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CRIADORES DO LICEU (OS)

  OS CRIADORES DO LICEU Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira No dia 7 de novembro completará 49 anos um excelente educandário petropolitano, que vem ensinando e educando gerações de petropolitanos, respeitado, bem administrado, um estabelecimento público de assinalados serviços prestados aos estudantes e às famílias do Município. É o Liceu Municipal Prefeito Cordolino Ambrósio. Coube ao Diretor da Inspetoria de Ensino da Prefeitura, na gestão do Prefeito Cordolino Ambrósio, a idéia, o trabalho, a organização e o empenho direto para a edificação da grande obra: o extraordinário Professor Décio Duarte Ennes. Décio era grande amigo da família Ambrósio, contemporâneo dos filhos do político Cordolino, a par de sua reconhecida e admirada vocação magisterial; possuía invejável cultura, adquirida pelo estudo diuturno e interessado, e por sua privilegiada inteligência, adorava escrever fosse poesia ou prosa, além de orador emérito que falava sempre de improviso e forma e conteúdo encantadores. Sua formação escolar coube inicialmente à sua mãe, a inesquecível professora Adalgisa Marques Duarte Ennes e, depois, ao Colégio Pinto Ferreira, aprendendo com o mestre Henrique Pinto Ferreira a universalidade do conhecimento; os professores daquele educandário, mais tarde transformado em Colégio São José, já sob o grande mestre Napoleão Esteves, foram os grandes formadores da cultura de Décio Ennes. Com apenas 14 para 15 anos já lecionava no Colégio como monitor dos mestres consagrados e, em pouco tempo, tornava-se um deles. Professor do Colégio e mais do Liceu Fluminense, Carlos Werneck e Estadual Dom Pedro II, do qual foi competente e disciplinador Diretor, Décio abraçou o sacerdócio mais puro da bela carreira do Magistério. Escreveu livros de português, poesia, prosa e colaborou assiduamente na Imprensa Petropolitana, tendo atuado na redação do Jornal do Povo na melhor fase daquele matutino já desaparecido. Político interessado e atuante, chegou à candidatura para vereador, sem lograr êxito nas urnas; esteve sempre ao lado de Cordolino Ambrósio e, com entusiasmo, ajudou o grande amigo na Prefeitura, o que ensejou um prêmio exuberante para a Cidade, o seu Liceu, do qual foi o primeiro Diretor e Autor do Hino e quem o organizou e deu ao Educandário a forma e a respeitabilidade que hoje possui. Sua passagem pelos Colégios São José, Estadual e Liceu Municipal, notadamente, conferiram gabarito e elevaram os educandários à excelência. Seu fim de vida foi trágico: abateu-o o álcool, assaltante de sua vida apaixonada. […] Read More

COM A FACA E O QUEIJO NAS MÃOS

  COM A FACA E O QUEIJO NAS MÃOS … Ruth Boucault Judice, Associada Titular, Cadeira n.º 33 – Patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Todos nós temos uma história a contar sobre algo que herdamos de nossos pais, de nossos avós, de uma tia, enfim, de alguém. Seja um retrato, uma jóia, uma imagem, uma casa….bens maiores, bem menores….todos são preciosos para nós. Lembro-me de alguém que herdou uma imagem de São Miguel Arcanjo, com cavalo e espada, completo, no seu colorido bizarro. Mas… o cavalo era branco e ele não gostava de cavalos brancos. Mandou pintá-lo de preto. Para ele, o chapéu do Santo era feio. – “Não gosto dizia, vou comprar-lhe um mais bonito”. Foi dito e logo feito. São Miguel ganhou um chapéu de palha – “mais bonito e mais moderno ” nas palavras do herdeiro.- “Por que essa espada tão grande, nos nossos dias, que ninguém mais usa espada, vou trocar por uma metralhadora portátil, mais moderna, impõe mais respeito”. E o pobre do Santo teve que carregar a pesada metralhadora, com o mesmo semblante, que se possível fosse, agora, seria de espanto ! Depois de algum tempo, nosso amigo guardava ainda com carinho a herança herdada. Mas, já não tinha um São Miguel. Tinha um arremedo do Santo, danificado aqui e ali, por causa das inúmeras intervenções. Nosso amigo não soube preservar seu patrimônio. Imaginem se herdássemos uma cidade ! A cidade de Petrópolis, por exemplo. Nascida do sonho de um imperador (Pedro I) realizada pelo desejo de outro (Pedro II), planejada por Koeler que se mostrou tão sensível com sua beleza e a programou tão bem. Hoje a cidade tem seu centro histórico tombado, seus rios, suas matas sob proteção. Fica um pouco mais difícil descaracterizar, se houver o apoio da municipalidade para fazer cumprir a lei. Apesar disso, pouco vemos a municipalidade agir nesse sentido. Quanto já mudou a cidade que herdamos de nossos antepassados ! Nós mesmos já sentimos a diferença entre a Petrópolis de hoje e a de nossa infância. Quantos de nós conheceram e andaram de bonde em Petrópolis, bonde esse que nunca deveria ter saído de nossas ruas. Nada mais típico para uma cidade do século XIX. Quando teremos um prefeito com a mesma coragem do que acabou com eles, para trazê-los de volta, pelo menos no centro histórico ? Foi preciso criar-se a lei do entorno […] Read More

