CAXIAS NA CONTROVÉRSIA DA SURPRESA DE PORONGOS Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Em 29 de março de 2003, às 12.30, no programa da RBS A Ferro e Fogo, em Porto Alegre, sobre a Revolução Farroupilha, o antropólogo da Pontifícia Universidade Católica, e homem da gloriosa raça negra, Iosvaldir Carvalho Bittencourt, ressuscitou a controvérsia que parecia haver transitado e julgado na História, de que a surpresa do Exército Farrapo em Porongos, em 14 nov 1844, no atual município de Pinheiro Machado, foi resultado de uma traição de Canabarro à causa farroupilha, em combinação com o Barão de Caxias e Chico Pedro. Ressurreição apoiada em falso oficio (ou forjicado) que teria sido dirigido pelo Barão de Caxias ao Tenente Coronel GN Francisco Pedro de Abreu, comandante da Ala Esquerda de seu Exército, baseada em Canguçu, desde agosto de 1843. Perguntando ao Sr. Iosvaldir o amparo de sua afirmação, à grande e atenta audiência do programa A Ferro e Fogo, informou haver buscado apoio no escritor Mário Maestri em sua obra O Escravo Gaúcho Resistência e Trabalho, Porto Alegre: Ed. da UFRGS,1993, que aborda o ofício para nós forjicado, bem como para vários historiadores gaúchos, como Alfredo Varela, em sua História da Grande Revolução, Porto Alegre: Ed. Globo, 1933 p. 255-259; Othelo Rosa, ao biografar Canabarro na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul (RIHGRGS), 3 trim. 1934, p. 248; O Major João Baptista Pereira na RIHGRGS, 1 e 2 trim. 1928, p. 34-47; Alfredo Ferreira Rodrigues, em Canabarro e a surpresa de Porongos, no Almanaque Literário e Estatístico do RGS 1899. p. 215-272; Assis Brasil, em História da República Rio Grandense,1887; Walter Spalding, em Canabarro mestre de brasilidade, Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, v.197, 194, p.3/62; Henrique Oscar Wiedersphan, em Convênio de Ponche Verde, Porto Alegre EST/SULINA/Universidade de Caxias do Sul, 1980, p.67/79, em que fez um retrospecto sobre o problema Porongos e, mais, Ivo Leites Caggiani, em David Canabarro de tenente a general, Porto Alegre: Martim Livreiro, 1993, além dos não gaúchos como o Dr. Eugênio Vilhena de Moraes, o grande biógrafo de Caxias, e o General Augusto Tasso Fragoso, em A Revolução Farroupilha, Rio de Janeiro: BIBLIEx, 1939, p.271 e, mais, nós, em O Exército farrapo e os seus chefes, Rio de Janeiro: BIBLIEx, 1992, p.127/136, bem como em O Negro e seus descendentes na Sociedade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre: […] Read More
MARECHAL BENTO MANOEL RIBEIRO (1783-1855) – (Na História e na Fantasia das Sete Mulheres)
MARECHAL BENTO MANOEL RIBEIRO (1783-1855) – (Na História e na Fantasia da Casa das Sete Mulheres) Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Na mini-série A Casa das Sete Mulheres, o Marechal Bento Manoel Ribeiro foi escolhido como o vilão, na fantasia de 60% que ela representa. E mui justamente como herói o General Bento Gonçalves da Silva, 5 anos mais moço do que Bento Manoel, e que focalizaremos noutro artigo . Mas para que não se confunda a fantasia com a realidade, apresentamos ao leitor e pesquisador interessados o perfil histórico desta personalidade singular para que seja apreciada dentro das circunstâncias complexas que ele vivenciou e coerente como Ortega Y Gasset : “Eu sou eu e as minhas circunstâncias!” Abordagem histórica da vida e obra de um grande guerreiro e dos maiores que o Brasil possuiu, segundo se conclui de análise de Osvaldo Aranha em 1946 na Revista Província de São Pedro. Significação histórica. Bento Manoel Ribeiro prestou relevantes serviços militares, de soldado a marechal do Exército Imperial, à Integridade e à Soberania do Brasil, colônia e independente, nas guerras do Sul de 1801, 1811-12, 1816 e 1821, 1825-28 e 1851-52, onde se afirmou entre