INCLUSÃO DE ISABEL

  INCLUSÃO DE ISABEL Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira O Museu Imperial realizou na última semana o seminário “A Princesa das Camélias”. O centro das atenções foi a extraordinária Princesa Isabel pela passagem da data natalícia de 160 anos completados no dia 29 de julho de 2006. Durante três dias, sob o comando da Diretora Drª Maria de Lourdes Parreira Horta, apresentaram-se renomados pesquisadores: Eduardo Silva, Robert Daibert Júnior, Mary Del Priore, Maurício Vicente Ferreira Júnior, Pedro Karp Vasques, Maria de Fátima Moraes Argon e Bruno Cerqueira, com encerramento pelo bisneto da homenageada, D. Pedro Carlos de Orleans e Bragança. Foram tardes maravilhosas em que o público, que lotou o Espaço Multimídia, teve oportunidade de conhecer a Princesa sob múltiplos enfoques, desde narrativas sobre o gesto magno da assinatura da “Lei Áurea” e as influências acarretadas no País e na vida da Família Real, passando pela faceta de estadista e Chefe de Estado, sob grandes pressões políticas e no cenário do universo feminino da Corte no século XIX, findando com exibição de farta iconografia e um estudo sobre a precariedade bibliográfica sobre Isabel. A nossa História do País tem sido muito mal ensinada, desde a oficial como aquela que pretende adequar tudo a um enfoque marxista no mínimo e mais gratuito da teoria político-social do grande pensador. O que dizer, então, da história política, sempre predominante e a serviço da inverdade ou do mito forjado? Diante da figura de Isabel, sua personalidade, seu preparo para a assunção do Estado, sua inteligência e argúcia feminina, sua projeção junto ao povo, tem-se que o Brasil perdeu o bonde da História quando deixou que a mediocridade política assentasse a República e embarcasse o Império para o exílio. O resultado aí está, sob ditaduras de diversas gradações, entregue o poder ao despreparo, ao corporativismo, ao salve-se-eu-mesmo. Os assentados no poder não permitem a moderação do gabinete parlamentarista que garanta o exercício da política com seriedade e mais competência. Necessário que a figura de Isabel I, Chefe de Estado por quase 4 anos, nos impedimentos do pai, Imperador D. Pedro II, embora alternados, tenha citação e correto estudo nos compêndios da História Pátria e que sua personalidade forte, ao tempo que maternal e doce, possa servir de exemplo e fortaleza em favor das gerações de hoje e futuras. Isabel foi a primeira Chefe de […] Read More

EMÉRITO EM TUDO

  EMÉRITO EM TUDO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Abriram-se as portas para o fim da caminhada. Fim sempre começo. Transpondo o fio do mistério da vida, na crença devota pelo Altíssimo, D. José chega humildemente ao destino reservado a quem sempre fora plácido pastor, agora conduzindo as ovelhas iluminadas no campo da imortalidade. Na réstia impressa nos terrenos de sua caminhada, a marca de seu talento, obstinação, coragem, devoção, com registro imortal na história de sua vida. Falar das obras, que o façam os biógrafos nas letras frias do registro; importante dizer sobre o homem e o quanto a iluminura de seus atos e gestos contribuíram para elevar o semelhante. Para isto fala seu sorriso que, por vezes, chegava à sonora gargalhada e seu jeito de ser franco ao tempo que doce, enérgico quanto compreensivo, pertinaz traído sempre pelo coração enternecido pelo sofrimento de seus discípulos. A UCP está de pé graças a D. José Fernandes Veloso, que arrostou as maiores intempéries da incompreensão e do choque de vaidades, para solidificá-la no justo conceito nacional. E sempre ouvinte e terno conselheiro, sob impressionante objetividade. No trato com o alunado, o respeito e a candura; nas decisões pelo Conselho Universitário, sob argumentos claros e justos das denúncias, o presidente D. José não decidia antes de externar o seu objetivo de reconduzir a ovelha ao rebanho, antes do cumprimento da decisão regulamentar. Presente, atento, caminhou léguas e léguas pelos corredores da Universidade, ouvindo e decidindo, avançando e retroagindo, com ímpar personalidade para alocar seus colaboradores nas funções adequadas e com eles decidindo de forma correta e sábia. Eu estava lá, eu vi, senti, vivi a cultura e a inteligência de nosso querido e imortal Bispo Diocesano e Reitor da UCP, D. José Fernandes Veloso. Emérito Mestre, em tudo emérito; extraordinária criatura humana! Juntando-se a Monsenhor Gilberto Ferreira e outros grandiosos colaboradores, eis que vai chegando ao fim uma grande geração de educadores de nossa cidade..

