CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DA IMPRENSA PETROPOLITANA – OS GUIAS PETROPOLITANOS

  CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DA IMPRENSA PETROPOLITANA – OS GUIAS PETROPOLITANOS Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga Dando continuidade ao trabalho intitulado “A IMPRENSA PETROPOLITANA NA REPÚBLICA VELHA”, abordaremos neste ensaio “OS GUIAS PETROPOLITANOS”. Porém antes de explorarmos o assunto torna-se necessário definirmos “guia”. O grande filólogo Aurélio B. De Holanda, em seu célebre Dicionário da Língua Portuguesa, página 709, relaciona 19 itens para a palavra guia, onde podemos encontrar no de número 16, o que se coaduna com a nossa proposta: “Publicação destinada a orientar habitantes ou visitantes de determinada região ou cidade sobre atrações turísticas, estradas, logradouros, horários de transportes, etc…; roteiro” Podemos observar que esta definição em muito se difere da que é destinada a “almanaque”, que é uma publicação de características mais genéricas quanto à abordagem dos assuntos e universalista quanto aos mesmos. Já o guia não, este é local ou regional (1) . É claro que não é uma regra especificada e determinada (2) . (1) Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio B. De Holanda, p.71 (2) O guia de Cameron possuía alguns elementos característicos de Almanaque Os guias ou roteiros, como também podem ser denominados, são antigos na história da civilização humana; já na antiga Roma, são inúmeras as descrições de guias produzidos pelos órgãos do Império e dirigidos a seus cidadãos mais ilustres que saíam em viagens de negócios, ou de assuntos políticos de Estado. Entre a Idade Média e a Moderna, eram produzidos como fruto do mercantilismo desenfreado que se processava pelas nações e consumidos pela burguesia comercial ávida por lucros, enquanto frades e padres também possuíam seus roteiros ou cartas de viagem, os quais eram passados de mãos em mãos para a suas solitárias viagens de peregrinação ou de catequização. Com o advento da imprensa, estes se tornam uma rotina dentro das publicações das comunidades sequiosas de informações e atualizações sobre as transformações que se operavam e possuíam como fontes cartas de comerciantes e viajantes que lhes definiam novas rotas e condições. Porém, sua prática e comercialização definitiva ocorre com o advento da Revolução Industrial, onde o aperfeiçoamento da imprensa mecânica e a diversificação das feiras comerciais e industriais européias, a partir do século XVIII, são os elementos propícios à sua evolução. No Brasil, inúmeros foram os guias produzidos desde o estabelecimento da Imprensa Oficial, contudo, o que mais se tornou célebre […] Read More

GÊNIO. QUEM É E QUEM NÃO PODE SER

  GÊNIO. QUEM É E QUEM NÃO PODE SER Fernando M. Gomide Há muitos anos atrás, meu pai e eu fomos a um concerto no Teatro Municipal do Rio a fim de assistirmos à apresentação da Descoberta do Brasil, peça coral sinfônica de Heitor Villa-Lobos. Meu pai, diplomata muito patriota ficou empolgado com a obra e exclamou: ele é um gênio! Fiquei pensativo e conclui mais tarde: sim, Villa-Lobos é um gênio da música clássica. Ele pode figurar entre os gênios da música do século XX, como Gustav Mahler, Ian Sibelius, Richard Strauss, Otorino Respiphi, Gustav Holst. Mas quem é um gênio? Um artista de sensibilidade sutil, um escritor dotado de profundo senso psicológico, um filósofo de pensamentos profundos, um cientista possuidor de uma lógica rigorosa e abrangente e espírito criativo…? Um escritor católico francês do século XIX Ernest Hello, prenhe de reflexões profundas e argumentação percuciente à semelhança com o grande matemático e pensador do século XVII, Blaise Pascal, procurou nos dar uma definição distintiva do gênio e do talento. Disse Hello que o número de talentos em comparação com o de gênios, deve ser da ordem de 10 mil para 1. Talentos pois há muitos, ao passo que é relativamente raro nos depararmos com um gênio. Assim por exemplo, Johann Sebastian Bach e Handel são dois gigantes em meio a uma multidão de compositores barrocos dotados de inconfundível talento. Vivaldi, creio eu, foi dos mais exímios autores da música barroca entre os italianos, mas não parece ter sido um gênio. Então quê distingue um talento de um gênio? Hello em sua análise penetrante da temática nos dá esta distinção definidora das excelências consideradas: o talento caracteriza uma excelência restrita a uma área do pensamento, da pintura, da filosofia, da ciência, etc, ao passo que o gênio possui o dom das visualizações universais e totalizantes (E.H. Le Siècle. Perrin et Cie. Lib., Ed. Paris, 1923). Um grande oboísta por exemplo, exímio intérprete de Mozart e Haydn, deve ser visto como um talento. Ele poderá vir a ser um grande compositor e realizar sinfonias como as de Anton Bruckner. Então poderei considerá-lo gênio. Hello nos diz a este propósito que o talento é uma especialidade enquanto que o gênio uma superioridade geral. O gênio possui visão intuitiva e por isso abarca a totalidade e isto tem a ver com o espírito altamente criativo. Isto que digo aqui pode ser visto […] Read More

