UMA PETRÓPOLIS FASCISTA: CAMISAS NEGRAS, PARDAS & “GALINHAS VERDES” Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga A notícia da coluna de Ricardo Boechat no jornal O DIA de 09/11/2006, p.5, não surpreenderia aos petropolitanos que conviveram próximos ou vivenciaram o descrito. Ela cita o andamento de uma tese de doutorado de Cléa Shiavo, “Pioneiros alemães de Nova Filadélfia: relatos de mulheres”, sobre uma célula fascista na zona norte do Rio, mais precisamente em Campo Grande, entre os anos 20 e 45. Eu já sabia que a representatividade comunista na mesma área fora muito grande, pois meu pai, oriundo de Bangu pertencera às fileiras do partidão, mas desconhecia esta presença fascista. No caso de Petrópolis, desde as publicações para o Centenário da Tribuna de Petrópolis, apresentamos descrições desta forte presença. Enquanto na Capital o aliancismo marchava com recrutamentos recordes no interior, principalmente na região serrana, caso petropolitano, a expansão nazifacista se processava abertamente. Encontramos em 18/07/1933, a notícia de uma festa que foi promovida pela colônia italiana local em homenagem ao agente consular, Sr. Felipe Gelli, e que foi idealizada pelo secretário da célula do “fascio” local, Vicente Marchese. Festa esta idealizada pela secção feminina do mesmo “fascio”. Já em 17/10 do mesmo ano, os jornais noticiavam, com fotos, a inauguração da nova sede do “fascio” petropolitano que agora se fazia presente na Avenida XV de Novembro n.º 275, e que comportava o “do polavoro” (associação) e um curso de língua italiana anexo ao mesmo conjunto. “O dia de anteontem há de ficar assinado na história da colônia italiana de Petrópolis com letras de ouro” (Tribuna de Petrópolis). O que denunciava que havia uma cumplicidade do redator da época. Em 01/11/1936, o jornal noticiava com destaque (foto), a ocorrência comemorativa da “Marcha sobre Roma”, e que uma festa patriótica se realizava em Petrópolis convidando o povo, “O Fascio Paolo Diana, desta cidade, celebrando o aniversário da Marcha sobre Roma e da Fundação do novo império realizará hoje, as 15horas, na sede da Sociedade Italiana, uma sessão solene, com a presença de toda a colectividade”. Paralelo ao crescimento do “fascio”, os alemães também se apresentavam com comemorações e palestras que ocorriam no Clube da Rua 13 de Maio, ou com maior envergadura no Teatro Petrópolis onde o símbolo nazista e manifestações se seguiam (foto do Arquivo do Museu Imperial, presente no fascículo […] Read More
COMBATE DE MONTE CASTELLO (O) – 67º ANIVERSÁRIO
0 COMBATE DE MONTE CASTELLO – SEXAGÉSIMO SÉTIMO ANIVERSÁRIO Cláudio Moreira Bento, associado correspondente HOMENAGEM AOS HERÓIS DA CONQUISTA DE MONTE CASTELLO No transcurso, em 21 fevereiro de 2012 (3ª feira de Carnaval) do 67º aniversário da vitória brasileira na conquista de Monte Castello, a homenagem da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil (FAHIMTB), a sucessora, em 23 de abril de 2011, Bicentenário da AMAN, da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB), aos bravos que ali combateram e, em especial, aos que ali perderam suas vidas, em defesa da democracia e da liberdade mundial. E uma referência aos historiadores militares e patronos de cadeiras da FAHIMTB que ali conduziram as armas brasileiras à vitória, os Marechais João Baptista Mascarenhas de Morais e Humberto de Alencar Castelo , respectivamente comandante da 1ª DIE e seu Oficial de Operações e, sem esquecermos os patronos de cadeiras da FAHIMTB General Carlos de Meira Mattos que além de integraram a 1ª DIE tiveram atuação destacada junto com os Marechais Mascarenhas de Morais e Castelo Branco, no registro, preservação e divulgação da memória histórica da FEB. Aqui também reverencio a memória do acadêmico Coronel Cecil Wall Barbosa de Carvalho, professor de Direito na AMAN, por largo período, o qual como tenente, com um tiro certeiro de morteiro, silenciou uma posição de metralhadora