HONRANDO A ESTIRPE Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Há um ditado antigo que assim se enuncia: quem quer se fazer não pode, quem é bom já nasce feito. Talvez pouca gente saiba nos dias que correm, que o prédio nº 167 da Av. Koeler nesta cidade, pertenceu outrora ao Dr. Vicente Candido Figueira de Melo Saboia, Barão e depois Visconde de Saboia, que nele faleceu a 18 de março de 1909. Nascido em Sobral no Ceará a 13 de abril de 1836, o Dr. Vicente era o sexto filho de José Saboia (1800/1870) e de Joaquina Inacia Figueira de Melo Saboia (1803/1873). Em 1858 doutorou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. No ano seguinte, depois de submeter-se a concurso, foi nomeado expositor da Seção Cirúrgica da mesma Faculdade e, em 1872, chegou a catedrático de Clínica Cirúrgica, tendo lecionado por cerca de vinte anos. Assumiu a diretoria da Faculdade de Medicina em 1881 e pouco depois tornou-se médico da Família Imperial. Homem de cultura humanista, bem relacionado com o mundo científico europeu, tornou-se membro da Real Academia de Medicina de Roma, da Academia de Medicina e da Sociedade de Cirurgia de Paris, da Sociedade de Obstetrícia de Londres, da Academia de Ciências de Lisboa. No Brasil integrou a Imperial Academia de Medicina e foi sócio do Instituto do Ceará. Promoveu por incumbência do governo geral a reforma do ensino superior brasileiro e deixou inúmeros trabalhos publicados, a maioria na área de cirurgia que era sua especialidade. Introduziu entre nós o método antisséptico que lhe permitiu fazer sucesso com cirurgias abdominais, o que representava alto risco de vida em sua época. Também foi o primeiro a usar aqui a atadura gessada. Casou-se o Dr. Vicente Saboia no Rio de Janeiro, aos 6 de janeiro de 1861, com D. Luiza Marcondes Jobim, natural da então província de São Pedro do Rio Grande, filha do Senador José Martins da Cruz Jobim, que foi figura muito atuante no Imperial Instituto Fluminense da Agricultura. Os futuros Viscondes de Saboia tiveram cinco filhos a saber: Edmundo Jobim de Saboia, que seguiu a carreira paterna; Eduardo Jobim de Saboia, engenheiro; Adelaide Jobim de Saboia; Julieta Jobim de Saboia; Maria Luisa Jobim de Saboia, cujo filho Anibal Saboia Lima meteu-se na carreira diplomática. Agora, para honra dessa magnífica estirpe, um outro […] Read More
DECÊNIO DE OURO
DECÊNIO DE OURO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira A atual Academia Brasileira de Poesia – Casa de Raul de Leoni surgiu no ano de 2006, quando o poeta Hamilton Lopes alterou o Estatuto da Academia Petropolitana de Poesia Raul de Leoni, rebatizando-a Brasileira e registrando a nova denominação. A entidade passara a existir no dia 15 de agosto de 1983 para os primeiros acertos e instalada a 21 de novembro do mesmo ano, em solenidade realizada no Museu Imperial. No dia 15 último completou 30 anos de atividade na soma das suas denominações, mantida a homenagem ao imortal poeta petropolitano Raul de Leoni Ramos. Até a adoção do nome de Raul de Leoni como patrono maior da Academia, era ele festejado como um dos bons poetas nacionais, porém timidamente inserido na história da Literatura Brasileira. Críticos e apreciadores da arte poética tinham-no como um dos maiores, com sua obra em 11ª edição, mas eram bastante restritas e sem a merecida divulgação sua vida, seus feitos, sua poesia de rara, reconhecida e bela inspiração. Seu nome se projetara em Petrópolis em uma rua petropolitana, quando o Prefeito e Homem de Letras Antônio Joaquim de Paula Buarque publicou o Ato nº 44, em 10 de novembro de 1928. Anos após, ocorreu