A IGREJA LUTERANA E O COLÉGIO KOELER Márcio Simões da Costa Hoje, freqüentemente nos deparamos com pessoas que ao caminhar pela Av. Ipiranga, apresentam-se curiosas ao ver a casa antiga de 2 pavimentos, localizada no n° 238 da referida avenida. Algumas pessoas dizem emocionadas: ” Estudei neste educandário”, ou mesmo, ” Meus avós estudaram aqui no colégio alemão.” Em sua fachada existe uma placa com os dizeres: Educandário Júlio Frederico Koeler – 1° Centenário, 1° de março 1876 – 1976. Algumas pessoas se perguntam, ou mesmo, nos perguntam: “Mas porque Koeler?” E é sobre esta ligação entre a Igreja ou Comunidade Luterana e o Major Koeler que iremos tratar. O alemão Julius Friedrich Koeler, nascido a 16 de junho de 1804 na cidade de Mainz, no Grão Ducado de Hessen – Darmstadt, após passar por rigorosa avaliação de suas aptidões, entra para a história brasileira como 1º Tenente do Corpo de Engenheiros. Inserido na “nova pátria”, foi obrigado posteriormente a se naturalizar devido a lei estabelecida por D. Pedro que demitia do serviço do exército os oficiais estrangeiros não naturalizados. Concedida sua naturalização na época da regência, passa a ser chamado de Júlio Frederico, mantendo seu nome de família Koeler. Casou-se com Maria do Carmo de Lamare com quem teve seu único filho: Rodrigo de Lamare Koeler. Voltou ao Corpo de Engenheiros como 2º Tenente, vindo a alcançar os postos de 1º Tenente, Capitão e, finalmente, Major. Após ser convidado para chefiar a 2ª Seção de Obras Públicas da Província do Rio de Janeiro, onde, coube-lhe a construção da estrada que ligava o Porto da Estrela à Paraíba do Sul, caminho que passava pelo Córrego Seco, encontrou a oportunidade de realizar seu sonho de utilizar de mão-de-obra de colonos europeus. Neste período chegou ao seu conhecimento que havia 238 emigrantes alemães chegados ao Brasil e que estavam revoltados com os maus tratos a bordo do navio Justine. Isto foi no ano de 1837, tendo atracado o navio no Porto do Rio de Janeiro a 11 de novembro. Com o respaldo das autoridades, Koeler os contratou para as obras da Serra da Estrela e chegaram no Córrego Seco em 1839, sendo fixados numa colônia no Itamaraty – hoje, 2º distrito de Petrópolis. Nesta colônia, registrou-se em 3 de março de 1840 o 1º batizado evangélico em futuro solo petropolitano. Koeler também era evangélico de confissão luterana e com muito carinho […] Read More
ANTÔNIO MACHADO E CORRÊAS
ANTÔNIO MACHADO E CORRÊAS Raul Lopes Em alguns informes do I.H.P. aparecem como fonte textos de Antônio Machado. Afinal quem é esse personagem? A velha casa da Fazenda do Padre Corrêa, várias vezes recuperada, transformou-se, em 1919, no Hotel D. Pedro II. Teve três proprietários: Stipen & Cia. até 1921; sucedeu-os Rocha & Cia. até 1923. A partir desse ano o novo proprietário foi Antônio Machado, um bem-sucedido comerciante de fumos no Rio de Janeiro. Ele veio para Corrêas em maio de 1922, em busca de um clima saudável que lhe proporcionasse a cura de uma tuberculose de segundo grau. Como estalajadeiro e entusiasmado pela região, adquiriu a casa da Fazenda e os terrenos que ainda lhe pertenciam. Nas horas em que as folgas o permitiam começou a pesquisar a região e seus antecedentes. Vasculhou documentos familiares e arquivos oficiais, impressos e jornais de Petrópolis e Rio de Janeiro e testemunhas que ainda viviam pela região e conheciam ou participaram da história local. Deve-se a Lourenço Luiz Lacombe a descoberta da monografia, não publicada, sobre Corrêas, elaborada por