inimiga que ameaçava a progressão do seu Regimento Sampaio, consagrando-se em uma crônica militar intitulada Um Tiro Feliz , como o seu personagem. INTRODUÇÃO A matéria a seguir sobre o combate de Monte Castello é um exemplo de análise histórica crítica militar que produzimos, em 1978, como instrutor de História Militar na AMAN. Matéria que havíamos inserido em nosso livro Como estudar e pesquisar a História do Exercito Brasileiro editado pelo Estado-Maior do Exercito em 1978 e 1999 e disponível em Livros no site da Academia www. ahimtb.org.br. O combate de Monte Castello é abordado criticamente, ou militarmente, nos Apêndices 5-1 a 5-3, à luz dos Fundamentos da Arte e Ciência Militar que abordamos no capitulo 4 – Fundamentos para o estudo crítico da História Militar, em 28 páginas. História militar: crítica a ser realizada em especial por profissionais militares com o Curso de Estado-Maior, à luz de reconstituições de História Militar descritivas feitas com isenção, por profissionais de História, com o apoio de fontes históricas classificadas como fidedignas, autênticas e íntegras. E este exemplo nos foi […] Read More
RELÓGIO DE SOL NO MUSEU IMPERIAL
RELÓGIO DE SOL NO PALÁCIO IMPERIAL Arthur Leonardo de Sá Earp, associado titular, cadeira n.º 25, patrono Hermogênio Silva (Ao saudoso companheiro Manoel Lordeiro, com quem tenho a certeza passaria horas deliciosas e enriquecedoras a discutir a matéria e a preparar este trabalho) Há três pessoas de grande importância. Para Petrópolis, de um modo geral e em matérias específicas, e para mim pessoalmente. Estou me referindo a Lourenço Luiz Lacombe, Maria Antonieta Abreu e Silva e Dora Maria Pereira Rego Correia. Lacombe foi professor, sem exagero, de grande parte da população da cidade, de várias gerações. Fui seu aluno, no Colégio São Vicente de Paulo, estimado, não pela aplicação, mas pelas ligações de família e pela sempre alegre admiração que lhe devotava. Fez parte da cúpula intelectual do Município e da Nação. Ocupou com distinção e por largos anos o comando do Museu Imperial. Antonieta, culta e inteligente, uma querida amiga. Serviu ao Museu com competência em alto cargo. Dora, dedicada e meticulosa, também me distinguiu com amizade invejável. Por igual prestou inestimáveis serviços à direção do Museu Imperial. Teci apenas alguns elogios aos tão prezados amigos, dentre os muitíssimos mais que lhes são devidos, para situá-los na problemática situação em que há tempos me envolveram e da qual só agora tenho a impressão de me estar livrando, mal e mal, porque a saída encontrada lançou-me em novos labirintos. Mas destes tenho a satisfação de dizer que não me ocuparei diretamente, porque me criam eles um novo entusiasmo. É que espero, ansioso, despertar em cabeças mais vivas, jovens e capazes a curiosidade e o ânimo de procurar e encontrar o que resta oculto ou sem explicação. Faz bastante tempo, já eu companheiro de Lacombe no Instituto Histórico, chamou-me ele à parte e, com a intimidade com que me distinguia, indagou se eu percebia, na foto em papel que apresentava, algum Relógio de Sol. A imagem não era nada boa. Reproduzia a fachada da entrada principal do Museu. E Lacombe perguntou, mais ou menos nestes termos: “aí no balcão ou sacada, você não vê nada?”. Fachada principal do Palácio Imperial. Talvez tenha sido esta a foto apresentada por Lacombe. (Acervo do Museu Imperial – AN-CSVP-005) Entre outros motivos, penso que ele me escolheu para o teste, porquanto sou amante de Astronomia e faço parte do Clube de Astronomia do Rio de Janeiro, tendo aludido no discurso de posse no Instituto […] Read More
ENCANTADA (A) – LUMINÁRIA – IDENTIFICAÇÃO DE DESENHO
