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ERA UMA VEZ UMA INDÚSTRIA DE PAPEL . . .

ERA UMA VEZ UMA INDÚSTRIA DE PAPEL . . . Raul Ferreira da Silva Lopes, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 32, Patrono – Oscar Weinschenck Era uma vez . . . Petrópolis já teve um período de prosperidade industrial com seu parque têxtil, cervejaria, fábrica de papel e outras mais, gerando milhares de empregos, mas isto tudo , “Era uma vez . . .” Na Feira Internacional de Amostras do Rio de Janeiro, realizada em 1933, a Companhia Fábrica de Papel de Petrópolis marcou presença, publicando, também, um álbum com homenagens a autoridades nacionais e ilustrado com fotos da época, da indústria de Papel e aspectos da cidade. Era Prefeito de Petrópolis, Yeddo Fiuza. Para que os leitores possam avaliar a grandeza dessa indústria para Petrópolis e para o Brasil, tomo a liberdade de transcrever fielmente a apresentação do álbum: A INDÚSTRIA DE PAPEL NO BRASIL “Uma das indústrias mais florescentes, hoje em dia no Brasil, é, sem dúvida, a da fabricação de papel. Não obstante o considerável aumento do consumo, determinado pelo desenvolvimento natural de todas as atividades comerciais, a importação de papel estrangeiro descreve uma acentuada curva de diminuição no quadro das nossas estatísticas. Nenhum núcleo industrial de importância em nosso país se recente da produção de papel, necessário não somente às suas atividades locais, como também ao suprimento de mercados das diferentes unidades da Federação. O papel nacional emula admiravelmente como artigo da mais fina qualidade alienígena e a sua preferência vai ganhando terreno no consenso dos consumidores. Petrópolis é a cidade pioneira e o berço da indústria do papel no Brasil. Data de mais de 70 anos a instalação do primeiro estabelecimento fabril, na cidade serrana. De recursos técnicos e mecânicos incipientes, empregando um processo rudimentar e oneroso, essa notável iniciativa, que já se reveste da significação de acontecimento histórico, foi devida ao eminente brasileiro Dr. Guilherme Capanema (Barão de Capanema) o qual tão úteis e relevantes serviços prestou ao país, como uma dos mais tenazes propugnadores da expansão das nossas linhas telegráficas. Contando hoje como um dos estabelecimentos fabris para a produção de papéis finos, tal a Fábrica de Papel de Petrópolis, a Cidade do Imperador pode, muito justamente, orgulhar-se do seu papel de pioneira industrial nesse futuroso setor da produção brasileira. Vale assinalar aqui algumas das etapas mais marcantes do progresso e do desenvolvimento da indústria do papel no Brasil. Iniciada com êxito em Petrópolis, […] Read More

REMINISCÊNCIAS DE ALGUMAS FESTAS BENEFICENTES EM FAVOR DAS OBRAS DA CATEDRAL

REMINISCÊNCIAS DE ALGUMAS FESTAS BENEFICENTES EM FAVOR DAS OBRAS DA CATEDRAL Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Em 29 de novembro de l925, com imponente cerimônia religiosa, foi inaugurada a nova Matriz, posteriormente Catedral de Petrópolis, após quase cinqüenta anos de esforços. A grande inspiradora e principal benfeitora da construção da Catedral foi, sem dúvida, a Princesa Isabel. Foi ela quem insistiu junto ao Imperador, seu pai, na construção do novo templo, no morro do Belvedere, em razão das condições modestas da primeira Matriz, construída em l848, em frente ao Palácio Imperial. Em l2 de março de l876, foi lançada a pedra fundamental da nova Matriz, com a presença do Imperador Dom Pedro II, da Princesa Isabel e seu esposo o Conde D’Eu e das seguintes autoridades: Barão de Cotegipe, Ministro da Fazenda; José Bento da Cunha Figueiredo, Ministro da Justiça; Diogo Velho Cavalcante de Albuquerque, Ministro do Império; Conselheiro Pinto Lima, Presidente da Província; Paulino Afonso Pereira Nunes, Presidente da Câmara Municipal; todos os vereadores petropolitanos e a Irmandade do Santíssimo Sacramento de São Pedro de Alcântara. Na ocasião, num pavilhão erguido anteriormente, o internúncio apostólico, Monsenhor Luiz Bruschetti, celebrou uma missa, coadjuvado pelo padre Theodoro Esch. Segundo nos informa Fróes “esta solenidade do lançamento da pedra fundamental foi prematura, pois, o edifício ainda não tinha projeto, nem mesmo fundos para custeio…” (1). (1) FRÓES, José Kopke. A Catedral de Petrópolis e seu Jubileu de Ouro em 29 de novembro de l975. Tribuna de Petrópolis, lº de janeiro de l975. Segundo Caderno. Realmente, até l88l, nenhuma providência efetiva foi tomada em favor do início das obras. Neste ano, regressando a Princesa Isabel de uma viagem à Europa, insistiu junto ao Presidente da Província, Bernardo Avelino Gavião Peixoto, na retomada do projeto. Este encarregou o engenheiro Francisco Caminhoá de elaborar um projeto para a construção do novo templo, projeto este que foi orçado em aproximadamente mil contos de réis. O Presidente da Província solicitou à Assembléia a aprovação da abertura de um crédito de l00 contos de réis, e nomeou uma comissão para se encarregar das obras e angariar inclusive donativos para as mesmas. Foi então lançada a segunda pedra fundamental, em l8 de maio de l884, no lugar onde hoje fica o altar-mór e comprado o terreno e a casa pertencentes ao Barão do Flamengo, conforme noticiou o Mercantil, em 7 […] Read More

