O CINE-CLUBISMO EM PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira O cine-clubismo em Petrópolis também teve a sua época. Pelo menos, que conheci, existiram dois: O Cine Clube Chaplin e o CEPEC (Centro Petropolitano de Cinema). Sobre o Cine Clube Chaplin não obtive muita informação e ficarei devendo aos amigos que estão acompanhando essa rememoração da atividade cinematográfica em Petrópolis. Fica aberto o espaço do DIÁRIO DE PETRÓPOLIS para aquele que se dispuser contar a história do clube. O CEPEC conheci bem de perto. Era freqüentador assíduo nas noites de sábado do Auditório do Museu Imperial, onde eram realizadas as sessões. Os dirigentes do clube foram Fernando Morgado, que conhecia tudo sobre cinema e escrevia coluna especializada na imprensa petropolitana; Eduardo Ferreira e Geraldo Guimarães, que promoviam as sessões, cuidavam da divulgação, atendiam a todos à entrada do auditório, o hoje poeta José Damião que trabalhava muito pelo clube e o professor Maurício Cardoso de Melo Silva que emprestou o brilho de sua inteligência a uma fase da entidade. Foi fundado no ano de 1959, nos idos de agosto e perdurou por 5 anos, até 1963. Utilizava dois projetores de 16mm: um do Museu Imperial e o outro alugado ao fotógrafo Pinheiro. Obviamente, como todo bom cine-clube a projeção era deficiente, as cópias que vinham nem sempre estavam em boas condições, as máquinas de projeção eram frágeis, antigas e sempre necessitando reparos e muita vez a sessão correu com apenas um projetor ou foi cancelada por motivos técnicos que eram: máquinas sem condições, cópias de fitas em mau estado, falha da distribuidora dos filmes que não enviava a cópia para exibição, enfim, se os dirigentes e sócios levavam o clube a sério e curtiam o prazer de assistir seus filmes prediletos, os circunstantes nem sempre colaboravam a contento. Mas um cine-clube autêntico tinha que passar por todos esses percalços e todos compreendiam e colaboravam com o esforço dos dirigentes. Mas chega o dia em que as condições gerais não mais favorecem a continuidade de uma organização como o CEPEC e, por isso, encerrou suas atividades no final do ano de ‘963. Para relembrar a qualidade da programação, aqui vão alguns títulos exibidos pelo CEPEC, na sua última fase: anos de 1962 e 1963: “Os Gangsters (Le Grand Chef)”, com Fernandel e Gino Cervi; “Momento Sublime (Il momento piu bello)”, de […] Read More
ARTÉRIA DE MUITOS NOMES (UMA) – DE BOURBON A DR. NELSON DE SÁ EARP
UMA ARTÉRIA DE MUITOS NOMES – DE BOURBON A DR. NELSON DE SÁ EARP Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira A atual Rua Dr. Nelson de Sá Earp, de cujo solo emergem espigões que escondem dos transeuntes o giro diário do sol, foi um inóspito morro da Fazenda do Córrego Seco coberto de mata densa. Suas sendas não eram riscadas por picadas firmes, pisadas por botas de viajantes, porque não era caminho regular, como a trilha pelo Alto da Serra que lançava os tropeiros na demanda da sede. No planejamento urbano de Júlio Frederico Köeler a via foi projetada e batizada com o nome de Rua de Bourbon e seria aberta no íngreme morro para dar acesso a uma praça traçada na planta, de nome Largo Dom Afonso, a atual Praça da Liberdade, cuja penetração inicial foi feita seguindo o curso do riacho a partir da Rua do Imperador. O nome Bourbon representava homenagem à ancestralidade da Família Imperial e Dom Afonso ao filho primogênito do Imperador e herdeiro do trono, nascido em 1845 e falecido em 1847. O grande brejo, que era o Largo Dom Afonso, tornou-se o grande lixão do povoado e a Rua Bourbon foi sendo rasgada no morro e sua terra servindo para aterrar o lixo infestado de insetos e exalando mau cheiro. O grande historiador petropolitano Walter Bretz, no seu trabalho “O Largo Dom Afonso”, publicado no jornal petropolitano “O Comércio” em vários dias dos meses de março e abril de 1924 e republicado pela “Tribuna de Petrópolis”, na edição de 10 de janeiro de 1959, descreve a primitiva Rua Bourbon: “A princípio essa rua não passava de uma sinuosa e acidentada picada que, segundo dizem os antigos, partindo mais ou menos, da esquina da atual avenida General Osório, seguia pelo alto dos morros e através os terrenos e junto às casas que, depois, pertenceram às famílias Dupont, João de Deus Campos, Hees e Glassow, precipitando-se, mais ou menos, no ponto onde hoje está a subida para o Morro do Cruzeiro. A rua atual foi toda escavada na montanha, e somente a 2 de dezembro de 1858, mais de treze anos após a fundação da colônia, entregue ao trânsito público de cavaleiros e veículos”. Aberta morro acima, a Rua Bourbon foi bordada de chalés de meia-água com ornatos em lambrequins de diversos desenhos. As construções […] Read More
