida ao seu autor, reconhecendo que o valor dos documentos não se restringe apenas ao campo da história e ao desenvolvimento sociocultural da cidade, mas admitindo que tais documentos são fundamentais tanto para as comunicações administrativas como para a memória do Poder Público, espelho, afinal, do que ele fez ou deixou de fazer pela cidade. […] Read More
AUREA MARIA DE FREITAS CARVALHO, HISTORIADORA E ARQUIVISTA
Aurea Maria de Freitas Carvalho, historiadora e arquivista Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe Filha única do casal José Carvalho e Aurea de Freitas Carvalho, nasceu em Petrópolis no dia 03 de julho de 1933 e faleceu na mesma cidade em 11 de dezembro de 2008. Solteira, não deixou descendência. Em 1955, fez o curso de “Técnica de Arquivo” no Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) e, no ano seguinte, ingressou no Museu Imperial no cargo de Arquivologista, por Decreto Presidencial de 11.01.1956. Em 1959 e 1960, cursou “Preparação de Pessoal de Arquivos” e “Aperfeiçoamento de Pessoal de Arquivo”, ambos promovidos pelo DASP. Em 8 de maio de 1970 foi nomeada para exercer a função gratificada de Chefe do Arquivo, Documentação Fotográfica, Publicações e Intercâmbio Cultural, do Museu Imperial. Dois anos depois, foram criados os cursos de Arquivologia em nível superior no Brasil e, em 1979, ela obteve o título de bacharel em Arquivologia pela Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado do Rio de Janeiro (FEFIERJ), hoje Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Graduou-se em História, em 1967, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da Universidade Católica de Petrópolis. Foi designada, em 1970, subcoordenadora do projeto “Levantamento de fontes primárias em território fluminense” pela Comissão Executiva do Centro de Pesquisa de História (Convênio: Instituto Histórico de Petrópolis, Museu Imperial, Prefeitura Municipal e Universidade Católica de Petrópolis). Desenvolveu toda a sua vida profissional no Museu Imperial até a sua aposentadoria em 11 de junho 1991. Coordenou diversos projetos e exerceu a chefia da Divisão de Documentação Histórica. Foi professora da cadeira Tipo de Fontes Documentais no Curso de Elementos de Técnica de Pesquisa de História, realizado no Museu Imperial, em convênio com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da Universidade Católica de Petrópolis. Representou a instituição em várias oportunidades como, por exemplo, no I Congresso Brasileiro de História em Brasília (1967), no I Colóquio de Estudos Fluminenses em Petrópolis (1968), II Congresso Regional de Documentação no Rio de Janeiro (1969). A importância de sua participação no Guia Brasileiro de Fontes para a História da África, da Escravidão Negra e do Negro na sociedade atual (1988) foi reconhecida pela Comissão Executiva do Projeto ao destacar a sua larga experiência na área documental. Prestou assessoria ao Arquivo Municipal de Resende e outros. Publicou diversos trabalhos, dentre eles: Arquivos eclesiásticos […] Read More
ALCEU AMOROSO LIMA E PETRÓPOLIS
Alceu Amoroso Lima e Petrópolis Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe O Instituto Histórico de Petrópolis sempre reuniu, em seu quadro, pessoas identificadas com o propósito de contribuir para a história do Brasil e, especialmente, de Petrópolis. Uma dessas figuras foi o escritor carioca Alceu Amoroso Lima, eleito membro em 1940 e elevado à categoria de sócio honorário em 1943. A sua ligação com a cidade começou cedo, desde 1894. Seu pai, Manoel José Amoroso Lima, foi fundador da Fábrica de Tecidos Cometa, que fornecia recursos econômicos e sociais à cidade. Em 1918, dr. Alceu assumiu a sua direção e nesse mesmo ano casou-se com Maria Teresa, filha do industrial Alberto de Faria, proprietário da Casa do Barão de Mauá, onde passou longas temporadas na residência, convivendo com seu cunhado Afrânio Peixoto, que escreveu a crônica “Hino a Petrópolis”, publicada na revista O Espelho (1935). Nesse mesmo ano de 1935, dr. Alceu publicou o artigo “A obra cultural de Pedro II” na citada revista: “Sendo um homem que sempre possuiu uma verdadeira obsessão de estudar, nunca deixou de fazer a sua pátria aproveitar dessa cultura […]. Tudo, em Pedro II, terminava no Brasil.”