IDADE MÉDIA, ÉPOCA DE TREVAS? A FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA E SUA SAGRADA ESTIRPE MEDIEVAL.

IDADE MÉDIA, ÉPOCA DE TREVAS? A FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA E SUA SAGRADA ESTIRPE MEDIEVAL. Otto de Alencar Sá Pereira É impressionante a estirpe sagrada de antepassados dos nossos Príncipes. Se não, vejamos: A tão conhecida e venerada Sta. Edwiges (+ 1243), nascida Princesa da Merânia, por casamento tornou-se Princesa da Polônia. Uma de suas irmãs foi Rainha da Hungria (1197-1231) também por matrimônio e, mãe de Sta. Isabel da Hungria a qual, por casamento tornou-se Duquesa da Turíngia. Uma irmã desta, Sta. Isabel, foi Rainha de Aragão por matrimônio e mãe de Sta. Isabel de Aragão, Rainha de Portugal (1271-1336), por se ter casado com D. Diniz I, Rei de Portugal, antepassado dos Reis deste Reino e dos Imperadores do Brasil. O presente artigo, ao tratar da Idade Média, conta um episódio como exemplo, justamente, da tia da Rainha Santa Isabel de Portugal, a Sta. Isabel da Turíngia. Vemos, por aí, uma estirpe de Rainhas Santas canonizadas pela Igreja, antepassadas diretas de nossos Príncipes, como Sta. Isabel, esposa de D. Diniz; ou colaterais como Sta. Isabel da Hungria e da Turíngia, tia materna da anterior da qual falaremos, ou a nossa tão popular, no Brasil, Sta. Edwiges, Princesa da Merânia e da Polônia, tia-avó da Rainha Santa, esposa de D. Diniz. Além destas Santas tão conhecidas, a Família Real Portuguesa e especialmente a Família Imperial Brasileira (que possui a varonia dos Orleans de França pelo Príncipe Gastão de Orleans, o Conde d’Eu) descendem do Rei S. Luiz IX, (1214-1270), e do Beato Condestável D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431). Descendem também de S. Vladimir (+ 1015), Príncipe de Novgorad e Grão-Duque de Kiev (uma neta dele casou-se com Henrique I de França, antepassado dos Bourbon-Orleans). Entretanto colateralmente pelos Reis de Portugal, pelos Reis de França, pelos Imperadores do Sacro-Império (estirpe de D. Leopoldina, nossa 1ª Imperatriz), as famílias Real Portuguesa e Imperial Brasileira, ainda têm como antepassados os Reis Santo Estevão da Hungria, S. Fernando de Castella, Santo Henrique da Alemanha, etc., etc… Todos, como se pode observar, Reis Santos que viveram na Idade Média, na “Doce Primavera da Fé” (Leão XIII). E a baixa, que se estrutura à partir da Segunda orda de invasões bárbaras do século X, quando então se forma, aos poucos, a organização feudal. O fim da Baixa Idade Média dá-se, oficialmente, no século XV com a queda do Império Romano do Oriente, derrubado pelos Turcos, conhecida […] Read More

MITO DOS COROADOS (O)

