JUÍZO TEMERÁRIO

  JUÍZO TEMERÁRIO Fernando de Mello Gomide Recentemente assistindo sermão de sacerdote por ocasião da missa de 08-07-07, ouvi do mesmo, juízo temerário sobre a Igreja e em especial sobre o laicato de 50 anos atrás. Dizia o padre considerado, que, há cinqüenta anos quando ele ainda usava calças curtas, a Igreja era muito diferente: então os leigos católicos não faziam quase nada de apostolado, já que tudo era considerado como tarefa da hierarquia eclesiástica, ou seja, o laicato católico dormitava alheio à vida da Igreja e não se interessava pela missa porque não entendia latim. Bem, eu tive a graça de Deus de ter completado agora 80 anos de idade, e, há 50 anos atrás não usava calças curtas e conhecia muito bem a vida da Igreja. Meu conhecimento e vivência do catolicismo nos meus 30 anos de idade contraditavam o infeliz e equivocado juízo do atual padre. Havia sim um laicato católico ativo, nada tendo a ver com a caricata visualização da Igreja que tive a infelicidade de ouvir. Esse julgamento temerário da Igreja formulado pelo sacerdote que há 50 anos ainda usava calças curtas, ele muito provavelmente ouviu de seus mestres no seminário, que já vinham sendo envenenados com uma falsa noção do catolicismo, oriunda do estiolamento do amor à verdade produzido pelo relativismo gnosiológico, praga que infesta a filosofia do século XX, a qual exerceu nefasta influência nos meios intelectuais da Igreja, especialmente eclesiásticos. Essa postura embasa as ridículas críticas ao papel do laicato de tempos passados não muito remotos. Até à década de 50 ou 60, houve associações de leigos católicos muito ativas onde se estudava a doutrina social da Igreja desenvolvida em especial nos documentos pontifícios que nós não ignorávamos. Quantas vezes eu e outros colegas fizemos palestras nas congregações marianas sobre temas doutrinários de diversos tipos, atividade essa freqüente no laicato? Que dizer de outras agremiações como as da ação católica, especialmente voltadas para o apostolado? E as conferências vicentinas voltadas para a ajuda aos pobres e à doutrinação religiosa? E a missa? Quero lembrar que o movimento litúrgico iniciado no século XIX pelo beneditino Dom Prosper Guéranger (L’ Année Liturgique, 1887), que visava valorar as orações litúrgicas da missa e a restaurar entre os católicos a devoção ao sacrifício eucarístico, produziu salutares efeitos no laicato, tendo no Brasil resultado numa melhor consciência do valor transcendental do santo sacrifício. Nessa época em que […] Read More

GUARANÁ FOI CASCATA!

  GUARANÁ FOI CASCATA! Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga Como diabético fui surpreendido por um refrigerante de guaraná de uma multinacional do tipo “zero”. Seu sabor lembrou-me não somente algo de minha infância como também de minha juventude. Conduziu-me ao passado, a minhas lembranças. Peter Burke considerado atualmente um dos maiores historiados do mundo e também o pai da nova história cultural (NHC), o fato de se relevar uma “história dos odores e sabores”, essencial para o registro da memória das comunidades. Para reforçar esta dinâmica processual histórica ele recorre com grande prazer a literatura pesquisando cenas, narrações, onde os grande escritores recorreram a este fenômeno como expediente para reforçar característica de regiões ou de momentos da sociedade humana. Discussão à parte sobre os defensores da História das Mentalidades nos restringirá, teoricamente a esta citação, já que nosso ensaio destina-se em sua maioria a leigos. Petrópolis, como não poderia deixar de ser, também possuiu recentemente esta memória dos odores. Desde a era Koeler com a preocupação da construção das casas, nossos “rios”, acabaram se transformando em esgotos a céu aberto, não importando a área ou quarteirão próximo onde estiverem após vários dias sem uma manifestação pluviométrica somos abordados pelo “cheirinho” tradicional. Cheiro este que já nos acompanha a quase quatro décadas seguidas, basta que se consultem os jornais e colunistas dos períodos citados. Nos primórdios da organização urbana da era Koeler, os moradores próximos à área onde se encontra hoje a Catedral, reclamavam do abatedouro de gado a céu aberto, que impunha aos nobres moradores da região não somente o cheiro fétido das carcaças jogadas ao rio, assim como a presença dos urubus, o que conduziu a reclamações freqüentes (O MERCANTIL). Esta linha de odores é tão tradicional, que os jornais petropolitanos já acentuavam outro odor também característico de uma “era”, o odor das anilinas químicas que eram lançadas aos rios pelos tintureiros das fábricas, desde a década de 40 (Jornal de Petrópolis & Tribuna de Petrópolis). Odor hoje que só se faz presente por força de uma única fábrica presente na cidade, a Werner. De meus tempos de infância trago o cheiro forte da chuva tocando a terra seca em pleno verão, inconfundível odor prazeroso em algumas ruas do Bingen que não eram calçadas. Porém outra história que Burke e outros pesquisadores também assinalam seria a dos sabores, […] Read More

