HONRA AO IMPERADOR

  HONRA AO IMPERADOR Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira No último dia 5, domingo, nos primeiros minutos da tarde, a Capela Imperial da Catedral de Petrópolis abriu seus portões para uma homenagem. Assinalava-se o 179º aniversário de nascimento, o 115º aniversário da partida para o exílio, o 113º aniversário da morte e o 65º aniversário do repouso definitivo em Petrópolis. O personagem: o Imperador D. Pedro II. A cerimônia, revestida de simplicidade e muita poesia, a cargo dos “Jograis de Petrópolis”, foi de encantamento, com assistentes petropolitanos e muitos turistas, surpresos diante do grande respeito e amor pelo extraordinário personagem da História do Brasil. Nascido a 2 de dezembro de 1825, no Rio de Janeiro; falecido em Paris a 5 de dezembro de 1891, o imperador D. Pedro II retornou à sua Pátria e à sua Petrópolis e aqui recebeu sua sepultura definitiva, na Capela Imperial, em cerimônia solene presidida pelo Presidente Getúlio Vargas, em 5 de dezembro de 1939. No mesmo sítio santo também a Imperatriz D. Teresa Cristina e, em 1971 a Princesa Isabel e o Conde D Eu. Recentemente, para a Capela migraram os despojos do Príncipe do Grão-Pará, D. Pedro de Alcântara e sua esposa. A Catedral de Petrópolis tornou-se, assim, depositária de um grande legado, um relicário de amor, devoção e respeito, para romper os séculos na recordação justa de tão magnificentes brasileiros. A cerimônia anual de homenagem ao aniversário de D. Pedro II, idealizada por Dóris Gelli, assumida pela Academia Petropolitana de Letras e pelo Instituto Histórico de Petrópolis e pela Fundação Cultural de Petrópolis, em fase na qual seus dirigentes conheciam a história de Petrópolis e honravam seus vultos, vem acontecendo há alguns anos. É momento de reflexão e de reencontro com nosso destino cultural. Não se trata de uma simples homenagem, mas do resgate da auto-estima da Cidade, em momento de lembrança da memória de seu fundador e cidadão residente e honorário. Associando-se aos promotores, a nossa Catedral, por seu vigário Padre Jac e nossos bispos, tem emprestado total apoio e oficiado missas, a cada ano, com reminiscências em palavras ornadas de simpatia e muita fé nos destinos petropolitanos e nacionais. Cabe, por justo, citar aqueles que acompanharam e acompanham a promoção desde 1999, participando do grupo “Jograis de Petrópolis” : Doris Gelli, Miriam Montenegro Fonseca Andrade, Fernanda, Janine, Jacqueline e […] Read More

RELIGIOSOS E AS RELIGIOSAS DESCENDENTES DOS COLONIZADORES GERMÂNICOS DE PETRÓPOLIS (OS)

