SONHO DE UMA ‘CIDADE CINEMATOGRAFICA’ (O)

  O SONHO DE UMA ‘CIDADE CINEMATOGRÁFICA’ Raul Ferreira da Silva Lopes, associado efetivo titular da cadeira n.º 32, patrono Oscar Weinschenck Aconteceu em Petrópolis, mais especificamente em Corrêas. Uma história interessante que estava fragmentada e com partes por esclarecer. No final ela nos levará à origem do Bairro do Loteamento do Castelo São Manoel. No início do século XX – não encontramos registro de data – o penúltimo proprietário da Fazenda da Olaria, segundo Antonio Machado, foi Oscar de Teffé (irmão de Nair de Teffé) que a adquiriu de Alberto Guimarães Azevedo, pela importância de trinta e oito contos de réis. O nome de Fazenda da Olaria se deve ao fato de nela ter existido olaria de fabricação de telhas. A matéria prima, o barro, era extraído da própria fazenda. A topografia era ondulada e a vegetação muito exuberante. O ambiente provocante fez com que o novo proprietário procurasse tornar o sítio mais atraente. A sede da fazenda, em estilo colonial, já estava em decadência e fez com que Oscar de Teffé a demolisse e, no mesmo lugar, construísse um novo domicílio: um Castelo todo em pedra e em estilo irlandês. A interessante construção era servida por extensa escadaria e tinha em sua fachada dois torreões. O elegante edifício conseguiu realizar um pouco da ilusão de um remoto passado medieval. Por informações verbais e por nossa avaliação, a data da construção deve ter ocorrido por volta de 1908 / 1909. O Castelo foi construído numa área de 578m² (28 m x 23,50m), o que o coloca quase como uma miniatura dos castelos originais da Europa, com seus compartimentos e salões amplos. Os ambientes são de pequenas dimensões, com exceção do quarto principal que é mais amplo e servido por um banheiro todo em mármore. É composto por um andar térreo e um subsolo habitável. A curiosidade está nos torreões, os quais Teffé reservou para onze quartos com banheiros, o que nos leva a crer que, além de seu domicílio propriamente dito, preocupou-se com digna hospedagem para ilustres personagens e amigos, convidados ou visitantes. Esmerou-se na decoração, adquirindo móveis de estilos antigos e raros e com adornos de arte decorativa, bem como estatuárias de mármore. Do lado externo, mandou construir uma ampla piscina ornamentada por uma fonte luminosa, além de cuidar do paisagismo, aproveitando os bosques que circundavam o Castelo, Ainda segundo Antonio Machado, Oscar de Teffé não usufruiu de […] Read More

ESCOLA DE MÚSICA SANTA CECÍLIA: ORGULHO CULTURAL DE PETRÓPOLIS*

  ESCOLA DE MÚSICA SANTA CECÍLIA: ORGULHO CULTURAL DE PETRÓPOLIS (*) Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Desde os tempos imperiais e, principalmente, na última década do século XIX, Petrópolis era sítio obrigatório para a fuga ao calor e aos problemas de saúde que grassavam no Rio de Janeiro. Com a industrialização atraia trabalhadores do Exterior e do País e o trem de ferro estabelecia a união estreita da cidade com os mineiros imigrantes. A República, recentemente instaurada, sofria pressões políticas e a Revolta da Armada contra o governo de Floriano Peixoto feria a paz, estando decidida a mudança da capital do Estado do Rio de Janeiro para Petrópolis. Os verões alegres da cidade, a tranqüilidade, o ambiente saudável, a garantia de emprego, atraiam e fixavam uma nova população que se integrava paulatinamente aos colonos alemães. A Família do Barão de Araújo Maia não fugia à regra e desde o ano de 1890 veraneava em Petrópolis. Subia a serra, com ela, o professor de música João Paulo Carneiro Pinto, pernambucano talentoso e excelente músico, “Medalha de Ouro” do Conservatório de Música do Rio de Janeiro. Gostou, ficou e resolveu abrir um ensino de música para crianças talentosas e, principalmente, sem recursos, deixando definitivamente a vida carioca. No dia 16 de fevereiro de 1893 instalou a sua Escola com 34 alunos, escolhendo o nome da padroeira da música Santa Cecília para a denominação do curso. Andando de um prédio para outro, vivendo de doações e subvenções do Poder Público e do empresariado, a Escola foi acolhida no Hotel Bragança que nada cobrava do maestro, expandindo sua Escola pelos salões e salas do grande prédio na Rua do Imperador. A Escola Santa Cecília, de Paulo Carneiro, tornou-se presença obrigatória em toda a vida cultural e festiva de Petrópolis, não só pelo ensino como pela orquestra, participante efetiva de todas as festividades públicas e particulares. O maestro era respeitadíssimo e extraordinária figura da vida petropolitana. Ao falecer o maestro, a 10 de setembro de 1923, com ele também estava fenecendo o Hotel Bragança. – Não deixem morrer a minha Escola! – pediu o Maestro aos seus amigos e devotados auxiliares. Na manhã de 23 de setembro de 1923 reuniram-se esses amigos com Sanctino Carneiro, filho do maestro, que abriu mão de todos os bens do pai – representados por instrumentos musicais e a própria […] Read More

