TRINTA ANOS SEM GUSTAVO ERNESTO BAUER

30 ANOS SEM GUSTAVO ERNESTO BAUER Maria das Graças Duvanel Rodrigues, Associada Titular, Cadeira n.º 21  – Patrono Gustavo Ernesto Bauer Em 27 de agosto de 2009 faz 30 anos que Gustavo Ernesto Bauer partiu e deixou muitas saudades, lembranças, escritos, mensagens, recomendações e exemplos. Bauer viveu toda sua vida dedicando-se aos estudos, às pesquisas, à família, à conservação das tradições e ao resgate da cultura germânica em Petrópolis. Na ocasião de seu falecimento foram inúmeras as homenagens encaminhadas a seus familiares por cartas, ofícios, crônicas, artigos, telegramas e moções de pesar, de amigos e autoridades. Todos lamentavam a partida deste que marcou sua existência com a busca do aperfeiçoamento técnico, científico, moral e cultural. Das mais distantes e diversas instituições, empresas e jornais, chegaram cumprimentos que significavam lamentos pela perda deste inesquecível pesquisador de História. Desde que tomei posse, como associada titular do Instituto Histórico de Petrópolis, cadeira nº 21, sob a patronímica do ilustre historiador Gustavo Ernesto Bauer, venho por meio de pesquisas conhecendo, admirando e assimilando os seus ricos ensinamentos. Quanto mais leio seu trabalho, mais reconheço a importância desse petropolitano, que sempre teve em mente o resgate dos valores tradicionais, da cultura germânica, do cuidado e preservação dos recursos naturais. Na passagem desta data, não podia deixar de homenagear esta figura humana inestimável que teve por ideal a ciência, a verdade, a autenticidade, aliando sua formação técnica com a atividade de pesquisador, historiador, filósofo e ambientalista. Bauer publicou muitas crônicas e artigos nos quais demonstrava seu interesse pelo meio ambiente. O último artigo, escrito no próprio mês e ano em que veio a falecer e que tratava do assunto com muita propriedade não chegou a ser publicado. Ficou guardado no arquivo pessoal de sua filha, Vera Bauer, que 30 anos depois, nos cedeu gentilmente para a publicação numa homenagem póstuma. Transcrevo, portanto a seguir, o trabalho em que Gustavo Ernesto Bauer mostrava o vanguardismo de sua preocupação, com o tema que atualmente é matéria constante nas manchetes e agendas nacionais e internacionais. “ COMEÇOU A NÉVOA SECA Sim, começou a comemoração em homenagem à natureza, às árvores, aos pássaros, ao MEIO AMBIENTE!… Da nossa janela aqui na rua Indaiá, ouço o crepitar, os estalos, os gemidos das poucas árvores que restam de um loteamento fantasma, pois ninguém mora lá, por enquanto. Mas o espetáculo é bonito, impressiona. Parece o… Etna em princípio de erupção… Esta queimada […] Read More

CONTRIBUIÇAO À HISTÓRIA DA IMPRENSA PETROPOLITANA “O DIABO PETROPOLITANO DA BELLE EPOQUE”

