DECRETO POLÊMICO DO GOVERNO PROVISÓRIO (UM)

UM DECRETO POLÊMICO DO GOVERNO PROVISÓRIO Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima O republicano histórico Thomas Cameron, na edição de 11 de janeiro de 1890 do MERCANTIL, abriu espaço para tratar da liberdade de cultos, tema que então dominava as conversas e discussões naquele aurorecer da República. Vejamos o texto que enfocava uma das mais polêmicas conquistas do movimento vitorioso a 15 de novembro de 1889: “Mais um direito à veneração da Pátria acaba de firmar o governo provisório dos Estados Unidos do Brasil, decretando a reforma de há tantos anos reclamada pelo patriotismo dos brasileiros que viam nela um forte elemento de prosperidade. Conquista brilhante da civilização, era essa reforma sempre combatida durante o extinto regime, pois, então, tudo quanto fosse espancar trevas, difundindo luz, era motivo de polêmica e sofria guerra desenfreada. Os homens que se acham à testa dos nossos destinos dão um solene desmentido àqueles que nos diziam indignos da plena liberdade, por não sabermos dela fazer uso. O modo por que estão sendo aceitas as reformas reclamadas pela parte sã da nação alcunhada de utopista, antes do 15 de novembro, prova a toda a evidência que a pátria bem queria caminhar, mas o que lhe embargava o passo eram os tropeços que lhe opunham à marcha aqueles que escravizavam o povo. Os demolidores da perniciosa instituição mostram-se os edificadores de uma grande nacionalidade. Muito têm eles trabalhado, mas também muito têm conquistado – a gratidão da pátria e a admiração dos povos adiantados jamais lhes serão negadas.” Passemos a registrar a boa lei. O Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisório constituído pelo Exército e Armada, em nome da Nação, decreta: Art. 1º – É proibido à autoridade federal, assim como à dos estados federados, expedir leis, regulamentos ou atos administrativos estabelecendo alguma religião ou vedando-a e criar diferenças entre os habitantes do país ou nos serviços sustentados à custa do orçamento, por motivo de crenças ou opiniões filosóficas ou religiosas. Art. 2º – A todas as confissões religiosas pertence por igual a faculdade de exercerem o seu culto, regerem-se segundo a sua fé e não serem contrariadas nos atos particulares ou públicos que interessem o exercício deste decreto. Art. 3º – A liberdade aqui instituída abrange não só os indivíduos por atos individuais, senão também as igrejas, associações e […] Read More

BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS

  RUY BARBOSA Ruy Barbosa de Oliveira, homem conhecido e acatado, que tão bem soube elevar o nome do Brasil no exterior, foi sem dúvida, uma das mais lídimas expressões da intelectualidade brasileira. O ilustre brasileiro nasceu em Salvador, na Bahia, a cinco de novembro de 1849, sendo seus pais João Alberto Barbosa de Oliveira e D. Maria Adélia Barbosa de Almeida. Sua alfabetização foi confiada ao competente professor Antônio Gentil Ibirapitanga, quando contava apenas cinco anos de idade. Logo o jovem discípulo começou a manifestar seu inconfundível talento, pois segundo depoimento do consagrado mestre “em quinze dias aprendeu análise gramatical, a distinguir orações e a conjugar corretamente todos os verbos regulares” (1). Posteriormente foi matriculado no ginásio Baiano onde concluiu, em 1864, seus estudos de humanidades, sendo o primeiro aluno do curso. (1) VIANNA FILHO, Luiz. A Vida de Ruy Barbosa. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1960, p. 23. Após cursar Direito por dois anos no Recife, transferiu-se para São Paulo, onde integrou, inicialmente como orador e, posteriormente, como presidente, uma sociedade literária de acadêmicos intitulada Ateneu Paulistano. Ruy concluiu seu curso jurídico em 1870, fez-se advogado e começou a escrever no “Diário da Bahia”, um jornal liberal do qual ele chegou a ser redator. Em 1876, conheceu a jovem Maria Augusta Viana Bandeira, filha de um modesto funcionário público, mas pertencente a uma tradicional família baiana, de quem ficou noivo naquele mesmo ano. Por influência da noiva, embarcou para o Rio de Janeiro, hospedando-se numa pensão, no Catete e começando a trabalhar com o advogado Souza Carvalho. Em 23 de novembro de 1876, Ruy e Maria Augusta casaram-se na Bahia e logo embarcaram para o Rio de Janeiro. O casal permaneceu pouco tempo no Rio, logo retornando à Bahia, tornando-se Ruy diretor do “Diário da Bahia”, prestigioso órgão de imprensa no qual atuara anteriormente, ao mesmo tempo em que foi indicado como candidato do Partido Liberal à Assembléia Provincial da Bahia, iniciando desse modo uma profícua e duradoura carreira como político. Posteriormente, eleito deputado à Corte, continuou a destacar-se nos debates políticos dos grandes temas nacionais. Em 1879, a reforma Leôncio de Carvalho deu ensejo a que ele apresentasse à Câmara um vasto projeto sobre a “Reforma do ensino secundário e superior’, no qual abordou com inteira proficiência os mais diversos problemas da educação, desde a organização do ensino, à Metodologia, à Psicologia Educacional, à Biologia, à Sociologia […] Read More