. No ano seguinte, escreveu a crônica “A lição de Petrópolis”: “o perfil estudioso de Pedro II, que compreendeu a tua alma profunda e sentia a sua alma, vacilante ao apelo das sereias de seu tempo, afinada no fundo pela tua”. E aqui, plagiando o próprio dr. Alceu, podemos dizer: Tudo, em Alceu, terminava no Brasil. Dr. Alceu visitou o Museu Imperial, antiga casa de verão de D. Pedro II, em 12/02/1944, e deixou a sua assinatura no livro de ouro. No mesmo ano, visitou a Biblioteca Municipal onde registrou: “Petrópolis é um refúgio no Brasil agitado de hoje. Esta Biblioteca um refúgio dentro de Petrópolis”. Colaborou não só com essas instituições fazendo valiosas doações de livros, mas, também com outras, como foi o caso da biblioteca do Bogari Club. Um fato pouco citado e conhecido é que Alceu, eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 1935, ali exerceu o cargo de bibliotecário. Além do Brasil e de Petrópolis, dividiram outra paixão: os livros. Eram leitores vorazes. O imperador montou três bibliotecas em São Cristóvão, com um total de 60 mil volumes. Não foi diferente com dr. Alceu, que também formou uma preciosa biblioteca com mais de 20 mil […] Read More
Nosso Petrópolis
Nosso Petrópolis Maria de Fátima Moraes Argon, Associada Titular, Cadeira n.º 28 – Patrono Lourenço Luiz Lacombe Exmo. Sr. Presidente Vereador da Câmara Municipal de Petrópolis, Paulo Igor, e demais vereadores, Ilmo. Sr. Presidente do Instituto Histórico de Petrópolis, Luiz Carlos Gomes, autoridades civis e militares, senhoras e senhores, amigas e amigos, quero agradecer a oportunidade de proferir algumas palavras neste dia tão especial e também agradecer a presença e a disposição de todos em me ouvir e, sobretudo, espero cumprir a missão que me foi confiada. Mas antes quero registrar o meu agradecimento, pelo apoio durante a minha pesquisa, à equipe do CAALL, na pessoa da diretora Maria Helena Arrochellas, aos colegas Dr. Sá Earp do Instituto Histórico de Petrópolis e Mariza Gomes do Arquivo Público Municipal, à arquivista Thais Martins do Museu Imperial e à equipe da Biblioteca do Museu Imperial. A ideia da criação de um instituto de estudos históricos nasceu durante a reunião de 10 de setembro de 1938 da Comissão do Centenário de Petrópolis que, no dia 24, por sua deliberação, fundava o Instituto Histórico de Petrópolis, sob os auspícios do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. A sua instalação ocorreu em 2 de dezembro, data do aniversário natalício do seu patrono D. Pedro II, justamente aqui, nesse salão, onde hoje estamos reunidos para comemorar o seu 75º aniversário. O Instituto Histórico de Petrópolis, sem sede própria, inclusive até os dias de hoje, funcionou inicialmente em uma sala dessa Casa. A razão dessa estreita relação entre o Instituto Histórico de Petrópolis e a Câmara Municipal de Petrópolis se justifica, em última análise, por comungarem do mesmo ideal: a preservação e o desenvolvimento da cidade de Petrópolis, conforme já estava previsto no primeiro estatuto do Instituto: “promover o adiantamento de Petrópolis, cooperando com os poderes públicos nas medidas que visem ao engrandecimento material e cultural do município.” O Instituto Histórico de Petrópolis sempre reuniu, em seu quadro, pessoas de destaque na sociedade brasileira e local, identificadas com o propósito de contribuir para a história do Brasil e, especialmente, de Petrópolis. É dessa forma que pretendo celebrar, como oradora do Instituto Histórico de Petrópolis, essa data, prestigiando duas figuras importantes: o patrono D. Pedro II e o sócio Alceu Amoroso Lima, o “Tristão de Athayde”, lembrando que neste ano de 2013, estamos também comemorando 120 anos do seu nascimento e 30 anos do Centro Alceu Amoroso Lima para a […] Read More