ESTAÇÃO DE TRENS DE PETRÓPOLIS (O)
A ESTAÇÃO DE TRENS DE PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira A Estrada de Ferro de Petrópolis foi a primeira construída no Brasil. Coube o feito ao engenheiro Ireneu Evangelista de Souza, Visconde de Mauá, após conseguir do Governo Imperial a concessão exclusiva para a navegação a vapor entre a cidade do Rio de Janeiro e o fundo da Baía de Guanabara. Estipulado o prazo da dita concessão em dez anos, tratou o grande empreendedor de estabelecer, em seguida, uma ligação mais rápida entre a Corte do Rio de Janeiro e a Raiz da Serra, na altura da Fábrica Imperial de Pólvora, cujo trajeto era feito por diligências ou em montarias. Com a ligação marítima do Cais Faroux até o Porto da Estrela, a idéia concretizada por Ireneu Evangelista de Souza foi a criação de uma linha férrea, o que lhe foi permitido através do Decreto nº 987, de 12 de junho de 1852, referendado pelo Ministro dos Negócios do Império, Francisco Gonçalves Martins, assinado pelo Imperador D. Pedro II. A 16 de dezembro de 1856 os trilhos da estrada chegaram à Raiz da Serra, num total de 16 quilômetros, cumprindo Ireneu Evangelista de Souza o contrato firmado com o Governo Imperial. Por alguns anos a linha férrea atingiu aquela localidade. Para chegar a Petrópolis utilizava-se de uma estrada calçada de pedras aberta no meio da mata, que atingia o Alto da Serra, para utilização de diligências e carruagens. A empresa sucessora da Companhia de Mauá, chamada Companhia Príncipe do Grão-Pará, obteve autorização do Governo Imperial, no ano de 1881, para a construção de mais seis quilômetros serra acima, em local acidentado, sob a direção do engenheiro Joaquim Lisboa, assistido pelo engenheiro Marcelino Ramos Pinto. A 11 de fevereiro de 1883 os trilhos chegaram a Petrópolis. Era um domingo, 9 horas da manhã, estando entre os primeiros passageiros a realizarem o novo trajeto o Imperador D.Pedro II, sua família e várias personalidades da Corte. No domingo seguinte, dia 18 de fevereiro, a estação foi inaugurada com pompa e circunstância pelo Imperador D.Pedro II. Para abrigar o terminal em Petrópolis, foi edificado um belo prédio de dois pavimentos, na Rua Toneleros (hoje Dr. Porciúncula), em belo estilo europeu, ladeado por um conjunto de marquises de proteção para os passageiros e que tomava todo o lado direito da artéria urbana. (Hoje […] Read More
PERDEMOS O BONDE
PERDEMOS O BONDE Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Os mais antigos viram o bonde circulando por Petrópolis; alguns outros ouviram dele falar; a mocidade nem sabe do que estamos tratando, salvo se já se penduraram nos bondes de Los Angeles, Califórnia (USA), subindo e descendo das elevações ao nível do Oceano Pacífico e vice-versa. Ou na Disney. O bonde chegou a Petrópolis em 1895, trazido pelo grande empresário Franklin Sampaio, a pedido do Presidente da Câmara Municipal Dr. Hermogênio Silva. O melhoramento no transporte urbano ainda não rodava sobre trilhos e a tração era animal. No ano de 1910 a Companhia Brasileira de Energia Elétrica assinou contrato com a Câmara Municipal para a exploração do bonde elétrico, substituindo a tração animal e implementando os trilhos. Para o serviço e a segurança dos passageiros, foram reforçadas algumas pontes e, até, construídas novas de ferro, uma na Rua Souza Franco e outra diante do Palácio de Cristal. No dia 13 de dezembro de 1912 foi inaugurada a primeira linha do centro histórico para Cascatinha. Houve festa na Praça Dom Pedro com direito a dobrados pela Banda Euterpe, discursos e, em seguida, um lanche para convidados na sede da companhia, Rua Padre Siqueira, no prédio onde funciona hoje a empresa Fácil/Única. Mais adiante, com sucesso, as linhas Alto da Serra e Circular enfeitaram de alegria e ruidosidade as pacatas ruas petropolitanas. Os primeiros carros tinham encosto e assentos de palhinha; os vagões eram fechados em virtude do clima petropolitano, frio e chuvoso, e não como os do Rio de Janeiro onde o bom era viajar pendurado nos estribos. A molecada, em Petrópolis, não podia viver perigosamente suas piruetas de infância em nossos sóbrios e bem comportados bondes. Dois funcionários conduziam o bonde: o motorneiro e o condutor, cabendo a este último a cobrança das passagens e a fiscalização geral enquanto circulava. Em épocas de veraneio, quando a população aumentava, duplicavam os bondes em circulação, acrescentavam-se horários estratégicos e, até, lançavam-se nos trilhos carros abertos que o povo apelidava de “caixa-de-fósforos” e “chama-chuva”. Perfeitamente integrado à vida da cidade, funcionou, por largo tempo, carro especial destinado ao serviço de carga para utilização das indústrias, principalmente nas linhas do Alto da Serra e de Cascatinha. No governo do Prefeito Oscar Weinschenck, no ano de 1922, as extensão das linhas foi ampliada para os lados […] Read More
