DAS OVELHAS AO PASTOR QUERIDO!

DAS OVELHAS AO PASTOR QUERIDO! Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel O rebanho de Cristo vive momentos de júbilo e ação de graças: os oitenta e um anos de vida e bênçãos do Monsenhor Paulo Daher. O Clero, os paroquianos, os familiares, os amigos, os admiradores, os alunos e os ex-alunos do querido Pastor em Cristo se unem em orações. É a tradução do amor, mercê das raras virtudes que o ornam tendo como fio condutor o Deus Uno e Trino e o pálio da Mãe Maria Santíssima. Neste pastoreio se somam ao ministério sacerdotal, o exercício ininterrupto das funções de professor, “Ministro” de Disciplinas no Seminário Diocesano, Diretor da Obra das Vocações Sacerdotais, Promotor Vocacional e Diretor Espiritual no Seminário Diocesano, além de Professor de diversos colégios da cidade, inclusive do Colégio Santa Isabel, do qual é Capelão e Orientador Religioso, com destaque também o período de docência junto à Universidade Católica de Petrópolis. De 2008 a 2011 exerceu as funções de Vigário Geral da Diocese e a partir do ano de 2012 foi nomeado Administrador Diocesano em cuja missão permanece até à presente data para a glória de Deus. Integra diversas instituições culturais e atuou em vários programas religiosos nas rádios da cidade. Há anos publica artigos na imprensa local sobre assuntos religiosos e educação, com ênfase à Lectio Divina, de suma importância pedagógico-teológica a todos nós. Possui rica bibliografia e muitas dessas obras têm merecido acústica internacional. Ao longo da existência nos dá o testemunho de vida e do apostolado através do exercício do Ministério Sacerdotal. É a expressão e exemplo de virtude, de fé, de esperança e da certeza na vida eterna. Estamos convictos de que a Missão Sacerdotal é a máxima realização para um homem na Divina missão de nos conduzir à santidade. E ela se define no Livro do Profeta Jeremias cap.1, V-5 que diz: “antes que fosses formado no ventre de tua mãe, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio materno, Eu te consagrei, e te constituí profeta entre as nações”. Ao concluir estas tênues considerações, recorro às palavras do ilustre homenageado Monsenhor Paulo Daher quando diz: “A vida é o dom que Deus nos presenteou com carinho, para que todos participem de sua riqueza. O amor de Deus manifestado em nossa vida faz-nos filhos seus e irmãos de todos.” […] Read More

SÍRIOS-LIBANESES

SÍRIOS-LIBANESES Antônio Izaías da Costa Abreu, Associado Titular, Cadeira nº 3 – Os sírio-libaneses, costumeiramente denominados “turcos” em razão de terem a Turquia como porta de saída do Oriente pois lhes fornecia o passaporte de emigração, são os estrangeiros que mais se adaptaram aos nossos costumes, possivelmente pela docilidade de temperamento, por professarem a mesma religião, serem pacientes e adotarem, em definitivo, a nova terra como a pátria, destruindo qualquer intenção de retorno à terra de origem. Aqui deram os primeiros ensaios como imigrantes efetivamente a partir do início do século XIX e, com o desenvolvimento da cultura cafeeira, fortaleceram a corrente migratória para o Brasil. Descendentes dos fenícios, comerciantes natos como os antepassados, tinham facilidade para mercancia. Ao aqui chegarem, muitos deles, com um baú às costas, cortando várzeas, vencendo morros, atravessando córregos e rios aproximaram-se das fazendas onde, de início, com fala não inteligível expunham suas mercadorias. Posteriormente, após algumas economias, “o bom turco” adquiria um burrico para varar o longo e penoso percurso, e lá ia ele à frente puxando o animal, agora não mais com miçangas, botões, alfinetes, agulhas, colchetes, dedais, fitas, ligas, elásticos, meias, grampos para cabelos, espelhos, sabonetes, extratos e outros artigos de toucador, como nos primeiros tempos, mas com tecidos finos como seda, lingerie, organza, organdi, linho, cambraia, voil, crepe, tafetá, rendas guipir e richelieu, tudo que o apurado gosto exigia. As vendas eram certas e o pagamento, ainda que a prazo, “era dinheiro contado”, pois “o calote”, era palavra inexistente na cartilha dos compradores. Depois de algum tempo, outro animal era adquirido, desta feita para sua montaria. E assim, numa faina incessante, durante anos no “mascate”, conseguia “o turco” amealhar algum dinheiro para, afinal, se fixar numa vila distrital, principalmente em zona cafeeira de grande população e circulação de riqueza visível. Numa casinha modesta com poucos cômodos, mas com terreno suficiente para ampliação se estabelecia o “filho do Líbano” com sua família. Era o raiar de uma nova vida. Ele não ficaria mais tantos dias ausente e distante da esposa e haveria, doravante, de ter tempo para dispensar aos filhos, inclusive com a educação. Quanto à alimentação, embora já estivesse ele adaptado ao paladar nacional, sua mulher poderia oferecer-lhe refeições que o fizessem recordar de Richi Maya, Tiro, Sídon e Beirute – como as saladas de pepinos “ao vinagrete”, cortados ao comprido; as coalhadas secas, regadas ao azeite de oliva, saboreadas com […] Read More

