AMAZÔNIA E OS SEUS DESAFIOS Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente INTRODUÇÃO Amazônia Brasileira, como se verá, tem sido alvo de ameaças veladas de internacionalização e de ser declarada patrimônio da Humanidade ao arrepio da Soberania brasileira. E tudo em função de uma campanha bem sucedida da Mídia Internacional a serviço do Poder Econômico Mundial, da qual ela seria um subsistema. Campanha de convencimento da Opinião Pública Internacional de que o Brasil está queimando, desmatando e massacrando populações indígenas e de ser incapaz de por fim a esta situação. Argumento que poderia justificar, na Opinião Pública Mundial, uma intervenção na área, caso o Brasil não faça o seu dever de casa. Intervenção com apoio na defesa de interesses coletivos da Humanidade preconizados pela Nova Ordem Mundial, os quais, para ela, possuiriam maior hierarquia que a Soberania e a Autodeterminação dos povos. Na presente conferência , mostraremos o contraste, no caso, entre o ambiente internacional e a realidade brasileira relativamente a Amazônia e de como o Brasil, pelo desenvolvimento auto-sustentável vem desenvolvendo a Amazônia, contrariamente aos interesses econômicos e geopolíticos internacionais, que defendem o congelamento do desenvolvimento da Amazônia, sob as falsas bandeiras de defesa do Meio Ambiente e de Populações Indígenas, mas, em realidade pretendendo transformar a área em reserva futura, por sua imensa riqueza potencial, para explorá-la dentro de seus interesses conforme tentaremos dar uma idéia. Em Mesa Redonda, A Mídia e a Amazônia, do Seminário Amazônia promovido pela Escola Superior de Guerra no BNDES, no Rio, em novembro de 1999 e com o aval do Ministério da Defesa, jornalistas independentes assim classificaram a Mídia. Ela é um subsistema do Poder Econômico Mundial e a serviço de seus interesses, ao qual expressiva parte da Mídia Brasileira se submete. Mídia que não tem compromisso com a Democracia, com a Verdade, com o direito de resposta, pois não é independente. Está a serviço da “Liberdade de Empresa” e não da de Imprensa. Ele conforma ou forma a Opinião Pública, ou melhor a manipula psicologicamente, através das estratégias do Silêncio ou da Deformação, buscando apoio, inclusive, em Lenin que afirmava entre outras coisas: O meio político é complexo e a capacidade política do povo é singela. É fácil fazer uma ponte entre ambos. Ou, por outro lado, é possível provar “ser verdadeira qualquer inverdade.” OS DIVERSOS INTERESSES QUE INCIDEM SOBRE A AMAZÔNIA Segundo o Cel. Hamilton de Oliveira Ramos, em artigo na Revista […] Read More
GENEALOGIA DA FAMÍLIA SIXEL
Em 12 de junho de 1981, com o título “Quem Povoou Petrópolis ?” – o grande mestre genealogista CARLOS GRANDMASSON RHEINGANTZ, iniciou as publicações do magnânimo trabalho de pesquisas genealógicas das famílias dos colonizadores germânicos que chegaram ao Povoado de Petrópolis, entre 29 de junho de 1845 e meados do mês de dezembro do ano de 1846. Foram ao todo 88 das 361 famílias, sendo a maioria publicada na Tribuna de Petrópolis e parte na Revista do Instituto Histórico de Petrópolis. NOTA: Como sócio efetivo do Colégio Brasileiro de Genealogia, do Instituto Histórico de Petrópolis, vice-presidente do Clube 29 de Junho (de tradições alemães), descendente de uma das famílias dos colonos e ex-discípulo de RHEINGANTZ, após o seu falecimento – ocorrido em 16 de agosto de 1988, decidi dar continuidade à sua grandiosa obra, completando a genealogia das famílias que ele deixou por terminar e iniciando as demais. NOTAS HISTÓRICAS E DADOS GENEALÓGICOS DA FAMÍLIA SIXEL No mês de agosto do ano de 1845, chegaram na Imperial Colônia Germânica de