POSSE DE PATRÍCIA SOUZA LIMA

  POSSE DE PATRÍCIA SOUZA LIMA Patrícia Ferreira de Souza Lima, associada efetiva, titular da cadeira n.º 36, patrono José Vieira Afonso É grande a honra que me conferem os senhores ao me admitirem em um grupo tão seleto de pensadores, que muito me têm ensinado ao longo de minha formação e cujos trabalhos aparecem por vezes citados nominalmente em alguns de meus escritos acadêmicos. Não poderia deixar de agradecer ao professor Jeronymo pela confiante indicação. É uma grande honra também por estar tendo a oportunidade, na ocasião de uma posse coletiva, de ter a meu lado o professor Ferreira, que foi um dos meus professores durante o ensino secundário aqui em Petrópolis e o primeiro a me despertar os olhos para a história local. E, por isso, manifesto publicamente minha gratidão ao terem me oferecido justo a cadeira de número 36, cujo patrono é o Sargento-Mor José Vieira Afonso, tendo sido seu associado fundador também um Pedro de Orléans e Bragança, como o colega ao lado. O Sargento-Mor José Vieira Afonso é um personagem aqui imortalizado que foi militar, dono de terras, cuja biografia toca a memória da história de Petrópolis em seu marco fundador: a compra de uma fazenda sua, por parte de um imperador encantado com as belezas descortinadas serra acima. É nesta transação que uma porção de terra redefine sua trajetória, e nos sublinha o nome José Vieira Afonso na história desta cidade, e apesar da dificuldade em traçar sua biografia por seu caráter fragmentário, sua identidade não segue com momentos contraditórios em sua constituição. O vínculo com a terra brasileira, especialmente com as cercanias petropolitanas, começa bem antes. Seus pais são Manoel Vieira Afonso, português, natural da Ilha de São Miguel, e Catarina Josefa de Jesus, filha do português Manoel da Costa Bravo, residente aqui perto no Suruí, amigo dos proprietários da região, segundo o professor Jeronymo. O pai, que se dedicava à agricultura e ao comércio, decidira se mudar de Inhomirim, na baixada, para a Quadra do Secretário. Em 1759, o casal (pais de Afonso) comprou uma fazenda no Sardoal, que ficou conhecida como Fazenda dos Vieiras. Ali na serra é que nasceram, à exceção dos primogênitos, os filhos do casal, todos ali criados, estabelecidos e casados. Na falta de uma data precisa, estima-se que por volta dos anos de 1770 a 75 José Vieira Afonso nasceu, na própria Fazenda dos Vieiras. O certo […] Read More