Antônio. No prefácio do IV volume dos Trabalhos do Centenário de Petrópolis, Lacombe explica sua participação nessa descoberta, além de nos dar um perfil de Antônio Machado. “Corrêas, agosto de 1939”. “Um trabalho como este dispensa apresentação; ela está contida no próprio nome do autor: Antônio Machado. Um nome que é um símbolo. Ninguém melhor para escrever a história de Corrêas, da qual era conhecedor e apreciador como nenhum outro. E era exatamente de estranhar o fato de não haver publicado… Por isso, como quem encontra uma coisa muito procurada, deparei, inesperadamente, entre papéis seus, (a mim confiados pela gentileza cativante da Exma. Viúva Machado) com o manuscrito desta monografia. Eram perto de 150 folhas de almaço, onde se alinhavam coladas, corrigidas e anotadas as suas melhores crônicas referentes ao assunto. À primeira vista pareceu-me um trabalho pronto para imprimir. Tanto que, com a devida vênia de sua Depositária, propus-me encaminhá-lo à Comissão do Centenário para a imediata publicação. Depois de um exame e leitura demorada, concluí carecer o trabalho revisão e anotações, dispondo-me logo a fazê-lo. Quero explicar assim, qual foi minha colaboração, profanando esse trabalho de Machado, que ora sai impresso. Em primeiro lugar achei justo retirar o pseudônimo com o qual assinava o livro, substituindo-o pelo seu próprio nome. A seguir alterei um pouco a ordem dos capítulos, […] Read More
KOELER – BICENTENÁRIO DE NASCIMENTO
KOELER – BICENTENÁRIO DE NASCIMENTO Arthur Leonardo de Sá Earp, Associado Titular, Cadeira n.º 25 – Patrono Hermogênio Pereira da Silva Hoje, vivemos aqui um dia de festa, comemoração de uma data de nascimento, 16/06/1804, bicentenária. São duzentos anos do nascimento de Júlio Frederico Koeler, aquele que nos legou talvez a obra-prima de sua capacidade criativa, ou seja, o Planejamento de Petrópolis, o que nos leva às reflexões deste momento, para homenageá-lo. É interessante observar que nos primeiros cem anos tivemos o surgimento de Koeler na Terra, infância e educação, e o início rigoroso e concreto de Petrópolis no solo, de acordo com o plano idealizado, para em seguida termos pouco a pouco o seu desvirtuamento por algumas das administrações da cidade; o desrespeito se acentuou nos cem anos posteriores, a ponto de quase se considerar abandonado o projeto magistral, salvo a manifestação e as lutas de uns poucos estudiosos; só quase ao final deste tempo se renovou o interesse por ele. Apesar do descaso e das ofensas, o cerne do pensamento de Koeler resistiu e Petrópolis se manteve e é original e bela graças a ele. Assim, porque dois os centenários transcorridos, escolhemos dois quarteirões para conhecer melhor, em festivo tributo a Koeler, como se fossem duas velas de um bolo. Selecionamos de um lado o Renânia Inferior e de outro o Palatinato Inferior. A idéia tem também ligação com o fato de Koeler haver nascido em Mogúncia, capital da Renânia-Palatinato. Para acender tais velas é preciso, no entanto, da chama que as tranforme em fontes de luz. Esta chama são os princípios básicos que nortearam as ações de Koeler e que fazem da planta e das instruções para o erguimento da cidade uma verdadeira obra de planejamento urbanístico, de acordo com as idéias mais avançadas da época e até hoje vigorantes, precursoras mesmo de duas exigências atualmente essenciais, a social e a ecológica, dando a Petrópolis, com toda a justiça, o título de primeira cidade planejada do Brasil. Resumidamente, porquanto se trata de um painel, apenas enunciamos os critérios fundamentais do Plano, lembrando, para bem interpretá-los, que, como sempre acontece, o resultado passa a ser independente do criador e, por vezes, ultrapassa os limites da concepção inicial. Queremos citar: – as partes componentes da cidade foram determinadas pela finalidade de cada qual (por isto, Vilas e Quarteirões); – as características da finalidade das partes ditaram as diferentes […] Read More