A ENCANTADA – LUMINÁRIA – IDENTIFICAÇÃO DE DESENHO Manoel de Souza Lordeiro, ex-associado titular, cadeira n.º 24, patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido a 21/07/2008 Trata-se de luminária que teria sido presenteada ao inventor pela Princesa Isabel após o incidente envolvendo o balão dirigível S-D n.º 5 em julho de 1901. Nessa ocasião a aeronave, perdendo altura, foi chocar-se com um dos mais altos castanheiros da propriedade de Edmond de Rotschild, próxima à residência da Princesa Isabel, Condessa D´Eu, então no exílio, em Paris. Sabedora da ocorrência e de que o inventor lá estava dependurado à espera de resgate pelos bombeiros, apressou-se em enviar-lhe um almoço que foi providencialmente içado por uma corda. Superado o incidente, Santos-Dumont foi visitar a princesa para agradecer-lhe o almoço e narrar a aventura. Posteriormente a princesa enviou-lhe uma medalha de São Benedito que, segundo ela, “iria proteger-lhe contra acidentes”. Desse relacionamento teria resultado um novo presente: a luminária que hoje integra o acervo da Encantada por doação do sobrinho-neto do inventor, Jorge Henrique Dumont Dodsworth. O desenho que adorna a luminária é uma policromia representando o pavilhão imperial de D. Pedro I. O pavilhão, sinônimo de bandeira, insígnia ou estandarte, teve origem nos selos reais. É composto pelo manto ou mantel, em geral representado na parte externa pelo esmalte púrpura e é rematado pela coroa real (ou imperial). No caso em estudo o mantel é rematado pela coroa de D. Pedro I, facilmente identificável não somente pela forma como pelo gorro (forro interno) que é de cor vermelha (o de D. Pedro II é de cor verde). Sobre o mantel está representado o brasão de armas do Brasil do Primeiro Reinado, que é igualmente encimado pela coroa imperial, daí a duplicidade da mesma. O pavilhão d´armas do Império do Brasil no Segundo Reinado é bem mais, digamos, elaborado, dele constando o cetro e a Mão da Justiça, símbolos da autoridade soberana. Um exemplar desse pavilhão, esculpido em cedro e pintado a óleo, faz parte do acervo do Museu Imperial. Petrópolis, março de 2002 Fontes consultadas: Lello Universal. Porto, Portugal: Lello & Irmão, s/d. SANTOS-DUMONT, Alberto. Os meus balões. Rio de Janeiro: Fundação Projeto Rondon – Ministério da Aeronáutica, 1986. TOSTES, Vera Bottrel. Princípios de heráldica. Petrópolis, Museu Imperial / Fundação MUDES, 1983.
RÁDIO IMPERIAL
RÁDIO IMPERIAL Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19, patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel Pena que a maioria da população apenas se lembre que a Rádio Imperial de Petrópolis existe por ocasião de catástrofes a exemplo das inundações que assolaram a cidade nos anos 60, 80, 90 e 2000… Lamentável, mas poucos sabem que esse tão importante veículo de comunicação é uma emissora da Igreja de Cristo em diuturna evangelização, por isso mesmo não aceita comerciais de cigarros, bebidas e congêneres, enfrentando uma série de dificuldades no cumprimento de suas obrigações fiscais. É de trivial sabença que uma empresa suporta inúmeros gastos previdenciários, trabalhistas, sem contar as obrigações junto ao fisco municipal, estadual e federal. E o ônus administrativo, mantença e outros mais? É uma rádio que não visa lucros e destina seu resultado financeiro às obras sociais e caritativas. São inegáveis os relevantes serviços prestados à coletividade e nem por isso goza de privilégios, muito menos recebe, na proporção que deveria, o apoio das empresas e autoridades constituídas, com as ressalvas e honrosas exceções de poucos abnegados que alcançam seus nobres ideais, sintetizadas em servir ao próximo, à luz das Sagradas Escrituras. A Rádio Imperial de Petrópolis – 1550-AM – com o costumeiro apoio da Paróquia da Catedral São Pedro de Alcântara promove inúmeros eventos beneficentes, um deles é o “Inverno com mais calor humano”, e incentivando as visitas aos idosos, hospitais, casas de repousos, conclamando a todos a levarem agasalhos às famílias carentes, encurtando a distância através do estreitamento das amizades, quebrando assim o gelo, aquecendo as almas, através do amor e da solidariedade. Um grupo de amigos, em sua maioria formado por paroquianos