RESGATES PETROPOLITANOS [PADRE SIQUEIRA]

  RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Quem passa pela antiga Avenida 1º de Março, hoje Roberto Silveira, não pode ficar alheio ao imenso edifício que aglutina elementos neoclássicos e da chamada arquitetura do ferro, onde se abriga desde as últimas décadas do século XIX a Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo, com relevantíssimos serviços prestados à sociedade petropolitana, especialmente aos menos contemplados pela fortuna material. Mas, se o prédio e a obra social não escapam aos sentidos e à sensibilidade dos que transitam por aquele logradouro, talvez a maioria destes e de tantos outros moradores e frequentadores desta urbe não saiba que por detrás de tudo aquilo estivesse a figura dinâmica, corajosa e humanitária de um sacerdote franzino e doente, que morrera antes de ver completamente realizado o seu sonho. Refiro-me ao Padre Siqueira, nascido em Jacareí, no Vale do Paraíba paulista a 10 de julho de 1837 do casal Miguel Nunes de Siqueira e Claudina Maria de Andrade. Fora ordenado em 1863 e ao iniciar-se a Guerra da Tríplice Aliança, partiu para o teatro da luta, onde tornou-se capelão de 7º Batalhão de Voluntários da Pátria. Sua débil constituição física não lhe permitira ficar por muito tempo no desempenho de suas funções religiosas. Doente, já atacado pela tuberculose, voltou à terra natal, vindo em seguida viver na Corte, sendo ai acolhido por D. Ana Leocádia da Cunha Moreira Guimarães, que vivia gostosamente em sua chácara nas Laranjeiras. Essas preciosas informações são de Antonio Machado, que nos anos trinta, sob o pseudônimo de João Fernandes, tantos serviços prestou à historiografia petropolitana, publicando o resultado de suas pesquisas nesta “Tribuna de Petrópolis”. D. Leocádia era sobrinha do Padre Corrêa, filha de D. Archangela, tendo herdado da mãe a altivez, a energia e a alma caridosa e fidalga. Consta ter sido ela a grande animadora do Padre Siqueira no rumo de execução do projeto que se tornaria realidade em Petrópolis, com o nome de Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo. Preocupada coma saúde do sacerdote D. Ana Leocádia ofereceu a este, a Fazenda da Olaria, mais tarde residência oficial do Major, depois Coronel José Cândido Monteiro de Barros. Numa época em que a tuberculose era tratada com clima, cama e comida, a Olaria, hoje Castelo de São Manoel, era o local próprio para prolongar a […] Read More