TEP PEDE PASSAGEM (O)
O TEP PEDE PASSAGEM! Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira O Teatro Experimental Petropolitano está de volta! Eis a grande notícia que a Classe Teatral e a Cultura Petropolitana estão recebendo com santa receptividade. Não quer dizer que o TEP estivesse paralisado totalmente nos últimos anos. Nem bem à terra, muito menos ao mar e safe-se quem puder nas alturas. A verdade é que o Grupo Teatral, fundado no ano de 1956, andava meio sem direção artística e vivendo dias apenas administrativos, diante do esforço e da responsabilidade de Chico Scali, Vivi Pereira, Helaisse Magarinos e Viviane Moreira. Faltava ao TEP o trabalho artístico, haja vista que desde 1996 até 2004, quase uma década, apenas 3 lançamentos cênicos e uma e outra participação de alguns tepianos em elencos outros. Muito pouco para marcar presença e existência da famosa e histórica agremiação no movimento teatral do município. Seus heróicos remanescentes resolveram relançar o TEP, reunindo-se em Assembléia Geral para definição de novos combatentes. Assim, Vivi Pereira, Silvio Rafael, Shirley Meirelles, Helaisse Magarinos, J. Eloy Santos, Carlos Sion, Janine Ramos, Chico Scali e Roberto Perrota foram eleitos e assumiram a nova Diretoria, com exercício até o ano de 2006. Pois é, 2006 marcará a data do cinqüentenário do TEP e o fato deve ser muito e bem comemorado para que o Grupo siga adiante, no caminho do centenário. Empossada a 2 de julho último – a Diretoria dos 50 Anos – entrou em franca atividade, iniciada pelo rescaldo do que sobrou, reorganização administrativa e uma série de medidas legais para a continuidade da única agremiação teatral de Petrópolis que sempre esteve e funcionou sob absoluta legalização como empresa cultural. A re-entrada do TEP já está com data marcada: será em novembro próximo, para comemorar os 40 anos do Auditório Reynaldo Chaves, da Escola de Música Santa Cecília. Explica-se essa simbiose TEP, Santa Cecília, Auditório Reynaldo Chaves: o Auditório foi construído no 4º andar do Edifício Paulo Carneiro para dotar a Escola de Música de um espaço para exibições artísticas, com 120 lugares. Na época (1964) o TEP funcionava na Escola de Música e assessorou a Diretoria na criação do espaço. Nos anos subseqüentes, o Grupo colaborou na melhoria e aparelhamento, encenou peças no local, ensaiou no palco, enfim, manteve-se sempre anelado à Escola de Paulo Carneiro. Na noite do lançamento do […] Read More
PARABÉNS SESC-RIO E SANTA CECÍLIA…
PARABÉNS SESC-RIO E SANTA CECÍLIA … Raul Lopes É extremamente gratificante para a cultura de Petrópolis a nova diretoria da Escola de Música Santa Cecília ter sentado à mesa para acertar um convênio com o SESC/Rio, sobre o teatro. O mesmo foi feito, há tempos, com o Teatro Ginástico do Rio colocando-o como um dos melhores da cidade. Na realização da primeira fase desse convênio, com as reformas que foram feitas no Teatro Santa Cecília, para abrigar o Festival de Inverno, Petrópolis ganhou “novo teatro” de alto gabarito… Jamais a Escola teria condições financeiras de chegar a tanto. Em 1976 