Petrópolis dois colonos da família SIXEL. MICHAEL e GEORGE SIXEL – eram irmãos e vieram de onde nasceram – Aldeia de Horn – Prússia – Alemanha. Que com esposas e filhos integraram-se à colonização. Hoje os seus descendentes ocupam a sétima geração e encontram-se em sua maioria radicados nos seguintes bairros de Petrópolis: Darmstadt, Bingen, Duarte da Silveira (antigo Quarteirão Woerstadt), Mosela e centro da cidade. Além de diversas cidades fluminenses e outros estados brasileiros. Têm-se notícias de que alguns SIXEL vivem na Alemanha – terra natal destes colonos pioneiros. Os descendentes de MICHAEL SIXEL dedicaram-se ao ramo de “segearia” (fabricação e reforma de carruagens, carroças e veículos muares em geral) e de hotelaria. Os descendentes de GEORGE SIXEL dedicaram-se ao ramo da construção civil, atendendo a construções de residências, indústrias e outras. Os descendentes destas duas famílias colaboraram e continuam colaborando para o desenvolvimento da nossa cidade. Educaram seus filhos e hoje muitos destacam-se na sociedade petropolitana. Através dos contatos para o desenvolvimento genealógico de ambas as famílias, tive a oportunidade de conhecer pessoas que, além das informações das descendências dos dois colonos, em condições de depoimentos, forneceram-me dados preciosos de reminiscências próprias e de seus antepassados. Para um melhor conhecimento histórico destas duas grandes famílias, sugiro que leiam as Tribunas de Petrópolis de: 27 e 29/11/1994, 13 e 27/12/1994, 03, 10 e 17/01/1995. OBS.: 1- Tudo que […] Read More
CABOCLO VARELA
CABOCLO VARELA Francisco José Ribeiro de Vasconcellos Das entranhas da Serra do Mar, das vertentes dos tributários dextros da ribeira sul paraibana, por entre os cafezais e bananeiras, brotou a energia necessária que faria esturrar, aos 17 de agosto de 1841, o Cabloco Varella, força telúrica e cósmica ainda não captada pelos radares dos radares dos arraiais umbandistas. Sim, porque ninguém foi mais cabloco do que ele, seja por sua índole libertária, seja por seu desapego da matéria, seja por seu devotamento à natureza, seja por seu romantismo tropicalista, seja por sua elaboração poética, que atinge o clímax com o Evangelho nas Selvas. Cabloco total, encantador, meteoro neste planeta de balizamentos inexoráveis, eternidade no panteão do universo sideral. Faltam-lhe as preces, os cantos e os ingredientes propiciatórios, que lhe permitam espargir um pouco mais de luz e de alento neste mundo barbarizado pelo materialismo mais abjeto e pernicioso. Luiz Nicoláo Fagundes Varella, rebento da Fazenda Santa Rita, em Rio Claro, Estado do Rio de Janeiro, é o Cabloco de quem falo, andarilho, física e mentalmente, em correrias pela vastidão brasileira, e pelos espaços cósmicos para onde o levavam o verso e a rima . Teria a genealogia explicação para esse duplo delírio ambulatório? Ou seria o poeta rioclarense, na forma e no conteúdo, sem ascendentes e descendentes, elos dessa mesma cadeia errante? No centro da praça principal da pobre cidade sul fluminense de Rio Claro, há modesto monumento em memória da gigantesca fulguração espiritual. Enorme desproporção entre o continente e o conteúdo. O marco não tem imponência dos que foram erigidos em Salvador, em homenagem a Castro Alves, em São Luiz para comemorar Gonçalves Dias, em Delft, para recordar Hugo Grotius, em Orleans para perpetuar a lembrança de Joana D’Arc . Apenas o busto do poeta/cabloco, sobre discreto pedestal, onde se lê, em uma de suas faces: 1841 – 1875 Embora o sopro ardente da calúnia /Crestasse os sonhos meus, / Nunca descri do bem e da justiça, /Nunca descri de Deus. (L.N. Fagundes Varella) Trinta e quatro anos apenas viveu o poeta; trinta e quatro anos peripatéticos, Aasverus redivivo por Seca e Meca, ora em Rio Claro, ora em Angra dos Reis, ora em Petrópolis, ora em Catalão, ora em São Paulo, ora no Recife, ora sem destino, por léguas e léguas na busca quiçá do fim do mundo. E neste insípido giro,/Neste viver sempre a esmo,/Vale a pena […] Read More