CADMO VENCE A IMENSA SERPENTE – DESCOBRIMENTO DO BRASIL POR CADMO

  CADMO VENCE A IMENSA SERPENTE – 1ª PARTE – DESCOBRIMENTO DO BRASIL POR CADMO Enrico Mattievich, associado titular, cadeira n.º 12, patrono Claudionor de Souza Adão   Dedico este artigo à memória do brilhante físico, Professor José Leite Lopes, que, como Diretor do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e editor da série de preprints Ciência e Sociedade, ousou publicar a primeira versão do presente artigo, em 1986. Resumo No livro de minha autoria Viagem ao Inferno Mitológico, seguindo ao pé da letra a Teogonia de Hesíodo, – Aos pés da elevada montanha Atlas, nos extremos confins ocidentais do famoso Oceano –, identifiquei as ruínas do Palácio de Hades e Perséfone, nos restos arqueológicos do palácio labiríntico de Chavín de Huántar, aos pés das cumes mais elevadas dos Andes peruanos. No presente artigo procurarei explicar como encontrei que o famoso trabalho de Hércules, no qual vence o Dragão de cem cabeças para apoderar-se das maçãs de ouro do jardim das Hespérides, narrado no mito estelar de Hyginus, se relaciona com o mito estelar de Cadmo que vence a imensa serpente Draco, preservado por Ovídio, e ambos os mitos interpreto como alegorias geográficas, que preservariam a heróica epopéia da conquista do Rio Amazonas (Solimões) na Idade do Bronze. O jardim das Hespérides, com suas maçãs de ouro cobiçadas por Hércules, se referiria ao jardim de Coricancha, em Cusco, conservado desde tempos antiquíssimos com plantas e frutas reproduzidas em ouro, até a chegada dos Espanhóis. Para confirmar esta tese, será necessário que arqueólogos capacitados, realizem um sério trabalho de datação estratigráfica na fortaleza ciclópica de Sacsahuamán, a qual, em vez de construída apenas 100 anos antes da chegada dos Conquistadores Espanhóis, – idade atribuída pela história oficial – teria mais de 3.200 anos de antiguidade. A idade dessa formidável acrópole fortificada, com três muros ciclópicos de pedra, será matéria que discutiremos numa segunda parte. PRÓLOGO O presente artigo foi publicado inicialmente na coleção “Ciência e Sociedade” nº. 013/86, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, CBPF/CNPq, Rio de Janeiro, 1986. Pode parecer estranho que físicos se dediquem à historiografia, porém não é original. Se me permitem a comparação, lembrarei que científicos notáveis como Isaac Newton se dedicaram a investigar a origem das antigas civilizações. Em seu livro “The Chronology of Ancient Kingdoms”, resume seus cuidados, tratando de reconciliar o Gênesis com a história das nações. O presente artigo corresponde ao 3º capitulo […] Read More

PROFESSOR DINIZAR, IN MEMORIAM

PROFESSOR DINIZAR, IN MEMORIAM Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel Estamos a celebrar o 30º dia da dormitio do inesquecível Professor Dinizar Araújo. À véspera de sua internação estive com ele na Rua Dezesseis de Março e nos cumprimentamos em meio ao costumeiro sorriso. Decorridos dois dias, na mesma rua encontrei meu afilhado Denílson e ele dissera que o pai havia sido internado e passava bem. Fiquei tranqüilo na certeza de que era passageiro e muito em breve ele estaria em nosso convívio. No entanto, fomos surpreendidos com a notícia. Triste, se visto pela ótica de nossa fragilidade humana. Mas alegres na certeza de que os céus receberam mais um de seus eleitos. Eram visíveis as demonstrações de carinho, amizade, prestígio e solidariedade espalhada nas incontáveis coroas, arranjos florais, telegramas, mensagens e dezenas de amigos, familiares e admiradores que se acotovelaram para o abraço final. Os meios de comunicação lhe endereçaram mensagens e homenagens. No derradeiro instante, diversos foram os discursos emocionados. As lágrimas também disseram presente. Nas palavras de meu afilhado Denílson um resumo dos 83 anos de Dinizar, as lides profissionais nos mais diversos setores da vida pública, no magistério e no escritório de advocacia. Dinizar, onde passou, deixou um rastro de luz, ali estava o filho, o esposo, o pai, o avô e o parente. Legou exemplos de cristão junto à Igreja e a outros seguimentos. Com ele aprendemos a conjugar o verbo amar. E cabe aqui uma reflexão: o falecimento de uma pessoa não deve ser interpretado como perda porque todo aquele que crê em Cristo “ainda que morto viverá .” Estas palavras são de Jesus. Ele é “a ressurreição e a vida”. Mas que dói, dói. No entanto, o ouro não se prova com o fogo? Está lá no Livro do Eclesiástico. (Cap.2, 1-18): É na adversidade que provamos nossa fé. Feliz daquele que exercita essa verdade. A morte é para todos. Sem exceção. E ela, só se concretiza quando apagamos de nossos corações aqueles aos quais amamos. Por isso, hoje, nestas louvações, um canto de gratidão ao amigo Dinizar que contribuiu e muito, para um mundo melhor. Cristo nos prometeu a vida eterna e assim sendo, glorifiquemos este notável herói, sob demorados aplausos. Obrigado Senhor por ter ornado vosso servo Dinizar de uma vida reta, íntegra, serena, firme e virtuosa, em cuja […] Read More