a inauguração de uma herma, sob doação do Mercador de Livros Carlos Ribeiro, seu editor e proprietário da Livraria São José, no Rio de Janeiro, em parceria com a Academia Petropolitana de Letras. Bela solenidade assinalou o feito no dia 8 de novembro de 1975, recebendo a Cidade, em seu Centro Histórico, a justa homenagem. O acadêmico Professor-Poeta Roberto Francisco, quando vereador, fez denominar o Centro de Cultura com o nome do poeta, alterado posteriormente e retomado quando presidente da Academia de Poesia, a grande Edith Marlene de Barros. E versará sobre ela e seu trabalho, a presente crônica. Criada a Academia de Poesia, em honra ao poeta, ela viveu seus primeiros 10 anos em organização. Em janeiro de 1993 Edith Marlene ascendeu à presidência da Entidade cumprindo o decênio (1993 a 2003) somando mais um ano (2004). Chamo de “Decênio de Ouro”, sim, de ouro, porque neste período mágico, a presidente Edith Marlene de Barros honrou a entidade e seu patrono ao reconhecimento local, nacional e internacional. Seu dinamismo, seu amor à figura do patrono, sua dedicação acadêmica, elevaram […] Read More
DISCURSO DE POSSE NO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS – Ronaldo Pereira Rego
DISCURSO DE POSSE NO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS Ronaldo Pereira Rego, ex-Associado Honorário, Associado Titular, Cadeira n.º 32 – Patrono Oscar Weinschenck 12/08/2013 Suas Altezas, Excelentíssimo senhor presidente, Membros do Instituto Histórico, Senhoras e Senhores Gostaria de desculpar-me por não ser um bom orador, razão pela qual procurarei ser breve nestas poucas linhas. Antes de tudo gostaria de lembrar e homenagear aqueles que nos idos de 1938 se reuniram para criar este Instituto, sob os auspícios do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do qual nosso imperador Pedro II foi fundador. Foram eles: – Prof. Américo Lacombe – Dr. Cardozo de Miranda – Yedo Fiúza – Paulo de Mattos Rudge – Pedro Calmon – Prof. Germana de Souza – Dr. Paulino de Souza – José Wanderley de Araujo Pinho – Rodrigo Otávio Filho – Eugênio de Castro – Otávio Tarquínio de Souza – Décio de Carvalho Werneck – Herbert Canabarro Reichardt – José Carlos Macedo Soares – Leopoldo Feijó Bettancourt – Magalhães Bastos – Frei Estanislau Schaette – Henrique Leão Teixeira – Claudio Ganns – Antonio Fontes Uma plêiades de intelectuais e homens públicos preocupados com Petrópolis e sua rica herança. Ainda no governo Vargas, o museu imperial passa a ocupar o antigo palácio de verão do Imperador, resguardando-se esse importante prédio histórico. Por ser Petrópolis uma cidade única nas Américas, com um passado tão rico, fiquei sensibilizado pela honra recebida de fazer parte deste Instituto e de seus egrégios integrantes. Somos testemunhas privilegiadas dos acontecimentos históricos que o mundo atravessa, particularmente nosso país, e temos a obrigação de deixar para as gerações futuras nosso testemunho e registro. O simples fato de pagarmos um imposto é um ato político, assim como votar, produzir uma obra de arte ou nos especializarmos em algum ofício. A parte é o todo e vice versa. Essa visão unitária do ser integral não nos exime de responsabilidades pessoais e coletivas, pois nosso país atravessa uma de suas fases mais dramáticas e rica em ensinamentos que devemos incorporar diariamente em nosso cotidiano. Imaginamos que uma instituição com o nome de “Histórica” seria apenas um lugar de registros, com nomes e datas, biografias, iconografias, etc. Mas não é assim. Ela tem sua dinâmica própria e seus componentes refletem nosso pathos e nosso ethos. Ao olharmos para nossa cidade de Petrópolis, que caminha para seus dois séculos de existência, percebemos o quanto ela refletiu a nascença de nosso país […] Read More