QUINZE ANOS DO FESTIVAL TEATRO D’OUTRAS TERRAS

  QUINZE ANOS DO FESTIVAL TEATRO D´OUTRAS TERRAS Carlos Alberto da Silva Lopes (Calau Lopes), associado efetivo, titular da cadeira n.º 7, patrono Bartholomeo Pereira Sudré Era uma vez um grupo, o Teatro OIKOVEVA – formado por Flávio Kactus, Karla Kristina, Vilma Melo e Roberto Jerônimo – que resolve atracar sua barca, com armas e bagagem, no porto do mar da montanha. Na Petrópolis de 1992, esses artistas encontram Calau Lopes – ator e empreendedor cultural – instalam-se no Museu Imperial, desenvolvem oficinas de arte e apresentam espetáculos, enquanto trabalham a idéia de realizarem, no ano seguinte, 1993, um festival que trouxesse para a Cidade Imperial as melhores expressões do chamado “movimento de teatro de grupo”. Teatro OIKOVEVA O teatro de grupo caracteriza-se por uma forma de organização que se propõe a um trabalho coletivo e permanente, de pesquisa e desenvolvimento estético, inserido na vida da comunidade, bem diferente das produções isoladas, que reúnem uma equipe para uma peça específica, para uma série de apresentações e por um prazo determinado. Uma bela mostra, por exemplo, sobre esse tipo de fazer teatral, tinha sido o I Encontro Brasileiro de Ribeirão Preto-SP, no ano de 1991. E cidades como Petrópolis, de porte médio, ofereciam – como ainda oferecem – a possibilidade de fazer teatro de uma maneira mais artesanal, cuja sofisticação vai por conta de muita criatividade, não raras vezes, da criação coletiva; um teatro mais próximo da realidade de seu povo, provocando reflexões sobre a sua história, os seus costumes. Pois bem, nesse embalo é que nasceu o FESTIVAL TEATRO D`OUTRAS TERRAS, realizado entre maio e novembro de 1993, em comemoração ao sesquicentenário de Petrópolis. Nasceu e se transformou em forte realidade sob a coordenação geral de Flávio Kactus, de Calau Lopes e da produtora teatral Andréa Pachá, que ao longo de “um ano inteiro de ralação” aglutinaram partícipes dos outros grupos teatrais do município, formaram uma equipe de trabalho, sensibilizaram empresários e comerciantes locais como importantes colaboradores e conseguiram o patrocínio estratégico de entidades como o SESC e o SENAI, além do apoio logístico da Prefeitura, da Câmara Municipal e do próprio Museu Imperial, tudo para tocarem o arrojado projeto e arcarem com seus elevados custos. Grupo Galpão (MG) Na abertura do festival, em 27 de maio de 1993, evento que se desdobrou em 7 módulos ao longo de 7 meses, afirmavam com orgulho os coordenadores: “Dizem que ousar é […] Read More

PREFEITO E BOMBEIRO (O)