as maiores espadas de seu tempo. Foi militar de raros méritos como estrategista, tático, profundo conhecedor do terreno e grande capacidade de nele orientar-se. Possuía grande capacidade de liderança em combate e de bem combinar Infantaria e Cavalaria, além de conhecimento apreciável da psicologia de seus homens e dos adversários e dentre estes dos caudilhos platinos. Durante a Revolução Farroupilha (1835-1845), em função de seu temperamento singular, segundo Sanmartim, mentalidade “mais caudilhesco do que militar “, adotou posições até hoje controvertidas e aparentemente inexplicáveis. Isso, ao combater, ora ao lado dos farrapos, ora ao lado dos imperiais, mas sempre desequilibrando, acentuadamente, o prato da balança, em favor da causa que defendia. Inicialmente como farrapo, depois como imperial, novamente como farrapo e, finalmente, depois de mais de dois anos de neutralidade, lutou pela Unidade do Império até o final da Revolução, “como vaqueano-mor de Caxias”. Por esta razão, entrou para a História do Rio Grande do Sul como a mais controvertida personalidade do ponto de vista político e psicológico, com defensores a explicar seus gestos como Osvaldo Aranha e acusadores impiedosos, até na poesia popular da época, o que a fantasia da mini-série citada reflete com extremo exagero . Mas Bento Manoel é um raro caso […] Read More
CASA DAS 7 MULHERES (A) – (A História e a Fantasia)
A CASA DAS 7 MULHERES – (A História e a Fantasia) Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Gaúcho natural da Serra dos Tapes onde se encontra a cidade de Piratini e Canguçu, o seu distrito de mais perigo e “mais farrapo” durante a Revolução Farroupilha 1835-45 e, além, autor do livro O Exército Farrapo e os seus Chefes em 1991 e outros sobre o assunto, cabe-me fazer algumas considerações históricas sobre o magnífica mini-série A Casa das 7 Mulheres da Globo que vem com traje de gala divulgando a Revolução Farroupilha, onde possui suas raízes a República Federativa do Brasil implantada há 114 anos. A mini-série atende em seu miolo ou espinha dorsal, até agora, o desenvolvimento histórico da Revolução Farroupilha. Mas como disse seu diretor Jaime Monjardin “ela possui 40 % de História e 60 % de fantasia”. E aproveitou um tema histórico e o vestiu de gala com toda a pompa e circunstância e de forma notável. No tocante à Fantasia como elemento notável para atrair os tele- espectadores e passar-lhes o essencial da História, usou recursos inexistentes na época e tudo por conta da citada e louvável fantasia. Exemplos: O uso de lenços vermelhos e brancos pelos farrapos e imperiais, um costume que remonta a Guerra Civil na Região do Sul 1893-95. O cenário lindíssimo dos Aparados da Serra onde a revolução não chegou. Luxo nas estâncias, casas e igrejas incompatível com aspecto espartano das mesmas, do que a estância de Bento Gonçalves em Cristal-RS, hoje Parque Histórico em sua memória, é um exemplo. Imperiais entrando a cavalo dentro de uma igreja quando os santos no Império eram mais respeitados que os próprios generais e a canção do Exército era a de N. S. da Conceição a sua padroeira. Era raro o uso de carroças e sim carretas. E não existiam carruagens que só aparecem em Pelotas por volta de 1865. Os Farrapos não possuíam uniformes conforme abordamos no livro citado e nem usavam bigodes. As casas não possuíam vidraças o que só apareceria mais tarde. Tanto que o Ministro de Fazenda Domingos de José de Almeida, mineiro de Diamantina, levava em suas viagens em sua carretinha, uma pequena janela com vidraças para instalar nos locais onde montava o seu escritório itinerante. Aliás ele não foi ainda citado bem como os cariocas João Manoel Lima e Silva e José Mariano de Matos, oficiais com curso na Escola Militar […] Read More
GETÚLIO CHEHAB (PROF.)
