No conturbado período da vida pública brasileira que transcorreu entre 1830 e 1847, abrangendo a abdicação de D. Pedro I em 07 de abril, passando pelas chamadas crises da minoridade, com as Regências Provisória, Trina e Una, a crise da Maioridade em 1840 até a organização do Conselho de Ministros com a figura do Presidente do Conselho em 1847, que passou ao Primeiro Ministro, a escolha de mais membros do gabinete para aprovação do Imperador. Avulta de maneira singular a personalidade de Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, pelas posições que então ocupava e pela sua ação. Nascido em 21 de julho de 1800, filho do Coronel de Engenheiros Aureliano de Souza e Oliveira e de Dona Francisca Flávia Proença Coutinho, na freguesia de Itaipu, pertencente a Vila Real da Praia Grande, hoje Niterói. Teve uma educação cuidadosa, primeiro no Seminário São José, então um dos melhores colégios do Rio de Janeiro, onde se distinguiu como excelente aluno. Dali passou para a Academia Militar, mas não desejando seguir a carreira das armas, conseguiu uma pensão de D. João VI para estudar em Coimbra, dada pelo Rei como prêmio aos excelentes serviços prestados pelo pai nas fortificações da costa fluminense. Seguiu para Portugal em 1820, regressou em fins de 1825, portando um diploma de Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade de Coimbra. Com tal título e uma personalidade agradável e maneiras refinadas não foi difícil a nomeação para Juiz de Fora e Ouvidor em São João Del Rei e após em Outro Preto. Ainda em Minas Gerais, casou em São João Del Rei com Adelaide Guilhermina de Castro Rosa, filha de abastado comerciante. O trabalho realizado em Minas Gerais foi de tal forma apreciado pelo povo local que ao regressar ao Rio de Janeiro, viu-se eleito deputado geral segunda legislatura do Império ( 1830 – 1833 ). Devido a sua atitude moderada e discreta granjeou a simpatia dos deputados do chamado grau de moderados, que o indicaram para Presidente da Província de São Paulo que estava em efervescência com o assassinato do jornalista João Liberó Badaró. Ali permaneceu por apenas três meses se relacionando então com o Padre Antônio Diogo Feijó. Regressando ao Rio de Janeiro foi nomeado Juiz de Órfãos e Independente Geral da Polícia do Rio de Janeiro, tornando-se assim, o principal auxiliar do então Ministro da Justiça Diogo Feijó. Mostrou-se nessa ocasião um severo aplicador […] Read More
HOMENAGEM A PAULO BARBOSA
Inicio esta breve palestra, utilizando um dístico tirado de um trabalho de Américo Jacobina Lacombe. Nele está caracterizado o tipo de relacionamento que existiu entre Paulo Barbosa da Silva e o Senhor D. Pedro II. Espero também encontrar nesse mote elementos para tecer uma glosa de caráter filosófico em torno de tão ilustre e influente personagem do 2º Reinado. O dístico é o seguinte: “… servindo ao soberano… a quem serviu sempre leal e devotadamente”. O trecho de que foi extraído consta do trabalho intitulado: “Paulo Barbosa e a Fundação de Petrópolis”, Petrópolis, 1939, pág. 33, e é aqui transcrito: “Paulo Barbosa, faleceu em 1868, aos 78 anos de idade, no seu posto de Mordomo, servindo ao soberano que acompanhara desde a infância e a quem serviu sempre leal e devotadamente”. Acertadamente, o Estatuto de nosso Instituto Histórico de Petrópolis assinala algumas datas e personalidades que devem ser obrigatoriamente comemoradas. Entre eles, no mês de janeiro, está a figura do Major do Imperial Corpo de Engenheiros PAULO BARBOSA DA SILVA, que mais tarde, foi reformado no posto de Brigadeiro. Seu título para inclusão no calendário do Instituto Histórico: o fato de ter sido um dos co-fundadores da povoação de Petrópolis e seu real carinho e preocupação, estivesse perto ou distante, sempre demonstrados por esta terra. Melhor testemunho desse mérito de Paulo Barbosa, em relação a Petrópolis, é do próprio Imperador D. Pedro II, que reconheceu Petrópolis, a “filha” querida do Mordomo. Estatutariamente, o mês de janeiro pode ser dedicado ao Mordomo da Imperial Casa, PAULO BARBOSA DA SILVA, pois nasceu a 25 de janeiro de 1790 e a 28 de janeiro de 1868 veio a falecer. Foram 78 anos bem