POSSE DE CARLOS ALBERTO DA SILVA LOPES

  POSSE DE CARLOS ALBERTO DA SILVA LOPES Carlos Alberto da Silva Lopes (Calau Lopes), associado efetivo, titular da cadeira n.º 7, patrono Bartholomeo Pereira Sudré Sendo a gratidão moeda com que se resgatam os débitos do coração quero, logo de início, externar o mais profundo agradecimento pela indicação e aprovação unânime de meu nome para ingressar no quadro de sócios efetivos do Instituto Histórico de Petrópolis. Só o carinho deste meu antigo professor, mestre de várias gerações, pesquisador emérito, Jeronymo Ferreira Alves Neto, aliado à generosidade de tão caras e ilustres personalidades – algumas das mais valiosas amizades e referências que pude conquistar ao longo da vida – que integram com o meu pai, Raul Lopes, esta nobre instituição, justificam tal lembrança, honraria que recebo com humildade, cônscio das responsabilidades que me assomaram em me juntar a importantes cidadãos e cidadãs na tarefa de preservar a nossa memória, cuidar do nosso patrimônio, elevar fatos e figuras da nossa história e laborar reflexões e idéias sobre a nossa gente, a nossa identidade cultural e o nosso projeto de cidade. E agora, ainda mais do que antes, certamente recebendo de meus novos pares os eflúvios estimulantes a outras empreitadas, sob a inspiração de Bartholomeo Pereira Sudré, patrono da Cadeira nº 7 que passo a ocupar, e perseguindo os exemplos legados por Geraldo Ventura Dias, a quem tenho o privilégio de suceder. Aos elogios: A Petrópolis que nascia, povoado próspero, quase se tornando uma cidade, recebia em 1855 o filho de José Pereira Sudré e Maria Cândida Sudré. Alguns afirmam hoje que ele era natural da Bahia. Não importa se não existem provas concretas. Bartholomeo Pereira Sudré veio do Arquipélago da Madeira, em Portugal, até prova em contrário. Nascera a 24 de agosto de 1825. Chegou a Petrópolis beirando 30 anos de idade com o propósito de montar um jornal por aqui, como o fizera no Rio de Janeiro e em Paraíba do Sul. Um historiador de nossa cidade afirmou que: “o seu objetivo estava definido porque vislumbrava naquela povoação grande futuro e queria contribuir para que ela crescesse e cumprisse uma função histórica marcante no contexto da evolução do Império”. Admirador de Dom Pedro II, Sudré pretendia que circulasse no recanto escolhido pelo monarca para veraneio, um jornal que documentasse aquela evolução, no acompanhamento do dia-a-dia de seu povo. Alugando uma casa no início da Rua Teresa, nº 23, montou sua […] Read More

PRIMEIROS FORMANDOS DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS

  PRIMEIROS FORMANDOS DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS José Kopke Fróes Revolvendo há dias meu arquivo de papéis sobre a história da nossa cidade, encontrei o suplemento de 28 de fevereiro de 1959 de JORNAL DE PETRÓPOLIS, comemorativo da colação de grau dos primeiros advogados e professôres da nossa Universidade e não resisti à vontade de fazer reviver aquele acontecimento notável, decorridos hoje apenas um pouco mais de dez anos, a fim de que o mesmo sirva de estímulo a todos aqueles que estudam no conceituado estabelecimento, que ainda era denominado Faculdades Católicas Petropolitanas. Pela manhã daquele glorioso dia, na Catedral, foi rezada missa solene procedendo-se à benção dos anéis de formatura. Em seguida, no saguão do novo edifício da Rua Barão de Amazonas, realizou-se a cerimônia da colocação de uma grande placa de bronze, discursando o bacharelando Mauro Carrano de Castro. O ponto alto das solenidades foi realizado, às 16 horas, no Teatro Mecanizado do Hotel Quitandinha, fazendo parte da mesa D. Armando Lombardi, Núncio Apostólico do Brasil, Dr. Roberto Silveira, Governador do Estado do Rio, Dr. Nelson de Sá Earp, Prefeito de Petrópolis, Dr. Paulo Hervé, Presidente da Câmara Municipal, Dr. Nelson Lacerda Rodrigues, Juiz de Direito, Dr. J. J. Serpa de Carvalho, Procurador do Estado, D. Manuel Pedro da Cunha Cintra, Revmo. Bispo de Petrópolis, Monsenhor Gentil Costa, Vigário Geral, Monsenhor Nabuco, Deputado Adolfo de Oliveira, Representante do 1º Batalhão de Caçadores, e o Dr. Arthur de Sá Earp Netto, Magnífico Reitor das Faculdades, que foi também o paraninfo das duas turmas de formandos. Eram Diretores, da Faculdade Católica de Direito o Dr. Aloysio Maria Teixeira, e da Faculdade Católica de Filosofia, Ciências e Letras Dom José Fernandes Veloso. Prestado o juramento solene pelos formandos, discursaram seus oradores Paulo Tostes e Raul Teixeira de Siqueira Magalhães, ouvindo-se depois o discurso do paraninfo Dr. Arthur de Sá Earp Netto, e por último Dom Armando Lombardi. Eis os nomes dos Bacharelandos em Direito: Aloysio Ribeiro de Almeida; Alynthor Teixeira de Rezende; Ana Maria de Araujo Lima; Antônio Luiz Cardoso de Melo e Silva; Armando José do Vale; Ary José dos Santos; Augusto Romão Guimarães; Ascendino Machado Fagundes; Benedito da Silva Martins; Benjamin Cynamon; Carlos Alberto da Cunha; Carlos Nessi Soares de Sá; Décio Lobo; Djalma do O’ Monteiro Filho; Durval Antônio de Oliveira; Fernando Carlos Vasconcellos de Macedo; Francisco Eugênio Meyer de Souza; Geraldo Augusto de Alencar Fabião; Germano […] Read More