  O PREFEITO E O BOMBEIRO Ruth Boucault Judice, associada titular, cadeira n.º 33, patrono Padre Antônio Tomás de Aquino Correia Recentemente, vi um quadro na televisão que me tocou muito! O prefeito de uma pequena cidade italiana, abraçado com um bombeiro e os dois chorando! Qual a causa desse pranto? Acontecera um tremor de terra que danificara muito a torre da igrejinha românica, da cidade. Enquanto bombeiros e pedreiros procuravam dar ordem ao caos e escorar a torre… novo tremor. Esse agora levou de roldão toda a igreja. No gesto dos dois cidadãos, quanta sensibilidade pelo passado. Lado a lado, com a mesma dor pela perda, um homem comum e o representante maior na hierarquia da cidade! Que vontade me deu, que cada petropolitano pudesse ver aquela imagem e que se desse conta que nós petropolitanos também temos que desenvolver a sensibilidade e o carinho pelo que herdamos de nossos antepassados. Lá, era a arquitetura da Idade Média que eles queriam preservar. Aqui… é o produto da Revolução Industrial que nos chegou às mãos. Séculos diferentes, idades diferentes, mas o mesmo sentido de preservação. Nós, ainda temos muito que caminhar! Outro fato contundente, diametralmente oposto, ficou na minha memória. Sou paulista. Cheguei a Petrópolis em 1942, ainda estudante. Conheci a beleza dessa cidade ímpar, sua história, sua arquitetura, que me empolgaram. Logo, logo comecei a estudar a cidade para melhor entendê-la. Paralelamente fiz o curso de História das Artes e da História da Arquitetura (foram 10 anos de estudo) em seguida, cursos de preservação. Já adulta, comecei a monitorar cada edifício importante que ainda conheci. Alguns deles tinham acabado de ser jogados abaixo. Mas eu agia sozinha, completamente desgarrada, pois não tinha elos ainda na cidade e nem uma instituição a apoiar-me. “Uma andorinha só, não faz verão”. O que mais me marcou, pois já tinha completa conscientização do valor de nossa arquitetura, foi o desaparecimento da Fábrica Cometa. Já sabia então que Petrópolis não tinha nada de colonial, como se dizia por aqui ? “Isso é colonial, vamos salvar o que resta de colonial na nossa cidade. Vamos construir um atendimento ao turista em estilo colonial”. Impropriedades de quem não conhecia estilos de arquitetura. Sabia eu que Petrópolis era sim uma cidade produto da Revolução Industrial. E, sabia mais da importância de suas fábricas, algumas já quase centenárias, naquela época. Pois bem, saí um fim de semana, para […] Read More

D. PEDRO II NO TEATRO

  D. PEDRO II NO TEATRO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira 1.- ANTECEDENTES No século XIX os palcos cênicos descerravam cortinas à cultura, às artes em geral, ao divertimento, ao entretenimento, ao lazer. O Teatro era a diversão complementar da leitura, dos saraus, dos encontros nas livrarias e do recesso dos lares. Outro poderoso agregador de público era o oficio divino, com um protagonista e seus coadjuvantes e a platéia sob o latim das celebrações de insuficiente conhecimento popular. No Brasil, a presença dos Reis e Imperadores no Teatro começou com D. João. Já existiam teatros e abnegados cultores e tão logo chegou ao país o Príncipe Regente e sua Corte, em 1808, o empresário Manuel Luís tentou atrair as atenções das fidalgas personalidades para o seu trabalho. Reformou o seu Teatro chamado “Nova Ópera”, nele construiu acomodações que pudessem receber as ilustres figuras, pintou um novo pano de boca e cenários. Testemunhas daqueles dias narraram que D. João preferia as festividades religiosas ao teatro mas, quando comparecia aos espetáculos era visto, no camarote real, dormitando enquanto os dramas eram desenvolvidos no palco. Quando terminava a representação, acordado e refeito, perguntava: – Estes marotos já se casaram ? Os dramas da época, românticos e por vezes trágicos, terminavam em casamento, daí a pergunta que o colocava inteirado do que acontecera. – Sim, Principe, casaram e foram felizes para sempre ! A peça de sua predileção, que o fazia rir e o mantinha desperto era “A Mulher Inimiga do seu Sexo”. O teatro “Nova Ópera” durou até 1813. O empresário Manuel Luís entregou as chaves ao Príncipe, que aproveitou o prédio para abrigo da criadagem do Paço. D. João cuidou de dotar a cidade de um bom teatro, construido no Largo do Capim, sobre os alicerces da catedral da Praça da Sé Nova, cuja edificação não fora adiante. No local hoje está o Teatro João Caetano. Foi inaugurado a 12 de outubro de 1813 com espetáculo de gala em comemoração ao aniversário do Principe D. Pedro. Foi encenado o drama lírico Juramento dos Numes e a peça patriótica O Combate de Vimeiro. Quando D. João comparecia ao teatro acompanhava-o enorme comitiva: pessoas da familia real, infantes, ministros, fidalgos e damas, num festival de fardões decorados de folhagens em ouro, decotes, crachás, cabeleiras emproadas, rabichos, toucados, vestidos de seda rubra; o camarote […] Read More

CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA EM PETRÓPOLIS – A GRIPE ESPANHOLA E A QUESTÃO SANITÁRIA EM PETRÓPOLIS

  CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA EM PETRÓPOLIS – A GRIPE ESPANHOLA E A QUESTÃO SANITÁRIA EM PETRÓPOLIS [1]. Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga “O que se está passando na Saúde do Porto da nossa capital é simplesmente assombroso. Os navios entram infeccionados, os passageiros e tripulantes atacados saltam livremente contribuindo para contaminar cada vez mais a cidade, não soffrendo os navios o mais rudimentar expurgo! ( Rio Jornal, 11 de outubro de 1918) [2] Enquanto o governo faz annunciar que a epidemia declina, o povo soffre as aperturas deste afflictissimo momento – tudo fechado! Não ha pão, não ha remedio, não existem os generos de primeira necessidade. Os donos dos armazens, apavorados com a tranquibernia do Comissariado entendem que o melhor é ter os seus estabelecimentos fechados. (A Razão, 23 de outubro de 1918) [3] [1] Ensaio publicado na primeira página do segundo caderno da Tribuna de Petrópolis, em 14 de agosto de 1983. [2] Recorte inserido em 2003 [3] Idem Nessa hora de incerteza dolorosa, premido pelo grito de piedade que vinha de todos os lados, o presidente da Republica appellou para o Sr. Carlos Chagas e entregou-lhe a organização dos serviços de soccorros hospitalares. Era o gesto que se reclamava; foi o primeiro signal de confiança e de conforto moral. O grande sabio patricio em quem Oswaldo Cruz presentira a capacidade e cuja vida, em um esforço continuo, não tinha servido senão para minorar o soffrimento alheio, iniciou com vigor immediato, proprio á sua natureza activa, a cruzada humanitaria, e sem preoccupações exhibicionista, nem alardes inuteis, começou a luta contra o mal terrificante. (…) A Carlos Chagas nós devemos o jugulamento rapido da “grippe”. (UM GRANDE benemérito da cidade. A Rua, Rio de Janeiro, 9 jul. 1919.) [4] (… algumas dezenas de cadáveres, uns nus, outro embrulhados em lençóis, com a cabeça de fora, outros vestindo roupas de todas as cores e feitios. Os carros transbordavam, e com as trepidações dos motores, todos aqueles corpos inanimados se mexiam, abrindo e fechando os braços, descambando as pernas e a cabeça, em gestos macabros e horripilantes, de quando em quando os empregados do necrotério traziam debaixo de cada braço, o cadáver nu de uma mocinha, de uma criança, de um velho…”(in, Azevedo, J. Soares de, in Espanhola? Não Humana, Revista Vozes, Petrópolis, 1918) [5] [4] Recorte inserido […] Read More

AQUECIMENTO GLOBAL. ONDE O CARBONO?