O MITO DOS COROADOS Sylvio Adalberto, a convite Em 1500, à época do descobrimento, calcula-se que havia, espalhados por todo o litoral, cinco milhões de índios. Cem anos depois, por volta de 1600, os maiores grupos do litoral, de predominância Tupi, já haviam sido exterminados. No final do século XVI o número de colonos portugueses, ainda não ultrapassava a casa de poucas dezenas de milhares, a que se somava um número crescente de escravos negros e um número indefinido, com enorme capacidade de multiplicação, representado pelos mestiços mamelucos, filhos de portugueses e outros europeus, com mulheres índias, que dentro em pouco seria a maioria da população. A partir dos cruzamentos, os filhos de europeus com índias, identificavam-se geneticamente com os pais e para todos os efeitos, sociais e culturais, não eram índios. Assim os índios brasileiros de tradição Tupi, começaram a desaparecer como povos, na primeira geração de mamelucos, que eram índios, em tudo, na fenotipia, nos hábitos e na língua, transformaram-se, historicamente, nos mais eficazes e irreconciliáveis perseguidores das populações indígenas. Três pestes contribuíram para acelerar o processo de extermínio: as guerras, entre eles e contra o colonizador, a miscigenação e a catequese. A essência da raça brasileira é tipicamente Tupi, a raça predominante. Tudo o que herdamos dos índios é proveniente dos tupis. Somos etnicamente uma raça tupinizada. Até 1725 a língua principal do Brasil era o Tupi, a lusitanização do país, a lingüística, só tem inicio com a chegada dos primeiros escravos. Acredita-se que os euscaras, ou bascos da Europa, provavelmente serviram de massa ancestral aos povos que dominaram esse território. A língua que falavam, o typi, cabeça de geração, é surpreendente. Chamam-se também tapuias, que quer dizer avós. A guerra entre tribos, sua principal ocupação e encarada com tal naturalidade, que fazia parte dos ritos e das celebrações religiosas, era a causa principal da subdivisão das tribos. Invadindo e conquistando, a lei era exterminar os varões e conservar as mulheres e crianças, que representavam a futura força militar e o poder econômico ativo da tribo. A escravidão da mulher já era anterior a todos os costumes e condição inseparável da vida, que a própria natureza, imoral por índole, justificava no panteísmo cruel que alicerça as religiões primitivas, inspiradas na força bruta e na guerra. As mulheres encontravam na tribo outras mulheres na mesma condição de escravas e faziam o serviço pesado, a que eram obrigadas, incompatível […] Read More

PRIMEIRAS BATALHAS ELEITORAIS EM PETRÓPOLIS (AS)

AS PRIMEIRAS BATALHAS ELEITORAIS EM PETRÓPOLIS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Quando Petrópolis se preparava para enfrentar suas primeiras eleições municipais, de modo a ingressar na vala comum das comunas fluminenses em pleno século XIX, a Câmara Municipal de Vassouras levantava a bandeira em busca de um pouco de arejamento na administração dos municípios da Província. Era uma tentativa que, no entanto, não encontrou receptividade nos meios políticos da época e que só lograria êxito depois de consolidada a República. Augusto Emílio Zaluar, sob o título “O Elemento Municipal”, deu conta do arroubo vassourense, na edição de 10 de janeiro de 1858 de “O Parahyba”. Vejamos os lances mais significativos dessa matéria: Tratava-se de um ofício dirigido pela Câmara de Vassouras a todas as demais câmaras fluminenses, solicitando o empenho de cada uma no sentido de obter-se dos poderes provinciais e centrais a municipalização dos impostos da décima urbana, patentes de aguardente, contribuição de polícia e consumo de gado. Cada um desses impostos, dizia Zaluar, “merece uma discussão séria, para provar-se a necessidade e conveniência de sua municipalização e essa discussão terá sem dúvida lugar mais tarde em nossas colunas”. O articulista, de certa forma, agitava a questão da autonomia municipal, que uma década mais tarde seria um dos postulados fundamentais da propaganda republicana. E cobrava o afastamento da política, ou melhor, dos interesses e das manipulações dos políticos, da administração dos municípios. A vida municipal não deveria estar ao alcance das barganhas dos grupos em disputa do poder nas esferas provinciais e nacionais. “Os interesses que as Câmaras Municipais são chamadas a promover, são de natureza a repelirem qualquer ingerência do político na sua direção e, tanto embaraço tem este achado em tomar assento nas cadeiras dos vereadores, que ciosa de tudo quanto possa ser utilizado em favor de seus manejos, lhes tem sorrateiramente cassado todos os mais importantes direitos, deixando-os quase reduzidos a simples administradores de obras, para as quais não há fundos”. E mais adiante: “… o que se quer é que o elemento municipal reganhe a ação que lhe compete”. A primeira Câmara a dar respaldo às postulações da de Vassouras foi a de Paraíba do Sul. Mas, apesar de tanto esforço, fosse na tribuna, fosse na imprensa, fosse nas trincheiras da burocracia, o marasmo e a politicalha impuseram-se cada vez mais […] Read More