de São Pedro de Alcântara fundaram o Clube dos Amigos da Rádio Imperial de Petrópolis, que organiza mensalmente um jantar com objetivo de angariar fundos para manter a rádio funcionando, principalmente destinando o resultado desses eventos ao pagamento dos alugueres do terreno onde está instalado o transmissor. Anualmente a Rádio Imperial realiza memorável festa em homenagem aos pais, sob o título “Meu pai, meu exemplo” e dentre eles são escolhidos dez pais, cujos filhos escolheram as mesmas profissões paternas. Fiquemos, pois, atentos porque essa cerimônia está programada para o dia 5 de agosto vindouro. Os convites poderão ser adquiridos diretamente na Rádio Imperial de Petrópolis. Fundada com o título de Rádio Quitandinha, em 1958 recebeu autorização para funcionar como […] Read More
EDITORES DE OUTRORA – ERNESTO JOSÉ OLIVE – DA CASA OLIVE DE PETRÓPOLIS
EDITORES DE OUTRORA – ERNESTO JOSÉ OLIVE – DA CASA OLIVE DE PETRÓPOLIS Victorino Chermont de Miranda, associado correspondente Anos antes da invenção do cartão-postal, já o comércio de Petrópolis contava entre seus vultos com a figura de Ernesto José Olive. Seu nome, já no ano de 1864, figura nas páginas do Almanaque Laemmert, entre os principais negociantes da cidade, no ramo de armarinho e loja de fazendas. Sua figura, porém, permanece quase desconhecida. Filho de João Batista Olive, o antigo proprietário do prazo de terras n.° 108 da Rua do Imperador, onde, nos idos de 1850, funcionou o Hotel de França, depois fundido com o Hotel Bragança, Ernesto José Olive praticamente não saiu do anonimato, em termos biográficos. Walter Bretz, em artigo publicado na Tribuna de Petrópolis, de 2 de novembro de 1924, sob o pseudônimo de João de Petrópolis, ao comentar o fim da Casa Olive, fundada por aquele, chegou a descrevê-lo como um tipo alemão, “de cerradas barbas grisalhas, envolvido no seu grande chalé cinzento, de gorro e chinelos”, anotando, ainda, que fora também juiz de paz e subdelegado. A descrição há de corresponder, certamente, à figura daquele, com um reparo: Olive não era alemão, mas francês, como consta da certidão de registro de óbito de seu filho João Napoleão Olive, lavrada sob o n.° 1901, a fls. 267, do livro 40 do Cartório de Registro Civil do 1° Distrito de Petrópolis, existente no Arquivo da Prefeitura Municipal de Petrópolis, em que foi declarante seu outro filho, André Carlos Olive [(doc. 13 ao final)]. De origem francesa é também como H. J. Morgado refere os Olive no artigo “O trabalho dos franceses em Petrópolis”, publicado no Diário de Petrópolis em 27 de setembro de 1933. Fundada em 1856, como consta de seus anúncios (e, não, em 1862), sob o nome de fantasia de “Ao Livro Verde”, a firma de Olive funcionou, primeiramente, na Rua Princesa Januária, hoje Marechal Deodoro, dali passando, sucessivamente, para uma das lojas térreas do Hotel Bragança e, depois, para o número 39 da mesma rua. Dessa época é o cartão-propaganda ora reproduzido (doc. 1). Adquirido na França e decorado com uma cena alsaciana (La récolte du houblon), tal volante não apenas dá razão a H. J. Morgado, no artigo já citado, como talvez esteja a indicar a região de onde os Olive provêm. Doc.1 – Anverso do cartão-propaganda da Casa Olive, decorado […] Read More
SAINDO DA ROTINA PEDAGÓGIA
SAINDO DA ROTINA PEDAGÓGICA Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga Grande parte de nosso processo educativo comprovadamente não segue os parâmetros traçados para a sala de aula e imposto pelos currículos escolares, muito menos, pelos guias estabelecidos pelos educandários tanto públicos como privados. Observa-se que educar é satisfazer a curiosidade informativa dos educandos, mesmo que esta por vezes exija uma pesquisa mais detalhada. Porém nem sempre os professores procedem à mesma, por receio de se estender e não cumprir o programa que lhes é exigido pelos burocratas da administração escolar e oficial. Há alguns meses, alunos do ensino fundamental