RESUMO HISTÓRICO – PETRÓPOLIS

  Passagem obrigatória para todos os viajantes e cargas que iam e vinham das ricas terras de Minas Gerais, a atual Petrópolis, constituída por várias fazendas inexploradas, onde residiam apenas seus proprietários e um ou outro serviçal indispensável à casa de moradia, manteve-se no anonimato até boa parte do século passado. Denominava-se do Córrego Sêco a principal dessas fazendas, cujo limite abrangia todo o centro da cidade e o majestoso alto da serra da Estrela, em que se divisa panorama da baía do Rio de Janeiro. Clima incomparável, temperatura amena, mesmo em pleno verão, possuía extensas matas e belíssimas paisagens que encantaram D. Pedro I, Imperador do Brasil. Já era êle um conhecedor dessas terras, pois sempre por elas passava a caminho da próspera fazenda do Padre Correia, na localidade hoje denominada Corrêas – de que era assíduo frequentador. Motivara essas suas estadas na Serra, a moléstia de uma filha, a Princesa D. Paula, à qual foi recomendada pelos médicos, uma mudança de ares. Em 1829, já casado com a segunda Imperatriz D. Amélia, pretendeu adquirir a propriedade que o agasalhava tão seguidamente. Mas diante da recusa da irmã e herdeira do Pe. Correia, voltou suas vistas para o Córrego Sêco, velha e abandonada fazenda, assinando a escritura de sua compra a 6 de fevereiro de 1830, por 20 contos de réis. A fazenda pertencia então ao Sargento-Mor José Vieira Afonso e D. Pedro I pretendia construir aí o seu palácio de verão. Surgindo depois vários acontecimentos políticos que terminaram com a abdicação de D. Pedro I em 1831, a fazenda voltou ao esquecimento e ao abandono. Por morte de D. Pedro I tocou a fazenda a seu filho menor D. Pedro II. O Mordomo da Casa Imperial, Conselheiro Paulo Barbosa, pensava em realizar então o projeto anterior: a construção de um palácio de verão para o Imperador. Mas, como fazê-lo numa propriedade abandonada e decadente? Depois da maioridade de D. Pedro II, o Major de Engenharia Júlio Frederico Koeler, encarregado pelo govêrno provincial da construção e conservação de uma parte da estrada de rodagem para Minas, fez ver ao Mordomo as vantagens de estabelecer nessas terras um Colônia agrícola de alemães. Koeler tornara-se um entusiasta de colonização estrangeira e pretendia provar a superioridade do trabalho livre sôbre o braço escravo. Júlio Frederico Koeler vê então que, se a fazenda ia ter vida própria, tornava-se possível a construção do palácio […] Read More

RESUMO DA HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS (UM)