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO BISPO DE PALMAS, O PETROPOLITANO D. CARLOS EDUARDO SABÓIA BANDEIRA DE MELO

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO BISPO DE PALMAS, O PETROPOLITANO D. CARLOS EDUARDO SABÓIA BANDEIRA DE MELO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Comemora-se este ano o centenário de nascimento de Dom Carlos Eduardo Sabóia Bandeira de Melo, primeiro bispo da Diocese de Palmas no Paraná. Dom Carlos Eduardo nasceu em Petrópolis, à Rua Paulino Afonso, em l º de julho de 1902, sendo seus pais o desembargador João Pedro Sabóia Bandeira de Melo e D. Carolina Pinheiro Bandeira de Mello. Dom Carlos Eduardo foi o último filho da numerosa família Sabóia Bandeira de Melo, estimadíssima nos meios sociais petropolitanos, já que seu pai aqui exerceu durante longos anos as altas funções de Juiz de Direito, “deixando seu nome impresso em milhares de corações pela probidade e nobreza de sentimentos, amplamente patenteadas no longo exercício de suas altas funções” (1). Caráter forte e esclarecido, o Dr. João Pedro Sabóia Bandeira de Melo sempre primou pela mais perfeita probidade e imparcialidade no exercício de sua magistratura. Católico convicto, fez grande amizade com os religiosos franciscanos de nossa cidade, chegando a pertencer à Ordem Terceira de São Francisco. (1) Tribuna de Petrópolis, 09 de março de 1948. Dom Carlos Eduardo perdeu o pai com apenas quatro anos de idade e bem cedo sentiu sua inclinação para a vida religiosa, ingressando na Ordem Seráfica. Assim, em 10 de fevereiro de 1911, ingressou no Seminário Seráfico Santo Antônio, em Blumenau, Santa Catarina, onde em seis anos concluiu o Ginásio, entrando em seguida para o noviciado da Ordem Franciscana em Rodeio, no mesmo Estado. Em seguida cursou Filosofia no Convento Bom Jesus, em Curitiba, e logo após Teologia no Convento dos Franciscanos, em Petrópolis, cidade onde foi ordenado sacerdote, em 4 de janeiro de 1925, por Dom Agostinho Benassi, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Foi professor e prefeito do Seminário Seráfico de Rio Negro no Paraná e coadjutor e pregador nas paróquias de rio Negro e Mafra, em Santa Catarina. Eleito definidor provincial da Província da Imaculada Conceição no Brasil, encontrava-se no exercício destas funções, quando, a 1 º de agosto de 1936, foi nomeado administrador apostólico da Prelazia do Senhor Bom Jesus da Coluna dos Campos de Palmas, pelo Papa Pio XI. Foi o segundo prelado de Palmas que abrangia uma área de aproximadamente trinta mil quilômetros, onde habitavam cerca de cem mil almas, entre […] Read More