GETÚLIO CHEHAB (PROF.) – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Faleceu, repentinamente, a 12 de novembro, o Prof. Getúlio Chehab, um dos mais antigos colaboradores da Universidade Católica de Petrópolis. Partiu discretamente, como viveu, mas deixou, para quem teve o privilégio de desfrutar de sua amizade, a imagem de um homem sereno, comprensivo, bondoso e íntegro, que jamais se descontrolou ou tomou decisões precipitadas. Nascido em Petrópolis, a 03 de janeiro de 1940, era filho de Amer Chehab e Elidia da Conceição Macedo Chehab. Foi ex-aluno do Liceu Municipal Prefeito Cordolino Ambrósio, onde concluiu o Curso de Contabilidade e da Universidade Católica de Petrópolis, onde concluiu o Bacharelado em Direito. Seu curriculum vitae era dos mais ricos e expressivos, englobando cursos de extensão e aperfeiçoamento, bem como de participação em diversos simpósios e seminários. Assim, possuía os cursos de Dinâmica de Grupo, Técnicas de Reuniões, Prática de Processo Penal, todos pela Universidade Católica de Petrópolis; Aperfeiçoamento e Treinamento de Pessoal Administrativo das Universidades, pela Universidade Federal de Santa Catarina; Utilización y Desarrollo de Tecnologia Educativa, pela Universidade Autônoma de Guadalajara; Seminário Internacional de Administração Universitária, pela Universidade Federal de Santa Catarina; Seminário de Administração, Chefia e Relações Humanas, pela Universidade Católica de Petrópolis; Seminário sobre Educação e Desenvolvimento, pela Fundação CESGRANRIO; Seminário Emergencial sobre “A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e seus reflexos no Desenvolvimento Brasileiro”, pelo Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação; Seminário Internacional de Avaliação, pela Universidade Federal de Pernambuco; Fórum Educação-Cidadania-Sociedade sobre Avaliação do Ensino Superior em Discussão, pela Fundação CESGRANRIO; III Encontro de Pró-Reitores de Graduação da Região Sudeste, pela Universidade de São Francisco. Integrou durante algum tempo o corpo de funcionários da Editora Vozes e, em seguida, o corpo de funcionários das Faculdades Católicas Petropolitanas, mais tarde transformadas em Universidade Católica de Petrópolis, onde iniciou uma longa e promissora carreira. Foi Secretário da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, de 1960 a 1968; Secretário Geral dos Cursos, de 1970 a 1979; Pró-Reitor Acadêmico, de 1979 a 1996; Vice-Reitor, de 1982 a 1999 e professor assistente, mais tarde adjunto, do Departamento de Administração Escolar e Metodologia Pedagógica da Faculdade de Educação. Atualmente vinha exercendo as funções de Assessor Educacional da Pró-Reitoria Acadêmica. Exerceu todos esses cargos com dedicação e rara competência. Além disto era um estudioso e profundo conhecedor da legislação […] Read More
SUBSÍDIOS PARA UMA HISTÓRIA DE SECRETÁRIO
SUBSÍDIOS PARA UMA HISTÓRIA DE SECRETÁRIO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette As sesmarias eram terrenos incultos ou abandonados, doadas para efeito de povoamento e cultivo. Eram doadas em quadras de uma légua, o que correspondia a 3.000 braças ou 6.600 metros. Na primeira década do século XVIII, o secretário do Governo, José Ferreira da Fonte recebeu, segundo nos informa Schaette “uma sesmaria ao sul das terras concedidas à numerosa família da Garcia Rodrigues Pais” (1). Garcia Rodrigues Pais, filho do famoso bandeirante Fernão Dias Pais, foi quem mediante licença do Governador Arthur de Sá, construiu o Caminho Novo, ligando Rio de Janeiro a Minas Gerais e que, finalizando a obra, se estabeleceu com sua família nas terras banhadas pelos rios Paraíba e