CONTRIBUIÇAO À HISTÓRIA DA IMPRENSA PETROPOLITANA “O DIABO PETROPOLITANO DA BELLE EPOQUE”[1]  [1] Publicado na primeira pagina do segundo caderno da Tribuna de Petrópolis, em 10 de dezembro de 1983. Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, Associado Titular, Cadeira n.º 13 – Patrono C.el Amaro Emílio da Veiga    No decorrer de 1982 ao iniciarmos nossas românticas pesquisas sobre a História da Imprensa Petropolitana, não poderíamos nunca imaginar que tal empreendimento nos forneceria tão apurado, raro e rico material documental para diversas publicações . E nem mesmo poderíamos conceber que a Petrópolis de outrora fosse tão dinamicamente diferente da inerte cidade que hoje conhecemos. Assim sendo, após um longo ano de estudos e pesquisas conseguimos catalogar e documentar trazendo ao conhecimento de nosso público, inúmeros elementos até então totalmente desconhecidos pelas novas gerações, e é o que de certo modo nos continua estimulando ante tão difícil, sedutor e nada rendoso afazer, porém que em seu todo se torna espiritualmente e profissionalmente compensador.  Não nos foi também sem méritos que as obras sobre História da Imprensa no Brasil do Professor Nelson Werneck Sodré e os diversos artigos especializados do professor Marcelo Ipanema, além do estimulo de diversos amigos com suas criticas e observações, nos amadureceram para que nos dedicássemos de corpo e alma a esta árdua iniciativa.  Assim com o apoio da equipe de direção da Tribuna de Petrópolis que nunca mediram esforços para que tais publicações se realizassem, e o material coletado e impresso hoje seguisse o perene caminho do registro histórico.  Por tal, é que no interregno das publicações que ora se seguem dominicalmente sobre “A Imprensa Petropolitana na República Velha”, procuramos um assunto também pitoresco e relativo a imprensa e que pudéssemos no máximo esplendor técnico das possibilidades da Tribuna [2], imprimir, nos mais puros requintes da originalidade do documento como textualmente registrando assim de forma definitiva uma revista que marcou época na imprensa petropolitana. Pela sua altivez, beleza, leveza e pureza tanto de impressão como critico-humoristico, como foi O DIABO.  [2] Já com impressão em off-set nesta época foi possível reproduzir a página do no. 1, assim como a primeira e última página (8) do no. 2, onde a arte predominava. Ressaltando-se na gravura da pagina 8, onde está “Petrópolis em caricatura”. Teria a mesma que no conjunto de publicações da época do nosso antigo Distrito Federal, Rio de Janeiro, Possuir enorme destaque, não fosse haver escapado o […] Read More

BICENTENÁRIO DO ALMIRANTE TAMANDARÉ EM 13 DE DEZEMBRO DE 2007

BICENTENÁRIO DO ALMIRANTE TAMANDARÉ EM 13 DE DEZEMBRO DE 2007 Cláudio Moreira Bento O Almirante Joaquim Marques Lisboa e Marquês de Tamandaré – o Nelson Brasileiro, é por tradição cultuado patrono da Marinha do Brasil, e hoje, no Exército, como denominação histórica de seu 6º Grupo de Artilharia de Campanha. Pela Marinha, por ele: “Representar na História Naval Brasileira a figura de maior destaque dentre os ilustres oficiais de Marinha que honraram e elevaram a sua classe. E, que neste dia deveria a Marinha render-lhe as homenagens reclamadas por seus inomináveis serviços à liberdade e união dos brasileiros, demonstrando que o seu nome e exemplos, continuam bem vivos no coração de quantos sabem honrar a impoluta e gloriosa farda da Marinha Brasileira”. Pelo Exército por o considerar o maior herói militar brasileiro nascido na cidade de Rio Grande, sede de seu 6º Grupo de Artilharia de Campanha. Por seus quase 67 anos de heróicos, lendários e excepcionais serviços, além de por tradição ser consagrado o patrono da Marinha e a data de seu nascimento o Dia do Marinheiro. O futuro Almirante Tamandaré ingressou na Marinha em 4 de março de 1823, aos 16 anos, tendo sido designado para servir a bordo da fragata “Niterói”, como praticante de piloto, ao comando de Taylor que, integrando Esquadra Brasileira de Lord Cochrane, combateu os portugueses na guerra da Independência, na Bahia, em 1823. Terminada esta guerra, na qual se destacou, freqüentou por quase um ano a Academia Imperial dos Guardas-Marinha, até ser requisitado pelo Almirante Cochrane para embarcar na nau “D. Pedro I” destinada a combater a Confederação do Equador, no Nordeste. Nestas ações se impôs a admiração e estima dos seus chefes que atestaram que ao tempo de sua participação na guerra da Independência “já possuía condições de conduzir uma embarcação a qualquer parte do mundo”. Segundo Gustavo Barroso: “Foi Tamandaré marinheiro do primeiro e segundo Império, que vira o Brasil Reino, guerreara na Independência, no Prata, tomara parte ao lado da lei em quase todas as convulsões da Regência, criara e legara a vitória no Uruguai e no Paraguai à Marinha, do segundo Império, assistira a Proclamação da República, a Revolta na Armada, pisara o convés de tábuas dos veleiros e na coberta chapeada de ferro dos encouraçados, vira a nau e o brigue, o vapor de rodas e o monitor e a couraça e o torpedeiro destinada a vencê-la”. Após […] Read More