DISCURSO DE POSSE – Manuel de Bourbon de Orleans e Bragança (Dom)
DISCURSO DE POSSE Manuel de Bourbon de Orleans e Bragança (Dom), Associado Honorário 12/08/2013 Boa noite Sras. e Sres. Em 1º lugar quero agradecer ao nosso Presidente, Luiz Carlos Gomes, assim como aos membros do Instituto Histórico de Petrópolis que decidiram me convidar como Associado Honorário a esta ilustre Instituição. Também quero agradecer a presença, não só dos associados do Instituto como também a dos convidados presentes. Peço desculpas, antes de mais nada, pelos possíveis erros na minha fala, tanto na pronúncia como em construções de frases e até em possíveis vocábulos que não são comuns ou que não existem em nossa língua. É que foram 40 anos de vida intensa fora do Brasil. Considerando que tendo eu nascido e morado em Petrópolis, cidade onde vivi até os 13 anos de idade, passando a minha infância e parte da adolescência na nossa casa na Rua Epitácio Pessoa, frente à Praça do Bosque, são inúmeras as lembranças que aparecem na minha memória: Desde os meus primeiros passos pelas calçadas das ruas de Petrópolis, de mãos dadas com meus Pais, tentando alcançar com meus pés as linhas desenhadas no cimento, assim como, as histórias que nosso Pai nos contava e fazia ver tanto em casa como em passeios, excursões viagens pelo Brasil e visitas a diferentes casas de amigos assim como ao Museu Imperial, em cuja ampla esplanada de cimento que o rodeia, ele ensinou aos seus seis filhos a andar de bicicleta e, sobre tudo a respeitar todo aquele ambiente. Além de andar de bicicleta, e de muitas outras coisas como nadar, montar a cavalo,…, saber comportar- se,…, etc., nosso Pai nos transmitiu inúmeros conhecimentos de história. Tanto da nossa família, como do Brasil e de Petrópolis. Mas, sobre tudo, nos transmitiu um grande amor e respeito pela natureza, nosso país e nossa cidade. Apesar dos 40 anos que vivi na Espanha, essas lembranças nunca abandonaram a minha memória e sempre vinham acompanhadas de muitas saudades. Nunca deixei de ser brasileiro, tanto é que registrei meus filhos na embaixada do Brasil em Madri, para que tivessem a nacionalidade brasileira, apesar de terem nascido em Sevilha. Não é que me queixo dos anos vividos na Espanha, muito pelo contrario. Lá estudei, me formei, trabalhei, me casei, tive filhos e fui empresário. Durante todo esse tempo fiz muitas amizades, cuja maioria freqüento até hoje. Por exemplo: Meu primeiro companheiro de carteia no colégio, […] Read More
HOMENAGEM JUSTÍSSIMA A PAULO BARBOSA DA SILVA
HOMENAGEM JUSTÍSSIMA A PAULO BARBOSA DA SILVA Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Há cem anos a Câmara Municipal de Petrópolis prestava justíssima homenagem a Paulo Barbosa da Silva, ocasião em que, no salão nobre da Casa fora entronizado o busto do homem que soube com habilidade e clarividência costurar o projeto Petrópolis a partir de decreto Imperial de 16 de março de 1843. A “Tribuna de Petrópolis” de 4 de março de 1913 dava conta de que no escritório do “Jornal do Comércio” do Rio de Janeiro estava exposto o busto em mármore do Conselheiro Paulo Barbosa da Silva. A peça ofertada por D. Francisca Barbosa de Oliveira Jacobina, viúva do Dr. Antonio Araujo Ferreira Jacobina, deveria ser entregue à Câmara Municipal de Petrópolis pelo Dr. Castro Barbosa, prestigioso médico no Rio de Janeiro. Numa sessão solene realizada pela Municipalidade petropolitana, foi