vividos. Paulo Barbosa da Silva nasceu em Minas Gerais, na cidade de Sabará ou Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará, sede da Comarca do Rio das Velhas e centro de um dos mais opulentos distritos auríferos de Minas Gerais. Sabará era Vila Real, desde julho de 1711, criada por Antonio de Albuquerque Coelho de Carvalho, primeiro governador da nova Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, instituída por Carta Régia, de 09 de novembro de 1709. Os pais do futuro Mordomo foram Antonio Barbosa da Silva e Ana Maria de Jesus. Ele, coronel de Milícias. Pois na Comarca do Rio das Velhas existiam quatro Regimentos de Milícias de Auxiliares, sendo dois deles da Nobreza. Paulo […] Read More
PRAÇA MUNICIPAL DA COLÔNIA DE PETRÓPOLIS (A)
A “PRAÇA MUNICIPAL” DA COLÔNIA DE PETRÓPOLIS Carlos Oliveira Fróes, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 18 – Patrono Gabriel Kopke Fróes, falecido 1. INTRODUÇÃO A “Praça Municipal” é um dos temas obscuros da História de Petrópolis, razão pela qual tentaremos esclarecer alguma coisa sobre ela. Tal praça – mesmo sob outro título – não foi prevista no Plano de Koeler; tampouco, foi criada por um ato formal e suas origens e finalidades não haviam sido associadas, até hoje, a quaisquer possíveis requisitos de ordem urbanística, política ou social. Esse assunto constituiu um grande desafio quando estivemos pesquisando sobre a implementação urbana que se processou na Imperial Colônia de Petrópolis e sentimos a necessidade de conhecer melhor tal praça, saber a época em que surgiu, a origem da nomenclatura e as razões que motivaram sua instalação. E, dela, só tínhamos conhecimento através de rápidas referências ao seu título encontradas em algumas das fontes consultadas. Temporalmente, a qualificação de Municipal afigurava-se como imprópria ao logradouro de uma povoação que era apenas um simples Distrito do Município da Estrella. E, mesmo após a elevação de Petrópolis à categoria de cidade, o edifício sede da Câmara Municipal levou quase quatro décadas para ser instalado nos fundos desse logradouro, no vetusto solar construído pelo Conselheiro Mayrink na primeira metade da década de 50, e que por curto período pertenceu ao Barão de Guaraciaba. Esse solar, apesar de imponente, não contava ainda com o bloco frontal, mandado acrescer pelo Presidente da Câmara Municipal de Petrópolis, Dr. Hermogênio Pereira da Silva, o que lhe conferiu a majestosa fachada que ostenta até os dias de hoje. Porém, não nos estenderemos mais sobre tal prédio, pois a matéria produzida por Gabriel Kopke Fróes, “O Paço Municipal”, publicada na edição de 17.III.1963 do Jornal de Petrópolis, esgota o assunto. Portanto, passemos à parte que propriamente diz respeito ao logradouro fronteiro ao referido solar, o qual o autor – profundo estudioso dos elementos toponímicos urbanos de Petrópolis – descreve com inúmeros detalhes e cita todas as denominações informais que recebeu antes da denominação oficial, como Praça Visconde de Mauá, conferida pela Resolução Municipal de 31.I.1888. O que nos intrigou foi encontrar, nesse relato tão meticuloso, uma indagação. Mencionou o historiador: “Desde o Império ela era conhecida como Municipal. Por que o cognome, se a idéia de ali localizar o Paço Municipal só nasceria em 1891 e só vingaria em 1894?”. Foi exatamente essa […] Read More
HÁ CEM ANOS NO AREAL
Um século não é nada e é muito. Em termos cósmicos, cem anos passam num átimo; para nós que afinal vivemos muito pouco, dez décadas valem uma eternidade. Em 1897 Areal era um longínquo distrito de Paraíba do Sul, porque Três Rios, que então se chamava Entre Rios, ainda não havia alcançado sua autonomia. E quando tal aconteceu, Areal deixou de ser paraibano para ser trirriense, chegando nos últimos anos à condição de cidade, com direito à Câmara Municipal, Prefeitura e brasão de armas. E tudo isso aconteceu em um século. Para os arealenses foi um sonho de mil anos. Mas voltemos ao pacato burgo sulparaibano em 1897. Às 12h30 do dia 11 de setembro, um trem da falecida Estrada de Ferro Grão Pará entrou resfolegando na estação do Areal. Não era uma viagem comum. O comboio trazia a