PRIMEIROS TEMPOS DA INSTRUÇÃO PÚBLICA EM PETRÓPOLIS

  PRIMEIROS TEMPOS DA INSTRUÇÃO PÚBLICA EM PETRÓPOLIS José Kopke Fróes Ao comemorar a cidade mais um aniversário da sua fundação – 16 de março de 1843 – acreditamos ser este um assunto valioso, cuja história ainda não foi escrita e que tem por ponto de partida o relatório do Presidente da Província do Rio de Janeiro, Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, em 1º de março de 1846, a respeito de Petrópolis. “Em novembro do ano passado fui visitar esta Colônia, em companhia do Mordomo da Casa Imperial, que no cumprimento de ordens de S. M. o Imperador, relativas à povoação de Petrópolis, e ao auxílio e proteção aos colonos, tem mostrado um zelo incansável. “A presença dos dois delegados do Soberano que iam ver este nascente estabelecimento, e prover as suas mais urgentes necessidades, entusiasmou os colonos, que mostraram seu contentamento entoando hinos de louvor e agradecimento ao Imperador do Brasil, que tão benignamente os acolhia. “Então, todas estas laboriosas famílias pediram como primeiro benefício serem considerados cidadãos brasileiros, terem escolas para educação de seus filhos, e párocos ou pastores de suas religiões”. O Major Júlio Frederico Koeler, Diretor da Colônia de Petrópolis desde a instalação da mesma em 29 de junho de 1845, redigiu dois regulamentos, aprovados pelo Presidente da Província, para os trabalhos em geral, e outro para sua direção técnica e administrativa. Por este regulamento, estabeleceu o Diretor a Caixa de Socorros, e instituiu o ensino obrigatório, com a multa de 40 réis em favor da Caixa, a todo colono que não mandasse seus filhos de 7 a 12 anos às escolas, pelo menos três vezes por semana. Criou seis escolas para meninos, duas para meninas exclusivamente, e uma de música. Quase todas entraram em atividade no começo do ano de 1846, tendo por professores, três cidadãos católicos e três evangélicos, nomeados por Koeler. Funcionaram a princípio no prédio da Diretoria da Colônia, com exceção de uma, dirigida pelo professor Marlin Dupont, instalada no local conhecido por Duas Pontes, que desde aquela época fica em importante cruzamento de caminhos ou estradas. Conforme relatório do Major Júlio Frederico Koeler, enviado ao Governo Provincial, referente ao ano de 1846, documento por demais minucioso, ficamos sabendo os nomes dos primeiros mestres petropolitanos, bem assim o número das crianças que freqüentaram as escolas, sendo de notar que no primeiro semestre daquele ano, o número de alunos foi bem maior […] Read More

FRANCESES NA ORIGEM DE PETRÓPOLIS (O)