UM RESUMO DA HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS Lourenço Luiz Lacombe, ex-Associado Titular, Patrono da Cadeira n.º 28 D. Pedro I conheceu a fazenda do Padre Correia em março de 1822 quando, a caminho de Minas, procurava obter o apoio de Vila Rica para o movimento da Independência. Mas ao chegar ao Alto da Serra encantou-se com o panorama daí descortinado e logo pensou em construir um Palácio para si, comprando um terreno a Antônio Correia Maia por 2 contos e 400 mil réis. É a primeira idéia da construção de um palácio na Serra. Mas foi a fazenda do Padre Correia que o encantou verdadeiramente: pelos bons ares, pela vegetação e pelo carinho com que ele e sua família eram recebidos, inicialmente pelo próprio sacerdote, logo depois por sua irmã e herdeira D. Arcângela Joaquina da Silva. Aí procurou o Imperador refúgio para os males que afligiam sua filha, a princesinha D. Paula, a quem os médicos recomendavam mudanças de ares. Por esse motivo foi Pedro I um assíduo frequentador daquela propriedade. E de tal assiduidade veio o desejo da Imperatriz D. Amélia de adquirir a fazenda. D. Arcângela, alegando razões sentimentais – a fazenda era um bem da família e não deveria passar a mãos estranhas -, indica a D. Pedro I a fazenda vizinha, do Córrego Seco, de propriedade do Sargento-Mor José Vieira Afonso. Os entendimentos com o militar chegaram a um bom termo, tanto que, a 6 de fevereiro de 1830, foi assinada escritura de compra da fazenda por 20 contos de réis. Aí pretendeu o Imperador construir o seu palácio de verão a que daria o nome de Palácio da Concórdia, também atribuído à fazenda. Mas não chegou a realizar seu sonho: no ano seguinte sobreveio a abdicação e embarcou D. Pedro I para a Europa. A fazenda passou a ser administrada pelo seu procurador que usou o sistema de arrendamento a fim de prover de meios o Imperador abdicatário. Com a sua morte em 1834, abriu-se-lhe o inventário, tocando a propriedade a D. Pedro II – estava ela, porém, hipotecada aos credores e a Casa Imperial não dispunha dos meios necessários para o levantamento da hipoteca. A Assembléia Geral, então, abriu um crédito necessário e a fazenda do Córrego Seco foi entregue ao jovem Imperador, cujo Mordomo, o Conselheiro Paulo Barbosa, prosseguiu o mesmo sistema de arrendamento. O último arrendatário foi o Major Júlio Frederico Koeler […] Read More

SINOS

  “LAUDO DEUM VERUM, PLEBEM VOCO, CONGREGO CLERUM, DEFUNCTOS FUGO, FESTA DECORO” Petrópolis viveu, no dia 22 de setembro, mais um capítulo emocionante de sua história, quando, pela primeira vez, ouviu o som dos sinos de sua Catedral. A sonoridade emitida pelo bronze plasmado por mãos dos artífices da velha Alemanha, cuja experiência remonta a séculos – A voz festiva irradiada da torre – anunciava à Petrópolis, a heráldica Petrópolis, que, daquela data em diante, os grandes acontecimentos da Cidade Imperial seriam celebrados de forma solene por intermédio das vibrações harmônicas do mais sagrado, do mais clássico dos instrumentos musicais! Petrópolis que teve como primeira população os colonos alemães, viu chegar para ser instalado na sua imponente Catedral o conjunto de sinos moldados por patrícios dessa primeira população e a Cidade seguiu com interesse e emoção as diversas fases da instalação desse conjunto, até chegar ao lugar na torre, subindo pela rampa de obra, vagarosamente, trazendo os assistentes em prolongado “suspense”, quando o sino maior, pesando cerca de 5 toneladas, era içado. Naquela noite de 13 de setembro de 1963, os petropolitanos assistiram essa cena de grande sentido histórico e que, certamente, não se repetirá tão cedo … Agora, devido ao fato, lembramo-nos de diversas curiosidades em torno do assunto. Consta que os primeiros sinos, destinados a cerimônias cristãs, foram fundidos lá pelo ano de 420, em Nola e Campania, obtendo, por isso, como primeira denominação Campana, Campanila ou Nola. Também no uso profano uma espécie de campainha – ainda derivado de campana – era conhecida para anunciar a abertura dos banhos e mercados, conhecida dos romanos por “Tintinnabulum”. Plínio nos relata que, no túmulo de Porsenna 400 anos A. C., havia um conjunto de campainhas que eram agitadas pelo vento espalhando sons ao longe … “Tintinnabula quae vento agitata longe sonitus referunt”. O uso dos sinos espalhou-se imediatamente em todo o ocidente, depois do século V, i. e., depois dos primeiros construídos, em Campania, passando a anunciar todas as cerimônias da Igreja, influindo no espírito das populações. Aos seus sons majestosos e solenes, ligavam-se contos e lendas. Atribuído ao maravilhoso efeito de sonoridade dos primeiros sinos, acreditava-se, na idade média, que esses efeitos sonoros punham em fuga os demônios; por isso, era muito comum pendurar no pescoço das crianças, miniaturas de sinos. Também nas tempestades violentas, apelava-se para o poder misterioso da música do sino para acalmá-las. Sinos enormes […] Read More

PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA FLUMINENSE (A)

A PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA FLUMINENSE Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Ficou na memória de estudiosos e pesquisadores, a Constituição do Estado do Rio de Janeiro, promulgada a 9 de abril de 1892. Foi esse o estatuto, que embora modificado aqui e ali ao longo do tempo, guiou os destinos fluminenses ao longo do período histórico conhecido como República Velha. Mas, o que muita gente não sabe, é que antes dessa Carta, houve uma outra, que não chegou a produzir seus devidos e legais efeitos, por motivos que serão expostos ao final desta exposição. Proclamada a República em 15 de novembro de 1889, o Governo Provisório dos Estados Unidos do Brasil, teve que legislar através de decretos, o mesmo acontecendo com os governadores das ex-províncias, até que se votasse a constituição federal e, depois dela, a de cada estado da Federação. A 15 de setembro de 1890, deu-se a eleição para a Constituinte Federal e dois meses depois, o governador fluminense Francisco Portela assinava o projeto de constituição estadual que seria apresentado à futura assembléia cujos membros seriam escolhidos pelo sufrágio direto em fevereiro de 1891. O Jornal Mercantil, que se publicava nesta cidade divulgou, em suas edições de novembro e dezembro de 1890, o referido projeto de constituição. Os responsáveis por tal esboço, adotaram, no concernente ao poder legislativo, o sistema bi-cameral: assembléia geral, constituída por uma câmara de deputados e por um senado. Bahia e Minas Gerais também seguiram o mesmo figurino, desnecessário e dispendioso, mais tarde abandonado. Quando a Constituição veio a lume, devidamente promulgada, a 29 de junho de 1891, o seu artigo 6º determinava: O poder legislativo é exercido pela assembléia geral, em regra com a sanção do governador do Estado. § 1º – A Assembléia Geral compor-se-á de duas câmaras: a dos deputados e dos senadores. Pelo projeto em estudo, o poder executivo seria exercido pelo governador do Estado, eleito por 4 anos e só podendo se recandidatar ao mesmo cargo, após dois períodos governamentais exercidos por outros cidadãos. O Vice Governador, que tivesse exercido as suas funções de governo durante os últimos 6 meses de quatriênio, não poderia ser eleito novamente no período seguinte. E o artigo 36 trazia uma novidade interessante: Cada eleitor votaria em duas urnas por duas cédulas diferentes: em uma para governador; na outra para vice. […] Read More

HISTÓRIAS E DEBATES

  O deputado Aldo Rebelo ( PCdoB) em Folha de São Paulo ( Tendências e Debates, 10/01/01, Artigo intitulado “A Nova História Oficial”), comentando e criticando a coleção “Sociedade e História do Brasil” de autoria do Professor Marco Antônio Villa (nome que ele omite), para o Instituto Teotônio Vilela, declara o seguinte: “Está de volta uma das mais renitentes calúnias da História, a de que o Império foi austeridade e a República corrupção. “Na Folha de São Paulo do dia 16/01/01, também em “Tendências/debates”, o Professor Marco Antônio Villa responde a acusação, justamente indignado, por não ter sido citado como o autor da obra, no artigo “A Nova História Velha.” Depois de tecer várias considerações, corrigindo dados incorretos contidos no artigo do Deputado comunista, como, por exemplo, que a obra foi escrita para o Instituto Teotônio Vilela e não para o PSDB, “confundindo o leitor sobre a autoria do trabalho e lembrando o estilo de Stalin” (sic), declara que nunca lhe foi perguntado qual o Partido de sua preferência e escreveu a coleção histórica, com inteira independência, sem censura, como um verdadeiro historiador e não como produtor de uma nova versão da “História Oficial”. Também sou Professor de História, embora sem a magnitude de um Marco Antônio Villa. Gostei da resposta do ilustre colega ao Deputado comunista, inclusive porque, em sua réplica, chama a atenção de inúmeras passagens de nossa História, onde a superioridade do Império Brasileiro sobre a República fica flagrante. O Professor não se diz, “pour cause”, monarquista; se apresenta neutro, como bom Historiador e Pesquisador. Nem é de minha conta ousar perguntar-lhe. Entretanto, eu, pessoalmente, sou monarquista e o sou não só movido por causas históricas, sociais, econômicas e políticas, mas até também por causas filosóficas, psicológicas e teológicas. Não sou hermético. Se me provarem o contrário, mudo de opinião. Brincando com as palavras, não sou hermético e sim hermenêutico, se os documentos me provarem outra coisa, troco de camisa. Acho entretanto difícil, pois, por mais de 50 anos, os documentos só me fizeram mais solidamente monárquico. Por isso, o artigo do Professor Marco Antônio Villa trouxe-me enorme satisfação. Quando cita os irmãos Rebouças e Joaquim Nabuco como abolicionistas e monarquistas não faz mais, “data venia”, do que asseverar, uma grande verdade: O Império do Brasil sempre lutou contra a escravidão. É bem certo que muitos políticos da aristocracia rural, e que muitas vezes eram Senadores ou […] Read More