HOMENAGEM A PEDRO RUBENS

HOMENAGEM A PEDRO RUBENS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Repentinamente a palavra da comunicação coloquial e escrita falha inexoravelmente. Por vezes nem o balbucio imperceptível ao ouvido humano sai do imponderável silêncio gelado, o mesmo das alturas do espaço infinito sem atmosfera. Os dedos febris que a mocidade exercitava em rabiscos de caligrafia, que em seguida tomaram de assalto as engenhocas de escrever, e que hoje dedilham os teclados do equipamento informático, não conseguem dobrar as falanges, coitadas, enrijecidas pelo sentimento profundo de espanto e perda total. O vasto dicionário da língua torna-se impotente na busca da terminologia adequada à transmissão de um sentimento pungente que vem lá da recordação de dias de vida e de felicidade, de amor e companheirismo, de dignidade, firmeza e elevado sentimento de fraterna amizade. Quisera encontrar as palavras mais ternas, mais lindas, para falar de você, meu leal amigo, meu sensato companheiro de jornadas profissionais, meu exemplo de coragem e de vida deitada ao próximo sem vacilações ou pensamentos negativos. Se as tivesse agora tentaria dizer que Pedro Rubens Pantolla de Carvalho, que nos deixou na noite de 19 de abril, traduzia o cidadão perfeito, de maravilhosa alma cristã, de sentimentos nobres, de criatura humana acima do trivial limite definidor da bondade magnânima de um coração pronto para servir… Ele excedia qualquer conceituação de lealdade e de amor ao próximo. Pedro Rubens entrou em minha vida no primeiro dia de julho do ano de 1960. É ele, amigo querido, que narra esse encontro em um carta recente que trocamos pela Internet: “Foi assim e é assim desde os meus primeiros momento de trabalho no saudoso Berj quando, naquele dia ensolarado, mas bastante frio, iniciei-me na carreira de bancário através de seus ensinamentos. Daí para a frente, a coisa funcionou mais ou menos como a “corda e a caçamba”. E você, meu primeiro amigo da primeira hora, agindo com sua liderança nata, sempre me empurrando para a frente, fosse no Banco ou fora dele. O tempo rolou. Muitos relógios quebraram, mas de nada adiantou: sempre havia um contando as horas. Chegou a hora da família. Construímos as nossas. As responsabilidades aumentaram pois os filhos não ficam eternamente crianças. E, de repente, diante do espelho, damos conta dos cabelos brancos. Fim de linha. Aposentadoria que chega, mas o trabalho não pára. Aqui e ali, sempre […] Read More

AMANHECER DO SISTEMA VIÁRIO FLUMINENSE (O)

O AMANHECER DO SISTEMA VIÁRIO FLUMINENSE Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Uma das primeiras, senão a primeira legislação sobre temas viários no Império do Brasil, foi a lei de 29 de agosto de 1828, votada pela Assembléia Geral e sancionada por D. Pedro I, que estabelecia em síntese o seguinte: 1º – que as obras que tivessem por objeto promover a navegação dos rios, abrir canais, ou construir estradas, pontes calçadas ou aquedutos, poderiam ser feitas por empresários nacionais ou estrangeiros, por si, ou através de companhias; 2º – que as obras a serem executadas na província da capital do Império, ou que interessarem a mais de uma província, estariam a cargo do Ministério do Império; as que fossem privativas de uma só província, caberiam ao seu Presidente em Conselho; as que se dessem no termo de uma cidade ou vila, seriam da alçada da respectiva Câmara Municipal; 3º – que a cada projeto de obra, deveria corresponder uma planta, um plano e o orçamento das despesas, elaborados por engenheiro ou pessoa que entendesse do assunto, na falta daquele; 4º – que a planta e o orçamento seriam afixados nos lugares públicos, de maneira que os interessados pudessem fazer observações e apresentar reclamações pertinentes ao projeto; 5º – que aprovada a planta, imediatamente abrir-se-ia concorrência pública, dando-se preferência a quem maiores vantagens oferecesse; 6º – que escolhido o empresário, lavrar-se-ia o contrato. Esta era por conseguinte uma lei geral, anterior ao surgimento no cenário brasileiro da Província do Rio de Janeiro, já sem o chamado Município Neutro da Corte, o que somente ocorreu em 1834, depois do Ato Adicional. Em 1835, instalava-se com governo próprio a província fluminense, na sua capital, a Vila Real da Praia Grande, depois Imperial Cidade de Niterói. Das primeiras preocupações do Presidente de Itaboraí e de seus sucessores mais imediatos, foi justamente o sistema viário de uma das mais importantes unidades do Império, em plena expansão da cultura cafeeira. A necessidade do escoamento rápido, eficiente, seguro e a baixo custo da exuberante produção agrícola provincial, impunha um sistema viário inteligente, que em alguns casos, haveria de integrar a periferia de Minas e São Paulo ao Rio de Janeiro, pelos mesmos interesses econômicos. A lei nº 35 de 6 de maio de 1836, que tratava do orçamento da Província para o exercício […] Read More