  OS FRANCESES NA ORIGEM DE PETRÓPOLIS Antônio Eugênio de Azevedo Taulois, associado efetivo, titular da cadeira n.º 29, patrono Luiz da Silva Oliveira O petropolitano nasceu de muitas nacionalidades mescladas num caldeirão de etnias, que foram se integrando com harmonia e conciliação, resultando numa identidade própria, de certo modo, diferente da sua vizinhança próxima. Os FRANCESES em Petrópolis, participaram ativamente dessa união construtiva. Antes dos franceses se aproximarem de Petrópolis, eles descobriram o Brasil logo depois de Cabral e não o deixaram mais. No início, foram expulsos a ferro e fogo, mas, depois, deixaram marcas profundas, como a Missão Artística de 1816, que identificou os encantos e as desigualdades de nossa sociedade; a Missão do Gen. Maurice Gamelin, que reformulou o Exército Brasileiro e a Missão Cultural que criou a USP. Antes da fundação de Petrópolis em 1830, dois franceses, o arquiteto Pierre Pézerat e o engenheiro Pierre Taulois assinaram o orçamento do Palácio da Concórdia que Dom Pedro I pretendia construir na sua fazenda do Córrego Seco e não saiu do papel por ter sido o imperador forçado a retornar a Portugal. Em 1835, o professor de caligrafia e desenho de Dom Pedro II, M. Louis Boulanger esteve em tratamento de saúde naquela fazenda e registrou: “L’air pur que l’on respire dans cettes montagnes et dont la fraîcheur rapelle le printemps d’Europe”. (O ar puro que se respira nessas montanhas e o seu frescor, são os mesmos da primavera da Europa) Em 1843, outros 59 franceses vieram trabalhar na conclusão da Estrada Normal da Estrela. Eles faziam parte de um contingente que deixou Dunquerque no brigue Curieux para a Colônia do Saí (SC), mas resolveram ficar por aqui. A primeira estatística da Colônia em 1845, indicava a presença de 15 franceses, 61 portugueses, 7 ingleses e mais 81 brasileiros e 1921 alemães. Não se sabe quem eram esses franceses, mas as atas de distribuição de terras, contratos de obras e outros documentos, depois de 1847, indicavam os engenheiros Jean Gustave de Frontin, Eugène Jeanne, Charles Philippe Garçon Rivière e Pierre Taulois, os médicos Thomas Charbonnier e Vincent Sigaux e alguns comerciantes, como Thimothe Durier, Antoine Morin, Adolphe Bartels e outros. Entre os colonos alemães, havia quinze famílias com nomes tipicamente franceses – Rabelais, Noël, Dupont, Dupré, Delvaux (Delvô), Duriez, Moret etc – possivelmente descendentes huguenotes que deixaram a França por causa do Édito de Nantes e não mais […] Read More

HINO DE PETRÓPOLIS

  HINO DE PETRÓPOLIS Geraldo Ventura Dias Letra e Música Petrópolis, Tens do passado gloriosas tradições; Petrópolis, Cultura e fibra de homens de outras nações, Que lutaram e criaram as riquezas, Guardaram as belezas Que devemos defender. Petrópolis, Tranqüilidade, nossa fonte de saúde; Petrópolis, O teu futuro é a tua juventude Que estuda e trabalha consciente De que a luta no presente Vitórias vai trazer. Para frente, para o alto, Construir Com amor e com vontade, Progredir, Vem viver aqui na serra, Onde a sorte nos sorri. Quem pensa que é feliz em outra terra É porque Ainda não viveu aqui.

JOSÉ HAMILTON LOPES (IN MEMORIAM)