PERMANÊNCIA DO ESPORTE

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira nº 14 – A tristeza e a sensação de vazio bateu na alma esportiva petropolitana no dia 27 de junho. Partiu, aos 90 anos, Paulo Guerra Peixe, magnífico desportista, admirável cidadão, exuberante comunicador, que respirava esporte permanentemente. Sabia de tudo, conversador e animador da vida, era um sonhador entusiasmado com o fazer esportivo. Amava transmitir os eventos esportivos, comentar os fatos da atividade, conceber ideias de busca do melhor e mais adequado para o desenvolvimento do esporte. Sua batalha diuturna em seu entusiasmo cativante, animava a formação de atletas e o desenvolvimento das atividades clubistas. Nunca desistia, nada o demovia, era um soldado sempre pronto ao combate. Sua expressão facial estava sempre iluminada e os apertados olhos luziam em desejos de ser útil, de ajudar, de dignificar qualquer evento esportivo. Era amigo de todos, convivia em permanente sintonia com os aficionados de qualquer modalidade esportiva. Sabia de tudo, discutia esporte com desenvoltura e conhecimento privilegiado. Um extraordinário comunicador que fará muita falta. E se a vida continua, tentemos dizer alguma coisa sobre o esporte petropolitano, como homenagem ao querido Paulo Guerra Peixe. Nossos principais clubes estão se tornando centenários e cada qual possui incríveis feitos e histórias em seus registros. Na última semana, a nossa Tribuna relembrou nomes que foram expoentes do futebol local, estadual, nacional e internacional, alguns nascidos em Petrópolis e outros com passagens pelos nossos clubes. Ocorreram omissões, coisa muito natural por se tratar de matéria informativa, porém valiosa pelo levantamento de nossa tradição e vocação para o futebol. Não apareceu, por exemplo, o nome do Nena, petropolitano que brilhou no nível internacional. Quem se recorda do Nena? E Petrópolis foi um dos municípios brasileiros inserido na fase pioneiríssima da introdução do futebol no Brasil. O esporte em Petrópolis já experimentou fases memoráveis, além do futebol, com praticantes talentosos de vôlei, basquete, hóquei sobre patins, tênis, tênis de mesa, xadrez e outras modalidades. Tivemos uma crônica esportiva atuante e até a Tribuna de Petrópolis circulou com uma Tribuna Esportiva, que marcou época no jornalismo fluminense. Felizmente as páginas de nossos jornais diários contemplam hoje bastante espaço ao esporte, em prova de sua vitalidade e importância para a cultura municipal. O registro vai se perdendo e está na hora da criação de um Museu do Esporte em nosso Município. Deve-se aproveitar a fase internacional de nosso País, abrigando nesta década […] Read More