o busto do Mordomo e Conselheiro inaugurado a 6 de março de 1913, ocasião em que o mesmo Dr. Castro Barbosa pronunciou longo discurso falando da vida e da obra do homenageado. Na presidência da Câmera, por coincidência, havia um outro Barbosa, Arthur Barbosa, que nenhum parentesco parecia ter com o Mordomo. A ele coube fazer a locução de agradecimento à generosa oferta. O busto de Paulo Barbosa da Silva foi introduzido no recinto da cerimônia pelo Barão de Santa Margarida, Fernando Vidal Leite Ribeiro, que por muitos anos presidiu o Clube dos Diários e que era uma das figuras mais representativas da sociedade que veraneava em Petrópolis e, por Joaquim Pinto de Carvalho, tradicional comerciante de fazendas na atual rua Washington Luis, vereador e juiz de paz. A “Tribuna de Petrópolis” de 7 de março de 1913 publicou na íntegra o discurso do Dr. Castro Barbosa, do qual destaco alguns tópicos bem significativos, para marcar tão auspicioso acontecimento. Depois de um palavroso exórdio ao gosto da época, o orador, ferindo o tema que o levara à tribuna assim se houve: “Paulo Barbosa da Silva, Julio Frederico Koeler e D. Pedro II, João Caldas Vianna e Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, são todos dignos da mais profunda estima pelos atos múltiplos que praticaram e dos quais resultou surgir no planalto sulcado pelos afluentes do Piabanha, formando uma verdadeira árvore fluvial, a bela cidade cuja imagem fica gravada na memória de todos que a […] Read More
DESEMBARGADOR ELLIS HERMYDIO FIGUEIRA – SÍNTESE BIOGRÁFICA
DESEMBARGADOR ELLIS HERMYDIO FIGUEIRA – SÍNTESE BIOGRÁFICA Antônio Izaias da Costa Abreu, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 3 – Patrono Antônio Machado 15 DE FEVEREIRO DE 2013 Faleceu hoje, pela manhã, no sítio de sua propriedade em Ponta Negra, Maricá, RJ, o desembargador Ellis Hermydio Figueira, natural do município de Itaocara, neste estado. Filho de José Hermydio Figueira e Hermira Maria de Jesus. Consorciado com Telma Figueira resultou da união os filhos Mario Augusto Figueira, procurador do Estado; Isabela Figueira, promotora de Justiça e Ellis Hermydio Figueira Júnior, também promotor de Justiça. Os seus estudos, fê-los no Colégio de Pádua, do município de Santo Antonio de Pádua, RJ, no noroeste fluminense, havendo concluído o ensino médio (científico) em 1949. Diplomou-se em Ciências Jurídicas pela Faculdade Fluminense de Direito, em 1954. Advogou intensamente até 1980. Membro por vários biênios da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do Estado do Rio de Janeiro sendo seu derradeiro presidente, quando ocorreu a fusão das duas unidades da federação. Laureado em concurso público, ingressou na carreira do Ministério Público Estadual no ano de 1961. Presidiu a associação da classe. Exerceu a promotoria de Justiça nas comarcas de Nova Iguaçu, Paracambi, Volta Redonda, Itaguaí, Mangaratiba, Teresópolis, Itaperuna, Magé, Campos dos Goytacazes e Niterói. Ocupou o cargo de procurador dos feitos da fazenda pública no Estado do Rio de Janeiro por cerca de um decênio. Com a fusão das duas unidades da federação – Rio de Janeiro e Guanabara – foi eleito membro do Conselho Superior do Ministério Público do novo estado e, mais tarde, 2º subprocurador geral, havendo sido promovido ao último degrau da carreira ministerial em 1974. Como procurador, em 1973, serviu junto à 2ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça, a ocasião composta pelos eminentes desembargadores Amaro Martins de Almeida, Felisberto Monteiro Ribeiro Neto, Maria Stela Vilella Souto e Décio Ferreira Cretton. Reconhecido