PETRÓPOLIS E O SÉCULO XX

PETRÓPOLIS E O SÉCULO XX Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Janeiro de 2001. Raiava uma nova centúria. Num restaurante em Itaipava conversávamos Gilberto Felisberto Vasconcellos e eu sobre vários temas de interesse comum. Em dado momento disse-lhe que Petrópolis em termos de comunicação urbana havia passado ao largo do século XX. Em síntese, tudo quanto havia no concernente à rede viária municipal, máxime no tocante à conexão da cidade com os distritos, remontava aos séculos XVIII e XIX. Gilberto entusiasmou-se com a reflexão e pediu-me que desenvolvesse tão instigante assunto. Não é difícil provar com os elementos mais evidentes, o que aleguei acima. O caminho para as Minas Gerais, também conhecido como Estrada Mineira, é como todos sabem das primeiras décadas do século XVIII e, um pouco alargado, nivelado e calçado é a mesma via que, atendendo por vários nomes, ao longo de seu percurso, serve ao Alto da Serra, Palatinato Inferior, Quissamã, Itamarati, Cascatinha, Samambaia, Corrêas, Nogueira e Bonsucesso. Que outra opção de porte para o trânsito público foi criada na área em apreço nesses últimos duzentos e setenta anos? Nenhuma. A única novidade que surgiu ali foi a estrada de ferro, implantada já no apagar das luzes da monarquia e nos primeiros anos da república, já há muito desaparecida, sem que o seu leito tenha sido aproveitado para um metrô de superfície, que seria a solução mais inteligente e econômica para o transporte de massa ao longo do vale do Piabanha. Sem qualquer planejamento ou adequação às mutações do tempo e imposições do progresso e da explosão demográfica, a velha trilha mineira, que foi concebida para dar passagens a tropas, a homens a pé e a cavalo, vê hoje trafegar por ela ônibus, carretas e automóveis, que se espremem numa via de mão e contramão, com estacionamentos infernais dos dois lados e incontáveis construções a margear o logradouro, sem nunca o poder público ter exigido um mínimo de recuo, para que a histórica vereda se alargasse, adaptando-se paulatinamente às novas ordens de coisas. E a Prefeitura ainda chama aquilo de via expressa, opção essencial na ligação do centro com o 2° distrito. Na segunda metade do século XIX, Petrópolis conheceu, aquilo que se tornaria em termos viários, a espinha dorsal do município. Seus chãos deram passagem à primeira rodovia propriamente dita que o Brasil […] Read More

CENTENÁRIO DE SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA – HISTORIADOR

CENTENÁRIO DE SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA – HISTORIADOR Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Historiador conta histórias ou é historiador aquele que interpreta a História? Ou, ainda, o curioso com sede de saber que perscruta documentos, lê e mastiga obras feitas com a dentição da curiosidade, anota os fatos e compilando tudo, escreve a história sob sua ótica? Será que historiador é, simplesmente, quem fala de história, narra acontecimentos e os posiciona junto à evolução social num todo? O que é, ou quem é, afinal, a História e o Historiador? Sobre História, muitos mestres especulativos abriram a discussão e forjaram jornadas pesquisa adentro. Falaram de sua filosofia, teorizaram conceitos, estabeleceram compartimentos interpretativos e, até, a sistematização do conhecimento por áreas de atuação profissional, destacando a história dos meandros econômicos das sociedades ou do factual simplesmente saboroso para a satisfação da curiosidade humana. Com A D. Xenopol, historiador espanhol do princípio do século XX, vê-se que a “História é constituída por uma sucessão de fatos individualizados pelo tempo, indiferentemente de se manifestarem universais, gerais ou individuais e também quanto ao espaço. Essa individualização dos fatos sucessivos no curso do tempo exclui a possibilidade de sua repetição igual indefinida e, conseqüentemente, a possibilidade de formular as leis de sua reprodução.” É o princípio basilar de que a História não se repete, jamais se repetirá porque individualizados seus fatos no tempo e no espaço. Langlois e Seignobos, franceses da primeira metade do século XX, afirmam que “A História se faz com documentos e que estes são os traços que deixaram os pensamentos e os atos do passado.” É a revelação da matéria prima de que se nutre a História. O historiador Van Den Besselaar acrescenta um tijolo à definição sempre incompleta de História ao afirmar que a “História é a ciência dos atos humanos do passado e dos vários fatores que neles influíram, visto na sua sucessão temporal.” Traduz o Autor duas verdades: a História é uma ciência e que seu conteúdo é o estudo especulativo do passado da Criatura Humana em todo o envolvimento evolutivo desde o surgir da maravilha do Universo. O professor Guilhermo Bauer, da Universidade de Viena, na Áustria, reafirma o caráter próprio dos estudos históricos ao comentar: “A ciência se desenvolve em contínuo movimento e significa permanentemente aprofundamento, ampliação e renovação de nosso saber.” Eis que a História […] Read More