CASA DO COLONO – 30 ANOS

  CASA DO COLONO – 30 ANOS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Petrópolis possui em seu acervo de cultura e turismo um brinco, uma jóia, uma preciosidade. É a “Casa do Colono”, marco de um tempo, de uma geração que moldou a face da cidade e aprimorou o caráter petropolitano mais autêntico. É uma construção simples, edificada em terras do foreiro Gottlieb Kaiser, no Quarteirão Castelânea, escolhida para deixar à posteridade um marco da ocupação pelos germânicos de nossas terras, a eles aforadas pelo Imperador D. Pedro II. Ali é tudo rústico, como a vida de nossos habitantes a partir de 1845, com boa visitação e despertando curiosidade e admiração. Há 30 anos, em um dia 16 de março, ela foi inaugurada com respeito e festividades e, desde então, vem sofrendo com os azares da sorte política. Talvez, considerada filha menor diante de tantas construções pomposas e instituições culturais do Centro Histórico, ela não deva merecer maior atenção. Seus bens podem ficar obscurecidos pelo descaso, como se fora um patinho feio rejeitado. Que engano e falta de visão turística e cultural. A ‘Casa do Colono” deveria ser um brinco de respeito, consideração e carinho, porém, encontra-se caidinha, o que é uma pena. Alguns reais, que nada representariam para a “burra” municipal, maquiariam a Casa de forma a, se não dignificá-la como merece, pelo menos causar menor constrangimento àqueles que dela cuidam e aos visitantes que a visitam em bom número. E, por último, o aniversário de 30 anos de sua fundação está passando em branco. Tomem nota: 16 de março de 2006: 30º aniversário da instalação da “Casa do Colono”. Parabéns a todos que respeitam nossa cultura e têm visão de nossa projeção turística no cenário mundial..

BRINCANDO SÉRIO

  BRINCANDO SÉRIO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira A infância é a fase mais encantadora da vida. Os participantes são seres que formam o corpo e educam o espírito. A criança é a síntese do presente projetada ao futuro. Muitas frases soltas interligadas por uma única constatação: o universo da criança é puro enquanto à sua volta digladiam os adultos para manterem a infância no coração, sem consegui-lo, eis que a luta pela vida ultrapassa a fantasia para precipitar-se no abismo da luta pelo poder. “Quisera ser criança novamente para voltar a brincar na casa antiga da infância” – disse a amargura do poeta. Verdade pura embora sonho distante. O Carnaval da brincadeira, da irreverência, da saudade, da alegria pode muito bem representar essa rebusca pela infância perdida. Nada é mais criancice do que a fantasia que esconde o trapo e cada canção entoada é um retorno às cantigas de roda. Por momentos o adulto despe o terno e a gravata, ensarilha-se com as armas da infância e sai à rua buscando o antigo espaço, que sabe perdido. O zepelim mágico das porfias com as bolinhas de gude, a búlica onde as bolinhas giram nas beiradas, como nas cestas do basquete, e nem sempre caem, as rodas das meninas, a corrida atrás das bolas de meia, as pistas para o ronco dos carrinhos de madeira, onomatopéia graciosa das crianças, tudo esfumado no ruço da lembrança, retorna na explosão do colorido farsesco comandado por Momo, mais um rei cultuado pelo imaginário popular brasileiro. O adulto com boa memória da infância, largado na avenida da loucura, caído nas calçadas das cinzas que os garis recolhem na quarta-feira, é o mesmo que dorme de qualquer maneira no final do domingo, provocando: – Essa criança não tem jeito! Dormiu com roupa e tudo! Tudo findo, retorna-se à rotina, a criança de cada um fica mais longe, enquanto milhões de crianças sem infância e mínima perspectiva de serem adultos com boas lembranças, morrem nas ruas do mundo como cães sem dono, tomados pelas sarnas da nenhuma esperança. SOS para as crianças abandonadas e sem infância do planeta é o que pedem as criaturas de boa vontade em mais um carnaval onde o luxo e as cores não conseguem esconder a triste miséria humana.