pelos relevantes serviços prestados tais como dirigente da administração do Poder Judiciário Estadual quando, no exercício da Corregedoria Geral da Justiça e da 1ª Vice Presidência, via de projetos de sua iniciativa tens como a criação de comarcas e a elevação à categoria; implantação dos juizados especiais dos municípios de Rio das Ostras e Volta Redonda, que por leis locais atribuíram o seu nome às avenidas onde se achavam os respectivos fóruns, enquanto o município de São José de Ubá deu ao prédio edificado para os juizados especiais […] Read More
TIRADENTES – DESCENDENTES
TIRADENTES – DESCENDENTES Controvérsias & Fatos Antônio Izaias da Costa Abreu, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 3 – Patrono Antônio Machado Trata-se, aqui, da descendência de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Ilustres e conceituados historiadores indicam, entre outros, Pedro de Almeida Beltrão Júnior e suas irmãs, Maria Custódia dos Santos e Zoé Cândida dos Santos, como trinetos do protomártir da nossa Independência. Entretanto, no nosso entender, tal afirmação não se reveste de credibilidade; pois, no que se infere da real documentação histórica, inexiste o apontado liame entre eles e Joaquim José da Silva Xavier. Em 16 de outubro de 1969, o Congresso Nacional — por admiti-los como trinetos de Tiradentes — contemplou-os com uma pensão vitalícia de dois salários-mínimos cada um, apesar de, à luz de aceitável documentação existente, não haver tal descendência. Bem esclarecendo, com relação a Eugênia Joaquina da Silva (no cerca 1770), seu filho, que recebeu no batismo o nome de João de Almeida Beltrão, não era filho de Tiradentes, mas de José Pereira de Almeida Beltrão, conforme elucidado pelo professor Waldemar de Almeida Barbosa, ao localizar, na Matriz do Pilar de Ouro Preto, o assento de batismo de João de Almeida Beltrão[1][1], às folhas 354, do livro próprio, assim transcrito: “Aos quinze dias do mês de julho de 1787, nessa igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar de Vila Rica de Ouro Preto, batizei e pus os santos óleos a João, filho natural que diz ser do cadete José Pereira de Almeida Beltrão e de Eugênia Joaquina da Silva, solteira; foi padrinho o tenente Bernardo Pereira Marques, solteiro; todos desta freguesia, de que fiz este assento. o coadjutor Antonio Ribeiro Azevedo.” [1] “Altos da Devassa da Inconfidência Mineira”, v. I, pág. 145, Câmara dos Deputados – Brasília, Distrito Federal, 1976. Essa descoberta — peça essencial para levar credibilidade do afastamento de qualquer vínculo de parentesco dos “Beltrãos” com Tiradentes — motivou o conceituado professor, em artigo na edição de 20 de novembro de 1961 de “O Estado de Minas Gerais”, a pôr fim a tal vetusta tradição oral não comprovada da paternidade de João de Almeida Beltrão. Equivocaram-se, portanto, os ilustres historiadores Lúcio José dos Santos[2], Miguel Santos e G. Hércules Pinto[3], entre outros, em atribuir a paternidade do menor João de Almeida Beltrão ao Inconfidente, pois Eugênia Joaquina da Silva era a filha mais velha de dona Maria Josefa, sendo aquela, mulher […] Read More
ILUMINADOR DA VIDA