PARAHYBA (O) – ANCESTRAL DO INSTITUTO DE ESTUDOS VALEPARAIBANOS

O PARAHYBA – ANCESTRAL DO INSTITUTO DE ESTUDOS VALEPARAIBANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Foi pela mão de Augusto Emilio Zaluar que começou a circular em Petrópolis, a partir de 2 de dezembro de 1857 o jornal “O Parahyba”, que lamentavelmente encerrou suas atividades em fins de 1859. Apesar de seu pouco tempo de existência, foi um periódico arredio ao insulamento, rebelde ao localismo ensimesmante, sobranceiro às iniqüidades da politicalha, ao chamamento das questiúnculas paroquiais, ao disse que disse das comadres e compadres pobres de espírito. “O Parahyba” foi uma folha desfronteirizada, mensageira de intensa comunicação social na província do Rio de Janeiro e no vale do Paraíba, fosse ele fluminense, mineiro ou paulista. Ela cuidou de aproximar culturas, interesses, provocando uma permanente troca de informações, de experiências, de resultados. E foi o arauto dos reclamos e das inquietações dos povos rurais e urbanos de boa parte do sudeste brasileiro. Remigio de Sena Pereira, que foi um de seus principais redatores, em matéria publicada na edição de 21 de novembro de 1858, afirmou com muita propriedade a verdadeira vocação d’ “O Parahyba”. Disse ele: “Já dissemos e repetimos com a sanção de autoridades que nos têm julgado, O Parahyba não é um jornal de localidade, um jornal bairrista, é sim um jornal propriamente da província. E ainda mais, na conexão natural dos interesses que lhes são comuns entrelaçará no desempenho de sua idéia fundamental as três irmãs limítrofes, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas, sem que todavia decline, como órgão da imprensa brasileira a sua parte nas questões gerais”. Tal “O Parahyba” de tão curta vida e de tão brilhante trajetória. Em seu apostolado na defesa das grandes questões nacionais, provinciais, valeparaibanas, quatro aspectos fundamentais serão expostos aqui, deixando-se outros de parte, para que a comunicação não extrapole os limites regimentais do tempo. 1º – colonização; 2º – agricultura; 3º – vias de comunicação e transportes; 4º – acolhimento às reivindicações, reclamos e contribuições das comunidades integrantes do vale do Paraíba. Na verdade esses quatro pontos se reduziam a três já que na ótica de Augusto Emilio Zaluar e de seu grupo, Colonização e Agricultura estavam irremediavelmente atreladas uma a outra. E a síntese de tudo estava no quarto item. O próprio Zaluar em artigo publicado na edição de 17 de janeiro de 1858 d’ “O […] Read More

TRIBUTO MERECIDO

TRIBUTO MERECIDO Joaquim Eloy Duarte dos Santos Na última sexta-feira, 4 de novembro, tive a oportunidade de assistir belíssimo trabalho da cineasta Bel Noronha, no Espaço Multimídia do Museu Imperial : documentário com duração de 26 minutos narrando a epopéia da construção do cartão de visitas do Brasil, o Cristo Redentor. A cineasta, que é neta do arquiteto-engenheiro Heitor da Silva Costa (1873-1945), criou uma obra de arte cinematográfica de pesquisa e sob muito carinho e emoção desmistificando a lenda de que o Cristo do Corcovado foi obra francesa. Como arte de cinema, o documentário é perfeito, uma obra-prima, com imagens da época, entrevistas com participantes da epopéia e alguns descendentes de figuras notáveis envolvidas no projeto; excelente montagem, muito agradável de ver e sentir, atingindo à comoção quando se conclui que o coração, o idealismo e o entusiasmo embalaram todos aqueles que viveram aqueles mágicos dias. Em verdade, o grande arquiteto, nascido carioca e petropolitano de coração, Heitor da Silva Costa, foi o grande nome do feito que dotou o Rio de Janeiro do mais expressivo e conhecido monumento religioso, conhecido e admirado em todo o Mundo. Heitor da Silva Costa, sob total cobertura do Cardeal D. Sebastião Leme e com a participação popular na arrecadação de fundos, conseguiu edificar a obra, montada em cimento armado e com revestimento impermeável. Foi inaugurada no ano de 1931. O extraordinário profissional, dentre grandes obras, aqui em Petrópolis, foi o arquiteto-construtor do Trono de Fátima, da “Vila Itararé”, aquele mimo de nossa Avenida Koeler, da majestosa Catedral de Petrópolis, da capela do Colégio N. D. de Sion, na hoje Universidade Católica de Petrópolis, na rua Benjamin Constant. Em âmbito nacional, diversos monumentos e prédios no Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras. O professor e historiador Jeronymo Ferreira Alves Netto publicou uma biografia de Heitor da Silva Costa em seu último livro “Brasileiros Ilustres em Petrópolis”, editado no corrente ano de 2005. Assim, juntando-se as pedras, edifica-se o monumento do conhecimento da vida e obra de Heitor da Silva Costa, que andava esquecido pela grande injustiça nacional que é a falta de interesse e o pouco caso que se emprestam, na atualidade, ao estudo da história e ao reconhecimento que se devem prestar aos marcantes vultos que edificaram nosso passado. Vivemos em um mundo onde a auto-estima está por baixo, o que nos priva da admiração e respeito a um vulto como […] Read More