Paraibuna. (1) SCHAETTE, Estanislau Frei. “Fazendeiros e Fazendas de Serra Acima”. In: Anuário do Museu Imperial, Petrópolis, 1948. José Ferreira da Fonte, posteriormente, procurou obter as terras contíguas à sua sesmaria, para fazer um curral de gado. Em conseqüência, em 28 de agosto de 1734 conseguiu do Capitão Geral da Capitania do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrada, uma légua de terra em quadra, que alcançava o rio Piabanha. Possuiu assim José Ferreira da Fonte duas sesmarias: a 1ª localizada no vale do rio Fagundes, abrangendo inclusive as terras da região atualmente conhecida como Secretário e a 2ª, cortada pelo rio Piabanha, conhecida como quadra de Magé, por ter sido colonizada por famílias provenientes da Baixada Fluminense, especialmente de Magé e que hoje constitui a região de Itaipava. Em 1770, “o filho do Secretário, Antonio Pegado de Carvalho, requereu medição especial de sua vasta propriedade, demarcação esta que só no ano seguinte, de 1771, seria reconhecida pelos vizinhos que a assinariam na ordem que se segue: Inácio Caetano da Costa, Antonio Pinto Braga, Joaquim José Pegado, Eugênio Viegas de Proença, Germano Barbosa Lage e Antonio Nunes da Silva” (2). Quem seriam esses vizinhos? (2) SCHAETTE, Estanislau Frei. “Fazendeiros e Fazendas de Serra Acima”. In: Anuário do Museu Imperial, Petrópolis, 1948, p. 87. Joaquim José Pegado recebera em 5 de junho de 1758, uma sesmaria localizada na sobrequadra da fazenda do Secretário onde se achavam terras devolutas, isto é, desocupadas, “nas quais já tinha roçado e plantado”. Eugênio Viegas de Proença era proprietário de terras que havia herdado de seu pai Nicolau Viegas de Proença, na região denominada […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – HONÓRIO HERMETO CARNEIRO LEÃO
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette HONÓRIO HERMETO CARNEIRO LEÃO Honório Hermeto Carneiro Leão, Marquês do Paraná, nasceu na vila de Jacuí, Minas Gerais, em 11 de janeiro de 1801, sendo filho do Tenente Coronel Nicolau Netto Carneiro Leão e D. Joana Severina Augusta. Após completar o Curso de Humanidades em Minas Gerais, partiu para Portugal em 1820, onde se bacharelou em Direito pela Universidade de Coimbra em 1825. De volta ao Brasil, foi nomeado Juiz de Fora de São Sebastião, em 1826, desempenhando a seguir as funções de Auditor da Marinha, Ouvidor do Rio de Janeiro e Desembargador da Relação de Pernambuco, aposentando-se como Ministro do Supremo Tribunal de Justiça. Analisando sua passagem pela magistratura, assim se pronunciou José de Alencar: “Percorreu todos os cargos e honras, faltando-lhe unicamente o último degrau da hierarquia judiciária que não atingiu, porque então o estadista já dominava o magistrado, o homem político fazia desaparecer o juiz” (1). (1) ALENCAR, José de. O Marquês do Paraná. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, Departamento de Imprensa Nacional, nº 236, julho/ setembro de 1957, p. 257. Eleito deputado por Minas Gerais em 1830, exerceu as funções políticas inerentes ao cargo por três legislaturas consecutivas, até 1841, tornando-se conhecido por suas idéias conciliadoras, seu poder de argumentação e seu descortino político. Como deputado teve ação destacada nos acontecimentos políticos então ocorridos, destacando-se quando a maioria do partido liberal, querendo reformar a Constituição, deliberou que a Câmara dos Deputados se declarasse em Convenção Nacional e promulgasse nova Constituição, que segundo os comentários da época, já se achava elaborada com antecedência. Considerando tal atitude um verdadeiro atentado à Constituição em vigor, Carneiro Leão rompeu com seus antigos aliados e se pronunciou contra o projeto, dizendo: “Não temos necessidade de ferir a legalidade e os princípios; podemos fazer as leis justas, que forem necessárias para conter os partidos, na Constituição observada temos meios seguros e legais para dar à nação o que ela pretende” (2). (2) CARNEIRO LEÃO, Honório Hermeto. Cf. por Alfredo Valladão. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, Departamento de Imprensa Nacional, nº 236, julho/setembro de 1957, p. 311. Sua enérgica atuação teve como conseqüência imediata um fracionamento na maioria dos deputados e a idéia da reforma constitucional acabou sendo rejeitada. Honório Hermeto foi Presidente da […] Read More
FACULDADE CATÓLICA DE DIREITO (A)
A FACULDADE CATÓLICA DE DIREITO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette A Faculdade de Direito, primeira das Faculdades Católicas Petropolitanas a funcionar, instalou-se solenemente no dia 06 de março de 1954, em solenidade realizada na Sala de Sessões da Câmara Municipal. A cerimônia foi presidida pelo Almirante Ernani do Amaral Peixoto, Governador do Estado, e a ela compareceram, entre outras autoridades os Srs. Pedro Calmon, Reitor da Universidade do Brasil, padre Pedro Belisário Velloso, Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, juiz Levi Carneiro, da Corte Internacional de Haia, Dr. Moura e Silva, Secretário de Educação do Estado do Rio. Anteriormente, por ato do dia 28 de fevereiro de 1954, o Sr. Bispo Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra, nomeou para o Conselho Técnico Administrativo da Faculdade Católica de Direito, de conformidade com o artigo 43 do Regimento da mesma, os seguintes professores: Dr. Paulo Gomes da Silva, Dr. Maurício Parreiras Horta, desembargador Aloísio Maria Teixeira, Dr. Raphael Cirigliano Filho, Dr. Alberto Francisco Torres e Dr. Orlando Carlos da Silva. Prevendo-se o desenvolvimento das Faculdades, com sua futura transformação em Universidade, foi criado o cargo de Reitor, sendo nomeado para o mesmo o Dr. Arthur de Sá Earp Netto. Abriram-se os editais de inscrição para o concurso de habilitação; os candidatos foram se inscrevendo e, dos 79 inscritos, 49 foram aprovados e matriculados, iniciando-se as aulas no dia 24 de março de 1954, em imóvel localizado à Rua Vidal de Negreiros 97, no bairro do Retiro, que fora cedido por tempo indeterminado pelo Carmelo São José. Desde a sua fundação, contou a Faculdade de Direito com o concurso de renomados professores, entre os quais despontavam os doutores Ascânio Dá Mesquita Pimentel, Orlando Carlos da Silva, Arthur de Sá Earp Netto, Aloísio Maria Teixeira, Raphael Cirigliano Filho, Alberto Torres, Maurício Parreiras Horta, padre José Fernandes Veloso e muitos outros que, com sua experiência e saber, imprimiram ao Curso uma orientação que até hoje vem norteando a formação jurídica, moral e religiosa de nossos alunos. Neste sentido, é o Dr. Ascânio Dá Mesquita Pimentel, primeiro diretor da unidade de ensino então fundada, quem acena para os princípios morais e religiosos que deveriam reger os passos da Faculdade de Direito no porvir. Num oportuno artigo que, a pedido dos alunos, escreveu para o primeiro número do jornal estudantil o “ÁQUILA”, com a […] Read More
DATA QUE MERECE SER LEMBRADA (UMA)