ILUMINADOR DA VIDA Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Difícil falar ou escrever sobre Raul Lopes. Aliás, dizer algo de alguém tão grandioso é tarefa somente para os mais capacitados, seja pelo estilo no escrever, seja pelo sentimento humano impresso em personalidade especial. Sem tantos predicados, uso a emoção da amizade, da admiração, do ser fã confesso. Raul Lopes foi um ser humano de toque divino em cada ação, cada gesto, cada criação de trabalho, de inspiração, de amor à cultura e sempre pela arte; pela arte da vida para servir sob a maravilha de uma inteligência rara, iniciada na sua formação religiosa dos tempos de menino de seminário. Daí sabia, como poucos, tudo sobre o ser religioso e o ser profano, com a sabedoria dos grandes mestres do pensamento. Devotou-se à difusão do correto e do justo, fosse por seu jeito sincero, leal e positivo ou sob o manto da criatividade que porejava de sua figura miúda, magrinha, de olhar vivo, perscrutador, que nos aproximava de suas idéias e empreendimentos e nos colocava em apoio ao que o entusiasmava. Raul Lopes experimentou passagens memoráveis em sua vida e em cada momento aprendeu e aprimorou seu saber e sua arte. No jornal Tribuna da Imprensa, onde trabalhou com Carlos Lacerda, Stefan Baciu, Cavaca e outros luminares do jornalismo brasileiro, apurou seu gosto pela criação gráfica e aprendeu as primeiras lições de fotografia. Quando chegou a Petrópolis, sua bagagem artística e cultural foi deitada às artes gráficas nas Vozes de Petrópolis. Apaixonou-se pela fotografia, tornando-se um dos melhores e mais procurados e respeitados de Petrópolis, abrindo atelier onde realizava todas as etapas da esplendida arte. Sensível, observador, minucioso, a luz de suas fotografias era digna dos maiores mestres do mundo. Esteve, por muitos anos, com trabalhos para o Museu Imperial, produzindo reproduções do acervo daquele órgão federal, organizando exposições, naquele mágico tempo onde sua criatividade foi ilimitada. Amava o teatro, colaborando em todas as frentes do TEP-Teatro Experimental Petropolitano, nos cenários, na iluminação, na divulgação, tendo, inclusive ocupado presidência na Diretoria Executiva do grupo de arte cênica. Por ali, criou o Teatro de Fantoches, que se tornou famoso como o “Teatrinho do Tio Raul”, criando e confeccionando os bonecos, o palco, idealizando a iluminação, a sonoplastia, ensinando e ensaiando os artistas manipuladores e ele próprio atuando em personagens. Sua peça “Lendas […] Read More
DISCURSOS – FINAL DO MANDATO DE 1981 A 1982 – Ruth Boucault Judice
DISCURSOS – FINAL DO MANDATO DE 1981 A 1982 Ruth Boucault Judice, associada titular, cadeira n.º 33, patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Consócios Amigos, 2 de dezembro de 1982! Chegamos ao fim do nosso mandato de 2 anos. Pouco fizemos, sei disto. Mas… pouco é mais do que nada e o começo de muito. Por isso, sempre vale a pena começar. O Instituto comemorou todas as festividades enumeradas pelo estatuto, condignamente. Assim se sucederam os: 16 de Março, 29 de Junho, 29 de Setembro. Terminamos hoje em 2 de dezembro, quando entrego a vocês que me depositaram confiança, o meu cargo de Presidente. Admitimos alguns sócios, entre eles: Evany Rita Noel – sócio efetivo Wolfran Spitzner – sócio correspondente (Alemanha) Hubert Knauber – sócio correspondente (Alemanha) Pimentel Wing – sócio correspondente José Kana Matta – sócio correspondente Começamos a nossa gestão, como já relatamos no final do ano passado, mudando para a Casa de Cláudio de Souza, gentilmente cedida pelo Museu Imperial, na pessoa do Prof. Lacombe. De início, no 2º andar mal instalados, com um pouco de barulho para nossas reuniões. Hoje já descemos para o térreo, onde as reuniões correm com mais calma e onde temos mais possibilidades de conforto. Conseguimos uma caixa postal de nº. 90.472 que colocamos à disposição dos interessados e onde recebemos as assinaturas gratuitas da Tribuna de Petrópolis e do Jornal de Petrópolis. Usamos por algum tempo o Jornal