ESBOÇO HISTÓRICO DA SOCIEDADE MÉDICA DE PETRÓPOLIS

  ESBOÇO HISTÓRICO DA SOCIEDADE MÉDICA DE PETRÓPOLIS Nelson de Sá Earp Não pretendo neste esboço histórico fazer um registro cronológico dos eventos da Sociedade Médica de Petrópolis, nem tão pouco uma lista de estatística rigorosa dos acontecimentos de que foi autora nesses 60 anos de sua existência. Proponho-me apenas, numa visão retrospectiva, constatar se a SM cumpriu finalidades a que se propôs, guardando num fluxo de iniciativas sucessivas, o veio norteador de seu sentido. Percorri, numa leitura dinâmica, as atas que registram suas atividades. Somam cerca de 947 ocorrências registradas, de 1923 até 1983. Dessas ocorrências, 747 foram devidamente inscritas em atas, lavradas com especial apuro e esmero. É de se louvar os senhores secretários médicos que as escreveram. As demais ocorrências foram transportadas para os livros de presença, contendo, na quase totalidade de suas inscrições, apenas os títulos dos assuntos tratados. As atas e os livros de presença, foram por mim numeradas de 1 até 947, começando em 15 de julho de 1923, data da 1ª sessão da Sociedade, e terminando em 22 de agosto de 1983. De 1 até 747, a numeração corresponde às atas, e, depois, aos livros de presenças. Com esses dados foi possível erguer uma visão globalizada da vida da Sociedade, que encerra, implicitamente os princípios que regeram sua vida até nossos dias, suas realizações e seu indubitável progresso. Demarquei certos fatos mais significativos, fixando-os dentro dos períodos dos seus múltiplos presidentes, cujos nomes vão surgindo aos poucos, na medida desta descrição. Desculpo-me das omissões incontáveis, tal o número imenso de citações a que estaria obrigado se eu pretendesse um trabalho completo, impossível numa síntese despretenciosa como a que apresento. Assim como os raios luminosos e divergentes de um espelho côncavo levam, num caminho reverso ao centro luminoso de onde emanam, e de onde projetados não são mais que a expressão desdobrada daquele núcleo luminoso – assim também, a expressão atual da nossa SMP, em sua estrutura orgânica e operacional, não é mais do que a manifestação desabrochada do núcleo inicial de sua existência. Já em seu estado embrionário, a Sociedade continha em gérmen toda a complexidade que hodiernamente sustenta. O relato puro e simples de sua organização atual é a descrição de um organismo social diferenciado em vários departamentos, cada um com sua função específica. Tais departamentos, já nos primórdios existiam e acabaram por se constituírem em órgãos diferenciados. São cinco esses departamentos: […] Read More