  JOSÉ HAMILTON LOPES (IN MEMORIAM) Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette No dia 31 de julho de 2007, faleceu, aos setenta anos, o Prof. José Hamilton Lopes, sem nenhum favor, uma das figuras mais expressivas da educação e da cultura em nossa Petrópolis. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, a 18 de abril de 1937, era filho de Raymundo Cyrino Lopes e Bernadette Vieira Lopes, naturais do Ceará. No Grajaú, bairro em que foi criado, recebeu sólida formação religiosa do Padre Alberto Teixeira Ferro, Vigário da Paróquia da Arquidiocese de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Grajaú. Tal orientação fez dele um católico modelar e explica, sem nenhuma dúvida, a maneira resignada com que suportou os sofrimentos que a saúde, abalada por pertinaz enfermidade, lhe impôs, nos últimos momentos de sua vida. Apaixonado por Petrópolis, aqui fixou residência e completou seus estudos, bacharelando-se em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis, em 1966 e licenciando-se em Pedagogia, pela mesma Universidade, em 1977. Dedicou-se à advocacia com notável empenho e dedicação, porém mais que a carreira jurídica apaixonou-se pela carreira docente, lecionando, com invulgar brilho em vários colégios petropolitanos, as disciplinas Educação Moral e Cívica, Organização Política e Social Brasileira e, na Universidade Católica de Petrópolis, a disciplina Estudo dos Problemas Brasileiros. Ainda no campo da educação distinguiu-se como Diretor-Presidente do Instituto Saul Carneiro, órgão destinado à Orientação Pedagógica para deficientes da audição e da fala, animando-o com a força vigorosa de seus ideais. No magistério, é preciso que se reconheça, sua conduta lapidar, marcada em desprendimento e patriotismo, o elevou no conceito de seus alunos, de seus colegas professores e de todos que o conheciam. Outra grande paixão de sua vida foi a poesia, que, para ele, significava encantamento, alegria e vivência cotidiana. Deixou-nos uma intensa e extensa obra poética, na qual destacamos o inspirado poema “Via Sacra de Brasília”, inspirado nos quadros da Via Sacra de Brasília, de Marlene Maria Godoy Barreiros, doados à Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro daquela cidade, e inúmeros outros, publicados na imprensa petropolitana e nas Revistas da Academia de Poesia Raul de Leoni, na qual ocupou a cadeira nº 9, patrocinada por Arthur Barbosa e da qual era, atualmente, o Presidente, com inspirada atuação. Marcante também foi sua atuação como dirigente internacional do Elos Clube, procurando sempre criar elos de fraternidade entre brasileiros e portugueses. […] Read More

É NOSSA A MARAVILHA!

  É NOSSA A MARAVILHA! Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Ninguém duvida que o Museu Imperial é maravilhoso. Petropolitanos e visitantes alimentam grande carinho pelo Palácio de Verão do Imperador D. Pedro II, orgulho de Petrópolis e bem cultural e turístico conhecido e admirado em todo o globo terrestre. Dirigido, desde a sua fundação, por luminares da Cultura Histórica (Alcindo de Azevedo Sodré, Francisco Marques dos Santos, Luiz Affonso d´Escragnolle, Lourenço Luiz Lacombe e, hoje, por Maria de Lourdes Parreiras Horta), o Museu Imperial acaba de ser distinguido como uma das “Sete Maravilhas do Rio de Janeiro”, em concurso de votação popular. Justíssimo resultado porque o Museu Imperial é verdadeira preciosidade sob todos os aspectos. A Casa de Verão é um primor de arquitetura em todo o seu conjunto construído e paisagístico; o acervo guarda a melhor memória política, cultural e artística da História do 2º Reinado; a administração da Museóloga Drª Maria de Lourdes Parreiras Horta é atenta, criativa, moderna e de larga visão profissional e de rara sensibilidade; as valiosas atrações, como a Coroa Imperial, o Cofre de Joinville, as condecorações, os objetos de uso cotidiano e majestático, a pena de ouro da Princesa Isabel, com a qual firmou a redenção de nosso povo, a biblioteca especializada, o precioso arquivo documental, os espaços para a cultura e o entretenimento, tudo, tudo mesmo, torna o Museu Imperial um Patrimônio Universal. Para honra nossa, em Petrópolis, para cujo destino cultural e turístico vem contribuindo desde a sua fundação em 16 de março de 1943. Assim, é nosso Museu Imperial a cara e o retrato da Cidade de Pedro e também a de Getúlio Vargas, o presidente que teve a visão magnífica de futuro ao atender ao projeto de Alcindo de Azevedo Sodré, transformando o acanhado Museu Histórico de Petrópolis, instalado pelo Instituto Histórico de Petrópolis no Palácio de Cristal, na entidade de hoje e definitivamente no sítio de maior grandeza de toda a História de Petrópolis e do Brasil. Parabéns, o Museu Imperial é nosso! É nossa maravilha!..