CARTA A MAURO

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira nº 14 – Difícil expressar a você, Mauro, o sentimento que assalta o coração deste seu amigo e colega. Sua partida ocorreu, era esperada, como acontecerá com todos nós que o acompanhamos em sua última peregrinação por aqui. Nada misterioso, conquanto pungente e triste. É a fatalidade do mais dia menos dia. Resta pensar na sua missão, cumprida a contento; relembrar o seu feitio de ser humano; recordar os bons momentos vividos em cada instante de seu magistério, cumprindo discência nas cátedras da Universidade do Destino. Foi prodigiosa sua missão de mestre, conquistada com esforço e inteligência. Aliás, Mauro, as duas palavras aqui grafadas – esforço e inteligência – cabem como uma luva na sua vida terrena. Quero que recorde comigo a primeira vez de nosso conhecimento, nas Faculdades Católicas Petropolitanas, no ano de 1954, quando ingressamos na turma pioneira do Curso de Direito, em velho casarão no Retiro e, dois anos após, no prédio do Palace Hotel, na Rua Barão de Amazonas. Uma turma com mais de 50 integrantes, todos amigos, colegas na verdadeira essência e que chegaram à formatura, cumpridos os cinco anos do curso. Participamos do Diretório Acadêmico em múltiplas atividades, eleições disputadíssimas, as conferências de verão, os torneios de oratória, um companheirismo que a todos marcou e cuja saudade tem sido alimento na existência de cada qual. E nós o escolhemos para nosso orador no evento da inauguração da placa de bronze, hoje integrada ao patrimônio da Universidade Católica. Após a formatura, o destino teceu os fios vocacionais, a turma dispersou-se nos meandros da vida profissional, alguns advogando, outros partindo para empreendimentos empresariais e outro tanto dedicando-se à cultura, ao saber, ao divino magistério. Você e eu debruçamo-nos nas cátedras do saber para as aulas a discípulos de vários níveis. Nossa dedicação formou a muitos para a vida e você, Mauro, despontou como um dos melhores mestres, dos mais cultos e de maior talento para o magistério. Usou e abusou – no melhor sentido – de seu raro conhecimento e polimorfa cultura, atingindo o coração dos educandos e ajudando a formar uma geração de cidadãos responsáveis e de conteúdo humanitário. Encontramo-nos em diversas oportunidades, nas estradas da cultura e, até, da política. Integramos a Academia Petropolitana de Educação – eu sai, você ficou; somos imortais confrades na Academia Petropolitana de Letras, onde você foi meu vice-presidente no ano […] Read More

RESGATES PETROPOLITANOS [AUGUSTO DE LA ROCQUE]

Francisco José de Ribeiro Vasconcellos, Associado Emérito – Augusto de La Rocque, paraense de Belém, foi grata contribuição do norte brasileiro à grandeza de Petrópolis. Não seria a única. Aqui pontificaram o Barão de Mamoré, Ambrosio Leitão da Cunha e, seu filho, também Ambrosio, brilhante advogado; e um outro causídico, morto prematuramente em 1926, Emílio Malcher Nina Ribeiro, avô do ex-deputado e também advogado Emílio Antonio Souza Aguiar Nina Ribeiro, que por longos anos teve residência à Av. 1º de Março, hoje Roberto Silveira. Augusto de la Rocque nasceu a 2 de agosto de 1851. Seu pai, Henrique de la Rocque, era súdito francês que emigrou para o Porto, em Portugal quando das guerras napoleônicas, de onde passou ao Pará onde fez carreira bem sucedida no comércio. Foi o jovem Augusto educado na Alemanha e na França. Estando em Paris em 1870 tratando de negócios do pai, Augusto de la Rocque assistiu à rendição da pátria de seus ancestrais, ao findar a guerra franco-prussiana. Voltando a Belém, Augusto desenvolveu atividades comerciais e industriais e foi presidente do Banco Comercial do Pará. Dirigiu as companhias das águas e dos bondes de Belém. Em 1908 deslocou-se para o sudeste brasileiro, fixando sua residência na Chácara das Rosas aqui em Petrópolis, onde dedicou-se ao cultivo de flores e frutos. Gozando de enorme prestígio social em Petrópolis, Augusto de la Rocque não era homem de exibicionismos ou de proselitismos mundanos. Era uma alma simples, com aquele despojamento natural dos espíritos superiores. Morrendo a 23 de março de 1929 nesta urbe, dispensou as pompas fúnebres, tendo sido sepultado no cemitério municipal sem alarde, sem convites, em cerimônia praticamente restrita à família. Caridoso por natureza, sensível às angústias do próximo, la Rocque não hesitou em hospedar na Chácara das Rosas as religiosas portuguesas expulsas de seu país quando da revolução republicana de 1910. Augusto de la Rocque era casado com D. Maria José Pereira de la Rocque e deixou os seguintes filhos: Augusto de la Rocque Junior, Emília de la Rocque Mac-Dowell, casada com o Dr. Afonso Mac Dowell, Alice de la Rocque, Jorge de la Rocque e Maria Augusta de la Rocque da Costa, mulher do Dr. Alberto da Costa. O primogênito, que levava o nome do pai, casou-se com Isabel Teixeira Leite Guimarães e Jorge com a irmã desta, Emília Teixeira Leite Guimarães. Eram portanto dois irmãos casados com duas irmãs, todos fortemente vinculados […] Read More

CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA SOCIAL PETROPOLITANA: PROSTITUIÇÃO NA COLÔNIA ALEMÃ (2009)

Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, Associado Titular, Cadeira nº 13 – “Em uma crônica da época, assinada pelo pseudônimo de Hudibras, nos fornece uma análise do requinte aristocrático, elitista e preconceituoso do carnaval local (O Paraíba, 1859). Em suas passagens podemos notar que no Hotel Bragança e nos passeios das ruas, era a elite que predominava. E quando ele assinala que seu criado estava com uma “alemasita gelada” ao braço, observa-se ainda o preconceito contra os colonos por parte da sociedade nacional, principalmente a aristocrática veranista.” (Silveira Filho, Oazinguito Ferreira. “Contribuição à História Social Petropolitana: Subsídios para uma História do Carnaval Petropolitano no Século XIX”, Tribuna de Petrópolis, Caderno Especial, 04/03/1984)   Anos após a publicação deste ensaio pela Tribuna de Petrópolis, professores e pesquisadores, tendo por base os estudos sobre as “polacas” do Rio de Janeiro, procederam a um longo questionamento sobre o fato ocorrido no século XIX. Ocorrera uma prostituição em Petrópolis, e especificamente de alemães quando da colonização, segundo o que poderia estar subentendido nas entrelinhas do ensaio? Ao que foram comunicados de que as pesquisas não percorreram este trajeto quando da abordagem dos acontecimentos, mas de que o ensaio destinava-se exclusivamente a reproduzir fatos e acontecimentos do carnaval em Petrópolis na referida época e de que esta informação que constava da coluna do jornal ‘O Paraíba’ (1859) não poderia servir a uma proposta de pesquisa sobre a prostituição na História de Petrópolis no século XIX. O objetivo maior do ensaio foi o de demonstrar na época a evidência do preconceito social presente na formação da sociedade local e que se reproduziu nas festas como as do Entrudo e Bailes de Salão, principalmente do período quando da elevação da região à condição de cidade, e comprovada pela leitura e pesquisa dos jornais do século XIX na cidade. Com as leituras de ‘O Mercantil’ e de ‘O Paraíba’, não observamos qualquer menção a questões sobre prostituição, a não ser de algumas apreensões por parte da policia da época de algumas ex-escravas alugadas a todos os fins, o que permitiria abordagens especulativas. Nem mesmo os demais membros do IHP ou os historiadores conhecidos escreveram ou notificam algo a respeito do assunto. Não por se constituir em tabu presente na ordem social petropolitana, ou mesmo por questões religiosas, por mais que muitos indicassem esta proposta como condição básica para que as citações não se apresentassem de forma definida nos escritos. […] Read More

CASAMENTO DO DR. THOUZET (O)