DONA ARCÂNGELA, A NOBRE DAMA DE CORRÊAS

  DONA ARCÂNGELA, A NOBRE DAMA DOS CORRÊAS Gabriel Kopke Fróes, Fundador, Patrono da Cadeira n.º 18 Dona Arcângela Joaquina da Silva Goulão, filha de Manuel Correia da Silva e Brittes Maria da Assunção Goulão, irmã, portanto, do padre Antônio Tomás de Aquino Corrêa Goulão, e do dr. Agostinho Corrêa da Silva Goulão, casou-se em 1777 com o capitão reformado José da Cunha Barbosa que tinha importante casa de negócio na Corte. Passou a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro, de onde eram os seus seis filhos. Enviuvou moça ainda, mas foi já idosa que veio morar na fazenda dos Corrêas. Morto o Padre Corrêa em 1826, não pode dona Arcângela conservar a situação agrícola da fazenda no estado de prosperidade anterior, mantendo, no entanto, as tradições de fidalguia deixados por seu irmão. Era, a esse tempo, senhora de mais de sessenta anos e, dispondo ainda de muita energia de vontade, tornara-se notável a benignidade com que tratava os escravos. Pelos cuidados extremados que dispensou à princesinha Paula Mariana, terceira filha de Pedro I, hospedada para tratamento, como se sabe, nos Corrêas, impôs-se dona Arcângela à gratidão da família reinante. O Imperador consagrava-lhe sincera estima e as duas imperatrizes tratavam-na com muita intimidade. O pequeno Pedro, futuro imperador, brincou em Corrêas com os netos de dona Arcângela. Pedro I, o soberano estróina, tomara-se de familiaridade com os Corrêas e muitas vezes subiu, por desfastio, às nossas paragens em companhia de amigos. A recordação do hóspede imperial está perpetuada no nome do famoso Poço do Imperador que merecia sua predileção. Dele, conta-se que, certa feita, passando pelo rancho grande destinado à pousada dos tropeiros onde se realiza animadíssimo batuque, mandou às urtigas sua condição de governante e entrou na patuscada, cantando ao desafio, sapateando e batendo palmas com os dançadores consumados. Cena bizarra essa, com o Imperador, num alpendre de tropeiros, à luz fumarenta dos candeeiros de azeite, dançando com o belo sexo, cujo matiz variava entre o jambo e a jaboticaba … Foi durante a viuvez de três anos do Imperador que se tornaram mais frequentes suas visitas aos Corrêas. O ardoroso Bragança, na Corte, amofinava-se deveras com tal estado de coisas, tanto mais que já iam arrefecendo os entusiasmos pela Marquesa de Santos. Enquanto isso, o Marquês de Barbacena, encarregado de arranjar a noiva, fraquejava na tarefa tão eriçada de embaraços, face aos deploráveis precedentes matrimoniais […] Read More

ALGUNS EQUÍVOCOS RELACIONADOS À HISTÓRIA PETROPOLITANA

  ALGUNS EQUÍVOCOS RELACIONADOS À HISTÓRIA PETROPOLITANA Jeronymo Ferreira Alves Netto Na rica e fecunda História de nossa Petrópolis, encontramos alguns equívocos que necessitam ser devidamente esclarecidos, sob pena de afetarem seriamente a reconstrução de nosso passado. Apesar dos esforços dos pesquisadores do Instituto Histórico de Petrópolis, sempre comprometidos com a verdade histórica, em desfazer tais equívocos, continuam os mesmos a ser divulgados, colocando em risco a credibilidade de nossa historiografia. Neste sentido queremos lembrar que inúmeras são as razões que podem levar alguém a deturpar a verdade, cabendo aos historiadores agir no sentido de lembrar que todas estas razões não são sensatas. Logo, é nosso dever alertar para o fato de que nem tudo que está nos jornais, revistas, televisão e até em publicações oficiais contém a verdade. Assim, a afirmativa de que “Petrópolis é a única cidade imperial da América Latina”, não é verdadeira. O pesquisador Francisco de Vasconcellos em seu alentado trabalho intitulado “Três ensaios sobre Petrópolis” nos informa “que o Imperador D. Pedro I, pelo alvará de 15 de abril de 1825, concedeu à cidade de Montevidéu, o título de Imperial pelos seus patrióticos e relevantes serviços em favor da causa do Império. Do mesmo modo, em 17 de março de 1823, já havia outorgado a São Paulo este título, fazendo o mesmo à Vila Rica, atual Ouro Preto, em 20 de março do mesmo ano”. Acrescente-se, ainda, que a historiadora Thalita de Oliveira Casadei, em seu livro a Imperial Cidade de Nictheroy, reproduziu o Decreto nº 93, de 22 de agosto de 1841, que concedeu à cidade de Niterói o mesmo título. Petrópolis, só em 26 de março de 1981, recebeu o título de Cidade Imperial, através de um decreto do então Presidente da República João Baptista de Oliveira Figueiredo. Tal decreto, é preciso que se reconheça, além de resgatar uma dívida para com a nossa cidade, que “de fato” sempre foi uma cidade Imperial, contribuiu para a preservação de todo o seu acervo arquitetônico e natural. Prosseguindo, queremos também lembrar que o pesquisador Paulo Roberto Martins de Oliveira, associado do Instituto Histórico de Petrópolis, em palestra proferida no referido Instituto, em 29 de novembro de 2004, apontou inúmeros desvios na divulgação de nossa História, entre os quais tomamos a liberdade de selecionar alguns, que nos parecem mais gritantes. Os italianos, diz ele, “não foram colonos, pois eram imigrantes livres de contrato, que vieram voluntariamente […] Read More