VISITA DO ARQUIDUQUE MAXIMILIANO A PETRÓPOLIS (A)
A VISITA DO ARQUIDUQUE MAXIMILIANO A PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Estanislau Schaette De 1821 a 1867, o México viveu uma das fases mais conturbadas de sua história, marcada por uma grande instabilidade política, econômica e social. Sob o governo do General Antônio Lopes de Santa Anna, que por várias vezes ocupou a presidência, o México assistiu a independência do Texas, em 1835 e, com a admissão do mesmo na União estadunidense, envolveu-se numa guerra com os Estados Unidos, que lhe custou a perda da Califórnia e do Novo México, em virtude do Tratado de Guadalupe Hidalgo, em 1848. Com a queda de Santa Anna, o General Juan Alvarez foi conduzido ao governo, sendo confirmado no cargo pela Assembléia de Cuernavaca, a 4 de outubro de 1855, tendo então início o movimento denominado Reforma, liderado pelos Liberais, elementos da classe média que se tinham levantado contra os privilégios do clero e do exército. Despontaram no novo governo o General Ignácio Comonfort, na pasta da Guerra, e Benito Juarez, na pasta da Justiça e Negócios Eclesiásticos, que logo se tornariam presidente e vice-presidente da República, respectivamente. Comonfort, embora moderado, aprovou as leis do Congresso, “secularizando os bens da Igreja e promovendo a venda destas propriedades, avaliadas em trezentos milhões de pesos e que constituíam cerca de metade das terras mexicanas” (1). 1) TAPAJÓS, Vicente. História da América. Rio de Janeiro, Editora Forense, 1968, p. 253. O descontentamento gerado pela política do governo, levou Comonfort a dar um golpe de Estado, tornando-se ditador, fato que provocou a hostilidade de Benito Juárez, que, intitulando-se guardião da lei, obrigou Comonfort a renunciar. As feições anticlericais que caracterizavam as reformas econômicas provocaram, de 1858 a 1861, uma revolta social, à qual se deu o nome de guerra dos três anos, verdadeira cruzada do clero, elementos católicos e índios, contra Juárez. Apesar dos chefes liberais, espoliadores dos bens do clero, terem se enriquecido, o Estado mexicano encontrava-se em péssima situação financeira, sem condições de enfrentar os juros das dívidas contratadas, fato que levou Juárez a suspender o pagamento das dívidas externas. As nações credoras, Inglaterra, Espanha e França vislumbraram nesta situação um pretexto para intervir no México, assinando em 1861 o “Pacto de Londres”, no qual ficou assentada a ocupação das cidades e fortalezas do litoral mexicano, de modo a pressionar o governo de Juárez. Após a Conferência de […] Read More
AGENDANDO AS CELEBRAÇÕES DE 1997
O ano da graça de 1997 vem com força total no campo das relembranças, das rememórias que levam fatalmente à reflexão e ao exercício saudável de sempre repensar a história ao embalo da efeméride. No plano doméstico, isto é, no que concerne à ribeira do Piabanha, 1997 marca o transcurso do sesquicentenário da morte de Júlio Frederico Koeler, acontecimento que bem merecia um colóquio nos moldes daquele patrocinado pelo I.H.P., em julho de 1995, quando se comemoraram os 150 anos da colonização germânica em Petrópolis. Fica pois a sugestão, com quase um ano de antecedência, já que foi num 21 de novembro que se deu o trágico desaparecimento do responsável pelo plano urbanístico desta povoação, que receberia foros de cidade em 