Elizabeth Maria da Silva Maller, Associada Titular, Cadeira nº 31 – Em 2010, iniciei meus trabalhos de catalogação e preservação do Arquivo Histórico da Catedral de São Pedro de Alcântara, encontrando uma vasta documentação, composta de livros, passaportes, correspondências e registros diversos, em bom estado de conservação que me permitiu realizar esta pesquisa. A vida privada do Dr. Constantino Napoleão Thouzet é pouco conhecida pela historiografia. Os aspectos abordados da vida do Médico Francês estão baseados na sua contribuição no exercício da medicina e da licenciatura, bem como em sua habilidade no cultivo de plantas raras. Muitos petropolitanos estão acostumados a lembrar do Dr. Thouzet apenas como nome de um bairro da cidade, merecida homenagem, em placas indicativas e letreiros de coletivos, por vezes tropeçando na pronúncia de seu nome. Este artigo tem como objetivo não somente reverenciar a memória daquele que, embora não possuísse nenhum titulo de nobreza, foi nobre em suas ações. Um registro encontrado no livro de número um, do Arquivo Histórico da Catedral São Pedro de Alcântara, onde se encontram registrados, batizados, óbitos e casamentos de pessoas livres e escravos, me permitiu descobrir um fato novo a respeito da vida privada no Dr. Thouzet; trata-se da anotação de seu segundo casamento, celebrado na antiga Igreja Matriz de São Pedro de Alcântara. Foto do registro/acervo Arquivo Histórico Catedral São Pedro de Alcântara A Igreja Matriz de São Pedro de Alcântara erguida por iniciativa de D. Pedro II, construída pelo Empreiteiro de obras Justino de Faria Peixoto, entre 1847 e 1848, funcionando por 77 anos, estava localizada nos arredores da residência de verão da Família Imperial, nas proximidades da atual Rua Oscar Weinschenck. Na reprodução da foto 2 podemos localizar a Igreja Matriz, retratada por Friedrich Hagedorn na Têmpera intitulada Palácio Imperial de Petrópolis. Friedrich Hagedorn / Palácio Imperial de Petrópolis, 1855 ca. Tempera, 0,55X1,43 m. /Acervo Museu Imperial/Ibram/MinC Friedrich Hagedorn (Alemanha, 1814 – 1889) foi um pintor alemão que esteve ativo no Brasil no século XIX. Fixou-se no Rio de Janeiro em 1850, integrando um grupo de artistas alemães que vieram documentar a paisagem e os costumes nacionais, viajando por São Paulo, Rio, Bahia, Minas Gerais e Pernambuco. A cerimônia foi realizada pelo Padre Nicolau Germaine, coadjutor, Vigário da Freguesia de Petrópolis, na data de 29 de maio de 1854, às cinco horas da tarde, depois de feitas as três denunciações na forma do Sagrado Concílio Tridentino. […] Read More