SEMINÁRIO DE MUSEUS E CENTROS CULTURAIS DO JUDICIÁRIO (I) – DISCURSO DE ABERTURA

  SEMINÁRIO DE MUSEUS E CENTROS CULTURAIS DO JUDICIÁRIO (I) – DISCURSO DE ABERTURA Antônio Izaías da Costa Abreu, associado titular, cadeira nº 3, patrono Antônio Machado Exmo. Juiz Gilberto de Mello Abdelhay Juiz Auxiliar da Presidência Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, representando o Exmo. Sr. Desembargador Manoel Alberto Rebelo dos Santos. DD Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Exmo Sr. Desembargador Ricardo Paes Barreto DD. Presidente do Tribunal Regional de Pernambuco (TRE/PE) Exmo. Sr. Desembargador Carlos Damião Pessoa Costa Lessa DD. Corregedor do Tribunal Regional Eleitoral – de Pernambuco (TRE/PE) Exmo. Sr. Desembargador Luiz José de Jesus Ribeiro DD. Presidente da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos (TRT – 8ª Região – Pará) Exma. Sra. Desembargadora Magda Biavaschi Comissão Coordenadora do Memorial da Justiça do Trabalho (TRT) 4ª Região – RS E demais autoridades presentes Senhoras e senhores 1 – Ao abrir as portas deste palácio a autoridades tão respeitáveis e reconhecidas, sentimo-nos honrados por sediar evento tão importante para a museologia nacional, no qual os seus partícipes buscam, através da interligação de experiência e conhecimento mútuo, o aperfeiçoamento cristalizado nas pegadas do tempo. 2 – Projetamos e oferecemos aos senhores um pouco do que até aqui realizamos. Na verdade, estamos certos de que iremos receber de imediato e num futuro que virá célere ao nosso encontro, os saborosos e desejados frutos deste conclave. 3 – Cultuamos o passado com o objetivo de resguardar o processo civilizatório, pois temos como dever deixar para os pósteros, os registros da memória judiciária, campo de nosso labor. 4 – Cabe noticiar aos presentes que, desde meados do século XVI, a cidade do Rio de Janeiro foi palco de fatos de grande repercussão em toda a colônia e, com a descoberta do ouro no início do século XVII, os conflitos se multiplicaram levando a Coroa a criar a Relação do Rio de Janeiro, em 1751. 5 – Posteriormente, com a vinda da família real para o Brasil, o Príncipe D. João, na regência do Império, extinguiu a Relação e criou a Casa da Suplicação do Brasil e outros tribunais. 6 – Com a independência do Brasil de Portugal, a Carta Constitucional de 1824 previu nova modificação do judiciário tendo criado o Tribunal da Relação da Corte, em 1833. Em 1891, com a República, surge a Corte de Apelação do Rio de Janeiro com vigência […] Read More