VICENTE TAPAJÓS – IN MEMORIAM

VICENTE TAPAJÓS – IN MEMORIAM Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 18 de fevereiro de 1998, aos 81 anos, o professor e historiador Vicente Costa Santos Tapajós. Petropolitano de nascimento, deixou atrás de si uma intensa e extensa produção histórica, além de uma brilhante atuação no magistério. A maior parte de sua vida foi dedicada à difícil missão de educar e ensinar, atuando como professor de História por mais de 50 anos, num contato diário e proveitoso com a juventude, à qual transmitiu sadios sentimentos de brasilidade, civismo e amor à terra natal. Lecionou no Colégio Pedro II, no Instituto de Educação, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Universidade Santa Úrsula, no Instituto Rio Branco e foi ainda assessor de História da TVE e da TV Rio, prestando deste modo uma contribuição magnífica à educação em nosso país. Sua atividade, no entanto, não se limitou a esse esforço admirável em formar as novas gerações. Sua obra de pesquisa histórica o define como um pesquisador instigado por uma curiosidade intelectual infindável, realista e honestíssimo nas conclusões de suas investigações. Assim, escreveu inúmeros livros didáticos sobre História, que muito contribuíram para tornar mais atraente e eficaz o ensino desta disciplina e inúmeras obras, entre as quais destacamos a “História da América” e a “História Administrativa do Brasil”, escritas com a melhor técnica da ciência histórica e que o definem, é justo reconhecer, como um grande historiador. Agraciado com vários títulos, Vicente Tapajós era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, desde 1984, onde fez parte da Comissão de Pesquisas Históricas e ocupou a presidência de 1992 a 1995. Pertenceu também ao Instituto Histórico de Petrópolis, inicialmente como Sócio Efetivo e, posteriormente como sócio Emérito. Em nosso Instituto, integrou a Comissão de História de 1981 a 1982, proferiu palestras e publicou artigos. Sua morte desfalca o Brasil de um de seus mais dedicados educadores e expressivos historiógrafos.

HÁ CEM ANOS MORRIA JOSÉ CANDIDO MONTEIRO DE BARROS

HÁ CEM ANOS MORRIA JOSÉ CANDIDO MONTEIRO DE BARROS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima A justiça dos homens é em geral falha, falsa e frustrante. Nas mais das vezes está condicionada a subjetividades inconfessáveis e a interesses circunstanciais. Tive enorme decepção quando, ao abrir a Gazeta de Petrópolis do dia 14 de abril de 1902, encontrei já no fim da 5ª coluna da 1ª página a notícia lacônica da morte e do sepultamento do Coronel José Candido Monteiro de Barros. Esperava, isto sim, necrológio de grosso calibre, encimado pelo retrato do falecido, que entregara a alma ao Criador, nesta ribeira do Piabanha aos 12 de abril de 1902. O Coronel José Candido freqüentou as páginas dos jornais petropolitanos durante toda a segunda metade do século XIX e mesmo a “Gazeta”, ao tempo da Revolta de 6 de setembro, dita da Armada, franqueou-lhe avultados espaços, para divulgar as colaborações do Coronel à causa da legalidade e do florianismo. Tanto desprezo assim da imprensa local, votado ao Coronel no momento de sua morte só poderia ser explicado, ou por motivos políticos, ou por alguma incompatibilidade entre o recém falecido e a cúpula da Gazeta de Petrópolis. Mas, como estamos bem distantes dessa lamentável omissão e já suficientemente estribados na perspectiva temporal, não temos por que deixar passar in albis a data centenária do falecimento dessa figura interessante e singular que enriqueceu a história desta urbe por mais de cinqüenta anos. José Candido Monteiro de Barros foi o típico “grand seigneur” da periferia cortesã da Serra Acima. Fidalgo bonachão, tinha a nobreza do sangue e das maneiras. Neto paterno de Lucas Antonio Monteiro de Barros, Visconde de Congonhas do Campo e materno de Brígida Maria da Assunção Fragoso, sobrinha do Padre Corrêa, de Agostinho Goulão e de D. Maria Brígida Gonçalves Dias, senhora de Samambaia, nasceu no Rio de Janeiro e, sendo órfão de pai e mãe muito cedo, veio viver em companhia da vovó Brígida na Fazenda da Arca de Noé e Benfica, no atual 3º distrito de Petrópolis. Sob a responsabilidade do vovô Visconde, primeiro Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, equivalente ao nosso S. T. F. dos dias que correm, estudou no Colégio Pedro II e depois no Caraça, em Minas Gerais. Voltando a Petrópolis, aqui radicou-se, casando-se com a prima Mariana Augusta Moreira Guimarães, irmã […] Read More