KOELER NO BRASIL – RESUMO

  A chegada do jovem alemão de Mainz ao Brasil. Júlio Frederico Koeler no Corpo de Engenheiros. Sua presença na Província do Rio de Janeiro, especialmente na Vila Real da Praia Grande, onde começou a sua vida familiar. Sua naturalização como brasileiro. O trabalho na Serra do Mar para onde foi designado. A Estrada Normal da Estrela. O rio Paraíba do Sul e sua ponte. Atuação em outros locais do Vale. 1.1 – Ao embarcar para o Brasil se demitiu “livremente do cidadão Grão ducal” e disse que viria “viver e morrer aqui”, e foi o que aconteceu. No Brasil cumpriu uma brilhante trajetória, morrendo de um acidente, em 1847. (1) (1) Koeler chegou ao Brasil em 1828 a bordo da Galera de Bremen denominada “Harmonie”, que segundo o “Jornal do Commércio” de 3 de julho de 1828, gastou 62 dias na viagem, trazendo 225 alemães, dois oficiais subalternos e quatro famílias com 24 pessoas, destacando como passageiros, o Tte. Cel. Jorge Antônio Schaeffer, sendo a mesma notícia dada pelo “Diário do Rio de Janeiro”, da mesma data. 2.1 – Em 9 de julho de 1828 requereu sua admissão no Imperial Corpo de Engenheiros, no posto de Tenente e em 21 de novembro do mesmo ano, o Imperador concedeu-lhe a Carta Patente solicitada. 3.1 – Na então Vila Real da Praia Grande, casou-se com D. Maria do Carmo Delamare e foram pais do menino Rodrigo Delamare Koeler. 4.1 – Em 1831, ano em que seu filho nascera, foi ele naturalizado cidadão brasileiro por Decreto de 31 de outubro daquele ano. 5.1 – A 28 de abril de 1841 é nomeado pelo Visconde de Baependi, então Vice-Presidente da Província do Rio de Janeiro, para chefiar a 2ª Seção de Obras Públicas da mesma Província. Desde 1837 já vinha ali trabalhando incumbido dos trabalhos da estrada que então se construía, ligando o porto da Estrela a Paraíba do Sul, caminho que passava pelo Córrego Seco. (2) (2) O Córrego Seco foi a terra comprada por D. Pedro I em 1830, posteriormente colonizada por D. Pedro II com o auxílio de Koeler e de Paulo Barbosa. Aí surgiu Petrópolis, a Colônia alemã e depois cidade em 1857. 6.1 – Muito trabalhou na serra em diversas comissões, e não só na abertura da referida estrada. Morou com sua família na baixada quente e no clima ameno da serra. Muito lutou para vencer o relevo […] Read More