VERTENTES DO ENSINO EM PETRÓPOLIS

VERTENTES DO ENSINO EM PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira A educação em Petrópolis é tema veiculado por alguns estudiosos e cujos trabalhos, esparsos na imprensa, necessitam ser agrupados para uma sistematização e complementação que aprecie a temática sob o ângulo científico da História. Quando a cidade ganhou foro de recanto sazonal, a partir da construção do Palácio Imperial de Verão, passando o Império a ostentar duas capitais federais: a Corte, no Rio de Janeiro e Petrópolis, no recôndito interior da Velha Província, montou-se na serra um cenário particularizado, como nenhum outro no país. Duas vertentes de habitantes ilustres vieram chegando, primeiro nas hospedarias e hotéis, em seguida, construindo mansões definidoras do cabedal do veranista proprietário. A primeira delas, iniciada pelo Imperador D. Pedro II, era originária da Corte e representada por titulares do Império, ministros e funcionários graduados, intelectuais, representantes diplomáticos brasileiros e do Exterior; a segunda vinha do interior para o interior; eram os fazendeiros ricos do café, a maioria com títulos e honrarias, edificando prédios que obedeciam ao estilo neoclássico. O Centro Histórico foi enriquecido com variados estilos, tendências e bordados que definiam a posição de cada habitante sazonal. O Palácio Imperial, ocupando grande área, era mais simples, em termos arquitetônicos, do que muitos palacetes, onde o esmero dos adornos recortava no céu da serra as silhuetas rococós. Nos bairros, onde predominava o assentamento dos alemães, uma outra realidade urbana era a construção simples e funcional. Eram duas Petrópolis distintas, à qual se juntaram o centro comercial da rua do Imperador e os complexos fabris em nesgas expressivas de terras, tanto no centro como rompendo áreas e criando bairros novos. Nossos pioneiros, sentindo a necessidade da formação e atualização de nosso povo bastante heterogêneo, visando à educação para o futuro, cuidaram da criação de estabelecimentos de ensino, dentro da simbiose natural da cidade, educandários para os alemães radicados e para os brasileiros fixados em Petrópolis. A distinção se fez presente nos primeiros anos porque os alemães estavam definitivamente instalados nas terras recebidas por aforamento perpétuo, iriam viver na nova pátria e nela criar as raízes do povoamento. Os brasileiros fixados na serra compreendiam dois segmentos: o permanente e o sazonal. Permanente aquele que vinha abrir um negócio; sazonal o habitante por temporada. Para atender a ambos, os educadores estabeleceram colégios com internato e externato, uma das […] Read More

PLANO DIRETOR DE PETROPOLIS – PROPOSTA DE EMENDAS IHP 2011

PLANO DIRETOR DE PETROPÓLIS – PROPOSTA DE EMENDAS IHP 2011 Comissão: Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Vera Lúcia Salamoni Abad, Associada Titular, Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Patrícia Ferreira de Souza Lima, Associada Titular, cadeira n.º 36 – Patrono José Vieira Afonso INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS 2011 PROPOSTA DE EMENDAS AO PROJETO DO PLANO DIRETOR DE PETRÓPOLIS ihp (protocolo Câmara Municipal CM 0631/06.04.2011)   Embasados em tudo quanto consta das Considerações Especiais e Gerais constantes do presente documento, submetemos a exame as emendas ao final apresentadas e justificadas. As notas se destinam a certificar as citações e a fornecer a base interpretativa em seu contexto.   I – CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS II – CONSIDERAÇÕES GERAIS III – EMENDAS PROPOSTAS   I – CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS   Necessariamente, quando se trata de criar uma lei, como é o caso, tem-se que trabalhar o ordenamento jurídico como um todo. Esta não é uma questão menor ou desprezível. Se se luta por uma lei, ela há de ser feita o mais perfeitamente possível, sob pena de se perder a matéria substancial, o melhor propósito e a mais nobre intenção por causa de um defeito instrumental. A apreciação atual é a do Plano Diretor. Em primeiro lugar tem-se que colocar sobre a mesa a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Lei n.º12.376, de 30/12/2010) e dar especial atenção a seu artigo 2º e seu parágrafo 1º. Dizem eles: Art. 2° – Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1° – A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. (NOTA 01) “Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro.” (Redação da LEI Nº 12.376/30.12.2010) Art. 2° – Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1° – A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2° – A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3° – Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. […] Read More