PAULO GOMES DA SILVA, DR. – IN MEMORIAM

PAULO GOMES DA SILVA, DR. – IN MEMORIAM Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Encontramo-nos reunidos para relembrar a personalidade de nosso consócio Paulo Gomes da Silva, arrebatado da existência terrena, a 22 de setembro de 1998. Nascido a 22 de dezembro de 1912, no Município de Sumidouro, no Estado do Rio de Janeiro, fez seus estudos iniciais na Fazenda São Francisco de Paula, tendo como professora sua irmã D. Antonieta Gomes da Silva, e o curso médio no Colégio Brasil, em Niterói, cidade onde também se bacharelou em Direito em 1937. Inclinando-se ao magistério, foi nomeado professor do Instituto de Educação do Estado do Rio de Janeiro, após ter sido aprovado em concurso de provas e títulos, para reger a cadeira de História da Civilização. Posteriormente, cursou a Faculdade Nacional de Filosofia, bacharelando-se em História da Filosofia, em 1942. Seis anos mais tarde, ingressou como professor de História da América, na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal Fluminense e na Faculdade de Direito da mesma Universidade, na qual regeu as cadeiras de Direito Internacional Privado e Direito Comercial e Constitucional, chegando, por sua competência e dedicação a ocupar os cargos de Diretor da Faculdade de Direito e Reitor da citada Universidade, os quais exerceu com dinamismo e devotamento. Vindo residir em Petrópolis, em 1949, continuou sua brilhante carreira no magistério, lecionando nos Colégios São José e Werneck e na Escola Técnica de Serviço Social. Aqui, foi ainda professor fundador da Faculdade Católica de Direito de nossa Universidade, sendo, por duas vezes, diretor da mesma, conquistando, por suas qualidades, a amizade e o respeito dos alunos, professores e dirigentes da tradicional instituição de ensino superior. No Instituto Histórico de Petrópolis, foi admitido como sócio efetivo, a 3 de novembro de 1952, para a vaga aberta com o falecimento do sócio-efetivo-fundador, dr. Alcindo Sodré. Na oportunidade, a Comissão de História que examinou a proposta de sua admissão, teve como relator o renomado Prof. Hélio Vianna, que assim se pronunciou: “recomendo a aceitação de sua admissão por seu evidente interesse pelos temas da História do Brasil e regional, quer nos trabalhos das cátedras que tem exercido, quer nos artigos que tem publicado em jornais e revistas do país”. Em nosso Instituto, foi um sócio dedicado, destacando-se sempre por suas oportunas sugestões e pareceres, conquistando o reconhecimento de seus pares que o elevaram à dignidade […] Read More

PETRÓPOLIS … SÓ!