houve uma tentativa de se chegar lá, embora só uma parte, a principal, tenha se conseguido. Com intuito de enriquecer a história da Escola e complementando o folheto fartamente distribuído sob o título “De volta à cena”, registrarei aqui, para futuras pesquisas, o que aconteceu em 1976/1977. Após o término do contrato dos 20 anos do Cine Art-Palácio nesse ano, a Escola ficou com um “elefante branco” em seu patrimônio. Lutando sempre com limitações financeiras, como voltar o teatro a ser Teatro? Tentarei, resumidamente, narrar como foi possível chegar lá. Na época, era presidente da Escola o professor Joaquim Eloy Duarte dos Santos que me solicitou uma sugestão. A primeira pergunta foi: quanto a Escola poderia disponibilizar para se apresentar uma sugestão? A resposta foi que havia duas Letras de Câmbio no valor de 130 mil cruzados, que poderiam ser transformadas em moeda corrente. Contatamos, primeiro, a Funterj (Fundação de Teatro do Rio de Janeiro) que, na época, era presidida pelo senhor Geraldo Matheus Torloni. Solicitamos se era possível a Funterj ajudar na recuperação do teatro em troca de participação no projeto de interiorização da cultura teatral no Estado. Sofremos pressão para o escritório de Fernando Pamplona fazer o projeto. Aceitamos, em princípio, desde que nos fosse dado o orçamento para o projeto e os seus detalhes propostos. Ao recebermos o orçamento, ficamos lívidos e desanimados, pois o seu valor atingiu a cifra de 80 mil cruzados, só o orçamento para o projeto!… Propus ao presidente que, se tivesse confiança, eu faria o projeto para o levantamento do palco, o que foi aceito. Aprovado este, partimos para a realização: compramos 300 metros de veludo; mandamos confeccionar a parte de ferragens e, com a ajuda de amigos, partimos para a montagem. Com o devido respeito e agradecimento somos obrigados a […] Read More
ORIGINAL CONTRIBUIÇÃO DE PAULO PARDAL A HISTÓRIA DO ENSINO NO EXÉRCITO (A)
A ORIGINAL CONTRIBUIÇÃO DE PAULO PARDAL A HISTÓRIA DO ENSINO NO EXÉRCITO Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente Em 1939 o General José Pessoa, que em 1931 havia mandado copiar em escala a Espada do Duque de Caxias que se encontrava no IHGB desde 1925 para criar o Espadim de Caxias dos Cadetes do Exército, declarou ao escrever na Revista da Escola Militar sobre este símbolo que desde 15 de dezembro de 1932 tem sido usado por todas as gerações de Cadetes, e que o estudamos na RIGHB jan/mar 1980. “Vou registrar a História do Espadim de Caxias dos cadetes para não acontecer como com a Academia Real Militar que hoje apenas se sabe que existiu”. Mas graças a descoberta de documentos sobre a Academia Real Militar de 1810 nos arquivos da Escola de Engenharia no Largo do São Francisco, pelo saudoso consócio General Francisco de Paulo Azevedo Pondé, foi possível se conhecer mais sobre a História da Academia Real, conforme ele publicou sobre o assunto nos Anais do Sesquicentenário da Independência, aqui do IHGB. E foi com a interferência e informações do Professor Paulo Pardal que conhecemos que os arquivos da Academia Real se encontravam no Museu da Escola de Engenharia. E recorrendo aos bons ofícios do Professor Paulo Pardal, conseguimos por empréstimo para o Arquivo Histórico do Exército, que dirigíamos, os citados documentos que ali foram indexados e microfilmados e conhecidos os nomes e aproveitamento de seus alunos. Mas não ficou por ai a excelente contribuição do professor Paulo Pardal. Ele foi além. Mostrou que antes da Academia Real Militar