CINE-CUBISMO EM PETRÓPOLIS (O)

  O CINE-CLUBISMO EM PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira O cine-clubismo em Petrópolis também teve a sua época. Pelo menos, que conheci, existiram dois: O Cine Clube Chaplin e o CEPEC (Centro Petropolitano de Cinema). Sobre o Cine Clube Chaplin não obtive muita informação e ficarei devendo aos amigos que estão acompanhando essa rememoração da atividade cinematográfica em Petrópolis. Fica aberto o espaço do DIÁRIO DE PETRÓPOLIS para aquele que se dispuser contar a história do clube. O CEPEC conheci bem de perto. Era freqüentador assíduo nas noites de sábado do Auditório do Museu Imperial, onde eram realizadas as sessões. Os dirigentes do clube foram Fernando Morgado, que conhecia tudo sobre cinema e escrevia coluna especializada na imprensa petropolitana; Eduardo Ferreira e Geraldo Guimarães, que promoviam as sessões, cuidavam da divulgação, atendiam a todos à entrada do auditório, o hoje poeta José Damião que trabalhava muito pelo clube e o professor Maurício Cardoso de Melo Silva que emprestou o brilho de sua inteligência a uma fase da entidade. Foi fundado no ano de 1959, nos idos de agosto e perdurou por 5 anos, até 1963. Utilizava dois projetores de 16mm: um do Museu Imperial e o outro alugado ao fotógrafo Pinheiro. Obviamente, como todo bom cine-clube a projeção era deficiente, as cópias que vinham nem sempre estavam em boas condições, as máquinas de projeção eram frágeis, antigas e sempre necessitando reparos e muita vez a sessão correu com apenas um projetor ou foi cancelada por motivos técnicos que eram: máquinas sem condições, cópias de fitas em mau estado, falha da distribuidora dos filmes que não enviava a cópia para exibição, enfim, se os dirigentes e sócios levavam o clube a sério e curtiam o prazer de assistir seus filmes prediletos, os circunstantes nem sempre colaboravam a contento. Mas um cine-clube autêntico tinha que passar por todos esses percalços e todos compreendiam e colaboravam com o esforço dos dirigentes. Mas chega o dia em que as condições gerais não mais favorecem a continuidade de uma organização como o CEPEC e, por isso, encerrou suas atividades no final do ano de ‘963. Para relembrar a qualidade da programação, aqui vão alguns títulos exibidos pelo CEPEC, na sua última fase: anos de 1962 e 1963: “Os Gangsters (Le Grand Chef)”, com Fernandel e Gino Cervi; “Momento Sublime (Il momento piu bello)”, de […] Read More