PETRÓPOLIS … SÓ! Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Vinte e quatro de junho, dia consagrado a São João! Nesta urbe não há razões para que se soltem foguetes. Ou haverá? A capital do Estado nestas serras, agoniza. Para os perdigueiros da História, que do tema trataram, sem os devidos e necessários aprofundamentos críticos, ao invés de alvíssaras, o mais trevoso de profundis. Mas será mesmo que a volta da capital fluminense ao seu antigo ninho, chancelada pela Assembléia Legislativa naquele ano da graça de 1902, representava tanta desgraça assim para Petrópolis? O certo é que tanto os prós como os contras desse movimento serra abaixo nunca foram suficientemente esclarecidos e esmiuçados. Talvez seja este o momento apropriado para a discussão de tão instigante assunto, justo quando se completam cem anos da perda sofrida por Petrópolis do seu status de capital do Estado. Vinte e quatro de junho de 1902. Nesse dia, a Gazeta de Petrópolis abriu espaço na primeira coluna de sua primeira página para expor as suas razões concernentes ao tema. Fê-lo com sobrançaria e elegância, fixando sua posição e apresentando alguns motivos propiciadores da mudança. Desde que foi levantada a questão em epígrafe, a “Gazeta”, manifestara-se contrária à idéia da saída da capital de Petrópolis. E não o fazia por bairrismo ou vaidade, mas com base em verdades inelutáveis. Por razões circunstanciais e de há muito conhecidas e debatidas, o caput do Estado do Rio de Janeiro subiu de Niterói para Petrópolis, em caráter temporário, em princípios de 1894, por causa das turbulências criadas na Baia da Guanabara pela Revolta de 6 de setembro de 1893, dita da Armada. Depois, já cessada a causa da súbita transferência, a Assembléia, em outubro daquele mesmo 1894, votou a mudança definitiva da capital para esta urbe. E foi com base nessa promessa de estabilidade, de coisa julgada, de situação irreversível, que pesados investimentos públicos e particulares foram feitos em Petrópolis, que grandes interesses deslocaram-se para cá, que se começou a repensar e redesenhar o mapa político, econômico, viário, educacional e sanitário do Estado do Rio de Janeiro, a partir do privilegiado posto de observação oferecido pelo alcantilado destas serras. Demais, o momento era inoportuno em face da dificílima situação financeira que atravessava a terra fluminense, incompatível com as pesadas despesas que a mudança provocaria. Dentre tantas causas […] Read More

ENGENHEIRO PETROPOLITANO (UM)

UM ENGENHEIRO PETROPOLITANO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, Associado Titular, Cadeira n.º 14 – Patrono João Duarte da Silveira JOSÉ MARIA DA SILVA VELHO nasceu em Petrópolis a 31 de agosto de 1875, filho de José Maria da Silva Velho (médico e amigo íntimo do Imperador D. Pedro II) e de Carolina Monteiro da Silva Velho, neto paterno do Conselheiro José Maria Velho da Silva, (Mordomo da Casa Imperial que firmou a portaria que legaliza o Ato de 1º de abril de 1846, firmando as instruções sobre o aforamento perpétuo das terras petropolitanas e que consta em todas as Cartas ainda hoje emitidas pela Cia. Imobiliária de Petrópolis) e de Leonarda Maria Velho da Silva e neto materno de Manoel Rodrigues Monteiro (Conde da Estrela) e de Eugênia Bastos Monteiro. Passou a infância na Corte do Rio de Janeiro, no prédio do hoje Palácio do Itamarati, então propriedade de seus ascendentes e onde residiam os pais. Ele nasceu, durante um dos veraneios da família, em Petrópolis, onde a família mantinha residência estival. Seus estudos iniciais ocorreram no Colégio Pedro II, na capital do Império. Na exata data da proclamação da República o menino de 14 anos prestaria os exames finais no Educandário, mas pela ocorrência do feriado inesperado, não pode realizá-los e só mais tarde ali completou o Curso de Humanidades. Seu ideal, no entanto, não encontrava eco nas disciplinas do curso pois se apaixonara pela grande novidade científica daqueles dias, a eletricidade. Sua família mostrava-se contrária ao desejo do jovem, preferindo que ele seguisse uma carreira tradicional na família, a diplomacia ou a política e mesmo porque não havia curso médio e nem superior daquela maravilhosa e nova tecnologia. Contrariando a todos ingressa como simples operário na empresa “Mitchel & Cole”, representantes no Brasil da “General Eletric Company”, alimentado pelo desejo de aprender tudo sobre energia elétrica e sua gradativa introdução na vida brasileira. Iniciado o século XX, ano de 1901, o jovem segue para os Estados Unidos, com uma carta de recomendação de Mr. James Mitchell, chefe da “General Eletric” no Brasil, para trabalhar na mesma empresa em Schenectady, onde, nos primeiros meses de trabalho galga posto de chefia, mesmo sendo estrangeiro. Regressa ao Brasil, entrega-se de corpo, alma e competência ao trabalho de engenharia elétrica, tornando-se o grande pioneiro da implantação da energia elétrica no país. Conclui com sucesso seu primeiro trabalho na cidade de Campos, o […] Read More

ERA UMA VEZ UMA INDÚSTRIA DE PAPEL . . .