UMA DATA QUE MERECE SER LEMBRADA Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette A data de 31 de maio de 1953 foi marcada por um expressivo acontecimento, a fundação das Faculdades Católicas Petropolitanas, que, a 20 de dezembro de 1961, se transformaram na Universidade Católica de Petrópolis, sendo nosso dever rememorar este acontecimento histórico, marco indelével de progresso para esta região serrana. A idéia da fundação de uma Universidade em nossa cidade só começou a se concretizar após a criação da Diocese de Petrópolis, pela bula “Pastoralis qua urgemur”, do Santo Padre o Papa Pio XII, atendendo a uma das mais caras aspirações dos católicos petropolitanos. Para a nova diocese foi nomeado Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra, espírito lúcido e culto, profundo conhecedor dos problemas do nosso tempo, o qual logo se deu conta de que a cidade há muito reclamava a falta de instrução superior, capaz de habilitar seus estudantes ao exercício das profissões liberais, desobrigando-os de ir buscar nas cidades vizinhas, sabe-se lá à custa de que sacrifícios, tais estudos. Pretendeu, entretanto, sua Exa. Revma., que tais cursos surgissem sob a inspiração da Fé e que a futura Universidade tivesse como meta a defesa dos valores éticos, religiosos e da dignidade da pessoa humana, como ele próprio acentuaria mais tarde, em discurso por ocasião da instalação da Universidade, ao dizer: “Confiamos, porém, em que a doutrina da igreja, profundamente orgânica no conjunto das verdades reveladas que nos iluminam, nos princípios morais que nos regem e na Graça dos meios sacramentais que nos sustentam, há de plasmar cada vez mais intensamente a vida cristã de nossa família universitária”. Assim, sob a inspiração e iniciativa do Bispo Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra, em histórica reunião no Palácio Episcopal, realizada a 31 de maio de 1953, surgia a associação civil denominada Faculdades Católicas Petropolitanas. Compareceram à citada reunião, além do Bispo Diocesano, o Dr. Arthur de Sá Earp Netto, consultor jurídico e advogado da Mitra Diocesana; o Dr. Ascânio Da Mesquita Pimentel, advogado, professor e escritor de renome; o Dr. Kepler de Castro Neves, engenheiro e festejado homem de estudos; o Dr. José Sampaio Fernandes, doutor em Farmácia, professor da Universidade do Brasil e autor de cerca de sessenta trabalhos publicados em revistas especializadas e o Dr. Francisco de Magalhães Castro, engenheiro de renome, graduado em Filosofia pela Sorbonne, os quais […] Read More
EDUARDO GOMES, UM ILUSTRE PETROPOLITANO
EDUARDO GOMES, UM ILUSTRE PETROPOLITANO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Eduardo Gomes nasceu em Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, em 20 de setembro de 1896. Seus pais, Luiz Gomes Pereira e Jenny de Oliveira Gomes, possuíam uma ascendência das mais ilustres, ele, neto de Felix Peixoto de Brito e Melo, um dos heróis do combate de Pirajá, na Bahia, onde recebeu a Ordem da Campanha da Independência, tornando-se mais tarde magistrado e político, tendo sido deputado e governador de Alagoas; ela, filha do Visconde Rodrigues de Oliveira e bisneta do Senador Vergueiro, Nicolau de Campos Vergueiro, que foi regente do império. Eduardo Gomes recebeu de seus pais esmerada educação e sólida formação moral. Freqüentou o Curso Werneck e concluiu o Curso de Humanidades no Colégio São Vicente de Paula, no Rio de Janeiro, ingressando, posteriormente, na Escola Militar do Realengo, onde foi declarado Aspirante a Oficial em 17 de dezembro de 1918. Após servir no IX Regimento de Artilharia, em Curitiba, e de ter feito o Curso de Observador Aéreo, na Escola de Aviação Militar, no Campo dos Afonsos, foi transferido para o Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde participou da revolta de 5 de junho de 1922. A revolta do Forte de Copacabana, que abriu o ciclo revolucionário em que predominavam os tenentes, nasceu do ressentimento militar contra a candidatura de Artur Bernardes, cuja