1857 dez anos após a morte de seu benfeitor. Há cem anos, no mês de abril, a Câmara Municipal de Petrópolis entregava ao trânsito público a nova ponte que ela mandara construir sobre o rio Piabanha, deante do Matadouro (o velho) e, a Biblioteca Municipal, já possuidora de alentado acervo, ganhava seu regulamento. Há noventa anos, fundava-se aqui o Tênis Clube, que haveria de ser o point da sociedade carioca em vilegiatura nestas serras, até o fim da segunda guerra mundial. Foi também em 1907 que o Automóvel Clube fez o primeiro ensaio rodoviário no eixo Rio-Petrópolis, ponto de partida do grande cometimento que marcaria o governo de Washington Luiz, duas décadas depois. E naquele já distante 1907, Julio Roca, duas vezes presidente da Argentina, faria sua segunda visita a esta cidade. Há oitenta anos, ativavam-se aqui os movimentos operários, sucedendo-se as greves por melhores salários e conquistas sociais, enquanto morriam Oswaldo Cruz, primeiro Prefeito desta urbe e Alberto de Seixas Martins Torres, que de Petrópolis comandara os destinos fluminenses, entre 1898 e 1900, quando a capital do Estado do Rio de Janeiro esteve plantada neste pedaço de chão serrano. Há setenta anos, o Dr. Paula Buarque chegava à Prefeitura, para fazer uma administração digna de todos os elogios; há sessenta, morriam Frei Luiz Reinke e o poeta Alberto de Oliveira, que viveu longos anos nesta urbe; há cinquenta, Petrópolis sediava monumental conferência que reuniu em Quitandinha a nata do poder nos estados americanos, ao tempo em que levava ao túmulo Arthur Alves Barbosa, jornalista aqui chegado por força da Revolta da Armada de 1893, que aqui fez brilhante carreira, conduzindo os destinos da Tribuna de Petrópolis, por […] Read More
EXÍLIO E A MORTE DE D.PEDRO II (O)
O EXÍLIO E A MORTE DE D.PEDRO II Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Estanislau Schaette Dezembro é o mês da evocação de D.Pedro II. Neste mês veio ao mundo, às 13 horas, no Palácio Boa Vista, em São Cristóvão; neste mês seus olhos cerraram para sempre no Hotel Bedford, em Paris. Atendendo à incumbência que me foi determinada pelo Instituto Histórico de Petrópolis, do qual sou parte mínima, devo discorrer sobre os últimos anos do reinado do Imperador, seu exílio e sua morte. Procurarei pois, desincumbir-me de tão honrosa tarefa, mantendo-me, rigorosamente, dentro dos limites prefixados pelo Instituto. O ideal republicano esteve quase sempre presente nas primeiras manifestações libertárias, do período colonial. Não obstante, a idéia republicana, “como força organizada e não como idéia isolada”, surgiu com a reação liberal, iniciada com a queda do Gabinete chefiado por Zacarias de Góis e Vasconcellos, em 1868. Foi a partir deste fato, segundo nos informa Oliveira Viana, que teve inicio a “descrença progressiva nas virtudes do sistema monárquico parlamentar e uma crescente aspiração para um novo regime, uma nova ordem de coisas” (1). (1) Citado por José Maria Bello, in História da República. São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1959, p.5. A atitude do Imperador, derrubando o citado Gabinete, teve que ser completada pela dissolução da Câmara, liberal em sua maioria, fato que acarretou um profundo descontentamento nos meios liberais brasileiros, provocando exacerbadas críticas pela Imprensa e no Parlamento. Ato contínuo, quase dois anos mais tarde, organizou-se o Partido Republicano, que, a 3 de dezembro de 1870, divulgou seu primeiro manifesto, o qual procurou demonstrar a ação “repressiva e despótica” da instituição monárquica, sem contudo conter qualquer proposta de ruptura brusca com o regime vigente. Seus signatários apresentaram-se como “homens