pesquisando na internet sobre crustáceos para trabalho de Ciências encontraram o termo ‘caranguejola’ associado a artigos que eu publiquei em 2007 e curiosamente me crivaram de questões, sendo a principal, se o veículo a que nos referíamos no artigo teria a forma de um caranguejo? Respondi-lhes que não… precisamente, mas que se recorrêssemos ao imaginário poderíamos nos surpreender com a origem da denominação e suas comparações. Claro que a ‘caranguejola’ seria um veículo rústico e pesado podendo comportar uma média de 12 a 16 passageiros e geralmente puxado por dois ou quatro burros que circulavam pelas ruas centrais de nossa cidade no século XIX. Estes veículos haviam sido trazidos para Petrópolis por volta do final da década de 90 por empresários considerados ‘desenvolvimentistas’, como um Sr. Felipe Bruck, pioneiro neste transporte à época da administração de Hermogênio Silva, e que foi Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Petrópolis no mesmo período. Estes observaram que com a chegada do trem à recém-criada Estação da Leopoldina (1885), no centro de nossa cidade, ocorria a necessidade de transporte para a elite, tanto carioca como local, que se deslocava entre hotéis e mansões em nossas vias principais. O primeiro veículo se locomovia entre a Leopoldina e a Cascatinha. Mais tarde, o próprio Hermogênio Silva, convocou para um dialogo o dono do Banco Construtor, Franklin Sampaio, propondo um projeto de maior envergadura para a cidade que encontrava-se em pleno ciclo de desenvolvimento industrial. Este transporte fugiria ao tradicional, coche ou a charrete, que eram ainda muito utilizadas pelos que residiam em áreas não contempladas por um transporte coletivo. Confundiam-se também com as célebres ‘diligências’ que marcaram a subida da serra com sua tradicional viagem pela Estrada dos Mineiros. A elite que fugia do Rio […] Read More
DEZESSEIS DE MARÇO DE 1982
DEZESSEIS DE MARÇO DE 1982 Ruth Boucault Judice, associada titular, cadeira n.º 33, patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Autoridades presentes, Prezados consócios, Meus senhores, minhas senhoras 16 de março de 1982! Hoje é aniversário de nossa Petrópolis. Primeiro aniversário depois de ter sido transformada em Cidade Imperial pelo decreto federal de 25 de junho de 1981. Culminância de todos os anseios de uma população, que em pesquisa recente, disse sim à preservação do seu patrimônio na expressiva porcentagem de 90,4%. Houve uma mudança legal, mas … nenhuma mudança real. A nossa experiência e os conhecimentos adquiridos nos mostram, não só na História da Humanidade, como na História das Artes e no nascimento e evolução da Técnica, que nada acontece de repente. Todos os fatores históricos ou técnicos passaram por um processo primeiro de estudo, seguido de conclusões, mutações, para chegar ao estágio de maturação. E a nossa Petrópolis não fugiu à regra. Nasceu com D. Pedro I, comprando a Fazenda do Córrego Seco em 1830. Seguiu com D. Pedro II, que arrendou a fazenda ao major Julio Frederico Koeler e separou para si, um terreno para seu palácio de verão; nosso atual Museu Imperial. Aos moldes europeus, D. Pedro II encomendou um projeto de urbanismo, o primeiro do Brasil, um projeto de arquitetura e futuramente os trabalhos de um paisagista Jean Baptiste Binot. Evolui na República, quando o nosso primeiro presidente, o Marechal Deodoro da Fonseca, seguindo a trilha do ex-imperador começou a passar seus verões aqui a partir de 1890. O endereço de Deodoro ainda não era o Palácio Rio Negro, mas sim o número 57 da Av. General Osório. Até a capital federal mudar-se para Brasília, era Petrópolis no verão, a capital provisória. Vinham para cá os presidentes, com pequenas exceções, as embaixadas e toda a “entourage” dos mesmos. O Palácio Rio Negro se abria; os palacetes da Av. Koeler festivamente se arrumavam para receber seus proprietários; os hotéis, que eram em maior número que hoje, se enchiam do vai-e-vem alegre dos veranistas, que fugiam do verão carioca, para a amenidade do nosso clima. E hoje? O verão é de fato representativo para o comércio? Para a municipalidade, enfim, para toda a cidade? Temos que reconhecer que já não é o mesmo. Por que? Numa cidade imperial que fica apenas a 1 hora e pouco do Rio, com clima excelente, tendo todos os requisitos para […] Read More