  AQUECIMENTO GLOBAL. ONDE O CARBONO? Fernando de Mello Gomide 0. COMO DISTINGUIR NO IML UM DEFUNTO PAULISTANO DE UM ADVENTÍCIO? COMBATER A POLUIÇÃO É DEFENDER A SAÚDE É sabido que a cidade de São Paulo é uma das mais poluídas do mundo. É claro, não tanto quanto a cidade do México. Dois defuntos, um de São Paulo, e outro, de alguma origem exterior entrando no IML da cidade, podem ser identificados como originários da city ou de outras paragens. É só analisar o tecido pulmonar dos ditos cujos. O tecido pulmonar do defunto paulistano vai se apresentar cinza, e, outro, com a coloração normal de um autêntico ente humano. Bem, a capital do Estado de São Paulo, com suas inumeráveis indústrias poluentes e seus milhões de automóveis, e, sobretudo ônibus e caminhões movidos pelos abomináveis motores inventados por Herr Diesel, empestam a atmosfera da cidade. Pobres pulmões, especialmente das crianças. Essa poluição atmosférica mais a poluição dos rios com esgoto promovida por políticos que afanam as verbas de saneamento básico para suas campanhas eleitorais, constituem crime de homicídio. Isto tem que ser combatido. Eu sempre defendi o uso do etanol em vez da gasolina: a poluição atmosférica seria altamente reduzida. Não vou tratar deste assunto específico de estatura ética transcendental, porque meu objetivo é abordar uma questão de natureza científica que vem sendo sistematicamente embrulhada com a defesa do meio ambiente, que é substancialmente relacionada com a saúde da população. É a algaravia propagada em torno do aquecimento global do planeta devido à queima de combustíveis fósseis. Aqui existe uma discussão mal formulada sobre as verdadeiras causas para a subida da temperatura média da Terra nestas últimas décadas. Insisto: isto não tem a ver com a proteção do meio ambiente para defender a saúde dos entes humanos. Trata-se de uma questão científica de natureza complexa que tem sido abordada especialmente pela ONU, como necessária para salvar a Terra e a humanidade. Vou desmistificar tal farsa. 1. UNANIMIDADE EM CIÊNCIA É FRUTO DE UMA EVOLUÇÃO ÁRDUA. DUVIDAR DE CONSENSO FÁCIL Existe nestas últimas décadas, uma propaganda sistemática a induzir a idéia de que os cientistas especialistas em climatologia são concordes com a tese de que o aquecimento de nosso planeta é antropogênico: a grande injeção de gás carbônico em nossa atmosfera devido à crescente queima de combustíveis fósseis seria determinante de um efeito estufa, ou seja, o CO2 na atmosfera […] Read More

THE TRANSFER OF THE PORTUGUESE CAPITAL AND COURT TO RIO DE JANEIRO – 1807-1808

  THE TRANSFER OF THE PORTUGUESE CAPITAL AND COURT TO RIO DE JANEIRO 1807-1808 Kenneth Henry Lionel Light, associado efetivo, titular da cadeira n.º 1, patrono Albino José da Siqueira 2008 will go down in Brazilian history for 2 special reasons: the bicentenary of the transfer of the Portuguese court and capital to Rio de Janeiro and the year that saw a major change to the Prince Regent’s image. Following the severe losses suffered at Trafalgar, Napoleon decided, in 1806, that: if his ships were to be blockaded in their ports, then he would prevent British goods from entering France and all countries under his control. This was critical news for Britain, as she depended on exports for her economic strength needed, for instance, to sustain the expensive war against the French Emperor. It must have been obvious to the Portuguese State Council – made up of intelligent and experienced men – that sooner or later Napoleon would be making demands on her: to close the one remaining gap in his Continental commercial shield. Portugal, at that time, was ruled by the Prince Regent D. João, as his mother – the Queen – had become insane. As Portugal was an absolute monarchy, the State Council had but advisory powers. In July 1807, preparations began for a possible journey to Brazil. Ordering the return to the Tagus, those ships patrolling near the straits of Gibraltar against pirates; sending orders to the Viceroy in Brazil, prohibiting the departure of merchant ships – D. João was foreseeing the French invasion, Negotiating an agreement with Britain: to provide an escort, as Portuguese war ships would be transformed into passenger ships and so could not defend themselves if attacked. These careful and lengthy preparations are not compatible with the word ‘flight’, so often used; it was a deliberate, well-conceived strategy that met with total success. The crossing of her frontier by French and Spanish troops, the blockade of Lisbon by a British squadron and the news from Paris, quoting what Napoleon would do to his family, left him without options. On November 29 1807, he set sail for Brazil with his family and court. The studies completed by the author, during the last 15 years, have enabled historians – after 200 years – to have access to original documentation that finally unravel details of the voyage. Discovery of the log books of those British ships […] Read More

TRANSFERÊNCIA DA CAPITAL E DA CORTE PORTUGUESAS PARA O RIO DE JANEIRO – 1807-1808 (A)