cúpula da administração do Estado, que à época tinha Petrópolis como sua capital. Ali estavam o Presidente Joaquim Maurício de Abreu e os Drs. Cypriano José de Carvalho, Annibal de Carvalho e Sebastão Lacerda, respectivamente secretários de Obras Públicas, das Finanças e do Interior e Justiça. Ali também se encontravam os deputados Barros Franco e Soares de Gouvêa, o Conde Van den Steen, Ministro da Bélgica, os Srs. Max, Herbert e José de Iaegher, representantes da Societé Anonyme des Ateliers de Constructions, Forges et Aciéries de Bruges, engenheiros, empreiteiros e pessoas gradas. O povo, que havia embandeirado festivamente a povoação, aclamou os visitantes em meio ao espoucar de foguetes. Tudo era festa naquela tarde de primavera nesse simpático recanto da serra fluminense. Após pequeno descanso, o Presidente e sua comitiva tomaram a direção da ponte de aço lançada sobre o rio Preto, próximo à sua embocadura no Piabanha, para com toda a pompa inaugura-la. Ela ia substituir uma outra de madeira, tornando mais segura a jornada pela estrada do Areal a Bemposta. O empreiteiro da obra, fez entrega dela ao engenheiro chefe da segunda seção técnica, Dr. José Augusto Devoto, que em breve discurso, rendeu suas homenagens ao Presidente Maurício da Abreu, ao secretário da Obras Cypriano da Carvalho, ao empreiteiro Domingos Rodrigues Cordeiro Junior, ao Ministro da Bélgica e aos representantes da empresa fornecedora do material. Mas, por um dever de justiça, não se esqueceu de mencionar os nomes do Dr. José Thomaz da Porciuncula e de Miguel da Carvalho, os quais foram responsáveis pela elaboração do projeto de lei […] Read More
VERÕES PRESIDENCIAIS EM PETRÓPOLIS (OS)
OS VERÕES PRESIDENCIAIS EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15, Patrono – Estanislau Schaette O Palácio Rio Negro, foi edificado em dois prazos, localizados na atual Avenida Koeler, adquiridos à viúva do colono Pedro Klippel, por Manuel Gomes de Carvalho, Barão do Rio Negro, em l889. Por pouco tempo residiu o Barão no imponente edifício que, em l896, quando Petrópolis era a capital do Estado, foi adquirido pelo doutor Joaquim Maurício de Abreu, então Presidente do Estado do Rio de Janeiro, por 300 contos de réis. Na oportunidade, segundo nos informa Fróes, ” o segundo andar do Palácio transformou-se em moradia do Presidente, enquanto no primeiro andar, foram instalados os serviços administrativos, nas três salas ali existentes. Assim, Petrópolis, que no final do século XIX havia se tornado uma mini-corte imperial, onde no Palácio de Verão de Dom Pedro II se decidiam os rumos da história do país, guardadas as devidas proporções, continuou a desempenhar este importante papel na República, tendo como centro o Palácio Rio Negro. Com efeito, no referido Palácio, de l896 a l902, foram tomadas importantes decisões políticas, econômicas e administrativas, pelos dirigentes do Estado do Rio, Joaquim Maurício de Abreu, Alberto Seixas Martins Torres e Quintino Bocaiúva. Foi durante a administração deste último que o Estado, atravessou séria crise financeira, “chegando-se a cogitar da anexação do Estado à União como única solução para debelar a crise”¹. Tentando contornar a difícil situação financeira, o Governo do Estado solicitou um empréstimo de três mil contos para resgatar a hipoteca existente com o Banco Comercial, da ordem de mil contos e, para pagar os atrasados do funcionalismo, da ordem de dois mil contos. Por outro lado, necessitando de numerário para efetivar as transferência da capital para Niterói, Quintino Bacaiúva vendeu o Palácio Rio Negro ao Banco da República, em l0 de agosto de l9O3. Tem então início a tradição de veraneio dos Chefes de Estado brasileiros em Petrópolis, sendo interessante assinalar, conforme comenta Walter Bretz, “que antes de ser adquirido o Palácio, o Marechal Manuel Deodoro da Fonseca esteve em Petrópolis, em l890, residindo à Rua General Osório, 57; Prudente de Moraes e Barros passou aqui o verão de l895, hospedando-se na chácara do Visconde da Penha, à Rua Palatinado e Manuel Ferraz de Campos Sales esteve três verões em Petrópolis, hospedando-se no Palacete do Barão do Catete, situado à Avenida Koeler”². Como a […] Read More