SOBRE A FUNDAÇÃO

  SOBRE A FUNDAÇÃO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Na década de 30, o Centenário de Petrópolis agitou o segmento histórico-cultural da cidade com a preocupação de ser marcada plenamente a data e, destarte, inseri-la definitivamente no calendário histórico do Município. Por esse tempo surgiram duas correntes que digladiavam pela fixação da data da fundação. A primeira, com Antônio Joaquim de Paula Buarque, médico, político, ex-prefeito, de grande prestígio pessoal e profissional, defendendo o 29 de junho de 1845, data da chegada dos colonos germânicos a Petrópolis; a segunda, à frente Alcindo de Azevedo Sodré, de mesmos atributos, objetivando a data da assinatura do Decreto Imperial nº 155, em 16 de março de 1843, pelo então jovem Imperador D. Pedro II. A disputa intelectual foi acirrada, de elevado nível, resultando na ampliação dos estudos históricos petropolitanos. Ganhou a pesquisa, o município, a historiografia, sendo despertado de forma positiva e direta o interesse pela nossa História, até então pesquisada por alguns interessados, em artigos de interesses pontuais, hoje excelentes auxiliares da moderna pesquisa. A peleja intelectual foi vencida pelo grupo de Alcindo de Azevedo Sodré, fixando-se o 16 de março de 1843 como a data da fundação e o 29 de junho de 1845 o marco da colonização. Em virtude desse consenso, vencedores e vencidos uniram-se para a elaboração de um calendário de comemorações para a data centenária. Alcindo Sodré, então vereador no ano de 1936, tomou a iniciativa e apresentou a 28 de novembro uma indicação para a criação de uma comissão destinada ao levantamento da História de Petrópolis. O prefeito interventor Yeddo Fiúza acolheu e deu curso ao projeto por Ato de 28 de junho de 1937, instituindo uma Comissão de alto nível integrada por “figuras representativas da cidade e outras residentes fora do Município mas ligadas a Petrópolis pela atuação pública de seus antepassados ou, ainda, pelo próprio renome dos convidados”. A Comissão encarregou-se do levantamento da história, de seus personagens de vulto e preparou o calendário das comemorações do centenário, em 16 de março de 1943, tendo publicado importante obra “Trabalhos da Comissão”, com rica poliantéia de trabalhos de renomados participantes do colegiado. Em uma sessão da Comissão, em 10 de setembro de 1938, o Dr. Henrique Carneiro Leão Teixeira Filho sugeriu a criação do Instituto Pedro II, idéia que evoluiu para um designativo mais amplo, encontrando […] Read More

SÍRIO-LIBANESES EM PETRÓPOLIS (OS)

  SÍRIO-LIBANESES EM PETRÓPOLIS (OS) Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira (sob estudo de Yedda Maria Lobo Xavier da Silva, uma saudade imensa de todo o coração petropolitano) A colonização alemã é muito estudada, a portuguesa revivida e a sírio-libanesa teria ficado esquecida no registro de nossa história se não fosse a saudosa e querida professora, bibliotecária e historiadora Yedda Maria Lobo Xavier da Silva, que escreveu e publicou na Revista do Instituto Histórico de Petrópolis, páginas 97 a 107, edição do ano de 1989, o artigo “Imigração Sírio-libanesa”. O levantamento foi feito pela professora, ela descendente direta da família Mitri Dib, que veio para o Brasil com 5 integrantes, os irmãos Anibal, Felippe, Elias, Teófilo, João e Helena, originários de Tartus, na Síria. Segundo narra Yedda, foi assim que Mitri Dib virou Lobo: “Por decisão do Serviço de Imigração e para regularização de seus documentos tiveram seu nome transformado em “Lobo” – os irmãos Lobo”. Continuando sua narrativa, a historiadora revela: “Os primeiros a vir para o Brasil em 1908 foram Anibal e Elias e em 1911 chegam Felippe e João, ficando todos sediados no Rio de Janeiro. Em 1913 Elias volta para a Síria e com o surgimento da 1ª Guerra Mundial não retorna mais. Em 1920 Anibal vem para Petrópolis e começa a trabalhar aqui no comércio ambulante de flores, trazendo logo depois seus irmãos para nossa cidade. Em 1923, Felippe volta à Síria, lá permanecendo por um ano. Retorna ao Brasil em 1924 trazendo seus irmãos Teófilo e Helena e sua mãe Labib-Dib”. A reminiscência histórica da professora Yedda narra a odisséia da sua família, sua fixação na cidade, o sucesso na atividade comercial e, em especial, seu pai Felippe vence com a conceituada “Flora Oriental”, a qual, com seu falecimento em 1974 continuou por muitos anos sob a direção da viúva Angelina.. Sempre com base no estudo de Yedda, recordemos e louvemos o trabalho, principalmente no comércio, de algumas importantes famílias sírio-libaneses que ajudaram e ajudam a escrever a melhor história de Petrópolis: Nassar (imigrante Salim Jorge Nassar, Líbano 1889), ramo da armarinho; Nassif (imigrante Euzébio Nassif, Djoubeil, 1893), ramo de tecidos e armarinho, a famosa “Casa do Galo”; Cury (imigrantes Afonso, Amim, Abdala, Roa, Sofia, Maira, Zilda, Marta e Amelin, oriundos de Mazrait-Yachuch) de dedicados e diversos ramos do comércio a varejo e atividades industriais; […] Read More