existiu, de 1792-1809 na Casa do Trem, a Real Academia de Artilharia Fortificação e Desenho, destinada a formar oficias de Infantaria, de Cavalaria, de Artilharia e Engenheiros, militares e civis, o que consagraria o Conde de Resende como o fundador do ensino militar acadêmico nas Américas (West Point só foi fundado em 1801, 9 anos mais tarde ) e do ensino superior civil no Brasil. Isto o professor Pardal revelou em seu livro Brasil 1792. Inicio de Ensino da Engenharia Civil … Rio de Janeiro: Odebrecht, 1985. Obra que revolucionou o que se tinha como certo sobre o inicio da formação acadêmica de oficiais do Exército no Brasil. E ficou para nós que a citada Real Academia destinada à formação de oficiais do Exército da Colônia foi promovida a Academia Real, por D. João, e agora destinada a formar […] Read More
GOVERNO DE GETÚLIO VARGAS E A SUA PROJEÇÃO NA EVOLUÇÃO DA DOUTRINA DO EXÉRCITO (1930-45) (O)
GETÚLIO VARGAS E A SUA PROJEÇÃO NA EVOLUÇÃO DA DOUTRINA DO EXÉRCITO (1930 – 45) Cláudio Moreira Bento, Associado Correspondente O Presidente Getúlio Vargas, cujo sesquicentenário de falecimento ocorre em 24 de agosto de 2004, em sua juventude foi militar do Exército, por 5 anos. Inicialmente como soldado e sargento do 6 º Batalhão de Infantaria em São Borja, em 1899. A seguir como aluno da Escola Preparatória Tática do Rio Pardo em 1900 ,1901 e 1902 até maio. E finalmente como 2º Sargento de Infantaria do 25º Batalhão de Infantaria, na Praça do Portão em Porto Alegre, em 1902 e 1903, matriculando-se na Escola Brasileira com o idéia de cursar Direito, tendo neste ano tomado parte em Expedição Militar até Cuiabá, com o 25º Batalhão de Infantaria, em função da Questão Acreana. Deu baixa do Exército ao retornar de Cuiabá, em dezembro de 1903, para cursar a Escola de Direito, onde ingressou como aluno ouvinte, matriculando-se em 1904 no 2º ano . Foi seu comandante lá na 9ª Região Militar em Cuiabá, o General João Cézar Sampaio que como coronel comandara a Divisão do Sul que libertou Bagé, em 8 de janeiro, de cerco federalista a que fora submetida por 46 longos dias (1). (1) – Abordamos em Comando Militar do Sul; Porto Alegre 1993-1995. Porto Alegre: CMS, 1995, os reflexos da morte do Presidente Getúlio Vargas no Rio Grande e salientamos: “Ali no Catete encerrou-se uma vida das mais expressivas do processo histórico brasileiro”. O pai de Getulio Vargas fizera a Campanha do Paraguai, de Cabo e Tenente Coronel. E na Revolução Federalista 1893-95 lutou em defesa do Governo Federal sendo promovido a Coronel e a General Honorário do Exército pelo Marechal Floriano, por quem Getúlio nutria admiração. Em 1898, aos 18 anos Getúlio decidiu ser Oficial do Exército. Ingressou como soldado do 6º Batalhão de Infantaria em São Borja onde atingiu ao graduação de 2º Sargento. Dali foi freqüentar em 1899, 1900 e 1901 a Escola Preparatória e Tática do Rio Pardo. Foi dali desligado em 1901, por haver se envolvido em incidente disciplinar em protesto contra a atitude de um oficial que exorbitou sua autoridade contra um aluno. Foi desligado junto com outros colegas e mandado servir no 25º Batalhão de Infantaria que aquartelava na Praça do Portão, em Porto Alegre.. Em 1903 participou de expedição com o 25 º Batalhão de Caçadores, até Cuiabá – […] Read More
SAUDOSA ENGENHOCA (A)