ASPECTOS GERAIS E CONJUNTURAIS DA MUDANÇA DA CAPITAL DE NITERÓI PARA PETRÓPOLIS
Peca pela base quem pretende por ufanismo provinciano fazer história insulada, como se o seu burgosinho fosse o centro do mundo. Nada se passa isoladamente na face da terra. Napoleão foi um grande benfeitor do Brasil, pois em última análise propiciou a nossa independência da tacanha metrópole portuguesa. Estudar a história de Petrópolis, sem inseri-la no contexto fluminense e mesmo nacional, é erro de palmatória, do mesmo modo que a verdadeira história do Brasil somente será totalmente desvendada depois que as várias histórias regionais e locais forem esmiuçadas. É dessa integração que o Brasil surgirá num autêntico retrato de corpo inteiro. Vejamos, por exemplo, como deveria ser analisada a mudança ainda que por pouco tempo, da capital fluminense de Niterói para Petrópolis. As cidades portuguesas da América, foram em geral criadas ao longo da costa e sem intenções urbanísticas. Ao contrário, o colonizador espanhol interiorizou-se valendo-se de estritas normas de planificação urbana segundo as chamadas Leis de Índias. A idéia de uma capital brasileira no coração do país é anterior à chegada da Família Real a esta banda do Atlântico. Os ingleses já a haviam imaginado. José Bonifácio cantou a pedra no alvorecer da independência, mas durante todo o período monárquico o assunto dormiu o sono dos inocentes. A Constituição Federal de 1891, trouxe de novo o tema à luz do dia e, apesar de algumas investidas no rumo do planalto central e dos trabalhos iniciais do levantamento de uma área para a nova sede do governo brasileiro, levados a efeito por Luiz Cruls, ainda nos anos noventa do século passado, nada de concreto se efetivou. Mas a idéia empolgaria alguns arraiais progressistas, notadamente da ex província fluminense. Ainda no governo Portela, houve uma grande articulação para que a capital do novo Estado se interiorizasse e fosse construída à régua e compasso. Na raiz desse movimento estava a empolgação americanista vinda com a República e com ela o interesse por tudo que dissesse respeito aos nossos vizinhos hispano-americanos e mesmo aos norte americanos. Aqui mesmo em Petrópolis, a imprensa vivia a divulgar fatos da história e da cultura das jovens nações da América, fazendo, a Gazeta de Petrópolis, uma série de artigos sobre a capital do Peru, do Chile, da Argentina, da Colômbia, etc. Ao completar seis meses a frente dos destinos fluminenses, enquanto a República dava seus primeiros e incertos passos, o governador Francisco Portela, de olho nos […] Read More
THE JOURNEY OF THE ROYAL FAMILY TO BRAZIL, 1807-1808
Next November we will be celebrating the 194th anniversary of one of the most important events in Luso-Brazilian History: the voyage of the Prince Regent d. João, his court, and all those that found room in one of the 36 ships that sailed to Brazil. Perhaps a total of some 12.000 to 15.000 Portuguese. The wise decision of this great statesman, that was d. João, had positive results for Portugal, Brazil and England. Only France was to lament the event. Contrary to what happened to other countries conquered by Bonaparte, this decision would save the very essence of the Portuguese nation- her royal family and court – the royal family survived unscathed, maintained their kingdom and even prospered in their rich colony. The presence of the Portuguese monarchy in Brazil accelerated her development; once the kingdom of Portugal, Algarves and Brazil had been created, in 1815, independence would become inevitable. England, after several months of blockading the Tagus, would attack the French troops on Portuguese territory and, after defeating them, would continue until the final battle that took place at Waterloo. The opening of Brazilian ports by d. João, soon after his arrival at Salvador, would bring substantial benefits to that country. Due to the lack of documentation, details of this important voyage were, until recently, totally unknown. Now all this has changed, following the discovery in the Public Records Office, in London, of the log books of all those ships