  RELIGIOSOS E AS RELIGIOSAS DESCENDENTES DOS COLONOS GERMÂNICOS DE PETRÓPOLIS (OS) Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Este estudo, que foi realizado no campo Eclesiástico de Petrópolis (RJ), tem por finalidade comentar os primeiros momentos dos colonos germânicos católicos, seguidos de uma resenha de fatos, até que conseguissem a plenitude de uma boa assistência religiosa, além de dar conhecimento sobre os Religiosos e as Religiosas descendentes dos colonos germânicos, que respectivamente ordenaram-se e professaram-se, em sua maioria, nos seminários e congregações estabelecidos nesta cidade. Primeiramente, serão apresentados alguns dados sobre o início da atuação católica de assistência, que se iniciou para os colonos católicos, a partir de 29 de junho de 1845 – início da Imperial Colônia. No princípio, a assistência religiosa para os colonos foi um tanto confusa, principalmente por causa dos responsáveis pela Colônia que não davam a devida importância ao compromisso assumido com os colonos, através do Contrato de Engajamento dos mesmos, estabelecido no processo de colonização de Petrópolis. No referido contrato, numa das cláusulas, constava que além da reserva de um terreno para a construção de um templo católico germânico e de uma escola, também deveria ter acompanhamento de um sacerdote de sua nacionalidade, para as celebrações das Santas Missas, com atuação permanente nos demais eventos religiosos. Vale ressaltar que para os evangélicos luteranos, que eram um terço do contingente total dos colonos, nunca houve maiores embaraços, pois sempre foram assistidos por pastores designados para Petrópolis (RJ) ou vindos de colônias vizinhas. Embora com atraso, tiveram o seu templo germânico inaugurado em 1863, após o término da Colônia, que ocorreu em 06/01/1860, ou seja, 11 anos antes da inauguração da igreja dos colonos católicos. Após pouco mais de um ano de espera, seguida de inúmeras reclamações, o Governo Provincial do Rio de Janeiro resolveu atender aos apelos e contratou por cinco anos os serviços religiosos do Padre Franz Anton Weber, a contar de 12/11/1846, até o findar do ano de 1851, quando o Padre Weber retornou à Europa, ficando os colonos sem a orientação espiritual, que deveriam ter por um sacerdote de sua língua materna. Somente no final do ano de 1853 contrataram o Professor Padre Theodor Wiedmann, que aqui chegou no dia 10 de janeiro de 1854 e neste mesmo dia, tomou posse como Vigário, com o título oficial de Pároco – Curato da […] Read More

ESCOLA MUNICIPAL JOHANN NOEL

  ESCOLA MUNICIPAL JOHANN NOEL Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Sras., Srs., Jovens e prezados parentes da família NOEL. Sinto-me honrado pelo convite da minha própria e estimada família, para representá-la nesta solenidade e, ao mesmo tempo, representando também o Instituto Histórico de Petrópolis e o Clube 29 de Junho de Tradições Germânicas, para a inauguração desta escola, situada à margem direita do principal rio de Petrópolis, o “Piabanha”, neste Quarteirão Bingen e que terá o nome do nosso patriarca, o colono germânico JOHANN NOEL. Primeiramente, quero externar através da nossa família, os nossos mais sinceros agradecimentos ao Sr. Marcos Novaes (Ex-Diretor da Comdep), pela iniciativa de homenagear os nossos colonizadores, e também ao nosso atual Prefeito, o ilustre médico Dr. Rubens José França Bomtempo, por acatar tal sugestão, demonstrando a sua sensibilidade no reconhecimento dos nossos valores históricos. Apresentarei um breve histórico biográfico do meu ancestral. Na qualidade de trineto, posso expressar toda a minha admiração a este parente maior, que viveu momentos heróicos pelo sacrifício a que se submeteu, pelo ideal de luta, para conseguir meios melhores de subsistência, para a sua família, deixando para trás o berço natal, para aventurar-se nestas terras petropolitanas, onde viveu os últimos 14 anos de sua vida. JOHANN NOEL foi um simples trabalhador de profissão lenhador/carvoeiro que, com a sua família, habitava a pequenina Aldeia de Neuhüten, situada entre a margem direita do Rio Mosel e a margem esquerda do Rio Rhein, no Bispado de Trier, na grande Região do Hunsrück da antiga Prússia-Renânia – Alemanha, onde nasceu em 04/11/1801, filho de Johann Noel (o 1º) e de Anne Margareth Krämer. Atraído pela oferta do Governo Brasileiro para a formação da colonização de Petrópolis, juntou-se a outros patrícios para tentarem melhor sorte de vida no Brasil. Venderam o que puderam dos seus bens e pertences, arrumaram as malas, despediram-se com tristeza e emoção dos seus parentes e amigos, para numa viagem inóspita, finalmente chegarem ao topo da Serra da Estrela, na iniciante Imperial Colônia de Petrópolis. Johann Noel, veio para Petrópolis com sua esposa Elisabeth Catharine Mathieu e seus 6 filhos: Johann, Catharine, Marie, Nicolau, Marianne e Peter. Chegaram à Petrópolis no final do mês de agosto de 1845. Provisoriamente, com outros colonos, ficaram abrigados num barracão da Colônia, onde hoje é o Convento de Lourdes, no antigo Caminho Colonial, mais […] Read More