TURISMO HISTÓRICO

  TURISMO HISTÓRICO Aurea Maria de Freitas Carvalho, ex-Associada Titular, Cadeira n.º 4 – Patrono Arthur Alves Barbosa, falecida A vocação de Petrópolis, como é geralmente proclamada, tende a ser o desenvolvimento do turismo e da tecnologia de ponta. Deixemos a tecnologia para quem entende do assunto. Quanto ao turismo movido pelo interesse na informação histórica, o desenvolvimento não pode depender de uma atuação que se limita simplesmente a enumerar e mostrar prédios que foram habitados por gente ilustre ou utilizados para funções importantes. Isto é o que não falta em Petrópolis, onde o mais importante é, naturalmente, o antigo palácio de verão do Imperador, atual Museu Imperial. Seguem-se casas de veranistas ilustres, embaixadores, políticos, artistas – existem ruas inteiras tombadas: rua do Imperador, avenidas Koeler e Ipiranga etc. É necessário que as informações sobre tais prédios sejam seguras e bastante minuciosas para atender ao interesse e curiosidade dos turistas. É preciso também que tais prédios estejam em estado satisfatório quanto às suas características arquitetônicas, sua volumetria, seu entorno, seus ornamentos e tudo que foi sendo acrescentado durante a vida útil até a data de seu tombamento, preservando o que é importante para a sua história. Cada um desses prédios foi, e deve ser, estudado criteriosamente. Consegue-se, ou melhor, dever-se-ia conseguir estas informações nos documentos oficiais. Infelizmente tais documentos às vezes não existem, seja porque os responsáveis pela obra não deram entrada na repartição competente, ou porque conseguiram licença para retirar as plantas e documentos do arquivo por algum motivo (o que está erradíssimo mas infelizmente acontece) e não se deram ao trabalho de devolvê-los. Aconteceu comigo um caso interessante. Contratada para pesquisar um prédio histórico, consegui a localização exata, com as primitivas plantas dos terrenos, pois compreendia dois prazos de terra quando ainda não havia construção: suas dimensões originais, os foreiros que os possuíram, seu desmembramento posterior. Tudo isso conservado num dos arquivos mais completos de Petrópolis, o da Companhia Imobiliária de Petrópolis, de propriedade da Família Imperial. Infelizmente a construção da casa e as sucessivas obras e modificações não foram notificadas. Consultei então o órgão competente da Prefeitura Municipal – onde deveria haver as plantas originais e toda a documentação sobre qualquer reforma externa e interna do prédio – e nada encontrei senão uma ficha com o nome da proprietária. Tive a esperança de conseguir as informações num outro tipo de documento: os requerimentos que se fazia à […] Read More