CONSIDERAÇÕES SOBRE A BANDEIRA REPUBLICANA DO BRASIL

CONSIDERAÇÕES SOBRE A BANDEIRA REPUBLICANA DO BRASIL Vera Lúcia Salamoni Abad, Associada Titular, Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima   1 – INTRODUÇÃO Em 2009 quando ruiu parte do teto do prédio que abriga o Templo da Humanidade, sede da Igreja Positivista do Brasil na cidade do Rio de Janeiro, tornou-se notícia a descoberta das relíquias do acervo ali guardado. Dentre elas, esquecidos numa gaveta estavam os desenhos do projeto de uma nova bandeira para o Brasil republicano idealizada pelos seguidores da filosofia positivista do francês Augusto Comte (1798 – 1856). Figura 1 e 2 site templodahumanidade.org.br desenhos atualmente em restauração Tratava-se de dois desenhos da esfera central da bandeira: um em papel milimetrado com um esboço do todo e de alguns detalhes, como as estrelas, e outro em papel vegetal com o desenho definitivo do projeto. Além dos esboços em papel, existia uma pintura a óleo sobre tela com as cores que seriam usadas para realizar o projeto. (fig.1,2,3) Figura 3 acervo Igreja Positivista do Brasil. Tela de Décio Vilares, atualmente desaparecida Causou surpresa a muitos e aos historiadores em particular que tais documentos estivessem assim descuidadamente relegados ao abandono assim como o próprio local onde costumavam se reunir pessoas que influenciaram diretamente a instalação do regime republicano no nosso país. Ao mesmo tempo, considerando os desenhos encontrados, vemos a preocupação dos artífices do projeto na representação de uma esfera celeste na nova bandeira, a imagem do céu austral com destaque do “Cruzeiro do Sul”, o que parece vir de encontro ao conceito SULEAR criado um século depois da feitura de nossa bandeira pelo físico e antropólogo Marcio D’Olne Campos. O termo SULEAR estabelece uma distinção no modo de se situar em relação aos pontos cardeais contrapondo-se à prática advinda dos povos residentes no hemisfério norte, notadamente os europeus. Tal prática, comum no hemisfério norte, tomando por direção o sol nascente de dia e a Estrela Polar à noite, torna-se totalmente inadequada no hemisfério sul, de onde a Estrela Polar não é visível. À noite, é o Cruzeiro do Sul que indica a direção para o Polo Sul. Assim, o verbo Sulear se contrapõe ao verbo Nortear, por estar mais de acordo com a ótica do sul. Mas além disso, também problematiza o hábito de se aceitar o que sempre foi imposto como o certo ou melhor apenas por tradição colonial e constitui um rompimento com […] Read More