that blockaded the Tagus during November 1807 and those that escorted the Portuguese fleet on its journey. Also found where the reports of the captains of these ships. These log books, many times written during severe storms at sea, reflect the English language in use at that time and the unique colloquialism used by the British Navy. The task of unravelling their contents took five years and, even though slanted towards events that occurred to the British ships, they are practically the only detailed documentation that has survived. In 1995, on completing this research, I arranged to have it published. Copies can be found in libraries, universities, including the Universidade Nova de Lisboa, and museums in Portugal, Brazil, United States, England and Spain; specially in those centres where Luso-Brasilian History is studied. In 1807, with the exception of England, France had managed to defeated all her enemies. France had been frustrated in her attempt to invade England as, […] Read More
REVITALIZAÇÃO DA PRAÇA DA INCONFIDÊNCIA EVOCA A LEMBRANÇA DA PRIMITIVA CAPELA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO (A)
A REVITALIZAÇÃO DA PRAÇA DA INCONFIDÊNCIA EVOCA A LEMBRANÇA DA PRIMITIVA CAPELA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Petrópolis vive um momento muito especial com o Plano de Revitalização do Centro Histórico, desenvolvido pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Município. Um marco na história de Petrópolis. Assim pode ser definido o referido Plano que já nos entregou a praça Dom Pedro e a Praça da Inconfidência inteiramente restauradas, o que demonstra que o Poder Público, na área municipal, felizmente, tem procurado resgatar nosso passado histórico. Isto é deveras elogiável e digno de registro, demonstrando maturidade e grandeza, que não podem passar despercebidas, merecendo o reconhecimento, a admiração e o registro, para conhecimento e gratidão da atual e das futuras gerações. Assim, obteve a melhor repercussão possível, em toda a cidade e fora dela, a entrega, pelo Governo Municipal, da histórica Praça da Inconfidência, que viu nascer em l883, fruto do espírito religioso de nossa gente, a Primitiva Capela de Nossa Senhora do Rosário. Nasceu a referida Capela da aspiração de um brasileiro notável e do esforço dos escravos negros, por ele libertados, como um oferecimento à mãe de Deus, como uma memória de reconhecimento, como uma oferta de sacrifício em pecúnia. O Conselheiro Joaquim Firmino Pereira Jorge, residente em nossa cidade, à rua da Imperatriz, desembargador aposentado, cavalheiro da ordem de Cristo e oficial da Ordem da Rosa, católico fervoroso, foi a seu tempo o grande apóstolo da causa abolicionista. Homem prático, dotado de grande tirocínio, ao libertar seus escravos, muito antes da Lei Àurea, logo se deu conta das dificuldades que estes encontrariam para se incorporar ao trabalho livre. Destarte, incluiu em seu testamento um cláusula que dispunha que seus escravos libertos “receberiam apólices da dívida pública federal, em uso fruto, passando esses títulos, por morte dos beneficiados, em plena propriedade, à Capela do Rosário”¹ O Conselheiro Joaquim Firmino cedeu 22 braças, das 66 de um terreno que possuía na rua Visconde do Bom Retiro, hoje Floriano Peixoto, para construção da Capela de Nossa Senhora do Rosário e ainda determinou em testamento, segundo nos informa Fróes que “caso após o falecimento de sua esposa, Dona Domitilla Francisca de Abreu Pereira Jorge não houvesse disposto das 44 braças restantes do terreno, passariam as mesmas a pertencer à Igreja…”² Foi a Capela inaugurada no dia 3 […] Read More
GUAPIMIRIM