DISCURSOS – NOVO MANDATO – METAS – Ruth Boucault Judice

  DISCURSOS – NOVO MANDATO – METAS Ruth Boucault Judice, associada titular, cadeira n.º 33, patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Amigos consócios, Aceitei continuar meu mandato por mais dois anos. Por que? Eu mesma não sei dizer ao certo. Porque não tinha intenção de aceitar. Não viso glórias, status, viso apenas realização, e o saldo não foi tão positivo quanto desejei. Talvez por isso mesmo tenha aceitado. É um desafio para mim mesma. Sou tinhosa. Os desafios me atraem. Comecei alguma coisa, quero continuá-la e vê-la frutificar para que não se perca. Houve quem perguntasse pelo nosso plano de trabalho. Não pude responder então por dois motivos: 1º – Porque todo trabalho precisa ser lastreado por dinheiro e nós não temos verbas, a não ser a anuidade dos nossos sócios, que pouco soma. 2º – Porque houve programação, inclusive com sugestões dos próprios sócios que assistiram assíduos às reuniões mensais. Por isso, nesses dois anos anteriores, a minha maior preocupação foi criar possibilidades de verbas. E continuarei na mesma linha. Meta n.º 1 – Revista do Instituto de n.º 3, que está sendo impressa, e já vamos pensar na n. º4. Pediria aos sócios que quiserem participar que dêem seu nome, o título de seu trabalho à nossa secretária Márcia. Receberemos os artigos até o final de junho impreterivelmente. Meta n.º 2 – Através de nossa prefeitura, reativar o centro de pesquisas históricas que é feita com a mesma P.M.P. e com a Universidade Católica de Petrópolis. Reorganizar a comissão encarregada desse setor, exigir dela produção e participação prévia de seus trabalhos. Acho que o prudente também seria que todos os trabalhos, antes de serem impressos, passassem pelas nossas reuniões, para sugestões talvez, e também avaliação do que se está publicando em nome do nosso Instituto. Meta n.º 3 – Preservação de Patrimônio, como guardiões da cultura de nossa cidade; não podemos ver de braços cruzados o nosso patrimônio ecológico, cultural e arquitetônico ir progressivamente desaparecendo sem uma atuação mais enérgica de nossa parte. Temos que estar presentes, opinar, reagir quando necessário e sobretudo fiscalizar. Teremos que aguardar a retomada dos estudos sobre o Zoneamento e Uso do Solo e voltar a participar tão ativamente quanto da primeira vez. É um trabalho honesto, de peso, que precisa de nosso apoio. Precisaremos continuar com o trabalho cuidadoso de conscientização do patrimônio, por seus proprietários. E dos mesmos, é preciso […] Read More

RECORDAÇÕES DO BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

  RECORDAÇÕES DO BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Cláudio Moreira Bento, associado correspondente O dia 8 de maio de 2012 evoca o 67º aniversário do Dia da Vitória da Democracia e da Liberdade Mundial ameaçada pelo nazifascismo. O Brasil então participou do esforço de guerra aliada em defesa da Democracia e da Liberdade Mundial, a partir de 22 de agosto de 1942, quando entrou na guerra, depois de reconhecer o estado de beligerância contra ele de parte do Eixo e, até 8 de maio de 1945 – Dia da Vitória. Sua extensão geográfica (a quinta do mundo), sua posição geopolítica debruçada sobre o Atlântico e mais a sua solidariedade ao continente americano, não lhe permitiram ficar neutro. Assim participou, do esforço de guerra aliado, nos teatros de operações do Atlântico e do Mediterrâneo, em decorrência do Acordo Bilateral Brasil-EUA, de 23 de maio de 1942, que foi coordenado pela Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA, desdobrada em Washington e no Rio de Janeiro. As Forças Armadas Brasileiras assim participaram: o Exército defendeu o território brasileiro e as instalações militares nele existentes, com ênfase na Zona de Guerra então criada, e, dentro desta, o Saliente Nordestino (RN, PB, PE, AL) e nele o triângulo Natal-Recife-Arquipélago de Fernando de Noronha, além do envio da Força Expedicionária Brasileira – FEB ao teatro de operações do Mediterrâneo, integrando o V Exército dos EUA. A Marinha encarregou-se da defesa dos portos, patrulhamento oceânico e escolta de comboios marítimos, isoladamente, ou integrando a 4ª Esquadra Americana, com Quartel General no Recife. A Aeronáutica executou ações de patrulhamento oceânico e proteção de comboios, isoladamente, ou integrando a 4ª Esquadra Americana, além do envio de um grupo de caça (1º Grupo de Caça) que integrou a Força Aérea Aliada do Mediterrâneo e uma Esquadrilha de Ligação e Observação (1ª ELO) que combateu sobre o controle operacional da FEB, também na Itália. A cooperação do Brasil com os aliados inicialmente ficou restrita ao continente americano. Cessada a ameaça de uma ação do Eixo de invasão das Américas pelo Saliente Nordestino, resolução da Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA de n.º 16, de 21 de agosto de 1943, ampliou a ação militar do Brasil o que se traduziu, na prática, no envio de tropas de terra e ar para o teatro do Mediterrâneo e ação de nossa Marinha além de águas continentais americanas. Em contrapartida o Brasil recebeu dos EUA para o […] Read More