livres e essencialmente subordinados aos interesses da (…) pátria, que não pretendiam convulsionar a sociedade (…) [mas, sim,] esclarecê-la” (2). (2) PESSOA, Reynaldo Carneiro. A idéia republicana no Brasil, através de documentos. São Paulo, ALFA-OMEGA, 1993, p.40. Pode-se portanto perceber que este manifesto foi um documento sem a necessária vibração emocional, que não conseguiu empolgar a opinião pública. Por outro lado, a atuação de D. Pedro II, homem simples, de temperamento pacífico, identificado com as questões nacionais, com grande senso de justiça, liberal por índole, realizando uma grande obra administrativa, bem como as qualidades morais dos homens públicos que com ele trabalharam durante quase 50 anos, “quase […] Read More
INFLUÊNCIA DAS “VOZES” NA CULTURA PETROPOLITANA (A)
A INFLUÊNCIA DAS “VOZES” NA CULTURA PETROPOLITANA Paulo Machado da Costa e Silva, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 2 – Patrono Alcindo de Azevedo Sodré, falecido A EDITORA VOZES LIMITADA, por motivo da celebração de seu primeiro centenário de existência, vem recebendo em vários pontos do País um grande ciclo de homenagens. Por isso, também nós aqui, em Petrópolis, com o apoio do Professor Jeronymo Ferreira Alves Netto, Presidente do Instituto Histórico de Petrópolis, do qual temos a honra de ser Vice-Presidente, queremos nos associar a esse merecido reconhecimento e louvor da EDITORA VOZES. Ela, há mais de cem anos, espalha entre o Povo Brasileiro sementes de instrução, de fé, de ciência, de arte, de história e de civilização com o objetivo de elevar a cultura do Povo como base de um progresso sustentado para toda a Nação. Naquele início do século XX, o grande instrumento dessa renovação cultural escolhido para realizar tão magna tarefa, que para os fundadores tinha o significado e o alcance de uma nova missão, além da publicação de livros escolares e religiosos, foi o lançamento das “VOZES DE PETRÓPOLIS, Revista mensal, religiosa, científica e literária, dirigida pelos Padres Franciscanos.” Era o que se lia na página de rosto do seu primeiro número. Isto ocorreu em julho de 1907. Completavam-se apenas 11 anos que os Franciscanos haviam chegado a Petrópolis, onde se encontravam desde 16 de janeiro de 1896. A modestíssima Tipografia da Escola Gratuita São José, montada pelos Frades, em 1901, nos porões do Convento, estava apenas em seu sexto ano de existência. Cabe aqui, antes de desenvolvermos o tema proposto, mas com ele conexo, prestarmos nossa homenagem à Editora Centenária. Melhor homenagem não poderia tributar do que a que fez Frei Vitório Mazzuco, OFM, seu Diretor Editorial, em o número 2 da revista CULTURA VOZES deste ano. Citaremos alguns trechos desse artigo, em que, rememorando a existência passada da Editora, lança olhares ambiciosos para seu futuro. “Qual o segredo desta obra franciscana que chega ao seu centenário? O segredo é coerência e fidelidade a seus princípios. De Inácio Hinte, seu primeiro Diretor, até os dias de hoje, VOZES tem claro sua missão, visão e valores.” …”A missão tem seus componentes que são a sua razão de ser: captar e gerar idéias para o diálogo entre as culturas e a fé cristã; o negócio: oferecendo produtos editoriais de boa qualidade; o mercado-alvo: a partir do […] Read More
MENTALIDADE QUE SE ETERNIZA (UMA)