GUAPIMIRIM Antônio Izaías da Costa Abreu, Associado Titular, cadeira nº 3 DISTRITOS: Guapimirim ( distrito único ) EMANCIPAÇÃO: Lei n.º 1772, de 21 de dezembro de 1990 INSTALAÇÃO: 01 de janeiro de 1993. O município de Guapimirim criado pela lei n.º 1772, de 21 de dezembro de 1990, teve seu território desmembrado do município de Magé no qual figurava como 3.º distrito. A área foi habitada até meados do século XVII, como a de todo o recôncavo guanabarino, pelos tamoios, quando estes não mais podendo sustentar luta com os desbravadores foram-se retirando para o sul da capitania. O lastro exploratório da região verificou-se com a concessão de sesmarias após a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. Em cada uma delas a demonstração de cristandade e fé do sesmeiro se fazia através do levantamento de capela ao culto do santo de sua devoção. Assim é o caso da igreja de N. S.ª de Guapimirim. Sobre a sua fundação diz Monsenhor Pizzarro: “Em outra ermida dedicada a N. S.ª da Ajuda pelos fundadores Pedro Gago e seu irmão Estevão Gago, no distrito que do nome do rio próximo se conhece como o de Cernambytyba ou Saranabitiba, foi criada a paróquia denominada Aguapeí-Mirim desmembrando-se da freguesia de Santo Antônio de Sá o território que se adjudicou e nenhuma dúvida a respeito da sua antiguidade antes de 1674, por existirem datada na mesma Era as Constituições ali deixadas pelo prelado Silveira, depois da sua visita geral da Diocese, para bom governo e direção dos capitães curados”. ( In: “MEMÓRIAS HISTÓRICAS DO RIO DE JANEIRO”, v.3, p. 202/202v – Ed. Impremsa Nacional – 1945 ). Decadente esse templo substitui-lhe como matriz o de N. S.ª da Conceição, distante ¾ de légua o qual fora levantado em 1713, pelo Padre Antônio Vaz Tavares, até Antônio Pacheco Barreto doar outeiro chamado de Ingranamixamas, perto do rio Aguapeí-Mirim, conforme escritura pública de 12 de novembro de 1729, fls. 119 do livro 2 de Batismo e Óbito, e que deu início à construção de um novo templo com paredes permanentes de pedra e cal, concluída em dezembro de 1753. Foi numerada entre as igrejas firmes pelo Alvará de 15 de janeiro de 1755, sevindo como primeiro pároco o padre Antônio Ribeiro Rangel. Tinha por filiais as capelas de Sant`Ana, fundada em “Calundu” por Gaspar da Silva Borges, com provisão de 24 de julho de 1730; N. S.ª […] Read More
MAGÉ
MAGÉ Antônio Izaías da Costa Abreu, Associado Titular, cadeira nº 3 DISTRITOS: Magé ( 1.º – sede ); Santo Aleixo ( 2.º); Suruí ( 3.º ); Guia de Pacobaíba ( 4.º ); Inhomirim ( 5.º ). EMANCIPAÇÃO: 07 de junho de 1789 INSTALAÇÃO: 12 de junho de 1789 ELEVAÇÃO A CIDADE: 02 de outubro de 1857 A origem do desbravamento do município de Magé data dos primórdios da colonização, quando, em 07 setembro de 1565 após a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, pelo reconhecimento dos relevantes serviços prestados na defesa da cidade, Simão da Mota é agraciado por Mem de Sá com uma sesmaria “com 600 braças de terra ao longo da água de 1000 braças pela terra adentro no rio Magé”. Simão da Mota ao tomar posse da gleba, escolheu para local de sua moradia o “Morro da Piedade”, próximo ao litoral. Contudo, talvez por segurança e melhor tamanho da terra, ali pouco permaneceu, mudando-se depois para o sítio denominado “Magé-mirim”, onde procurou erigir uma capela, sob a invocação de N. S.ª da Piedade, sendo esta no século seguinte convertida em matriz, pelo Alvará de 18 de janeiro de 1696. Com o aumento da população, novo templo é construído no mesmo local, desaparecendo assim o primitivo. É a origem da cidade de Magé. Região infestada pelos bravios tamoios ( alguns autores mencionam os timbiras, o que, não é correto, pois esses silvícolas jamais habitaram as terras na Capitania do Rio de Janeiro, e sim o Baixo-Mearim, no Estado do Maranhão ), não mais podendo estes sustentar lutas com os desbravadores, retiraram-se sem alternativa para o sul da Capitania. Já em meados do século XVII, por volta de 1643, outros colonos estabeleceram-se no lugar denominado “Pacobaíba”, atual “Mauá”; e, ali, num pequeno outeiro, um deles de nome Gaspar da Costa, para satisfazer sua devoção e para contemplação de uma Irmã chamada Margarida de Lima , constrói uma igreja, dedicando-a ao culto de Santa Margarida. Arruinado o templo, outro é erigido sob a invocação de N. S.ª da Guia, que é elevada à Paróquia no ano de 1647, somente alcançado a perpetuidade cento e oito anos mais tarde, pelo Alvará de 14 de dezembro de 1755; figurou como primeiro pároco; próprio o padre Antônio Ferreira. Tinha a Paróquia de N. S.ª da Guia de Pacobaíba; a Capela de N. Sª dos Remédios erecta em Mauá com provisão de […] Read More