TITULARES NA SERRA DE PETRÓPOLIS

  TITULARES NA SERRA DE PETRÓPOLIS Mariza da Silva Gomes, associada honorária Nobreza Brasileira “A Nobreza Brasileira de A-Z” (Transcrita do Archivo Nobiliarchico Brasileiro) A Nobreza brasileira compreendia a família imperial brasileira, os detentores dos títulos nobiliárquicos agraciados durante o Império do Brasil e os membros não-titulados de famílias nobres brasileiras. Tendo parte da nobreza brasileira ascendência na fidalguia e nobreza portuguesa. Também, somente nobres podiam ser veadores e damas de companhia da Casa Imperial, oficiais-mores (camareiro-mor, mordomo-mor, capitão-mor), condecorados com as imperiais ordens honoríficas, oficiais da Guarda Nacional, fidalgos, membros da Imperial Guarda de Honra dos Mosqueteiros de Dom Pedro I (chamados Dragões da Independência) e oficiais generais do exército brasileiro e da marinha do Brasil. A nobreza brasileira tinha como ofícios principais a política, medicina, diplomacia, senhorio de propriedade rural latifundiária, comércio em larga escala, magistratura, promotoria, procuradoria, oficialato das Forças Armadas, inspetoria da Alfândega, engenharia, advocacia, certos tipos de arte, sacerdócio católico, e intelectualismo em geral, visto que, à época, no Brasil a educação era muito cara e escassa. Os filhos da nobreza também tinham o direito de entrar na marinha do Brasil diretamente no posto de aspirante e no exército brasileiro como cadete. A formação da nobreza do Brasil teve como base a nobreza de Portugal, tendo os títulos nobiliárquicos de duque, marquês, conde, visconde e barão. Hierarquicamente, os membros da elite do país pertencentes à nobreza encontravam-se acima da elite não nobre, pois pertencer ao estamento servia como forma de ostentação de poder político e/ou origem familiar ilustre. Com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, entre 1808 e 1820, Dom João VI deu início a nobreza brasileira, distribuindo títulos nobiliárquicos, tendo, até 1821, agraciado 28 marqueses, 8 condes, 16 viscondes e 21 barões, quatro deles brasileiros natos: Baronesa de São Salvador de Campos de Goiatacases, Barão de Santo Amaro, Barão de São João Marcos e Barão de Goiana. Em seus primeiros oito anos no Brasil Dom João VI outorgou mais títulos de nobreza do que em todos os 300 anos anteriores da história da Monarquia Portuguesa, facto que não teve continuidade, pois nos outros anos da época imperial brasileira era apenas uma vez ao ano que o imperador agraciava membros da nobiliarquia com títulos nobiliárquicos. História Os títulos nobiliárquicos serviam como ostentação de poder político entre a elite, notadamente os grandes proprietários rurais. Muitos dos nobilitados, entretanto, eram descendentes directos da nobreza portuguesa, […] Read More