DJANIRA E O LICEU MUNICIPAL PREFEITO CORDOLINO AMBRÓSIO

  DJANIRA E O LICEU MUNICIPAL PREFEITO CORDOLINO AMBRÓSIO Jeronymo Ferreira Alves Netto Encontra-se no Salão Nobre do Liceu Municipal Cordolino Ambrósio, em Petrópolis, uma extraordinária obra de arte, ou seja, um painel com 25 metros de comprimento por 4 metros de largura, executado a pincel pela extraordinária artista Djanira da Mota e Silva, sem dúvida um dos valores mais expressivos da arte primitivista em nosso país. Selecionando elementos da tradição popular da sociedade petropolitana, a artista conseguiu combiná-los com tal maestria, imprimindo-lhes um magnetismo tão forte, que o painel transmite uma sensação de vida, raramente encontrada em outras obras do gênero. Assim, a autora conseguiu retratar, num estilo futurista, toda Petrópolis antiga, vendo-se o Museu Imperial, a Estação da Leopoldina e sua primeira locomotiva, operários trabalhando com picaretas e teares, jovens modelando aparelhos na cerâmica, tudo em cores diversas. Quem foi Djanira? Que fez? Por que teria oferecido o citado painel ao Liceu Municipal? Quererá saber, certamente quem não se dedica ao estudo da história da arte no Brasil. Satisfazer esta justa curiosidade, é um dos objetivos do presente artigo. Djanira da Mota e Silva nasceu em Avaré (São Paulo), em 1914 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1979. Ao mudar-se para Santa Teresa, matriculou-se num curso de arte no Liceu de Artes e Ofícios, onde conheceu o pintor Emeric Mercier que, segundo nos informa Furke “mais do que um orientador foi seu grande incentivador” (1). (1) FURKE, Ana Maria. Restrospectiva de Djanira. In: REVISTA CULTURA, Brasília: MEC, Ano 7, Nº 25. A partir daí, “[…] sua pintura evoluiu, à força de uma poderosa intuição criativa, transformando-se em suporte de sua documentação de costumes, paisagens e festas populares, das mais ricas da História de nossa arte” (2). (2) DICIONÁRIO DOS PINTORES BRASILEIROS. Vol. 1, Rio de Janeiro: Spala , 1968. Realizou exposições individuais e coletivas, no Brasil e no Exterior, recebendo inúmeros prêmios. Em Petrópolis deixaram saudades as que realizou no Museu Imperial. Suas telas mais famosas são: “Ouro Preto”, “Casario”, “Panorama de Parati”, “Procissão – Folia do Divino”, “Menina com Flores”, “Amolador de Facas” e muitas outras. Dividindo seu tempo entre seu apartamento em Santa Teresa e sua residência em Petrópolis, localizada no bairro de Samambaia, à rua que hoje leva seu nome, a artista sempre acompanhou com grande interesse os acontecimentos marcantes ocorridos em nossa cidade. Aqueles que, em Petrópolis, com ela conviveram e tiveram o […] Read More