NA CONTRAMÃO DA HISTÓRIA

NA CONTRAMÃO DA HISTÓRIA Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima No momento em que os chamados revisionistas da História pretendem subverter a ordem das coisas e acanalhar personagens consagradas pelo julgamento sereno de muitas gerações privilegiadas pela perspectiva temporal, para ao mesmo tempo exaltar badamecos oriundos de uma estrumeira qualquer, vale uma reflexão sobre o transcurso neste ano de 1998, do bicentenário do nascimento de D. Pedro I. Não importa o que pensem os tais revisionistas, quase sempre motivados por ideologias pífias e superadas, de que se valem para a satisfação de seus próprios complexos e frustrações. Petrópolis, mais do que qualquer outra cidade brasileira, tem todas as razões para não deixar passar em branco a efeméride, que infelizmente não empolga os portugueses e, ao que tudo indica, também não tem chamado a atenção, no grau em que se esperava, da nossa gente. D. Pedro, quando ainda Príncipe Regente, encantou-se com estas terras, desde que cruzou em março de 1822, na memorável excursão que empreendeu à Vila Rica, para ali fazer serenar os ânimos, exaltados pela efervescência política daquele delicado momento. Temperamental, desabrido, brusco, incoerente, como todo epiléptico, D. Pedro decidiu a viagem de uma hora para outra. Saiu de S. Cristóvão com um mínimo necessário de serviçais e assessores. Simples, sem se preocupar com as agruras do percurso de cerca de 90 léguas, sem cogitar de conforto nos pousos e de recepções pomposas, partiu o futuro Imperador de um golpe e, no mesmo dia em que deixara o Rio de Janeiro, chegou à Fazenda do Padre Corrêa, onde pernoitou. Era a fazenda do Padre Antonio Tomaz de Aquino Corrêa o grande chamariz da chamada Serra Acima, na época em que se deram tais sucessos. Louvada por todos os viajores estrangeiros que por ali passaram no início do século passado, apresentava boas condições de conforto, na simplicidade da casa rural brasileira, ostentando bela produção de frutas e de mantimentos, que faziam o regalo de viajores e tropeiros. D. Pedro não poderia ter escolhido melhor sítio para a sua primeira noite nessa significativa jornada pela Estrada Real de Minas em demanda da Vila Rica do Ouro Preto, com digressão por São João e São José del Rei. E, talvez, naquele primeiro encontro com as terras banhadas pelo Piabanha, na fruição da amenidade do clima e da salubridade reinante […] Read More

RIO BRANCO E A EPOPÉIA DO ACRE

RIO BRANCO E A EPOPÉIA DO ACRE Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette José Maria da Silva Paranhos Júnior, nasceu no Rio de Janeiro, na manhã do dia 20 de abril de 1845, sendo seus pais José Maria da Silva Paranhos, engenheiro militar, jornalista e destacado político do 2 º Reinado e D. Tereza de Figueiredo Rodrigues de Faria Paranhos. Estudou no Imperial Colégio Pedro II, onde, desde cedo, manifestou grande predileção por estudos de geografia, história e desenho, “chegando a compor singelas paisagens, retratos ou caricaturas, a bico de pena, em que chegou a ser bem hábil” (1). (1) BARROS E VASCONCELLOS. Mario de. O Barão do Rio Branco. Rio de Janeiro, Departamento de Imprensa Nacional, 1954, p.11 Concluídos seus estudos preparatórios, matriculou-se, em 1861, na Faculdade de Direito de São Paulo, transferindo-se já no 4 º ano para a Faculdade de Direito do Recife, “porque o pai queria que ele conhecesse também o norte do país” (2), onde bacharelou-se em 1866, aos vinte e um anos de idade. (2) RIO BRANCO, Raul do. Reminiscências do Barão do Rio Branco. Rio, 1948 Ainda estudante de Direito escreveu uma memória histórica, intitulada “Esboço biográfico do General José de Abreu, Barão do Serro Largo”, um dos heróis das lutas no Prata, ensaio que lhe valeu a entrada no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, na qualidade de sócio efetivo. Foi professor interino do Imperial Colégio Pedro II, onde lecionou Geografia e História do Brasil, de 23 de abril a 18 de junho de 1868 e Promotor Público, em Nova Friburgo, de 24 de dezembro de 1868 a 12 de fevereiro de 1869, antes de tornar-se deputado geral pela Província de Mato Grosso. Na Câmara destacou-se nos debates sobre as dificuldades do Brasil no Prata e também nos debates sobre a questão abolicionista. Em 1873, adquiriu, com alguns companheiros, o jornal “A Nação”, no qual escreveu magníficos artigos sobre assuntos diplomáticos, até ser nomeado, a 27 de maio de 1876, pela Princesa Isabel, então exercendo a Regência do Império, Cônsul Geral em Liverpool, tendo publicado na ocasião um “completo relatório sobre a navegação e comércio entre o Brasil e os portos de dependência do Consulado Geral do Império em Liverpool, no período de 1876-1877”. Em seguida foi nomeado Delegado do Governo Brasileiro na Exposição Internacional de São Petersburgo, desincumbindo-se tão bem no desempenho desta missão, […] Read More