HISTÓRIA E O TURISMO EM PETRÓPOLIS (A)

  A HISTÓRIA E O TURISMO EM PETRÓPOLIS Paulo Roberto Martins de Oliveira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 10 – Patrono Carlos Grandmasson Rheingantz, falecido Infelizmente, têm-se visto nos materiais de propaganda e informações turísticas da Imperial Cidade de Petrópolis, erros que se tornaram fatos correntes, devido à desinformação e à falta de pesquisa de quem os produz. Não se pode chamar estas pessoas de profissionais, porque em Petrópolis, ainda não se compreende que os ofícios são diversos e, portanto, necessitam de capacidades diferenciadas para a sua realização. No caso específico da “História de Petrópolis”, as coisas tendem a se complicar, em relação a quase tudo que foi publicado até hoje, pois a bibliografia é escassa e a documentação, principalmente do século XVIII até às primeiras décadas do século XIX, é pouquíssima, reunida em arquivos diversos e geralmente fora de Petrópolis. Além disso, nossos cronistas e historiadores mais antigos, aos quais devemos muito da história de Petrópolis, não tiveram o rigor necessário na obtenção de certas informações e nem citaram suas fontes e bibliografias, perpetuando pelos tempos informações que com o avanço das pesquisas foram retificadas. Dois bons exemplos são as notícias vinculadas com relação aos seguintes títulos: “A Colonização Italiana em Petrópolis” e “A Fundação de Cascatinha em 1873”, porque os dados neles apresentados não correspondem à realidade. Ao contrário do que foi descrito nestas notícias, os italianos não foram colonos, pois eram imigrantes livres de contratos, que vieram voluntariamente para trabalharem no Brasil. Quanto a fundação da localidade denominada Cascatinha, que ocorreu em 17/09/1873, refere-se apenas à Carta – Decreto Imperial n.º 5407, autorizando a instalação da Cia. Petropolitana, nos dois últimos prazos de terras do Quarteirão Westfália e ao uso das águas do Rio Piabanha. Para mais esclarecimentos sobre este assunto, ver “Os Primórdios da Cia. Petropolitana no Quarteirão Westfália”, pelo autor deste trabalho em curso, no SITE do IHP. Quanto ao nome CASCATINHA, este sobreveio da Cascata do Retiro do Bulhões, cuja queda d’água situa-se no Rio Piabanha, entre o Quarteirão Westfália (tendo à sua esquerda a Estrada União & Indústria, sendo este trecho atualmente denominado de Rua Dr. Hermogenio Silva) e as terras da antiga Fazenda da Engenhoca, no setor conhecido, como terras do Retiro de São Thomaz e São Luiz. Por volta do ano de 1861, após a inauguração da Estrada União & Indústria, popularmente o local em torno da queda d’água e proximidades ficou […] Read More

REVOLTA DA ARMADA E A MUDANÇA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO PARA PETRÓPOLIS (A)