ERA UMA VEZ UMA INDÚSTRIA DE PAPEL . . . Raul Ferreira da Silva Lopes, ex-Associado Titular, Cadeira n.º 32, Patrono – Oscar Weinschenck Era uma vez . . . Petrópolis já teve um período de prosperidade industrial com seu parque têxtil, cervejaria, fábrica de papel e outras mais, gerando milhares de empregos, mas isto tudo , “Era uma vez . . .” Na Feira Internacional de Amostras do Rio de Janeiro, realizada em 1933, a Companhia Fábrica de Papel de Petrópolis marcou presença, publicando, também, um álbum com homenagens a autoridades nacionais e ilustrado com fotos da época, da indústria de Papel e aspectos da cidade. Era Prefeito de Petrópolis, Yeddo Fiuza. Para que os leitores possam avaliar a grandeza dessa indústria para Petrópolis e para o Brasil, tomo a liberdade de transcrever fielmente a apresentação do álbum: A INDÚSTRIA DE PAPEL NO BRASIL “Uma das indústrias mais florescentes, hoje em dia no Brasil, é, sem dúvida, a da fabricação de papel. Não obstante o considerável aumento do consumo, determinado pelo desenvolvimento natural de todas as atividades comerciais, a importação de papel estrangeiro descreve uma acentuada curva de diminuição no quadro das nossas estatísticas. Nenhum núcleo industrial de importância em nosso país se recente da produção de papel, necessário não somente às suas atividades locais, como também ao suprimento de mercados das diferentes unidades da Federação. O papel nacional emula admiravelmente como artigo da mais fina qualidade alienígena e a sua preferência vai ganhando terreno no consenso dos consumidores. Petrópolis é a cidade pioneira e o berço da indústria do papel no Brasil. Data de mais de 70 anos a instalação do primeiro estabelecimento fabril, na cidade serrana. De recursos técnicos e mecânicos incipientes, empregando um processo rudimentar e oneroso, essa notável iniciativa, que já se reveste da significação de acontecimento histórico, foi devida ao eminente brasileiro Dr. Guilherme Capanema (Barão de Capanema) o qual tão úteis e relevantes serviços prestou ao país, como uma dos mais tenazes propugnadores da expansão das nossas linhas telegráficas. Contando hoje como um dos estabelecimentos fabris para a produção de papéis finos, tal a Fábrica de Papel de Petrópolis, a Cidade do Imperador pode, muito justamente, orgulhar-se do seu papel de pioneira industrial nesse futuroso setor da produção brasileira. Vale assinalar aqui algumas das etapas mais marcantes do progresso e do desenvolvimento da indústria do papel no Brasil. Iniciada com êxito em Petrópolis, […] Read More

REMINISCÊNCIAS DE ALGUMAS FESTAS BENEFICENTES EM FAVOR DAS OBRAS DA CATEDRAL

REMINISCÊNCIAS DE ALGUMAS FESTAS BENEFICENTES EM FAVOR DAS OBRAS DA CATEDRAL Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette Em 29 de novembro de l925, com imponente cerimônia religiosa, foi inaugurada a nova Matriz, posteriormente Catedral de Petrópolis, após quase cinqüenta anos de esforços. A grande inspiradora e principal benfeitora da construção da Catedral foi, sem dúvida, a Princesa Isabel. Foi ela quem insistiu junto ao Imperador, seu pai, na construção do novo templo, no morro do Belvedere, em razão das condições modestas da primeira Matriz, construída em l848, em frente ao Palácio Imperial. Em l2 de março de l876, foi lançada a pedra fundamental da nova Matriz, com a presença do Imperador Dom Pedro II, da Princesa Isabel e seu esposo o Conde D’Eu e das seguintes autoridades: Barão de Cotegipe, Ministro da Fazenda; José Bento da Cunha Figueiredo, Ministro da Justiça; Diogo Velho Cavalcante de Albuquerque, Ministro do Império; Conselheiro Pinto Lima, Presidente da Província; Paulino Afonso Pereira Nunes, Presidente da Câmara Municipal; todos os vereadores petropolitanos e a Irmandade do Santíssimo Sacramento de São Pedro de Alcântara. Na ocasião, num pavilhão erguido anteriormente, o internúncio apostólico, Monsenhor Luiz Bruschetti, celebrou uma missa, coadjuvado pelo padre Theodoro Esch. Segundo nos informa Fróes “esta solenidade do lançamento da pedra fundamental foi prematura, pois, o edifício ainda não tinha projeto, nem mesmo fundos para custeio…” (1). (1) FRÓES, José Kopke. A Catedral de Petrópolis e seu Jubileu de Ouro em 29 de novembro de l975. Tribuna de Petrópolis, lº de janeiro de l975. Segundo Caderno. Realmente, até l88l, nenhuma providência efetiva foi tomada em favor do início das obras. Neste ano, regressando a Princesa Isabel de uma viagem à Europa, insistiu junto ao Presidente da Província, Bernardo Avelino Gavião Peixoto, na retomada do projeto. Este encarregou o engenheiro Francisco Caminhoá de elaborar um projeto para a construção do novo templo, projeto este que foi orçado em aproximadamente mil contos de réis. O Presidente da Província solicitou à Assembléia a aprovação da abertura de um crédito de l00 contos de réis, e nomeou uma comissão para se encarregar das obras e angariar inclusive donativos para as mesmas. Foi então lançada a segunda pedra fundamental, em l8 de maio de l884, no lugar onde hoje fica o altar-mór e comprado o terreno e a casa pertencentes ao Barão do Flamengo, conforme noticiou o Mercantil, em 7 […] Read More