POSSE DE WOLMAR OLYMPIO NOGUEIRA BORGES

  POSSE DE WOLMAR OLYMPIO NOGUEIRA BORGES Wolmar Olympio Nogueira Borges, associado correspondente Transponho os umbrais da Casa de Cláudio de Souza com a emoção desmedida dos neófitos que se deslumbram com os valores superiores nela representados por personalidades de escol a se dedicarem ao amor da pátria e a sua gente. E me comovo por ser guiado, no instante, pelas mãos de um dos mais generosos amigos, membro do Instituto Histórico, Antônio Eugênio de Azevedo Taulois e me alegro por testemunhar que o ilustre padrinho intelectual seja acolitado, nas démarches oficiosas da recepção através da simpatia e trepidância de outro consócio, amigo, Paulo José de Podestá Filho, também, arraigado às tradições históricas de Petrópolis. Para um mineiro da gema, antigo aluno do Colégio São Vicente de Paulo, dos Cônegos Premonstratenses integrar-se aos quadros do Instituto Histórico da cidade, constitui honraria que o enobrecerá pela vida a fora. E, mais, ainda o fará reverenciar os fastos da História Petropolitana a fim de compreender melhor a beleza do significado da saga heróica dos primeiros posseiros, caminheiros, conforme Carta Regia de Agosto de 1686 doando SESMARIA na subida da Serra da Estrela a Francisco Siqueira e a João Matos de Souza; e outra SESMARIA (Setembro de 1686) “no sertão do Inhomirin de serra acima” a João Silveira e João Gonçalo Pires; homens indômitos oriundos doutras plagas que, aberto o caminho-novo para as Minas de Ouro dos Cataguás e já alcançado o Porto da Estrela, nos extremos da Baia de Guanabara, galgavam com sofreguidão a serra acima, a visualizarem a conquista de incomensuráveis riquezas descobertas sertão adentro. Ou, rememorar as trilhas orvalhadas que demandavam à SESMARIA de Domingos Rodrigues Teixeira (fazendas Quitandinha, Velasco, Morro Queimado), à SESMARIA do Córrego Seco e do Itamarati, 1721, de Bernardo Soares Proença (Fazenda Rancho da Farinha) e de Manuel Vieira Afonso, 1770; também a descerem e a seguir pelas vielas dos boqueirões sinuosos nas fragas de morros penhascosos até atingir a SESMARIA da Samambaia, de Luiz Peixoto da Silva (fazendas do Rio Morto e de Corrêias), posteriormente propriedade do Padre Antonio Tomás de Aquino Corrêia da Silva Goulão, ao lado da Capela de Nossa Senhora do Amor Divino. Tanto quanto, trazer viva na memória a evidência da compra, efetuada pelo Imperador D. Pedro I, a José Vieira Afonso através escritura de 1830, e o empenho que devotara, à ideia de construir o Palácio de verão denominado Concórdia. […] Read More

POSSE DE ENRICO MATTIEVICH

  POSSE DE ENRICO MATTIEVICH Enrico Mattievich, associado titular, cadeira n.º 12, patrono Claudionor de Souza Adão Senhor Presidente Luiz Carlos Gomes, senhores membros do Instituto Histórico de Petrópolis, senhoras e senhores. Em primeiro lugar quero agradecer ao Sr. Presidente e aos associados titulares: Sr. Arthur Leonardo de Sá Earp, ao Professor Antonio Eugênio Taulois e ao Tenente Coronel Ivo de Albuquerque, pela indicação do meu nome. É grande a honra que me conferem ao me admitirem no quadro de associados titulares desta prestigiosa instituição, que durante sua setuagenária existência, tem reunido destacados cidadãos de Petrópolis. A partir de hoje ocuparei a cadeira n.º 12, cujo patrono é Claudionor de Souza Adão, brilhante cidadão nascido em Petrópolis, em 26 de agosto de 1917. Formado em Direito, em 1945, tornou-se um dos melhores e mais respeitados advogados na área de Direito Trabalhista. A sua atuação nos diversos campos de atividades, poderia preencher extensas paginas. Foi pesquisador de História, dirigente de clubes esportivos e culturais, foi Presidente do Instituto Histórico de Petrópolis e do Rotary Clube de Petrópolis. Orador brilhante, de cativante eloqüência, foi associado titular da Academia Petropolitana de Letras, chegando a prestar eficientes serviços como secretário dessa instituição. Jornalista apurado, foi diretor da sucursal do jornal “A Noite” e secretário da “Tribuna de Petrópolis”; atuou no jornalismo da Radio Nacional, da Rádio Ministério da Educação e muitas outras empresas de comunicação. Ademais de todas essas relevantes atividades, pelo depoimento da sua própria filha, a Professora Regina Maria Barcellos Adão, com muita disposição ainda encontrava tempo para orientar os alunos nas escolas, dar conselhos e palestras. Meu patrono faleceu a 6 de fevereiro de 1993. Ocupou a cadeira 12 do nosso instituto – portanto meu antecessor – o brilhante estudioso Luiz Cláudio D’Alamo Louzada, falecido em 2008. Eu resido nesta bela cidade há apenas dez anos, a partir de 2002; mais, desde a minha chegada ao Brasil, em 1969, e a primeira visita a Petrópolis, meu sonho foi residir e escrever minhas memórias aqui. Cheguei ao Brasil convidado pelo brilhante químico e físico Jacques A. Danon, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (C B P F) do CNPq, para estudar em pós-graduação e pesquisar nessa instituição, mediante uma bolsa da Fundação Ford, que me foi outorgada sendo Professor de Física na Universidade Nacional Major de San Marcos, em Lima, Peru. Depois de cinco anos, em 1974, orientado pelo Professor Danon, […] Read More