JORGE BOUÇAS – EX-PRESIDENTE DO IHP
JORGE BOUÇAS – EX-PRESIDENTE DO IHP Ruth Boucault Judice, associada titular, cadeira n.º 33, patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Era janeiro de 1981. Eu ia assumir a presidência do Instituto Histórico de Petrópolis. As reuniões ainda aconteciam no Museu Imperial. Cheguei assustada. Diante da minha “pequenez” teria a grandeza da elite cultural da cidade? Fim de tarde. Numa sala pouco iluminada, sentados em torno de uma mesa comprida, pessoas circunspectas que eu conhecia mal, (mais tarde, como me foram queridas!). Numa extremidade, eu, ligeiramente trêmula. Na outra, tão longe de mim, – Jorge Bouças – o então Presidente, com um sorriso cúmplice, pois fora ele que me colocara naquela situação! Quantos anos se passaram. Hoje, aqui estou escrevendo sobre esse grande amigo que se foi. Jorge Coelho Bouças nasceu em 23 de agosto de 1919. Aluno do São Bento, formou-se em Ciências Jurídicas na tradicional Faculdade de Direito da Rua do Catete. Iniciou sua vida de trabalho no Observador Econômico e Financeiro, revista fundada e editada por seu pai Valentin Fernandes Bouças, o introdutor do Sistema Olerite no Brasil – precursor dos computadores de hoje. A partir de 1964 fixou residência em Petrópolis, cidade que muito amou e onde seus filhos foram criados. Candidatou-se a Prefeito 2 vezes. Ingressou no Instituto Histórico em 27 de março de 1976. Foi seu Presidente de 1977 a 1980. Faleceu no dia 27 de setembro de 1994. Foi um dos pesquisadores do “Caminho do Ouro”, junto com Luiz da Silva Oliveira, nosso consócio, tendo até filmado esse roteiro. Como Presidente levou para o Instituto a preocupação com a preservação de Petrópolis. Volta-me à retina a mesma mesa comprida, a sala na penumbra, eu, já segura como Presidente do Instituto. O sorriso cúmplice, agora, é o meu que parece dizer: – Valeu Jorge. Você tinha razão. Foi muito gratificante presidir nosso Instituto. É ele, que por meu intermédio, presta-lhe hoje suas homenagens.
DISCURSO NA COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO DO HOSPITAL SANTA TERESA – Pedro Gastão de Orleans e Bragança (Dom)
DISCURSO NA COMEMORAÇÃO DO CENTENÁRIO DO HOSPITAL SANTA TERESA Pedro Gastão de Orleans e Bragança (Dom), associado honorário (+ 27/12/2007) Sinto-me muito à vontade para poder falar nesta casa. Aqui nasceram quatro dos meus filhos. Aqui, minha mulher, meu pai e minha mãe foram tão bem acolhidos e tratados por várias vezes. Aqui também esteve minha avó, a Princesa Isabel, e meu avô o Conde d`Eu, acompanhando meu bisavô, o Imperador Dom Pedro II, quando colocou esta primeira pedra. Depois de tão bonitos conceitos que ouvimos do nosso Prefeito, eu só queria dar uma pequena palavra de agradecimento. Agradecimento às madres, agradecimento aos médicos, ao Dr. Nelson de Sá Earp, ao Dr. Donato D´Angelo, ao Dr. Aldo Labronice. Eu sou pai de seis filhos, e quantas vezes senti aqui o carinho e o tratamento, depois de um braço quebrado, um pé torcido, uma perna em mau estado, ao cair de uma árvore, ou de um cavalo. Sempre senti aqui não somente o acolhimento da técnica, da eficiência dos médicos, mas o que sempre muito nos comoveu, a minha mulher e eu, foi o carinho, a compreensão, e a fé cristã, que é uma coisa muito importante para o doente, num momento de sofrimento sentir ao nosso lado, uma pessoa rezando, e pedindo a Deus para a salvação do corpo e da alma, uma equipe destas, freiras e médicos. Minhas palavras são só para agradecer, como bisneto do Imperador, o carinho que minha família sempre aqui recebeu.