  A TRANSFERÊNCIA DA CAPITAL E DA CORTE PORTUGUESAS PARA O RIO DE JANEIRO – 1807-1808 Kenneth Henry Lionel Light, associado efetivo, titular da cadeira n.º 1, patrono Albino José da Siqueira Quando a história do Brasil for escrita, o ano de 2008 será lembrado particularmente por dois motivos: o bicentenário da transferência da capital e da corte portuguesas para o Rio de Janeiro, e o ano que registrou uma significativa mudança na imagem do príncipe regente D. João. Após as severas perdas sofridas na batalha de Trafalgar, Napoleão decidiu em 1806 que, se seus navios continuassem sendo bloqueados nos seus próprios portos, ele então impediria a entrada de manufaturados ingleses na França e em todos os territórios sob o seu domínio. Para a Inglaterra, esta notícia foi crítica, pois ela dependia da exportação para manter a sua saúde econômica, necessária, por exemplo, para custear a dispendiosa guerra contra o Imperador francês. Deveria ter sido bastante óbvio para o Conselho de Estado Português – composto de homens inteligentes e bem preparados – que mais cedo ou mais tarde, Napoleão o pressionaria para fechar a última brecha no seu escudo comercial do Continente. Naquela época, reinava em Portugal, o Príncipe regente D. João – no lugar de sua mãe, a Rainha D. Maria I, que tinha se tornado incapaz. Como Portugal era uma monarquia absoluta, o papel do Conselho era meramente aconselhador. Em julho de 1807, deu-se início aos preparativos para uma possível jornada ao Brasil: chamando de volta para o Tejo os seus navios que estavam patrulhando o estreito de Gibraltar contra piratas; enviando ordens ao Vice-Rei proibindo a partida de qualquer navio mercante – D. João estava prevendo a invasão de seu país pelos franceses; negociando um tratado com a Inglaterra, para a mesma providenciar uma escolta, pois a esquadra de guerra portuguesa seria transformada em uma esquadra de navios de passageiros e, sendo assim, não teriam condições de se defenderem caso fossem atacados. Estes cuidados e preparos demorados, não são condizentes com o uso da palavra ‘fuga’, tantas vezes usada por historiadores; foi uma estratégia propositada, bem concebida, e que obteve total sucesso. A invasão de suas fronteiras pelos exércitos da França e da Espanha, o bloqueio de Lisboa por um esquadrão britânico e a notícia, chegada de Paris, citando o destino que Napoleão tinha reservado para a sua família, deixaram D. João sem opções. No dia 29 […] Read More

RECORDANDO JOÃO DE DEUS CAMPOS FILHO

  RECORDANDO JOÃO DE DEUS CAMPOS FILHO Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima No ano em que se comemora o septuagésimo aniversário da fundação do Instituto Histórico de Petrópolis, transcorre o centenário da imprensa diária nesta cidade, feito alcançado pela já secular “Tribuna de Petrópolis”, em 1º de janeiro de 1908. Ao iniciar-se a segunda década do século XX, esta urbe experimentou verdadeira explosão no setor jornalístico, onde despontavam profissionais de grosso calibre, a maioria oriunda do Rio de Janeiro com seu formidável cabedal de conhecimentos, com sua experiência nos grandes periódicos da Capital Federal, com sua natural influência nos meios de comunicação da época. Entre estes alinhavam-se Gregório de Almeida e o Conde Afonso Celso de Assis Figueiredo. Mas havia também a prata da casa na qual se inseria a figura original e irrequieta do jovem João de Deus Campos Filho. Era então redator da “Tribuna” o jornalista Álvaro Moraes que, em parceria com João Roberto d’Escragnole, imaginou criar nestas serras um Círculo de Imprensa, que haveria de aglutinar os homens que aqui labutavam nos diversos periódicos em circulação. Em agosto de 1916 a idéia começou a tomar forma, ao mesmo tempo em que aparecia aqui a revista literária “A Serrana” de propriedade de Júlio Muller, tendo como secretário Álvaro Machado. Álvaro Moraes, de cuja coragem e espírito crítico ninguém duvidava, ousou consignar estas palavras no primeiro número da revista em apreço: “Petrópolis é o túmulo de todas as boas iniciativas e, as que dizem respeito às letras, dessas, nem falar é bom! Há muito que se proclama que não há nesta cidade vida artística ou literária, apesar dos atrativos que ela oferece. A esse propósito é tradicional a má fama de Petrópolis. Para faze-la esquecer, transformando-a num centro modesto, embora, de atividade artística, esta cidade da politicagem e das intriguinhas e invejas pessoais, torna-se preciso um trabalho longo e persistente, é mister que saibam os escolher com aplausos todas as belas iniciativas que surjam, encorajando e estimulando os seus promotores. É necessário em suma que mudemos de rumo”. Era o mote do grande projeto que estava a caminho e que já contava com importantes adesões. Em 1º de setembro de 1916, no salão da Sociedade Beneficente Petropolitana, deu-se a reunião do grupo fundador do Círculo de Imprensa. Álvaro Moraes explicou em rápidas palavras os fins da […] Read More