IDADE MÉDIA, ÉPOCA DE TREVAS? A FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA E SUA SAGRADA ESTIRPE MEDIEVAL.

IDADE MÉDIA, ÉPOCA DE TREVAS? A FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA E SUA SAGRADA ESTIRPE MEDIEVAL. Otto de Alencar Sá Pereira É impressionante a estirpe sagrada de antepassados dos nossos Príncipes. Se não, vejamos: A tão conhecida e venerada Sta. Edwiges (+ 1243), nascida Princesa da Merânia, por casamento tornou-se Princesa da Polônia. Uma de suas irmãs foi Rainha da Hungria (1197-1231) também por matrimônio e, mãe de Sta. Isabel da Hungria a qual, por casamento tornou-se Duquesa da Turíngia. Uma irmã desta, Sta. Isabel, foi Rainha de Aragão por matrimônio e mãe de Sta. Isabel de Aragão, Rainha de Portugal (1271-1336), por se ter casado com D. Diniz I, Rei de Portugal, antepassado dos Reis deste Reino e dos Imperadores do Brasil. O presente artigo, ao tratar da Idade Média, conta um episódio como exemplo, justamente, da tia da Rainha Santa Isabel de Portugal, a Sta. Isabel da Turíngia. Vemos, por aí, uma estirpe de Rainhas Santas canonizadas pela Igreja, antepassadas diretas de nossos Príncipes, como Sta. Isabel, esposa de D. Diniz; ou colaterais como Sta. Isabel da Hungria e da Turíngia, tia materna da anterior da qual falaremos, ou a nossa tão popular, no Brasil, Sta. Edwiges, Princesa da Merânia e da Polônia, tia-avó da Rainha Santa, esposa de D. Diniz. Além destas Santas tão conhecidas, a Família Real Portuguesa e especialmente a Família Imperial Brasileira (que possui a varonia dos Orleans de França pelo Príncipe Gastão de Orleans, o Conde d’Eu) descendem do Rei S. Luiz IX, (1214-1270), e do Beato Condestável D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431). Descendem também de S. Vladimir (+ 1015), Príncipe de Novgorad e Grão-Duque de Kiev (uma neta dele casou-se com Henrique I de França, antepassado dos Bourbon-Orleans). Entretanto colateralmente pelos Reis de Portugal, pelos Reis de França, pelos Imperadores do Sacro-Império (estirpe de D. Leopoldina, nossa 1ª Imperatriz), as famílias Real Portuguesa e Imperial Brasileira, ainda têm como antepassados os Reis Santo Estevão da Hungria, S. Fernando de Castella, Santo Henrique da Alemanha, etc., etc… Todos, como se pode observar, Reis Santos que viveram na Idade Média, na “Doce Primavera da Fé” (Leão XIII). E a baixa, que se estrutura à partir da Segunda orda de invasões bárbaras do século X, quando então se forma, aos poucos, a organização feudal. O fim da Baixa Idade Média dá-se, oficialmente, no século XV com a queda do Império Romano do Oriente, derrubado pelos Turcos, conhecida […] Read More