HISTÓRIA DEMOLIDA

  HISTÓRIA DEMOLIDA Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Houve um tempo longo de nenhum cuidado. Em nome do progresso civilizações foram destruídas e sepultadas em proveito da futura arqueologia. O que poderia permanecer luzindo ganhou a poeira e o soterramento. Grandes conflitos mundiais destruíram e destruíram em nome da barbárie do poder sem freios. Vivemos 20 séculos, – numerados a partir de um momento histórico-religioso -, de transformações com poucos exemplares vivos da narrativa da Criatura Humana. Essas hecatombes medraram o desenvolvimento científico, aprimorando o conforto de muitos e gerando o infortúnio da grande massa de sobreviventes. Uma lei natural que jamais estancou as graves feridas da Humanidade porém elevou o Ser Inteligente a uma tecnologia de conforto para o bem viver mas frágil diante das botas dos poderosos por sobre as cabeças dos miseráveis. O término da 2ª Guerra Mundial alertou a todos sobre o mau exercício da Humanidade em relação ao seu patrimônio. De repente, após a insanidade de grupos políticos desumanos, o rico patrimônio dos Velhos Continentes estava depositado no pó das ruas cobertas por cadáveres. Urgia a reconstrução, a retomada do conceito de herança, o bálsamo para as feridas expostas no desencanto das criaturas de boa vontade. No Brasil, tão distante de tudo e sofrendo a invasão da massificação cultural distante de nossas origens, ofuscante no brilho das garrafas de refrigerantes, entendeu que modernizar era destruir o velho, coisa que a Capital da República, a cidade do Rio de Janeiro, já fizera no início do século XX com o Morro de Santo Antônio e a moderna Avenida Rio Branco. Pois muito bem – certamente muito mal – chegou a Petrópolis a sanha do “novo” na poeira levantada pela construção civil e reavaliações urbanas, nos tempos da guerra e post ela, gerando uma série de derrubadas de prédios, casarões, monumentos da arquitetura e da engenharia petropolitana histórica, para a edificação de caixotes largos, médios, finos, muito longe da tradição formativa de nossa cultura. Não se respeitou nada, esquecendo-se todos que sepultava-se o futuro da cidade, a vocação tão propalada hoje pelo turismo, deitando-se no chão exemplares raros da História do Brasil dos séculos XIX e XX, enfeixando no meio de prédios bonitos e de estilos rebuscados, os espigões lisos, apertando e afogando os sobrados, machucando a estética e aviltando a beleza espremida. Escapou muito pouco e o […] Read More

HERÓI PETROPOLITANO (O)