impopularidade mais se acentuou com o episódio das “cartas falsas”, que objetivavam incompatibilizar os militares com o candidato à sucessão de Epitácio Pessoa. Tal fato, acabou originando uma séria crise, agravada com a prisão do Marechal Hermes da Fonseca, então Presidente do Clube Militar, “em condições que feriam sua dignidade de oficial-general”, como declarou mais tarde o Capitão Euclides Hermes, então comandante do Forte de Copacabana. A revolta do Forte extinguiu-se num lance de desesperada bravura, pois não conseguindo tornar vitorioso o movimento, os derradeiros revoltosos iriam terminar suas vidas, lutando com as forças do governo, no episódio que ficou conhecido como os “18 do Forte”, sendo inclusive possível que esta diretiva tenha sido de inspiração de Eduardo Gomes. Do combate então travado, apenas dois revoltosos escaparam com vida, embora feridos: Eduardo Gomes e Siqueira Campos. Posteriormente, por ocasião da Revolução Paulista de 5 de julho de 1924, comandada pelo General Isidoro Dias Lopes, quando tentava incorporar-se à Coluna Prestes, Eduardo Gomes […] Read More
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – CONDE AFONSO CELSO
BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette CONDE AFONSO CELSO Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, mais conhecido como Conde Afonso Celso, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, em 31 de março de 1860. Seus pais foram o Visconde de Ouro Preto e D. Francisca de Paula Martins de Toledo. Foi casado com uma das filhas do Barão de Itaipe, desde 1884, nascendo desta união quatro filhos: Maria Eugenia, Maria Elisa, Afonso Celso e Carlos de Ouro Preto. Em 1875, com permissão do Parlamento por não ter a idade legal, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, bacharelando-se em 1880 e recebendo o grau de doutor no ano seguinte. Na última década do regime imperial, iniciou carreira política, sendo eleito quatro vezes deputado pela província de Minas Gerais. Com a proclamação da República, abandonou a política e acompanhou seu pai no exílio. Retornando ao Brasil, dedicou-se ao magistério, ao jornalismo, às letras e à advocacia. Teve marcante atuação no nosso ensino superior, como professor de Economia Política na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, durante cerca de quarenta anos, parte dos quais foi também seu diretor. Chegou a ter, conforme nos informa sua filha Maria Eugenia Celso, “suas aulas de Economia Política reunidas por seus alunos num opúsculo intitulado: “Uma grande Lição em Poucas Palavras” (1). (1) CELSO, Maria Eugenia. Um dos apaixonados de Petrópolis: o Conde Afonso Celso. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 233: 213-237, Rio de Janeiro, outubro-dezembro, 1956. Desenvolveu intensa atividade jornalística, tendo sido um dos grandes colaboradores do Jornal do Brasil, no qual manteve uma sessão diária de comentários políticos, econômicos, sociais e literários. Colaborou ainda com outros órgãos de imprensa, tais como: a Tribuna Liberal de São Paulo, a Semana, Renascença, Correio da Manhã e a Revista Vozes de Petrópolis. De sua vasta produção poética e literária, merecem destaque: “Prelúdios”; “Poemetos”; “Telas Sonantes”; “Devaneios”; “Lampejos Sacros”; “Oito Anos no Parlamento”, excelente livro de memórias; “O Imperador no Exílio”, no qual defende a causa monarquista e enaltece a figura de D. Pedro II; “Porque me Ufano de meu País”, um verdadeiro hino de louvor e admiração ao Brasil; “O Visconde de Ouro Preto”, em que retrata a vida e obra de seu pai e que possui um grande valor histórico. Em 1892, ingressou no Instituto Histórico […] Read More