  A REVOLTA DA ARMADA E A MUDANÇA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO PARA PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette A Revolta da Armada, deflagrada por Custódio José de Melo, em 6 de setembro de 1893, foi causa da mudança da capital fluminense para Petrópolis. Como conseqüência do golpe de estado de Deodoro da Fonseca, em 3 de novembro de 1891, dissolvendo o Congresso e proclamando o estado de sítio, fato que desencadeou violenta oposição política ao governo, Deodoro renunciou a 23 de novembro de 1891, passando o governo ao vice-presidente Marechal Floriano Peixoto. De imediato foram levantadas contestações sobre a legalidade do novo governo, fundamentadas nas interpretações do artigo 42 da primeira Constituição Republicana que prescrevia o seguinte: “Se, no caso de vaga, por qualquer causa, da Presidência ou Vice-Presidência, não houverem ainda decorrido dois anos, do período presidencial, proceder-se-á a nova eleição” (1). (1) PORTO, Walter Costa. As Constituições no Brasil. A Constituição de 1891. Fundação Projeto Rondon, Ministério do Interior, s/d., p. 1. Os contestadores da legalidade do novo governo apelavam para o fato de que, não tendo Deodoro chegado a governar por dois anos, Floriano ocupando a Presidência não estava cumprindo o dispositivo constitucional. Entretanto, os que temiam pela realização de um novo pleito presidencial, o qual poderia por em perigo a consolidação do regime republicano, encontraram respaldo nas disposições transitórias, parágrafo 2º, artigo 1º, da referida Constitução que estabeleciam normas específicas para a primeira eleição feita pelo Congresso, dispondo: “O presidente e o vice-presidente, eleitos na forma deste artigo, ocuparação a Presidência e a Vice-Presidência da República durante o primeiro período presidencial” (2). (2) PORTO, Walter Costa. As Constituições no Brasil. A Constituição de 1891. Fundação Projeto Rondon, Ministério do Interior, s/d., p. 37 Entendiam assim, os partidários de Floriano, que dentro de tal período, não podiam ser realizadas novas eleições. Baseando-se pois nesta disposição, o vice-presidente manteve-se na Presidência. A 6 de abril de 1892, treze oficiais-generais do Exército e da Marinha assinaram um manifesto intimando o Marechal Floriano Peixoto a proceder a eleições para o cargo que ocupava. Seus signatários foram demitidos das comissões e comandos que exerciam e a seguir reformados. Os descontentes, organizaram manifestações de rua, exigindo a renúncia do presidente, baixando então o Governo o Decreto 791, que suspendia as garantias constitucionais por 72 horas. Os manifestantes foram presos e […] Read More

ASSASSINATO DO CEL. GENTIL DE CASTRO – UM MÁRTIR DA CAUSA MONARQUISTA NO BRASIL (O)

  O ASSASSINATO DO CEL. GENTIL DE CASTRO – UM MÁRTIR DA CAUSA MONARQUISTA NO BRASIL Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Os primeiros anos do governo de Prudente de Morais transcorreram em condições bastante adversas; ainda fermentavam as paixões resultantes da Revolução Federalista no Rio Grande do Sul; a situação financeira agravara-se em conseqüência das prolongadas lutas; os partidários exaltados de Floriano Peixoto, denominados “jacobinos”, sonhavam com uma “ditadura redentora”, não poupando ataques ao chefe da nação. Às questões político-partidárias juntavam-se com freqüência atritos com os militares, como a revolta dos alunos da Escola Militar do Rio de Janeiro que haviam se sublevado contra o seu comandante, a quem acusavam de ser antiflorianista e até incidentes diplomáticos, como a ocupação da ilha de Trindade por um cruzador britânico, numa atitude acintosa à soberania nacional. Embora o governo tivesse agido com grande energia contra os revoltosos da Escola Militar, prendendo e desligando do Exército os insubordinados e a questão diplomática com a Inglaterra tenha sido resolvida satisfatóriamente, graças aos bons ofícios do governo português, o clima de descontentamento e de incertezas continuou reinando por todo o país. Em conseqüência, teve início uma séria crise política entre o executivo e o legislativo, queixando-se os senadores e deputados da ausência de uma convivência mais estreita entre os dois poderes. Francisco Glicério de Cerqueira Leite, antigo preposto de Floriano Peixoto no Congresso, habilidoso articulador político, chefe do Partido Republicano, como Presidente da Câmara dos Deputados, controlava os congressistas e procurava evitar um rompimento formal com o governo. Prudente de Morais, por sua vez, desejava libertar-se da tutela do partido e, por considerar Francisco Glicério um Florianista, procurava afastá-lo de sua influente posição como Presidente da Câmara dos Deputados. A crise política acentuou-se quando o governo apresentou um projeto de anistia aos brasileiros que, direta ou indiretamente, haviam participado da Revolução Federalista, no Sul, e da Revolta da Armada, no Rio de Janeiro. Este projeto, abrangendo todos os vencidos, foi considerado exageradamente liberal e não teve boa repercussão entre os florianistas, sendo rejeitado no Congresso. Francisco Glicério, comenta Silva “ […] já não interpretava, perante o Congresso a política do presidente da República” (1). Prudente de Morais conseguiu libertar-se da tutela do Partido Republicano Federal, mas o número de seus adversários cresceu consideravelmente, distanciando-se dele o próprio Vice-Presidente Manuel Vitorino “para tornar-se posteriormente, uma das figuras […] Read More