BRASILEIROS ILUSTRES EM PETRÓPOLIS

  O VISCONDE DE OURO PRETO Affonso Celso de Assis Figueiredo, nasceu em Ouro Preto, Minas Gerais, a 21 de fevereiro de 1837, sendo filho do ilustre casal João Antônio Affonso e Dona Maria Magdalena de Figueiredo Affonso. Formado pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1858, foi o Visconde, sem favor algum, um dos últimos representantes da respeitável estirpe de estadistas do Império. Regressando a Ouro Preto, desempenhou importantes cargos, entre os quais os de secretário de polícia, inspetor da tesouraria e deputado provincial e geral e fundou na capital de Minas Gerais a folha liberal “O Progressista”, que circulou de 1859 a 1863. Transferindo-se para a Capital, ali fundou “A Reforma”, órgão do clube político do mesmo nome. Na Corte, com apenas 29 anos, foi nomeado Ministro da Marinha, integrando o Gabinete chefiado por Zacarias de Góis e Vasconcellos, em 1866, tendo na ocasião prestado relevantes serviços durante a Guerra do Paraguai. Na verdade, sua atuação frente ao Ministério da Marinha, naqueles tempos difíceis foi, sem dúvida, extraordinária. Referindo-se a ela, José Bonifácio de Andrada e Silva, citado pelo historiador João Dornas Filho, assim se pronunciou: “O Arsenal da Marinha operava verdadeiros prodígios fazendo construir, com rapidez inaudita vasos de guerra que logo foram movimentados. O Ministro providenciou prontamente sobre tudo quanto era urgente no gravíssimo transe… Em menos de três anos, dos estaleiros do Arsenal foram lançados uma corveta, três encouraçados, seis monitores e duas bombardeiras, além da reconstrução quase completa de uma fragata e duas canhoneiras” 1 . 1) Cf. Dornas Filho, João. Figuras da Província. Belo Horizonte, Movimento Editorial Panorama, 1949, p.248. Sua enérgica e profícua atuação no Ministério da Marinha o projetaram no cenário político nacional. Assim, escolhido senador do Império, em 1879, foi convidado a ocupar a Pasta da Fazenda no Ministério Sinimbu, tendo, no desempenho desta árdua função, reformado o método de apresentação de orçamentos e criado e regulamentado novos impostos. Como conseqüência, em 1882, foi nomeado Conselheiro de Estado e, em junho de 1889, com a queda do Gabinete Conservador de João Alfredo, recebeu a incumbência de organizar novo gabinete, ocasião em que expôs com grande lealdade ao Imperador, a grave situação em que o país se encontrava, com a agitação reinante em algumas províncias, visando à mudança da forma de governo. Fez ver ao Imperador a necessidade de enfraquecer e inutilizar as idéias falsas e imprudentes, responsáveis por tal […] Read More

COLÓQUIO DO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS SOBRE OS 150 ANOS DA IMPERIAL COLÔNIA DE PETRÓPOLIS

  Em 1565 teve início a colonização da Baixada Fluminense, ao fundo da Baia da Guanabara, com a concessão de uma sesmaria à Cristóvão de Barros. Mas a subida da Serra do Mar, mil metros acima, com sua crista encarpada e, principalmente, coberta por uma mataria selvagem, afastou dali o colonizador português. Aquela penosa subida somente foi vencida no princípio dos anos setecentos, com a abertura do Caminho Novo. É importante destacar aqui, que essa barreira natural influiu decisivamente nos destinos do Brasil, pois “nossa história atrevida de Bandeiras teria sido outra sem esse impedimento”, como lembra Alberto Ribeiro Lamego. A ocupação da Serra da Estrela foi logo iniciada e a partir dos primórdios dos oitocentos, a colonização com imigrantes alemães, uma tendência da época, foi experimentada. Primeiro com o Barão Georg Heirinch von Langsdorff na sua Fazenda da Mandioca, uma iniciativa particular que não teve o sucesso esperado. Na década de 30, trabalhadores alemães foram usados com eficiente resultado na construção da Estrada Normal da Estrela, uma moderníssima rodovia que subia a serra. Em 1845, chegou o primeiro contingente de colonizadores alemães que iria começar a construção de Petrópolis. Dez anos após passariam pela cidade outros colonos alemães que iriam construir a Rodovia União e Indústria e iniciar a vida na nascente cidade de Juiz de Fora. Por todo o final daquele século, centenas de imigrantes germânicos, sem um planejamento especial, iriam se estabelecer em algumas cidades mineiras para tentar vida nova. Comemoramos, 150 anos da chegada do “Virginie” ao porto do Rio, trazendo os primeiros 161 colonos e suas famílias, que arribaram Petrópolis em 29 de junho de 1845. De junho até novembro daquele ano, foram 2338 pioneiros vindos, principalmente, do Rheiland-Pfalz. A chegada desse contingente de desbravadores, significou efetivamente, a existência de Petrópolis. A cidade porém já existia desde 16 de março de 1843, quando Dom Pedro II assinou o Decreto Imperial nº 155, criando Petrópolis através do arrendamento das terras da Fazenda do Córrego Seco ao Major Júlio Frederico Koeler. Nos três anos seguintes, houve muito trabalho administrativo, técnico, comercial, político, social mas, no Córrego Seco, quase nada. A povoação verdadeira do lugar só começou a existir com a chegada das primeiras famílias de alemães que vinham ocupar o espaço que lhes tinha sido reservado. É tão significativa a presença do elemento alemão em Petrópolis, que durante cem anos houve uma grande indecisão sobre a verdadeira […] Read More