UMA MENTALIDADE QUE SE ETERNIZA Aurea Maria de Freitas Carvalho, ex-Associada Titular, Cadeira n.º 4 – Patrono Arthur Alves Barbosa, falecida Dia em que se festeja o Zumbi dos Palmares, um feriado para comemorar o personagem que se tornou símbolo da luta contra a prática vergonhosa da escravização de seres humanos por outros seres humanos, da opressão de uma raça cuja única diferença consistia numa característica física: a cor. Felizmente, há 113 anos tivemos uma princesa que se viu tocada pela sorte de tantos e tantos desgraçados que sofriam já do ponto de vista físico, pois havia senhores de escravos que lhes infligiam castigos desumanos despejando sobre eles sua crueldade insensata, como do ponto de vista moral começando pela humilhação de serem vendidos em mercados corno animais. A vida de alguns daqueles infelizes era mesmo insustentável e se assemelhavam as piores fantasias que até hoje se fazem do inferno. Havia, na época da abolição da escravidão um grande movimento de almas já nem vou denominá-las boas ou caridosas – mas justas e sadias que se insurgiam contra essa abominável prática, sentindo-se mesmo envergonhadas e, até humilhadas, de viverem em um país que, sobretudo por questões financeiras, se sujeitava à execração mundial provocada por aquele estado de coisas. As pressões políticas eram grandes, tanto no sentido de acabar com a escravidão como no sentido de deixar as coisas como estavam. A princesa Isabel, aproveitando a oportunidade de uma viagem de seu pai, o imperador Pedro II, que a colocou no trono como Regente, deu fim à tão deplorável pratica extinguindo a escravidão no dia 13 de maio de 1888. Dia abençoado, dia em que os corações bondosos sentiram-se mais leves, dia luminoso para as almas bem formadas. A liberdade no Brasil atingia a todos, independente de onde tivessem nascido ou de que cor fosse a sua pele. Todos eram livres Mas aí começava um outro problema ao qual as nobres almas empenhadas no bem-estar dos escravos não haviam pensado: como iriam se sustentar aqueles ex-escravos, não tinham profissão, conheciam apenas os trabalhos que executavam para seus senhores, trabalhos de lavoura sem qualificação. A grande maioria deve ter continuado nas lavouras dos antigos donos. Quase nas mesmas condições anteriores apenas não podendo ser castigados fisicamente, mas carentes das condições de uma vida humana digna. Felizmente alguns já eram considerados quase como membros da família e ficaram como agregados, tendo casa e comida […] Read More
EXPRESSIVOS ACONTECIMENTOS LIGADOS À HISTÓRIA RELIGIOSA DE PETRÓPOLIS
As atividades da Igreja Católica nas terras que constituem o atual Município de Petrópolis, começaram muito mais cedo que podemos imaginar. Os primeiros habitantes de nossas terras, portugueses, principalmente das Ilhas e seus descendentes, provenientes da Baixada Fluminense e de Minas Gerais, ligados pela fé católica, concorreram eficazmente para difundir a prática do Catolicismo nestas paragens. Assim, o primeiro centro religioso, segundo informa Schaette “surgiu em 1734, na fazenda do Dr. Euzébio Álvares Ribeiro, na Quadra das Pedras, localizada ao sul do píncaro da Maria Comprida, fazendo rumo com a Quadra de Araras” (1). (1) SHAETTE, Estanislau (Frei). Histórica Eclesiástica do Município de Petrópolis, in Petrópolis em 1948, Cia. Brasileira de Artes Gráficas. Rio, 1948, pág 71. Ali o ilustre fazendeiro construiu uma capela pública, em honra de Nossa Senhora da Conceição, com cemitério nas proximidades, a qual funcionou até 1760, prestando assistência religiosa aos viajantes em demanda de Minas Gerais e aos sitiantes Informa ainda o ilustre historiador que, “com a mudança de dono e da estrada geral, deixou de existir a Capela de Nossa Senhora da Conceição da Roça das Pedras” (2), como era popularmente conhecida. (2) SHAETTE, Estanislau (Frei). Os primeiros sesmeiros estabelecidos no território petropolitano, in Centenário de Petrópolis,1942, vol. V, pág 213. Referia-se certamente à Picada que, partindo do Tamarati, passava sucessivamente por Carangola, Rio