PRIMÓRDIOS DA COMPANHIA PETROPOLITANA NO QUARTEIRÃO WESTFÁLIA

  PRIMÓRDIOS DA COMPANHIA PETROPOLITANA NO QUARTEIRÃO WESTFÁLIA Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Os dados históricos que teremos, iniciam-se no ano de 1872, quando das primeiras notícias da presença em Petrópolis do empresário cubano BERNARDO CAYMARI, pois nesta época ele efetuava a compra de um terreno no Quarteirão Westfália e em seguida, e por autorização do Governo Imperial, deu início à construção de uma fábrica, denominada Companhia Petropolitana de Fiação e Tecidos. O motivo principal deste estudo ou ensaio é justamente dirimir inúmeras dúvidas e controvérsias, apresentadas em trabalhos publicados em várias épocas e por diversos autores, pois estes pouco ou quase nada informaram sobre a localização, o princípio e o desenvolvimento do primeiro espaço fabril da Companhia Petropolitana. Este estudo que ora apresento, é o resultado de muitas horas de pesquisas realizadas em vários documentos de diversos arquivos, sendo o primeiro e principal o da Cia. Petropolitana, instalado nas dependências desta empresa, na localidade de Cascatinha – 2º Distrito de Petrópolis. Os demais arquivos e pesquisas feitas em outras fontes, quando não forem indicadas no decorrer dos assuntos, serão apresentados em dados bibliográficos no final deste trabalho. A princípio comentarei sobre a localização do empreendimento, ou seja, o terreno e suas origens, o primeiro foreiro com breves dados históricos, os primeiros estudos do projeto de construção da fábrica e a compra das terras, os primitivos acessos aos terrenos, a transcrição da primeira Ata da Assembléia Geral da Companhia e as demais atas com os seus principais assuntos, e nos quais apresentarei algumas considerações, os primeiros operários da fábrica com os seus dados pessoais e profissionais, um histórico sobre Bernardo Caymari (1º presidente e principal fundador da Companhia Petropolitana), algumas considerações finais e, por fim, teremos os dados bibliográficos. Os primeiros dados relativos às terras onde foi edificado o prédio principal e os demais anexos da fábrica, relacionam-se com duas subdivisões do prazo de terras n.º 4043 do Quarteirão Westfália. Em 1869, este prazo foi outorgado ao primeiro foreiro, o Sr. José Vieira de Christo. Quanto ao Quarteirão Westfália, este é um dos quarteirões da Imperial Fazenda de Petrópolis que consta da 1ª planta urbanística geral, projetada e elaborada em 1846 pelo Major Engenheiro Júlio Frederico Koeler. Pela planta de Koeler, foram, no Quarteirão Westfália, demarcados e aforados quarenta prazos de terras – do 4001 ao 4040, sendo 20 […] Read More

ORIGEM DA GÍRIA BASTÃO DE PETRÓPOLIS (A)

  A ORIGEM DA GÍRIA BASTÃO DE PETRÓPOLIS Dora Maria Pereira Rego Correia, ex-Associada Emérita, ex-Titular da Cadeira n.° 17 – Patrono Francisco Marques dos Santos Na publicação Bastão Petrópolis, do ultimo domingo, acrescentaria mais dados no nome Petrópolis, (a titulo de colaboração) e conotação histórica à gíria citada nos referidos dicionários, de como surgiu este nome para identificar bengalas feitas em Petrópolis e não propriamente bastão grosso usado pela policia. Refiro-me às bengalas feitas por Carlos Spangenberg, que eram muitas personalizadas e assinadas pelo artista. A seguir cito artigos de Alcindo de Azevedo Sodré e Francisco Marques dos Santos, ex-diretores do Museu Imperial. “O teuto Carlos Spangenberg, nascido em 1821, em Hildesheim, especializou-se em escultura de objetos de adorno de madeira, bengalas, caixinhas, molduras, figuras, broches, pulseiras e outras peças. Veio Spangenberg para o Brasil em 1844, com a profissão de oficial de torneiro, segundo seu passaporte, arquivado no Museu Imperial, para trabalhar na mercenária de Pedro Júlio Leger, no Rio de Janeiro, e destinado a realizar trabalhos de escultura em madeira. Era sobretudo, entalhador. Pouco tempo permaneceu na Corte, atraído pelo clima de Petrópolis, onde trabalhou com Júlio Frederico Koeler, nas obras do Palácio imperial. Deverão ser de sua autoria as rosáceas e os leques em canelura que ornamentam as portas da ala antiga do Museu. Possui o Museu Imperial, rica coleção dos mais variados objetos de Spangenberg. Suas bengalas, porém, tiveram grande apreço, até Dom Pedro II as adquiria. Na viagem de 1887, o soberano encomendou 8 de pau cruz, palmito amargoso, muirapinima e airi. Uma destinou-se a Alphonse Karr, conforme se lêem em carta à princesa Dona Isabel. Também Camilo Castelo Branco refere-se às bengalas de Petrópolis, no Cancioneiro Alegre, respondendo a um crítico brasileiro: ” Este sujeito escreve-me que tem uma excelente bengala de Petrópolis, com a qual me baterá, se eu for ao Brasil”, etc. Essa bengala de Petrópolis, cuja fama atravessou o oceano, esteve em voga, de 1850 a 1890. Na Corte, constituiu moda, a “bengala de Petrópolis” ou simplesmente “uma Petrópolis”, mencionada nos folhetins dos cronistas e nas peças de teatro de Joaquim José França Junior. Quando o príncipe Henrique da Prússia, neto do imperador da Alemanha, visitou Petrópolis a 19 de agosto de 1883, Spangenberg ofereceu-lhe uma linda bengala de maçaranduba. A oferta realizou-se por ocasião da homenagem prestada a Sua Alteza, no Teatro da Floresta, do velho Dr. I. A. […] Read More

ONDE ESTAVA O POVO QUANDO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA?