ARQUIVO BORBÔNICO DE NÁPOLES E A SUA HISTÓRIA (O)

  O ARQUIVO BORBÔNICO DE NÁPOLES E A SUA HISTÓRIA Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança (Dom), associado correspondente Falar de arquivos é sempre um argumento difícil, sobretudo por quem como eu não é arquivista. Peço portanto aos amáveis ouvintes que não aguardem um desfile de fascículos, dossiers, pastas e documentos. Desejo, antes de mais nada, apresentar os detentores do arquivo em questão, fazendo uma introdução, que possa posicionar do ponto de vista histórico a presente comunicação. Será somente um tênue fio que nos levará do momento da passagem do Vice-Reinado espanhol e da ocupação austríaca ao Reino das Duas Sicílias até ao seu desaparecimento. Temos que omitir, por falta de espaço, muitíssimos acontecimentos políticos importantes desse período a fim de seguir exclusivamente a continuidade da família real e a preservação dessa valiosa documentação. O dia 10 de maio de 1734 foi um dia importante para Nápoles. Concluíam-se vinte sete anos de ocupação da Áustria, que foram precedidos por dois séculos de Vice-Reinado espanhol. Esta data mudou o destino do Reino das Duas Sicílias e Nápoles voltava a ser uma capital. Era um reino autônomo e independente apesar da tutela de Madrid. O novo rei foi Carlos, filho de Philippe V da Espanha e de Elisabetta Farnese. Tinha apenas 18 anos e foi originariamente Duque de Parma e Piacenza. O jovem Carlos encontrou um reino saqueado e em grande desordem, mas ele se jogou de corpo e alma nesta tarefa, para o saneamento do estado. Casou com 22 anos com Maria Amália, filha do Rei da Saxônia, que tinha no momento da assinatura do contrato matrimonial 14 anos. Tiveram 13 filhos. Carlos trouxe para Nápoles o precioso arquivo, repleto de valiosos pergaminhos, todas as coleções e tesouros artísticos herdados dos Farnese, começando as construções mais imponentes, que ainda hoje enfeitam o ex-reino. Podemos mencionar o “Albergo dei poveri”, onde centenas de deserdados encontraram abrigo, assim como os palácios de Portici e Capodimonte. Foi um bom rei, mas com a morte do meio irmão Ferdinando VI foi chamado a reinar sobre a Espanha com o nome de Carlos III. A sua aventura napolitana acabou, depois de 20 anos em 6 de outubro de 1759 com a sua abdicação e a investidura do herdeiro. Foi um homem justo e honesto. Antes de embarcar, entregando aos ministros as jóias da coroa, tirou um anel do dedo, encontrado nas escavações de Pompéia, dizendo: “este […] Read More