A SAUDOSA ENGENHOCA Gabriel Kopke Fróes, associado fundador, patrono da cadeira n°. 18 A Tomás Gonçalves Dias Goulão, filho de Pedro Gonçalves Dias e Maria Brígida da Assunção, coube, por morte de sua mãe em 1829, o nosso conhecido Retiro de São Tomás e São Luís. Essa extensa gleba, cujas terras começavam na Westphalia, pouco abaixo do local em que viria a ser construído o atual Matadouro Municipal e terminavam em Corrêas, nunca chegou a produzir grande coisa. Seu solo era, todo ele, coberto por magnífica floresta, mas era só. Em 1840, o Goulão, após haver arrendado a Fazenda do Córrego Seco e tentado, sem sucesso explorá-la comercialmente, resolveu constituir em senhorio as terras do seu Retiro de São Thomás e São Luís. E para moradia, lá construiu a Fazenda da Engenhoca com linda casa posta em pitoresco outeiro e interessante pequena lavoura, sobressaindo o pomar, as árvores do cravo da Índia e o chá chinês. O nome de Engenhoca derivou do avantajado monjolo que funcionava atrás da casa. No entretanto, só com a abertura, em 1858, da estrada União e Indústria, flanqueando as terras de ponta a ponta, é que a região passaria a desenvolver-se razoavelmente. Era Tomás Goulão excelente criatura, tanto que foi agraciado pela Coroa com as insígnias de Cavalheiro da Ordem de N. S. Jesus Cristo. Mas tendo chegado a casa dos oitenta anos no estado de solteiro, não passava, talvez por isso mesmo, de um refinado apreciador do belo sexo … E já velhinho, inofensivo, de pernas frouxas, mãos trêmulas e gengivas murchas, não se conformava em viver apenas das recordações: seu olhar para qualquer rabo de saia denunciava bem o fogo a lhe tostar a alma. Costumava dizer, muito sério, que estava um pouco usado, mas velho nunca … Ginete emérito nos bons tempos, conservava, apesar de tudo, o gosto pelos passeios a cavalo. Nos últimos anos, trocara a montaria por uma burrinha branda de gênio e muito afeiçoada que lhe merecia confiança, principalmente, por ser velhota também. Em 1872, afinal, o acúmulo de anos arrebatou o bom Goulão do número dos vivos. Um mal-estar indefinido durante o dia, agravado à noite, e a parca inexorável, com sua horrenda foice, entendeu que já era tempo de cortar o débil fio que prendia à vida o venerando Tomás Gonçalves Dias Goulão. E antes do raiar da madrugada, lá se foi para o além aquela […] Read More
HERÓICO SARGENTO BOENING (O)
O HERÓICO SARGENTO BOENING Gabriel Kopke Fróes, Fundador, Patrono da Cadeira n.º 18 Baía da Guanabara, 23 de novembro de 1944. O dia desponta e a débil claridade mal deixa ver o “General Meigs”, grande transporte de guerra norte-americano que, comboiado por cruzadores e aviões, demanda a barra do Rio de Janeiro, de partida para além-mar. É o 4º Escalão da Força Expedicionária Brasileira, integrado por 4691 oficiais e praças, a embarcar para o teatro de operações de guerra na Itália. A bombordo, entre outros, estão debruçados à amurada dois nossos conhecidos: o tenente Virgínio de Morais e o 3º sargento Francisco Luís Roberto Boening. Olhos fixos no horizonte, absortos, contemplam algo que, pelo jeito, deve ser muito importante: além, muito além, onde a terra acaba e o céu começa, já se vislumbra através da névoa, sob a luz hesitante do sol nascente, a serra de Petrópolis. Sensibiliza-os o quadro fugitivo, pois lá haviam deixado seus parentes: o tenente, a esposa e os filhos; e o sargento, os pais e irmãos e mais quem sabe? – outra pessoa também muito querida … E ali, alheios a tudo em volta, permaneciam ambos, enleados que se achavam na trama da saudade e da imprevisibilidade da sorte de quem parte para a guerra! … Clareou, enfim, o dia e, nesse instante, ouve-se, pelo alto-falante de bordo, uma mensagem aos expedicionários: “Soldados! Contemplemos o