  ONDE ESTAVA O POVO QUANDO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA ? Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Pelo menos desde a antiguidade clássica, o povo tem sido examinado e definido das maneiras mais variadas possíveis. Imagens originalíssimas foram construídas por espíritos superiores, na tentativa de desvendar os mistérios que animam, o que os gregos chamavam de demos e os latinos de vulgus. Platão comparava o povo a um grande animal, do qual é preciso conhecer as manhas, para que se saiba como há de ser ele tratado. Se o animal não tiver quem o amanse, tornar-se-á furioso; se não encontrar quem o guie, não saberá por onde caminhar. Torna-se terrível se não tiver medo e, começando a temer, se perturba e foge. Não é capaz de separar as aparências das verdades. Quando se mete a falar em príncipes, confunde coroas e desfigura majestades. De poderoso freio necessita esse grande animal, porque cegamente corre atrás das novidades. Será uma sorte que ele tenha pouco juízo. Afinal, que seria do mundo se ele se governasse a si próprio? Disse Scipião que o povo é como o mar imóvel por sua natureza, mas conforme os ventos, pode ficar quieto ou proceloso. Catão afirmava que o povo é como a carneirada e que assim como nenhum carneiro obedece a pessoa alguma, se estão todos juntos, seguem o pastor. Do mesmo modo age o povo. E houve quem tivesse alvitrado que a multidão das cabeças que compõe o povo é como canas ou espigas de trigo, que não têm outra inclinação que aquela que lhes dão os ventos, ora para um lado, ora para outro. Há dois séculos e meio, tinha-se o povo de Portugal como insolente; o de Castela, como temerário; o da França, como furioso; o da Alemanha, como precipitado; o da Inglaterra, como atrevido. E o brasileiro? Bem, este, em meados do século XVIII não passava de mera ficção, de uma nebulosa ignota, de contornos indefinidos e vazia de conteúdo. Falava-se do pernambucano, tido como orgulhoso; do paulista, cantado em prosa e verso como devassador de sertões; do mineiro, cuja identidade estava no próprio nome. Mas mesmo assim, esses povos, tomados de per si, não cultivavam uma unidade de pensamento, não tinham objetivos comuns, não pensavam cívica e comunitariamente. Não viam mais que os seus próprios interesses pessoais. Moviam-se […] Read More

SESQUICENTENÁRIO DO TELÉGRAFO BRASILEIRO (O)

  O SESQUICENTENÁRIO DO TELÉGRAFO BRASILEIRO Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Que o Império tinha um projeto para o Brasil, isto é incontestável. O lema era avançar, progredir bem estruturado, refletida e paulatinamente. Pisar em chão firme, condição essencial, para que se evitassem os retrocessos de conseqüências às vezes catastróficas. O povo, na sua sabedoria adaptada ao trópico, sabe de longa data, que devagar também é pressa, que ninguém faz nada certo em hora errada e que a pressa é inimiga da perfeição. A história da implantação do telégrafo elétrico no Brasil é uma prova desse comportamento do regime monárquico, haurido na própria experiência brasileira. No mesmo ano em que, no Rio de Janeiro, nascia o segundo Imperador do Brasil, na freguesia de Antonio Pereira, município de Mariana, então província de Minas Gerais, vinha ao mundo, aos 17 de janeiro de 1825, Guilherme Schuch, futuro Barão de Capanema. O menino era filho dos austríacos, Roque Schuch, professor do Museu Nacional de Viena e integrante da comitiva da Princesa Leopoldina, e, de Josephina Roth. Roque havia sido nomeado em 1839, professor de italiano e alemão do futuro Imperador e das princesas. Um ano antes, o jovem Guilherme partira para a Europa, aos cuidados do Visconde de Barbacena, para estudar engenharia. Em Munich, teve intenso contato com Spix e Martius, naturalistas empenhados naquela célebre peregrinação científica pelo Brasil, nos anos dez dos oitocentos. Guilherme concluiu o curso de engenharia na Escola Politécnica de Viena. De volta ao Brasil, com todas as credenciais que a moderna formação científica lhe permitia, não teve dificuldade em se realizar profissionalmente. E é assim que, auspiciado pelo Imperador, de quem fora sempre devotado amigo, funda na Côrte, aos 11 de maio de 1852, o Telégrafo Nacional, do qual foi o primeiro e eterno diretor. A repartição funcionou, no Campo de Santana, atual praça da República, no local que abriga hoje o quartel do Corpo de Bombeiros. A escalada da implantação dos fios telegráficos no Brasil deu-se, conforme a índole monárquica, de maneira lenta, gradual, e segura. Em 1855 teve início a construção de uma linha do Rio para Petrópolis, a qual começou a ser operada, sem alardes e estrépitos palanqueiros, em agosto de 1858. O jornal “O Parahyba” que então se editava nestas serras, na seção de anúncios, localizada na 3ª página da […] Read More