LUGAR DE PETRÓPOLIS NA DITADURA E O MESTRE DA TORTURA DAN MITRIONE (O)
Lugar de Petrópolis na Ditadura e o Mestre da Tortura Dan Mitrione (O) Júlio Ambrozio, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 30, Patrono – Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacelar Se dúvidas restavam acerca da existência, em Petrópolis, de uma casa utilizada pelo aparato repressivo da ditadura, com o livro do delegado Cláudio Guerra, “Memórias de uma Guerra Suja”, e as matérias em O Globo, 24, 25, 26/06/2012, à volta do Tenente-coronel reformado Paulo Malhães e de sumiços de Arquivos, essas incertezas parecem que se extinguiram. A entrevista do militar, que estabelece o seu envolvimento direto com a casa da Artur Barbosa, confirma largamente as denúncias de Inês Etienne Romeu, que, fisicamente, sofreu os horrores da ditadura no período de sua inflexão repressiva; ditadura de 1964 nascida de golpe militar monitorado pelos EUA. Depois desse livro e das reportagens com esse tenente-coronel, dúvida alguma há em relação à casa petropolitana da violência ditatorial. Eu não sei se o movimento para a criação do museu brasileiro da tortura ao redor dessa casa já alcançou setores determinantes de Brasília. Eu desconheço também se o CDDH, embora indicando o local em seu abaixoassinado, teria em vista mais a ideia do que o lugar. Afinal, outro sítio de mais fácil acesso e com abundância populacional, tal como a região do Museu de La Memória de Buenos Aires, talvez fosse mais favorável para os objetivos desse museu. Talvez a própria casa de Petrópolis interesse absolutamente, caso se eleve a reação dos militares e, ainda assim, o empenho pela constituição do museu seja afirmativo, necessitando-se, então, de eventual composição: fundar-se-ia o museu, porém em lugar ermo e em cidade menor e relativamente distante dos grandes núcleos populacionais. O desacerto de tudo é que o Brasil permanece como certa espécie de paquiderme que arrasta demasiadas questões para além do imaginável, exemplo disso é o tempo em que se dá este propriísmo embate, quando os principais responsáveis estão mortos. Em relação a Petrópolis, curiosidade irônica, é que a proposta de se criar um espaço de memória permanente para as novas gerações acerca desse período repressivo, unir-se-ia a atividade turística que foi se fortalecendo aqui e em muitas outras cidades a partir da falência industrial e urbana ocorrida com os anos de 1970 e depois. Dizendo com franqueza, seria apreendido por esse setor como mais um museu, ou mais uma isca, na disputa interurbana pela deambulação turística. Trata-se de imaginar, paradoxalmente, que não […] Read More
PISCINÕES DE KOELER (OS)
OS ‘PISCINÕES’ DE KOELER Flávio Menna Barreto Neves, Associado Titular, Cadeira n.º 24 – Patrono Henrique Pinto Ferreira A origem singular de Petrópolis permanece como fonte de inquestionável interesse histórico. Um interesse que reside, sobretudo, nas soluções urbanísticas do plano de Julio Frederico Koeler. Nos últimos tempos, porém, outras ciências além da que estuda o passado também se debruçam com louvável curiosidade sobre o feito atribuído ao major de engenheiros a partir do Decreto 155, ato oficial de D. Pedro II que instituiu a criação da cidade, em 1843. Uma motivação que se justifica não apenas pelo ineditismo das providências contidas no Plano Koeler, mas principalmente por este envolver aspectos que transcendem estudos sobre urbanismo. Tomem-se os exemplos das valiosas contribuições da cartografia. São oriundas dela revelações recentes do que Koeler realizou e pretendeu com a planta apresentada aos governos Imperial e da Província em 1846, quando a formação da colônia de Petrópolis já estava em pleno curso sob premissas que ele estabeleceu em seu plano inovador. Mantida pelos descendentes do imperador na sede da Companhia Imobiliária de Petrópolis, a Planta de Koeler é objeto