da Cidade, Araras, Quadra das Pedras, indo encontrar o caminho do Secretário, caminho que foi modificado, quando foi traçada outra picada que, partindo do Tamarati, acompanhava o lado direito do rio Piabanha até a foz do rio Araras, onde o caminho passou para o lado esquerdo do rio Piabanha, alcançando as fazendas do Alto Pegado e do Secretário. Em 1749, Manuel Antunes Goulão, fazendeiro no Rio da Cidade, requereu à Cúria Episcopal do Rio de Janeiro permissão para construir em seus domínios uma capela em honra de “Nossa Senhora do Amor de Deus”, a qual foi concluída e recebeu benção eclesiástica em 1751. E ainda Shaette quem afirma que “os livros da freguesia de Inhomerim relatam atos religiosos na capela até 1808 e enterros no cemitério até 1841”(3). (3) SHAETTE, Estanislau (Frei). Histórica Eclesiástica do Municí pio de Petrópolis, in Petrópolis em 1948, Cia. Brasileira de Artes Gráficas. Rio, 1948, pág 72. A imagem de Nossa Senhora do Amor de Deus encontra-se hoje na Igreja, inaugurada em 28 de agosto de 1932, em Corrêas, ao contrário da imagem de […] Read More
IMPERIAL FÁBRICA DE CERVEJA NACIONAL – CIA. CERVEJARIA BOHEMIA
Em fevereiro de 1854, um colono alemão, de nome Henrique Kremer, conceituado e hábil artista que se especializara em cobertura de casas com tabuinhas, vendia sua propriedade à Fazenda Provincial que a transformou no antigo e agora desativado Matadouro Municipal, hoje abrigando como sede a Companhia Municipal de Transportes. Com recursos obtidos na venda fundou, no Quarteirão Nassau, então rua dos Artistas, depois rua 7 de abril, atualmente rua Alfredo Pachá, uma fábrica de cerveja, origem primeira da consagrada e tradicional Cerveja Bohemia. Digo Cerveja Bohemia sim; Cia. Cervejaria Bohemia, não. Veremos a seguir. Com o falecimento de Henrique Kremer em 1865, foi constituída por seus herdeiros a firma Augusto Kremer & Cia., que existiu até 1876, época em que já possuia mais uma fábrica de cerveja em Juiz de Fora. Em 31 de agosto desse mesmo ano de 1865, separaram-se, comercialmente, os sócios e cunhados, ficando Frederico Guilherme Lindscheid, com a fábrica de Petrópolis; Augusto Kremer ficou com a fábrica de Juiz de Fora. Nas mãos e sob a administração de Frederico Guilherme Lindscheid a fábrica de cerveja de Petrópolis ganhou grande expressão e prosperidade, tornando-se o seu proprietário no industrial petropolitano mais rico do seu tempo. Por ocasião da partilha de bens em virtude do falecimento da mulher do industrial, Sra. Henriqueta Kremer Lindscheid, a fortuna declarada no Inventário totalizava 1.073: 973$840. Uma quantia fabulosa para a época: março de 1896. Tanto mais sabendo-se que nessa ocasião, o Inventário do Imperador D. Pedro II somou o valor de 1.5567: 080$131. Nessa partilha de bens a Sra. Carolina Lindscheid Kremer, casada com Henrique Kremer, neto do fundador, tocou uma parcela avaliada em 220: 000$000 representando a fábrica de cerveja e os prédios onde a indústria cervejaria funcionava. Em agosto de 1898, dois anos e cinco meses mais tarde, foi formada a Cia. Cervejaria Bohemia, que ficou com todos os bens da antecessora e cujos os diretores eram o mesmo Henrique Kremer e o Sr. Guilherme Bradae. Assim passados mais de cem anos, graças ao espírito empreendedor do colono que era um especialista em coberturas de casas com tabuinhas, segundo consta em várias edições do Almanaque dos Irmãos Laemmert, surgiu e se desenvolveu a mais tradicional cervejaria brasileira e petropolitana, que fabricava as cervejas: Viena, Quitandinha, Bohemia, Petrópolis, Bock Malte e Bola Preta; chope claro e chope escuro e os refrigerantes: Guaraná Petrópolis, Soda, Água Tônica e o popular […] Read More