PRODIGALIDADE DO PRIMEIRO IMPERADOR

  PRODIGALIDADE DO PRIMEIRO IMPERADOR Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Muito mais largo e dadivoso que o segundo, foi o nosso primeiro Imperador, na distribuição de títulos, honrarias, benesses, laúreas. Pelo menos três fatores podem ter colaborado nessa explosão de prodigalidade: Em primeiro lugar, o temperamento arrebatado, irrequieto e transbordante de D. Pedro I, sempre com o coração na boca, com alma em festa, para quem a vida era um espetáculo permanente. Por certo a pujança do ambiente tropical calava fundo naquele temperamento muito especial. Em segundo lugar, o fato de tudo estar ainda por fazer no nascente Império, depois de três séculos de modorra colonial, com a vida se passando em câmara lenta, sob o tacão implacável da Metrópole. Para argumentar, ao ser proclamada a independência, poucas cidades possuía o país e as comarcas, compreendendo territórios incomensuráveis, mesmo com a multiplicidade de termos, não eram capazes de satisfazer convenientemente e em tempo hábil, os reclamos da Justiça. Aliás dessa praga nunca conseguimos nos libertar totalmente, mesmo apesar de todos os avanços nesses quase cento e oitenta anos de vida independente. Salvo uma que outra exceção, as capitais das províncias, em 1822, eram vilas; Salvador era a única cidade da Bahia, Rio de Janeiro e Cabo Frio, as únicas da província fluminense. Povoações por vezes pujantes e prósperas gramavam anos, até século, para passarem de freguesia a vila. A bem da verdade, só começou mesmo a haver uma aceleração nesse processo, depois da chegada da Família Real ao Brasil. O terceiro fator seria o clima de festa e de regozijo do pós-independência, momento propício para que o Imperador distribuísse honrarias e entidades, corporações e lugares que se haviam destacado na pugna pela libertação do Brasil do jugo português. Onze dias depois do 7 de setembro, de 1822, D. Pedro, ainda não aclamado Imperador, baixou dois decretos, com data de 18 de setembro, um, dando ao Brasil escudo de armas, e outro, determinando o topo nacional brasiliense e a legenda dos patriotas nacionais. No primeiro decreto, D. Pedro, mencionando a emancipação política do Brasil, que então passava a “ocupar na grande família das nações, o lugar que justamente lhe compete como Nação Grande, Livre e Independente”, entendeu que o país não podia prescindir de um escudo real de armas, que se distinguisse daquele de Portugal e Algarves, […] Read More