DISCURSO DE POSSE – Vera Lúcia Salamoni Abad

Sr Luiz Carlos Gomes Ilustre presidente do Instituto Histórico de Petrópolis Autoridades presentes Caros parentes e amigos aqui presentes   Sinto-me muito honrada e feliz de hoje fazer parte do Instituto Histórico de Petrópolis como associada efetiva. Perguntaram-me se viria fazer parte do acervo. . ainda não. Ser aceita no Instituto Histórico, como fui aceita na Academia Brasileira de Poesia, representa para mim, não um prêmio ou um coroamento de carreira, mas uma oportunidade única de aprendizado. A oportunidade de poder crescer em meu trabalho através do  convívio com aqueles que, por experiência e sabedoria, detêm  os meios próprios para nos desenvolver, e a chance de assim poder oferecer o trabalho que puder produzir para o crescimento desta instituição. Este é meu propósito.  É, portanto, como aprendiz que aqui me coloco e neste primeiro momento. Obrigada.   E o aprendizado começa logo ao conhecer mais a fundo o trabalho da pessoa que me coube como patrono e sobre quem devo discorrer neste momento.   Patronos são escolhidos pelas academias por serem figuras históricas, homens de letras, (mulheres, também!), pessoas que se destacam nos âmbitos relacionados com os propósitos acadêmicos. Intitulam os acadêmicos (pelo menos os da ABL) imortais. Claro, ninguém é imortal. Mas a dita humana imortalidade existe em uma obra, em certos feitos, e mesmo assim, não prescinde do relato passado de geração para geração para que se perpetue e, se tal relato não for por escrito, periga de ser deturpado ou esquecido para sempre.  Falo de matéria prima com a qual lido há bastante tempo: a palavra, a palavra escrita,  a memória, cerne do conhecimento histórico. O relato da história tem a ver com a memória, informação e preservação.    Assim, mesmo sem citar o seu nome, meu patrono já está presente em dois aspectos importantes do conhecimento histórico: relacionar-se com os que detêm os mesmos propósitos e raízes para promoção do próprio crescimento e a memória, fator essencial  à preservação da identidade para que o desenvolvimento se faça a partir do conhecimento.    Foi através da excelente pesquisa realizada pela prof.a Priscila Ribeiro Dorella da Universidade Federal de Minas Gerais,*(1) que travei conhecimento da obra de   Silvio Júlio Albuquerque Lima.   *(1) DORELLA, Priscila. Silvio Júlio de Albuquerque Lima: um precursor dos estudos acadêmicos sobre a América Hispânica no Brasil. Belo Horizonte UFMG, 2006. Dissertação apresentada ao curso de Mestrado do Programa de Pós-graduação do Departamento de História […] Read More

EXTERNATO MODELO – Um exemplo de escola primária particular em Petrópolis

EXTERNATO MODELO – Um exemplo de escola primária particular em Petrópolis, na primeira metade do século XX Vera Lúcia Salamoni Abad, Associada Titular, Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima, com a colaboração de Patrícia Ferreira de Souza Lima, Associada Titular, cadeira n.º 36 – Patrono José Vieira Afonso   Tópicos: 1. Memória Testemunho dos ex-alunos e descendentes das professoras do Externato Modelo. 2. A escola primária do Império ao início do século XX A República Primeiras regulamentações: cada estado/província fazia a sua O Currículo A Nova Escola 3. Escola de cunho familiar Escola particular no fundo do quintal 4. O Externato Modelo O prédio – o local, instalações A família Corrêa As professoras 5. As práticas O dia a dia O currículo O uniforme Recursos Horários Festas Prêmios Ação educativa 6. O legado O que deve ser registrado e guardado Aprendizagem para o presente e para o futuro   EXTERNATO MODELO “O segredo da verdade é o seguinte: não existem fatos, só existem histórias”. O dizer encontra-se em epígrafe na abertura da obra Viva o Povo Brasileiro de João Ubaldo Ribeiro, onde a história do nosso povo é relatada por seus protagonistas. Este é um modo válido de se registrar a história: a verdade multi facetada, dependente de vários olhares diferentes resultante de inúmeros pontos de vista torna inviável um relato único dos fatos. Ao procurar os fatos relativos ao Externato Modelo, escola que constituiu um marco na educação petropolitana na primeira metade do século XX, constatamos que os dados que registram sua existência são escassos, quase nada podendo se encontrar em documentos oficiais. Restou-nos assim, o recurso de basear este trabalho nas histórias e guardados, memórias dos descendentes das professoras e dos que ali receberam seus ensinamentos escolares, como se dizia, onde “aprenderam as primeiras letras”. Chamados a prestar seus depoimentos, todos acolheram com prazer a oportunidade de falar sobre suas experiências infantis no trato com suas professoras, no dia a dia do trabalho escolar, nos convívio com os colegas e principalmente no que ficou para suas vidas como resultado do processo educativo que receberam no Externato Modelo. A todos agradecemos de coração, o carinho, a atenção, a presteza em atender ao chamado, a valiosa colaboração. Com o conteúdo de tais testemunhos e dados recolhidos, apresentamos a seguir, a ser registrada nos arquivos do Instituto Histórico de Petrópolis, a memória do Externato Modelo que funcionou de cerca de 1927 […] Read More