ESCOLA DE ENGENHARIA INDUSTRIAL (A)

  A ESCOLA DE ENGENHARIA INDUSTRIAL Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette A Escola de Engenharia Industrial da Universidade Católica de Petrópolis nasceu de um convênio entre as Faculdades Católicas Petropolitanas e o Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ). O citado convênio foi assinado em 13 de dezembro de 1960, em solenidade que se realizou no auditório da Federação de Indústrias do Estado e que foi presidida pelo Núncio Apostólico, Dom Armando Lombardi. Compareceram ao ato destacadas personalidades, entre as quais o Exmo. Sr. Bispo de Petrópolis, Dom Manoel Pedro da Cunha Cintra; o presidente do Centro Industrial do Rio de Janeiro, Sr. Zulfo de Freitas Mallmann; o prefeito de Petrópolis, Dr. Nelson de Sá Earp; o diretor da Faculdade de Direito, Dr. Aloysio Maria Teixeira, que também representou o Reitor das Faculdades Católicas Petropolitanas e os representantes dos governadores Roberto Silveira e Carlos Lacerda. A nova Faculdade surgiu da necessidade de se adequar a formação do elemento humano, com vistas aos interesses gerais da produção e ao desenvolvimento econômico do país. Sua criação, é justo salientar, deveu-se em grande parte aos esforços desenvolvidos pelo professor Décio José de Carvalho Werneck, educador realista, objetivo e prático, que soube conduzir, com rara habilidade, as conversações entre as Faculdades Católicas Petropolitanas e o Centro Industrial do Rio de Janeiro. Quanto à escolha de Petrópolis para instalação de tão importante unidade de ensino, encontrou ela justificativa no excelente conceito das Faculdades que já vinham funcionando, pelo rigor e qualidade do ensino; na expressiva atividade industrial desenvolvida na cidade; e na curta distância do parque industrial carioca. Para dirigir a nova escola foi convidado o engenheiro Oscar Lisboa da Graça Couto, Diretor Superintendente da Graça Couto S.A. Indústria e Comércio e que também foi professor titular da cadeira Higiene de Habitações e Indústrias. Instalada em 6 de maio de 1961, no recinto da Câmara Municipal, em ato presidido pelo Magnífico Reitor Dr. Arthur de Sá Earp Neto, o qual contou com a presença de expressivas figuras eclesiásticas, municipais e estaduais, da indústria e do comércio, a nova Escola foi autorizada a funcionar pelo Decreto nº 50.419, de 7 de junho de 1961, do então presidente Jânio da Silva Quadros. A Escola de Engenharia Industrial iniciou suas atividades com o Curso de Mecânica, ministrado em cinco séries. Visando a fornecer a seus alunos um ensino de […] Read More