QUINTINO BOCAIUVA – O PATRIARCA DA REPÚBLICA

QUINTINO BOCAIUVA – O PATRIARCA DA REPÚBLICA Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito – Na oportunidade do transcurso do primeiro centenário do falecimento de Quintino Bocaiuva, venho a esta tribuna para relembrar, já com excelente perspectiva temporal, essa grande figura da vida pública brasileira que passou à História pátria com o título de Patriarca da República. Falando para uma plateia petropolitana e não sendo do meu feitio cansar os ouvintes com longos discursos, decidi ater-me ao Quintino Bocaiuva em Petrópolis, primeiro como jornalista, depois como Presidente do Estado do Rio de Janeiro, cumprindo o triênio 1901/1903. Aqui e ali um pouco da visão do chamado macro Quintino. Nascido no Rio de Janeiro a 4 de dezembro de 1836 no seio de uma família comum e corrente, Quintino estava aos 14 anos em São Paulo, tendo ainda na adolescência trabalhado em alguns periódicos, notadamente no “Acaiaba”. Tentou estudar Direito, mas os seus parcos recursos não lhe permitiram o intento. De volta ao Rio trabalhou no “Correio Mercantil”. Aos 21 anos chegara a Petrópolis onde viera redatar “O Parahyba” de Augusto Emilio Zaluar, jornal de excelente qualidade mas de vida efêmera, já que durara de 1857 a 1859. Ali durante o ano de 1858 aparecem matérias assinadas por ele que demonstram a profundidade de seus conhecimentos e o seu elevado espírito crítico. Numa delas, Quintino abordou o problema da instrução na Província fluminense e o que escreveu, é ainda atualíssimo, nada distante do discurso do eminente Senador Cristovão Buarque. O professor era e segue sendo desprestigiado e pessimamente remunerado bastando dizer que só há dois países que nos batem nessa questão: o Peru e a Indonésia. A preocupação de Quintino Bocaiuva com a instrução foi uma constante em sua vida. Quarenta e três anos depois de ter exposto suas críticas no mencionado artigo, estando na Presidência do Estado, baixou uma dúzia de decretos tratando da instrução na terra fluminense e sancionou várias leis atinentes ao mesmo tema. Foi ele o criador da Escola Normal de Campos dos Goitacazes anexa ao Liceu de Humanidades que ali fora fundado em 1880, passando a funcionar em 1884. Num outro artigo Quintino tratou do estado calamitoso das cadeias fluminenses, falando de sua super-lotação, de sua falta de higiene, de sua incapacidade para recuperar criminosos e reinseri-los na vida social, aspectos que estão vivíssimos nos dias que correm, agravados pelo chamado crime organizado e pela corrupção […] Read More

PRINCESA ENTRE A CORTE E O MATO – THERESA DA BAVIERA – (UMA)

Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança – Associado Correspondente O Brasil sempre foi uma grande atração para os botânicos e etnólogos. Sobretudo os cientistas de língua alemã se distinguiram. Entre os primeiros que se notabilizaram, encontrava-se Maximiliano de Wied-Neuwied, o qual se aventurou no nosso interior de 1815 a 1817. Numa obra notável e ricamente por ele ilustrada, tornou o Brasil mais conhecido. Se até então uma grande parte de exploradores eram colecionadores, com a vinda de Dona Leopoldina ao Brasil isto mudou. Uma série de cientistas aproaram, em grande parte financiados pelos seus soberanos. Longa seria esta relação, mas não podemos nos subtrair de mencionar von Martius e von Spix. Mundialmente são conhecidas as obras destes eminentes sábios, que percorrendo o Brasil entre 1818 e 1820 deixaram, entre as inúmeras obras, a famosa “Flora Brasiliensis” universalmente conhecida, que Oliveira Lima denominou como “um dos mais notáveis monumentos da mente humana”. Não devemos esquecer também o grande naturalista Pohl, com a sua importante obra publicada entre 1832 e 1837, sobre a sua expedição ao interior do Brasil. Na longa lista de cientistas que analisaram o interior, sua famosa flora e etnologia merece outrossim uma menção, o Príncipe Alberto, sobrinho do Rei Guilherme III da Prússia. Este desembarcou no Rio em 1842, trazendo uma selecionada comitiva. Iniciou a sua viagem homenageando Dom Pedro II, pois trazia nas suas malas a Ordem da Águia Negra para ele, a maior distinção do seu país. Cumprida a missão diplomática, iniciou a missão científica. Esta consistia na exploração do Xingu, o então desconhecido afluente do Amazonas. Esta aventurosa expedição também teve como resultado uma importante publicação em 1842/43 que é um diário ilustrado pelo próprio Príncipe que encontrou grande apreciação de Humboldt. Na guarnecida lista de cientistas, von Martius permanece todavia a maior glória. Até ao fim da sua vida ele manteve contatos com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do qual era membro, e Dom Pedro II em 1872, passando por Munique, foi depositar flores na sua tumba. Nós conhecemos o grande interesse da Imperatriz Dona Leopoldina pela fauna, flora e mineralogia do Brasil. É a primeira mulher que se interessou pela mesma e que através dos cientistas trazidos em sua comitiva, como Johann Natterer, enviou importantes objetos indígenas, os mais variados minerais, plantas e animais empalhados para o Museu de História Natural de Viena. O famoso Natterer ficou depois 18 anos percorrendo […] Read More