cenário imponente da Capital Brasileira. Esta visão de encantamento retrata todo o Brasil em sua vitalidade, progresso e civilização. É honra e glória defendermos, de armas na mão, esse imenso patrimônio. Contemplemos a Cidade Maravilhosa, para guardá-la bem na lembrança, pois a muitos não mais será dado revê-la, porque não voltarão …” – Eu … não voltarei! exclama o sargento Boening, retendo a custo as lágrimas e com a voz embargada pela emoção. Do alto do Corcovado, em meio à bruma, emergia o Redentor que, meigo e sereno, parecia abençoar os que partiam em defesa da civilização cristã periclitante nos campos europeus! O colosso que era o “General Meigs” já transpusera a barra e começava a navegar em alto-mar. Da doce serra de Petrópolis, com aquelas montanhas tão familiares, só resta ao tristonho Boening a lembrança dos tempos de excursionista entusiasta. Agora o horizonte é céu e nada mais. O navio viaja sob eficiente sistema de escolta, em razão da possível ação dos submarinos inimigos. Belonaves americanas e brasileiras […] Read More
ALGUMAS DATAS ANTERIORES A 17 DE JUNHO DE 1859
ALGUMAS DATAS ANTERIORES A 17 DE JUNHO DE 1859 Gabriel Kopke Fróes, Fundador, Patrono da Cadeira n.º 18 30-4-1531 – Registro, no “Diário de Navegação” da esquadra de Martim Afonso de Souza, ancorada na bahia de Guanabara, da incursão de quatro homens pela terra a dentro, através a Serra dos Órgãos, presumivelmente pelo futuro Córrego Sêco. 11-11-1721 – Requerimento por Bernardo Soares de Proença da sesmaria onde se achavam localisadas as terras da futura fazenda do Córrego Sêco. 12-11-1721 – Requerimento pelo Capitão Luiz Peixoto da Silva da sesmaria do Rio da Cidade. 11-10-1724 – Carta do governador Aires de Saldanha Albuquerque a D. João V., anunciando a abertura, pelo sargento-mor Bernardo Soares de Proença, do caminho novo para as Minas pela freguesia de Inhomirim. 6-7-1725 – Carta de Lisbôa de D. João V mandando elogiar e agradecer ao sargento-mór Bernardo Soares de Proença a construção do “Novo Caminho de Minas”, pela freguesia de Inhomirim. 9-7-1735 – Falecimento em Suruí de Bernardo Soares Proença. 6-8-1741 – Concessão a Francisco Muniz de Albuquerque da sesmaria do Piabanha e Rio da Cidade. 29-10-1749 – Provisão concedendo a Manuel Antunes Goulão, sesmeiro de terras compreendidas entre a fazenda do Itamarati e Pedro do Rio, licença para construção de uma capela com invocação a N. S. do Amor Divino. 29-10-1751 – Inauguração na fazenda dos Corrêas da capela de N. S. do Amor Divino. 12-6-1789 – O Córrego Sêco passa a fazer parte da Vila de Magé. 1-3-1798 – Concessão a Francisco Xavier da Cruz de uma sesmaria nos sertões do Rio Prêto, terras essas que viriam a constituir S. José do Rio Prêto. 29-11-1803 – Nascimento na fazenda do Córrego Sêco de Saturnino de Souza e Oliveira Coutinho que haveria de ser o primeiro petropolitano ilustre. 7-4-1806 – Inauguração na fazenda do Córrego Sêco do Oratório de Santana. 28-8-1809 – Passagem pelo Córrego Sêco do escritor viajante John Mawe, o primeiro inglês autorizado a visitar as Minas. 6-7-1811 – Guilherme Luiz Eschwege, nobre alemão autor da obra “Pluto Brasiliensis”, passa pelo Córrego Sêco, ao dirigir-se para a fazenda da Olaria. 20-9-1813 – Criação do curato de S. José do Sumidouro desmembrado das freguesias de Inhomirim e Magé e incorporado ao município de Cantagalo. Esse curato, mais tarde elevado a freguesia com o nome de S. José da Serra, viria a constituir S. José do Rio Prêto. 9-3-1814 – Incorporação da região do […] Read More