EXPRESSO MAZOMBO-ABSTRATO

  EXPRESSO MAZOMBO-ABSTRATO Julio Ambrozio, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 30, Patrono – Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacelar Edmundo Jorge, hoje, é o decano da cultura e das artes plásticas da cidade de Petrópolis. Edmundo não apenas continua sendo um grande artista, mas permanece também como um dos grandes quadros intelectuais que a cidade, mesmo sendo como ela é, conseguiu gerar. Precisamente, Edmundo Jorge é o mais idoso representante daquilo que de melhor se produziu e se produz na vida cultural da serrania petropolitana e brasileira. A cidade deveria se orgulhar. Bastava As Memórias da Rua Paulino Afonso, Machado Horta ed., RJ, 1985, e esse decano mereceria uma herma ou quiçá estudo crítico levado a cabo pelo Departamento de Letras da UCP – a Universidade que fixou cinqüenta e cinco anos de presença petropolitana. Acerca da UCP e da Universidade Pública, aliás, encontra-se neste sítio eletrônico um artigo de minha autoria. Edmundo, dizia, mereceria toda a honra da cidade por essa memorialística e, igualmente, pelos seus outros livros e pela sua obra plástica. Como artista plástico, formou-se Edmundo no turbilhão modernizador dos anos cinqüenta no Brasil, fazendo parte das vanguardas urbanas que incorporaram o abstrato, se bem que já nessa década revelasse algum incômodo com o Concretismo. Sobre a A Arte de Edmundo Jorge, o leitor interessado também encontrará artigo assinado por mim neste sítio eletrônico. Como artista plástico, ademais, foi Edmundo Jorge o direto responsável pela I Exposição Nacional de Arte Abstrata, sediada em Petrópolis, em fevereiro de 1953. Claro, na década de cinqüenta, a cidade guardava ainda o caráter de subúrbio elegante da elite brasileira, cariz que, sem dúvida, Jorge bem soube compreender. Mas, repare leitor, foi um provinciano e não um metropolitano o idealizador e organizador direto de marco histórico das artes no Brasil. Se a Semana de Arte Moderna de 1922 liga-se à cidade de São Paulo, essa primeira exposição do Abstracionismo, no Brasil, tem as montanhas petropolitanas como demarcação geográfico-cultural, não obstante a importância da 2ª Bienal paulistana, pois esta não foi exclusivamente Abstrata. Diga-se a propósito, que não se trata aqui da condenação do Abstracionismo, embora não seja difícil observar que Juscelino Kubitschek viveria demasiadamente no inconsciente dos (artistas) abstratos, e talvez o Trabalhismo e Getúlio Vargas fornecessem algum antídoto contra o decorativo que tomou conta de mais de um deles. Quereria demonstrar, contudo, que o abstrato sistematicamente exposto na Plataforma Contemporânea, pertencente ao […] Read More

ESTANTE GEOGRÁFICA PETROPOLITANA (A) – RASCUNHO CRÍTICO

  A ESTANTE GEOGRÁFICA PETROPOLITANA Rascunho Crítico Julio Ambrozio, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 30, Patrono – Monsenhor Francisco de Castro Abreu Bacelar Os saberes geográficos acerca de Petrópolis, neste artigo, oscilam entre um pequeno livro descritivo-enciclopédico e duas monografias urbanas, passando por uma pesquisa da função industrial petropolitana e outra, bem mais recente, sobre os impactos e reações do meio físico ante a ocupação urbana. O livro noticiado é de autoria de Paulo Monte (1) , cento e vinte sete páginas arranjadas em bonita edição com sete capítulos: município, história, lendas, geografia física, geografia política, geografia econômica, costumes, além de dois subtítulos que descrevem a fauna e a flora. (1) Monte, P. Chorographia do Município de Petrópolis, Typographia Ypiranga, Petrópolis, 1925. Descritivo e laudatório, cheio de informações saborosas para um ledor distante setenta e oito anos, sem dúvida, estava Paulo Monte em campo oposto ao de Carlos M. Delgado de Carvalho, que já antes da fundação da USP e da vinda de Pierre Deffontaines e Pierre Monbeig, guerreava contra o ensino enciclopédico e de relação. (2) (2) Sobre Delgado de Carvalho ver Abreu, M.A. “O Estudo Geográfico da Cidade no Brasil: evolução e avaliação, contribuição à história do pensamento geográfico brasileiro”, pp. 204-205, in Os Caminhos sobre a Cidade e o Urbano, org. Fani Alessandri Carlos, Edusp, Sp. 1994. É de se notar que no mesmo ano e cidade em que Delgado de Carvalho publicava “Methodologia do Ensino Geográphico” (3) era editada a corographia de Paulo Monte. (3) Delgado de Carvalho, C. M. Methodologia do Ensino Geográphico — Introdução aos Estudos de Geographia Moderna, Typographia Vozes, Petrópolis, 1925. Afastada do livro de Paulo Monte, a primeira monografia urbana acerca de Petrópolis também é um dos primeiros estudos de geografia tradicional de corte francês no Brasil. “Petrópolis – Esboço de Geografia Urbana” (4) , de Philippe Arbos, configura-se como perfeito exemplar da seqüência metodológica encontrada em “O Estudo Geográfico das Cidades”, de Pierre Monbeig (5), embora Maurício Abreu (6) noticie que já em 1937 Arbos teria proposto idêntico modelo, sugerido em aula de geografia urbana na antiga Universidade do Distrito Federal. (4) Arbos, P. “Esboço de Geografia Urbana”, Comissão do Centenário de Petrópolis, P.M.P., vol. VI. pp. 173-225. (5) Monbeig, P. “O Estudo Geográfico das Cidades”. In: Boletim Geográfico, ano I(7), RJ, outubro-1943. pp. 7-29. A primeira publicação de “O Estudo…” é de 1941, pela Revista do Arquivo Municipal de São […] Read More