MONSENHOR GILBERTO FERREIRA DE SOUZA

  MONSENHOR GILBERTO FERREIRA DE SOUZA Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Dia 8 de dezembro de 2005 comemoramos o 60º Aniversário de Ordenação Sacerdotal de Monsenhor Gilberto Ferreira de Souza, ilustre Vigário Geral de nossa Diocese e uma das figuras mais estimadas e representativas do clero petropolitano. Nascido nesta cidade de Petrópolis a 15 de maio de 1921, num lar religioso, já que seus pais, Alicio Ferreira de Souza e Jorgina Ferreira de Souza, eram pessoas simples e de singular piedade. Órfão de mãe, na mais tenra idade foi educado pela avó Felicidade Ferreira de Souza, senhora de peregrinas virtudes, dela recebendo uma bem cuidada formação cristã. Seus estudos iniciais foram feitos no Grupo Escolar D. Pedro II, renomado educandário de nossa cidade, sob a orientação de um seleto grupo de professoras, entre as quais a consagrada mestra D. Germana Gouveia. Em seguida, matriculou-se no Seminário Arquidiocesano do Rio de Janeiro e, posteriormente, no Seminário Provincial de Belo Horizonte, completando finalmente seus estudos no Instituto Superior de Direito Canônico, no Rio de Janeiro, agregado à Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Ordenado sacerdote em 8 de dezembro de 1945, em Niterói, em cerimônia presidida por Dom José Pereira Alves, então bispo daquela Diocese, começou logo em seguida seu diversificado ministério de educador e formador dos futuros sacerdotes, como professor no Seminário Diocesano de Niterói. Assim, no plano educacional, tem se revelado um educador emérito. Quer no Seminário Diocesano Nossa Senhora do Amor Divino, do qual foi primeiro Reitor, quer como professor titular de Ciências Morais e Religiosas da Universidade Católica de Petrópolis, quer como Diretor do Instituto de Teologia, Filosofia e Ciências Humanas da mesma Universidade, sempre manteve um contato diário e proveitoso com a juventude estudantil, animando-a com a força vigorosa de seu espírito. Em seu gabinete de trabalho, todos o procuravam, buscando sua orientação sensata e oportuna na solução dos mais intrincados problemas. Por outro lado, múltipla e constante tem sido sua atuação religiosa. Foi Secretário Particular do Bispo de Niterói, Dom José Pereira Alves; Secretário do Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, Arcebispo do Rio de Janeiro, para o Concílio Ecumênico Vaticano II; Pároco Auditor no Concílio Ecumênico Vaticano II; Membro do Conselho Presbiterial e do Colégio de Consultores da Diocese de Petrópolis; Chanceler da Cúria Diocesana de Petrópolis; Capelão Militar da Armada, no posto de Capitão […] Read More

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO MUNICIPAL EM PETRÓPOLIS

  ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO MUNICIPAL EM PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto No decorrer da primeira República, os críticos do modelo educacional do Império, confirmando a premissa de que é fácil criticar e demolir, mas muito difícil construir, apesar dos quatro planos educacionais que se seguiram até 1915, pouco acrescentaram ao modelo anterior. Assim, o currículo constante do plano de Benjamin Constant era praticamente o mesmo de 1854, apenas, conforme muito bem assinala Valnir Chagas: “[…] apresentava um sentido mais nacional dos estudos com uma visível preocupação metodológica. No primeiro grau acrescentaram Geografia e História, principalmente do Brasil, Desenho e Trabalhos Manuais; no segundo grau, Português (como disciplina individualizada), Álgebra, Trigonometria, Direito Pátrio e Economia Política. O ensino da religião, nos dois graus, foi substituído pelo ensino da Instrução Moral e Cívica” (1). (1) CHAGAS, Valnir. Educação Brasileira: O Ensino de lº e 2º Graus. São Paulo: Saraiva, 1978. Na realidade, a Constituição de 1891, omitindo-se quanto à idéia de um sistema educacional de ensino, apontada por muitos educadores como o ponto de partida para qualquer renovação educacional, dificultou as mudanças reclamadas. Do mesmo modo, a referida Constituição determinava que o ensino primário era de competência do Estado e, no Distrito Federal, da Municipalidade. Ocorreu, então, como observa Arnaldo Niskier “ […] que as Constituições estaduais que se seguiram à federal, colocaram o ensino primário sob a responsabilidade das Câmaras Municipais” (2). Estas, contando com poucos recursos financeiros, não puderam desenvolvê-lo a contento. Apesar disto, a bem da verdade, cumpre ressaltar que os Municípios, sabe-se lá à custa de que sacrifícios, nunca deixaram de ser os grandes animadores desta modalidade de ensino. (2) NISKIER, Arnaldo. Educação Brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1989. Em conseqüência, o censo realizado em 1920 revelou uma situação nada animadora: […] das 6.582.017 crianças em idade escolar, somente 1.249 (19%), recebiam algum ensino. Este quadro só começa a mudar a partir de 1921, para isto contribuindo, entre outros, três fatos de capital importância: 1. a Conferência Interestadual do Ensino Primário, realizada em novembro do citado ano, em que se buscou uma solução para o problema da difusão do ensino primário e do combate ao analfabetismo; 2. a fundação da Associação Brasileira de Educação, em 1924, por Heitor Lira e Silva que teve o grande mérito, conforme muito bem acentua Jorge Nagle de “institucionalizar a discussão dos problemas da escolaridade em âmbito Nacional […]” (3). (3) NAGLE, […] Read More