de Petrópolis com crônicas comparativas sobre Petrópolis: Ontem e Hoje. Criamos na Tribuna, uma seção nossa, que ainda continua ativa com o título – O Instituto Histórico que ser a Memória de Petrópolis – com a contribuição de alguns membros do Instituto, (aproveito agora para estender o convite a todos que tiverem um recado a dar sobre a nossa cidade, quer do seu passado, do seu presente e mesmo do seu futuro). Dirijam-se a nossa secretária com os possíveis assuntos para palestras. Será mais fácil organizar depois. O nosso consócio, Carlos Rheingantz tem publicado, no mesmo jornal, seu artigo Quem povoou Petrópolis, que desperta grande interesse em toda população. Tivemos preciosas palestras sobre as nossas coisas, a nossa história através dos sócios Prof. Vicente Tapajós, Dr. Eppinghaus, Prof. Froes, Dr. Claudionor de Souza Adão além da palestra de âmbito maior do Prof. Gunter Weimer sobre arquitetura alemã promovida por SPHAN e IHP e Clube 29 de Junho e também Centro de […] Read More
CAUSOS DE POLICÍA EM PETRÓPOLIS
CAUSOS DE POLÍCIA EM PETRÓPOLIS Mariza da Silva Gomes, associada honorária INTRODUÇÃO O presente trabalho “Causos de polícia em Petrópolis” tem como objetivo resgatar artigos variados publicados nos jornais de Petrópolis, especialmente na Tribuna de Petrópolis, que era o órgão de grande importância em nossa cidade. O período consultado compreende entre 1900 até 1930 onde podemos observar através dos artigos a realidade cotidiana do povo petropolitano. Poderemos observar que no período de 1900 no jornal Gazeta de Petrópolis os fatos agravantes ocorridos em nossa cidade eram escritos em negrito com letras maiúsculas no intuito de chamar a atenção do leitor. A imprensa local começa a apoiar os mais variados pedidos e reclamações do povo petropolitano com a coluna impressa em negrito intitulada “Pelo Povo” – “O povo petropolitano terá nesta columna o seu paládio. Todas as reclamações e queixas que nos forem apresentadas verbalmente ou por escripto, serão immediatamente publicadas, provada que seja sua exactidão” (jornal Gazeta de Petrópolis 20/12/1902 – pág. -1/coluna 04) Em 16/01/1904 os destaques em negrito publicados no jornal Tribuna de Petrópolis referentes aos acontecimentos policiais, são chamados de “Com a policia”. Outro titulo que pode ser destacado como “causos”, são descritos na imprensa em uma coluna criada pela Tribuna de Petrópolis no ano de 1907, chamada “Na policia e Nas ruas”, sendo que a mesma só ganhou força em 20/01/1909 quando o subdelegado de polícia era o Sr. Napoleão Olive, segundo o jornal: “A população percebe que a imprensa é o meio de comunicação que consegue alertar as autoridades para que a cidade esteja mais limpa, menos violenta e com menos desordem” (Tribuna de Petrópolis 19/01/1909). O lugar ocupado pela coluna no jornal era invariavelmente no verso da capa. No entanto, o tamanho da coluna variava de acordo com a importância da reclamação dos populares ou com a gravidade do crime cometido, que, aliás, era identificado pela nacionalidade, cor de pele, idade, endereço do autor do: homicídio, vadiagens, mendicidade, prostituição, furto, agressão, embriaguez, crimes diversos, suicídios etc. O início da matéria possuía o título sempre em “negrito”, talvez para chamar a atenção dos leitores e, logo após, a identificação do delegado que fez a ocorrência ou a prisão do elemento. Essas colunas se tornaram com o tempo, bastante populares, tornando-se um canal de comunicação entre a polícia e a população petropolitana, onde destacamos que a partir de 1911 os artigos vinham em negrito com […] Read More