NADA CONTRA QUALQUER REGIME, PORÉM…

  NADA CONTRA QUALQUER REGIME, PORÉM… Túllio Xavier de Brito Baptista Teixeira, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 21 – Patrono Gustavo Ernesto Bauer, falecido “Brasil, um país de poucos” Os homens não são iguais. São apenas feitos da mesma maneira. O mundo inteiro está assistindo diariamente e aplaudindo entusiasmado, aos extra-ordinários espetáculos do Gran Circo Brasil, único no seu gênero – meia dúzia de trapezistas e cento e oitenta milhões de palhaços. Millôr Fernandes O título desta chronica-artigo, tem a ver com a apresentação que fiz de duas pessoas amigas minhas: Reynaldo Reis e Denize Frossard, dois expoentes em suas atividades, disso estou certo.. Reynaldo, já falecido, foi um dos maiores advogados do Brasil e do mundo. Procurador do antigo Distrito Federal, depois Estado do Rio de Janeiro, foi também presidente do Vasco, o “club” de coração de Pelé, eleito por aclamação, indicado que fora pelo embaixador de Portugal no Brasil. Conheci-o em 1951, no gabinete de Negrão de Lima, primeiro ministro da Justiça de Vargas, no ministério, chamado pelo presidente, de ministério de experiência, onde era consultor jurídico, e eu secretário particular. Começava então uma amizade que duraria até sua morte. Trabalhamos juntos de novo, em 1956, quando Negrão assumiu a prefeitura do Distrito Federal no governo de Juscelino. Ele como chefe de Gabinete, eu, de novo, como secretário. Meu pai nessa época era o Chefe de Policia de JK. Encontrávamo-nos sempre, toda semana, em sua casa, após o jantar, para conversas que iam geralmente até a uma, duas horas da madrugada. Às vezes com a presença do Jorge Serpa Filho, outro genial personagem. Genial e estranho personagem. Serpa nomeava, fazia ministros, no governo J.K., passando por Jango, pelos presidentes militares, Sarney e FH. Cada um de nós tocando suas vidas, até que, na década de 1980, conheci uma grande mulher, logo grande amiga, a juíza – famosa – Denize Frossard, aquela que colocou na cadeia os maiores banqueiros do “jogo do bicho”, os tubarões, os “cappi”, os chefões. Lembro-me que na ocasião, cheguei a dizer, a alertar a Denize que não fizesse aquilo, que estava, que era juíza no Brasil, não na Inglaterra. Sua carreira, mais cedo ou mais tarde seria encerrada muito antes do tempo, seria posta na “geladeira”; não me ouviu, fez, como era sua obrigação o que devia fazer e acabou colocada no limbo e pedindo aposentadoria precocemente, muito jovem ainda. Hoje é deputada federal, onde […] Read More