de pesquisa do Laboratório de Cartografia da UFRJ (GeoCart), conduzida pelo professor de Geografia Manoel do Couto Fernandes. Há quase uma década, Fernandes e equipe se dedicam a esquadrinhar o documento cartográfico histórico. E já acumulam descobertas importantes. A mais recente delas sugere que o engenheiro, morto em 1847, determinou a construção de dois tanques para acumular água no rio Quitandinha com o claro propósito de reduzir o risco de inundações na Vila Imperial, coração da então colônia e do atual Centro Histórico da cidade. A solução de engenharia hidráulica de Koeler integrou as intervenções de retilinização do curso original dos rios Quitandinha e Palatino iniciada ainda em 1845, ano em que o palácio do imperador em Petrópolis também começou a ser erguido, sob suas ordens. Na planta, é possível observar um dos piscinões de Koeler posicionado na confluência dos dois rios, no meio da Rua do Imperador, dividindo ao meio a Praça do Imperador, primitiva denominação das atuais praças D. Pedro e dos Expedicionários, onde se encontra o Obelisco dos Colonizadores. O segundo piscinão ficava na Praça D. Afonso, que mais tarde deu lugar à Praça da Liberdade. Especialista em cartografia histórica, Fernandes considera que o posicionamento dos tanques não foi por acaso, mas estratégico: “O formato (dos tanques) em meio a uma obra […] Read More
HOMENAGEM AO MAJOR JÚLIO FREDERICO KOELER
HOMENAGEM AO MAJOR JÚLIO FREDERICO KOELER Frederico Amaro Haack, Associado Titular, Cadeira n.º 17 – Patrono Francisco Marques dos Santos Excelentíssimo sr. Hingo Hammes, prefeito interino de Petrópolis Ilustríssimo sr. Marco Antônio Kling, presidente do Clube 29 de Junho Ilustríssima sra. Emygdia Magalhães Hoelz Lyrio, presidente de honra do Clube de 29 de Junho Excelentíssimo sr. Dirk Augustin, Cônsul-Geral da Alemanha no Brasil Senhoras e senhores, bom dia! Julius Friederich Köeler, nascido em Mogúncia, reino da Prússia, em 16 de junho de 1804, e falecido em Petrópolis, a 21 de novembro de 1847, vitimado por um disparo de arma de fogo quando praticava tiro ao alvo com amigos, em sua chácara, na Terra Santa. Militar do exército prussiano, em 1828 veio para o Brasil, contratado para servir ao Exército Imperial Brasileiro. Aqui constituiu família e, em 1831, assumiu oficialmente a nacionalidade brasileira, integrou diversas equipes de trabalho, em construção de estradas e pontes na província fluminense. A 16 de março de 1843, recebeu do Imperador D. Pedro II a honra de planejar e instalar o povoado de Petrópolis e edificar seu palácio de verão. Nomeado primeiro Superintendente da Imperial Colônia de Petrópolis, conseguiu, em 1845, trazer para fixação no Córrego Seco, por aforamento perpétuo, em benefício do proprietário das terras, imigrantes alemães. Após essa breve biografia, de nosso homenageado gostaria de compartilhar com os senhores uma crônica, publicada em 1858 no jornal Parahyba, escrita por Jean Baptiste Binot. Binot, cidadão francês contemporâneo de Koeler no alvorecer de Petrópolis, montou primitivamente uma chácara no Quarteirão Nassau e mais tarde, no Retiro, que ainda existe, hoje Orquidário Binot. Aqui criou um completo viveiro de plantas adaptáveis ao nosso clima das quais fazia larga exportação. A ele, deve Petrópolis, em grandes parte o renome de “Cidade das flores”. Tão grande era o valor de Binot, que foi agraciado com uma comenda pelo Imperador e teve seu nome incluído na obra de Visconde de Taunay intitulada “Estrangeiros ilustres e prestimosos”, considerando-o notável horticultor. Culto e perspicaz foi, talvez, o morador de Petrópolis que primeiro sentiu, ou melhor, avaliou a irreparável perda que constituiu para o progresso da cidade o acidente ocorrido com Koeler no em, 21 de novembro de 1847. Passados onze anos, ainda chorava Binot a morte de seu amigo Koeler, ao qual assim se referia no jornal Parahyba, de 23 de dezembro de 1858: “Tomou-o a morte no começo de todos os grandes […] Read More