JUBILEU SACERDOTAL DO PADRE PAULO F. MACHADO

  JUBILEU SACERDOTAL DO PADRE PAULO F. MACHADO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette No dia 11 de dezembro, comemorou-se o Jubileu de Prata Sacerdotal do Pe. Paulo Francisco Machado, sem dúvida, uma das mais expressivas figuras do clero petropolitano. Na oportunidade, foi celebrada Missa em Ação de Graças na quadra do Colégio Padre Correia, em Correias, com a presença do Bispo Diocesano, Dom José Carlos de Lima Vaz. Nasceu na Paróquia de Santo Aleixo, Magé, Estado do Rio de Janeiro, em 13 de outubro de 1952, sendo seus pais Antônio Machado e Judith Bastos Machado. Com apenas dez anos de idade, ingressou no Seminário Nossa Senhora do Amor Divino, em Correias, em 23 de fevereiro de 1963, sendo recebido pelo então reitor padre José Fernandes Veloso e pelo então diretor espiritual padre Paulo Daher. No seminário concluiu todo o curso eclesiástico, ordenando-se sacerdote em 11 de dezembro de 1977, na Catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis, por celebração de sua Excelência Reverendíssima Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra, bispo diocesano. Dedicando-se aos estudos com devotamento e eficiência, cursou Teologia no Mosteiro de São Bento e bacharelou-se em Filosofia pela Universidade Católica de Petrópolis, revelando uma inteligência abrangente, sedimentada e ampliada por rigorosa disciplina intelectual. Dando continuidade à sua formação acadêmica, em l984 matriculou-se no Mestrado em Teologia Dogmática, na Universidade Santo Tomás de Aquino, em Roma, concluindo-o em 1986. Possuindo forte inclinação para o magistério, quando ainda aluno do Seminário, monitorava os renomados mestres do mesmo, lecionando Geografia, História e Religião. Já ordenado foi convidado a lecionar Filosofia e Teologia no Seminário a partir de 1978 e 1988, respectivamente, fazendo-o com emoção e conhecimento, até os dias de hoje. Em 1998, em razão de suas qualidades pessoais e da confiança que sempre mereceu como pessoa, foi feito Reitor do Seminário. Convidado a integrar o corpo docente do Instituto de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Católica de Petrópolis, vem lecionando com conhecimento e notável capacidade didática, a disciplina Ciências Morais e Religiosas, desde 1982. Em nossa Universidade, desempenhou ainda a função de Vice-Diretor do Instituto mencionado, por três mandatos consecutivos, de 1990 a 1999. Não menos importante tem sido suas atividades pastorais. Foi Administrador da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e Santo Aleixo por seis meses; Administrador da Paróquia de Nossa Senhora das Dores (Areal) e São […] Read More

BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS – O VISCONDE DE TAUNAY

  BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette O VISCONDE DE TAUNAY Alfredo Maria Adriano D’Escragnole Taunay, militar, político, literato e musicista, nasceu no Rio de Janeiro, a 22 de fevereiro de 1843, sendo filho do Barão Felix Emílio Taunay e de D. Gabriela Hermínia de Robert d’Escragnole. Felix Emílio Taunay, um dos preceptores do Imperador D. Pedro II, humanista de elevada cultura, renomado pintor, proporcionou ao filho esmerada educação, ele próprio supervisionando a educação do filho. Aos doze anos matriculou-se Alfredo d’Escragnole Taunay no Imperial Colégio Pedro II, onde concluiu o bacharelado em ciências e letras, em 24 de dezembro de 1858, em cerimônia que contou com a presença do Imperador e da Imperatriz, que ele recorda com emoção em suas Memórias ao dizer: “Ao chegar defronte do Imperador e da Imperatriz deles recebi olhar tão bom, tão suave, tão enternecedor, tão de família a partilhar a alegria de um filho, que nesse dia medi a verdadeira afeição que ambos dedicavam ao bom, leal e discreto amigo Felix Emílio Taunay” (1). (1) TAUNAY, Visconde de. Memórias do Visconde de Taunay. Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército – Editora, 1946, p. 60. Em 1859, ingressou na Escola Militar que, na reforma havida anteriormente passou a chamar-se Escola Central, no curso de Ciências Físicas e Matemáticas. Estava concluindo o penúltimo ano do curso quando irrompeu a Guerra do Paraguai, sendo então incorporado ao Corpo do Exército, que se formara para expulsar os paraguaios do sul de Mato Grosso, servindo na Artilharia e no Estado Maior, onde alcançou o posto de major. Durante a guerra desempenhou as funções de ajudante da Comissão de Engenheiros, secretário do Comando, sendo ainda responsável pela redação do Diário do Exército. Pelos relevantes serviços prestados ao Exército durante a guerra, foi condecorado com as medalhas das Forças Expedicionárias em Mato Grosso, Constância e Valor e da Campanha do Paraguai. Foi ainda agraciado com a Ordem da Rosa, a Ordem de São Bento, a Ordem de Aviz e a Ordem de Cristo. Retornando ao Brasil, após o término da Guerra do Paraguai, pôde concluir seu curso, sendo em seguida nomeado professor interino da Escola Militar, onde lecionou por vários anos, as cadeiras de mineralogia e geologia. Em 1872, a Retirada da Laguna, sem dúvida, sua maior obra histórica, escrita segundo seu próprio depoimento em “vinte e poucos […] Read More