  O HERÓI PETROPOLITANO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira   A 20 de setembro de 1896 nasce em Petrópolis o herói nacional Eduardo Gomes. Infância normal aqui na sua terra com seus pais. Aos 20 anos de idade ingressa na Escola Militar de Realengo, seguindo uma tradição militar de família já que seu pai pertencera aos quadros da Marinha de Guerra Brasileira. Entusiasmado com a aviação, cujo pioneiro fora Alberto Santos=Dumont, que apreciava e conhecia em Petrópolis, o jovem passa para a Escola de Aviação, integrada de cadetes cheios de entusiasmo e sob o encanto da grande novidade que exigia arrojo, perícia, coragem e desprendimento. No ano de 1922, eclode a revolta dos tenentes do Forte de Copacabana, em episódio célebre que passou à história como “Epopéia dos 18 do Forte”. Nele está integrado o jovem Eduardo Gomes. No dia 5 de julho, em protesto contra o fechamento do Clube Militar e a prisão do ex-Presidente da República Hermes da Fonseca, estando esgotadas as negociações com o governo os jovens tenentes, liderados por Siqueira Campos, saem em marcha para enfrentar as tropas do governo. Previamente uma bandeira brasileira é cortada em 29 pedaços que são repartidos entre os revoltosos. Começa a caminhada a partir do Forte seguindo a Avenida Atlântica. Alguns debandam e 18 chegam até o Hotel de Londres, a eles se juntando um civil, o engenheiro Otávio Correia. São recebidos por tremenda fuzilaria desfechada por 3.000 soldados legalistas entrincheirados. Caem baleados dez revoltosos e vivos apenas dois: os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes, ambos muito feridos, imediatamente internados no Hospital Militar. Morrem no combate: o civil Otávio Corrêa, os tenentes Mário Carpenter e Nilton Prado e os soldados José Pinto de Oliveira, Manoel Antônio dos Reis e Hildebrando da Silva Nunes e dois não nominados. O heroísmo dos tenentes que não recuaram, avançando resolutos contra as tropas do governo, confere a Eduardo Gomes, juntamente com seus companheiros, o primeiro galardão de coragem e desprendimento em favor do país, ficando seu nome gravado no panteão dos mais admirados heróis brasileiros.. Após recuperar-se dos ferimentos é preso, consegue fugir para o interior do país, trabalhando como professor. Consegue identidade falsa até que no ano de 1924 está de novo em luta contra o governo federal participando de um raid de aviadores que sitiam a cidade de São Paulo e […] Read More

CINEMA EM PETRÓPOLIS – SUA HISTÓRIA

  CINEMA EM PETRÓPOLIS – SUA HISTÓRIA Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira O CINEMA PETRÓPOLIS INÍCIO PELO FIM Na noite de 21 de abril de 1996 a tela do Cinema Petrópolis foi iluminada pela última vez. O filme exibido “Coração Valente”, protagonizado por Mel Gibson, coloriu de muita aventura a despedida do maior e mais confortável cinema do Município. Alguns cinéfilos fizeram questão de permanecerem até as 23 horas, retirando-se devagar e lançando últimos olhares para o salão, a tela, o monumental espaço, esperando o projecionista desligar as máquinas, as luzes serem apagadas e acompanhando, já na calçada, os funcionários fecharem as portas. Na manhã de 22 de abril, muito cedo, funcionários da empresa Luiz Severiano Ribeiro, desmontaram o cinema, embarcaram tudo para o Rio de Janeiro, lacrando as portas e sepultando definitivamente o palácio de tanto sonho, divertimento, emoção, música, levando naquelas barulhentas viaturas um pouco da alma de cada espectador. Na mesma semana, a empresa Severiano Ribeiro recebeu visita de petropolitanos inconformados mas que não apresentaram nenhuma alternativa financeira válida para a continuidade do cinema. A argumentação mais forte do empresário era o número reduzido de freqüentadores, tornando inviável o funcionamento do gigantesco cinema em imóvel alugado, não cobrindo a ínfima renda as despesas da mínima manutenção. Abria-se, para a reminiscência do Município, mais um capítulo da sua melhor História Cultural, que tivera em seu palco tantos teatros e cinemas desde o início da povoação fundada por Júlio Köeler e D. Pedro II. O TEATRO XAVIER No ano de 1913, no espaço urbano, que corresponde ao números 804 a 808 da Rua do Imperador, o capitalista João Xavier fez construir um sobrado amplo destinado ao funcionamento de um teatro. Caprichou na concepção arquitetônica procurando edificar um espaço de diversões com as características dos melhores teatros do Distrito Federal. O salão de espetáculos foi projetado e construído com 28 camarotes, 18 frisas, 620 cadeiras e 400 galerias, com bom palco e camarins confortáveis. A fachada compunha-se, no térreo junto a calçada, de 3 portas, com entrada central onde eram expostos os cartazes e fotografias dos espetáculos, enquanto as demais destinavam-se ao comércio. Passada a sala de exposição e a bilheteria, penetrava-se em um corredor e, em meio a este, a esquerda, abria-se espaçosa sala de espera com cadeiras estofadas; no final do corredor chegava-se a uma grande área ao […] Read More