ARTÉRIA DE MUITOS NOMES (UMA) – DE BOURBON A DR. NELSON DE SÁ EARP

  UMA ARTÉRIA DE MUITOS NOMES – DE BOURBON A DR. NELSON DE SÁ EARP Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira A atual Rua Dr. Nelson de Sá Earp, de cujo solo emergem espigões que escondem dos transeuntes o giro diário do sol, foi um inóspito morro da Fazenda do Córrego Seco coberto de mata densa. Suas sendas não eram riscadas por picadas firmes, pisadas por botas de viajantes, porque não era caminho regular, como a trilha pelo Alto da Serra que lançava os tropeiros na demanda da sede. No planejamento urbano de Júlio Frederico Köeler a via foi projetada e batizada com o nome de Rua de Bourbon e seria aberta no íngreme morro para dar acesso a uma praça traçada na planta, de nome Largo Dom Afonso, a atual Praça da Liberdade, cuja penetração inicial foi feita seguindo o curso do riacho a partir da Rua do Imperador. O nome Bourbon representava homenagem à ancestralidade da Família Imperial e Dom Afonso ao filho primogênito do Imperador e herdeiro do trono, nascido em 1845 e falecido em 1847. O grande brejo, que era o Largo Dom Afonso, tornou-se o grande lixão do povoado e a Rua Bourbon foi sendo rasgada no morro e sua terra servindo para aterrar o lixo infestado de insetos e exalando mau cheiro. O grande historiador petropolitano Walter Bretz, no seu trabalho “O Largo Dom Afonso”, publicado no jornal petropolitano “O Comércio” em vários dias dos meses de março e abril de 1924 e republicado pela “Tribuna de Petrópolis”, na edição de 10 de janeiro de 1959, descreve a primitiva Rua Bourbon: “A princípio essa rua não passava de uma sinuosa e acidentada picada que, segundo dizem os antigos, partindo mais ou menos, da esquina da atual avenida General Osório, seguia pelo alto dos morros e através os terrenos e junto às casas que, depois, pertenceram às famílias Dupont, João de Deus Campos, Hees e Glassow, precipitando-se, mais ou menos, no ponto onde hoje está a subida para o Morro do Cruzeiro. A rua atual foi toda escavada na montanha, e somente a 2 de dezembro de 1858, mais de treze anos após a fundação da colônia, entregue ao trânsito público de cavaleiros e veículos”. Aberta morro acima, a Rua Bourbon foi bordada de chalés de meia-água com ornatos em lambrequins de diversos desenhos. As construções […] Read More

ESTAÇÃO DE TRENS DE PETRÓPOLIS (O)

  A ESTAÇÃO DE TRENS DE PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira A Estrada de Ferro de Petrópolis foi a primeira construída no Brasil. Coube o feito ao engenheiro Ireneu Evangelista de Souza, Visconde de Mauá, após conseguir do Governo Imperial a concessão exclusiva para a navegação a vapor entre a cidade do Rio de Janeiro e o fundo da Baía de Guanabara. Estipulado o prazo da dita concessão em dez anos, tratou o grande empreendedor de estabelecer, em seguida, uma ligação mais rápida entre a Corte do Rio de Janeiro e a Raiz da Serra, na altura da Fábrica Imperial de Pólvora, cujo trajeto era feito por diligências ou em montarias. Com a ligação marítima do Cais Faroux até o Porto da Estrela, a idéia concretizada por Ireneu Evangelista de Souza foi a criação de uma linha férrea, o que lhe foi permitido através do Decreto nº 987, de 12 de junho de 1852, referendado pelo Ministro dos Negócios do Império, Francisco Gonçalves Martins, assinado pelo Imperador D. Pedro II. A 16 de dezembro de 1856 os trilhos da estrada chegaram à Raiz da Serra, num total de 16 quilômetros, cumprindo Ireneu Evangelista de Souza o contrato firmado com o Governo Imperial. Por alguns anos a linha férrea atingiu aquela localidade. Para chegar a Petrópolis utilizava-se de uma estrada calçada de pedras aberta no meio da mata, que atingia o Alto da Serra, para utilização de diligências e carruagens. A empresa sucessora da Companhia de Mauá, chamada Companhia Príncipe do Grão-Pará, obteve autorização do Governo Imperial, no ano de 1881, para a construção de mais seis quilômetros serra acima, em local acidentado, sob a direção do engenheiro Joaquim Lisboa, assistido pelo engenheiro Marcelino Ramos Pinto. A 11 de fevereiro de 1883 os trilhos chegaram a Petrópolis. Era um domingo, 9 horas da manhã, estando entre os primeiros passageiros a realizarem o novo trajeto o Imperador D.Pedro II, sua família e várias personalidades da Corte. No domingo seguinte, dia 18 de fevereiro, a estação foi inaugurada com pompa e circunstância pelo Imperador D.Pedro II. Para abrigar o terminal em Petrópolis, foi edificado um belo prédio de dois pavimentos, na Rua Toneleros (hoje Dr. Porciúncula), em belo estilo europeu, ladeado por um conjunto de marquises de proteção para os passageiros e que tomava todo o lado direito da artéria urbana. (Hoje […] Read More