ALBERTO TORRES – O POLÍTICO
ALBERTO TORRES, O POLÍTICO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Alberto de Seixas Martins Torres, o político. Eis um tema para desfiar em tecidos de muita cautela. Afinal, segundo seu admirador e seguidor Cândido Motta Filho: “Alberto Torres exerceu a política, discretamente, mediocremente. Foi presidente do Estado do Rio de Janeiro, foi parlamentar, ministro de Estado, conspirador da revolução republicana; mas, em todas as funções políticas em que esteve, não deixou um traço que o distinguisse da mediania dos políticos brasileiros. No governo do Estado escreveu magníficas mensagens; isto quer dizer que ele só se destacou na política, quando pode apresentar-se como pensador”. Em outro trecho da obra “Alberto Torres e o Tema da Nossa Geração”, editado em 1931, o mesmo autor completa a observação: “Não foi um político, nem no sentido de homem de Estado, já disse antes. Mas, há um outro sentido de político, segundo a opinião de Ortega y Gasset, quando estuda a personalidade torrencial e frenética de Mirabeau: “Ser político é ter uma idéia clara do que se deve fazer para transformar um Estado em Nação. E ninguém, nesse sentido, foi mais político do que Alberto Torres!” Nossa civilização brasileira vive em entornos fantásticos de insensatez, predominando, em percentual expressivo, o casuísmo sobre a tese. Daí, relatarem as crônicas desavisadas do dia-a-dia ser político o ente que se apresenta candidato, é eleito, exerce cargos públicos, dirige partidos, enfim, o ser humano exposto diante da mídia por sua ação de homem público. Na média, sim. No todo uma aberração conceitual sem precedente. E vem à baila a frase de forma redundante mas de definição precisa: Existem “políticos” e políticos. O aspado será, numa conceituação extraída de sua capacidade de ação, reação e conteúdo, qualquer figura profissional menos a política. Alberto Torres, nasceu no Distrito do Município de Itaboraí, na atual ruína urbana de Porto das Caixas, terra de muito prestígio no século passado e natal do Visconde de Itaboraí, Joaquim José Rodrigues Torres, Ministro da Marinha do primeiro gabinete da Regência Permanente, além de outras dez vezes Ministro de Estado e duas vezes Presidente de Gabinete. A Vila de Itaboraí também viu nascer o romancista Joaquim Manuel de Macedo e o grande astro da cena teatral João Caetano dos Santos. Porto das Caixas foi o segundo porto comercial da Baia de Guanabara, centro nervoso de passagem da […] Read More
AFRÂNIO PEIXOTO EM PETRÓPOLIS
AFRÂNIO PEIXOTO EM PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Bastos Tigre, nosso grande poeta e cronista, era um inveterado veranista. Veranista… Era assim chamado aquele que subia a serra e vinha passar alguns meses do verão em Petrópolis. Invariavelmente era de dezembro a março, começando, para alguns, um pouco antes e terminando, para outros, pouco depois. A regra mais comum era obedecer aos maiores: até 1889, a Corte do imperador D. Pedro II; a partir daí, até os anos 60, ao séquito do Presidente da República. Chegavam os cabeças e vinham atrás os membros. Petrópolis enfeitava-se de toilettes refinadas, em tempos do final e início do século XX e, em seguida, dos costumes de griffes, dos penteados gomalinados, dos ternos de corte nobre. Era um farfalhar incessante de roçados de muitos tecidos, o cloc-cloc encampainhado de charretes ou, ainda “fon-fons” desagradáveis de rolantes viaturas que faziam latir os cães e provocar estrepolias dos meninos de olhos buliçosos. Falava de Bastos Tigre, um de nossos mais interessantes e gostosos veranistas. Pois ele teve a cachimônia de cometer um soneto, naquele seu estilo delicioso, que define, com precisão jocosa “O VERANISTA O veranista, porque a moda o ordena, para a Serra dos Órgãos se desloca. Mal, com os rigores do verão carioca, os refrescos e os leques vêm à cena. Mas a chuva, encharcando a serra amena, faz de cada vivenda escura toca. Debalde a gente Santa Clara invoca, Petrópolis está de fazer pena ! Domingo. O “ruço”. A chuva miúda e fina… E o resto da semana se padece a tortura dos trens da Leopoldina. Mas chega Abril. Tudo mudar parece ; risonha é a serra… o ambiente se ilumina, chega o bom tempo. O veranista desce…” Naqueles idos dos anos 20 a 50, período do fervilhar de forasteiros sazonais, Petrópolis era enriquecida com a mais fina concentração de personalidades brasileiras e internacionais. Dizia o jornalista e publicista João Roberto d’Escragnolle: “Petrópolis é o melhor tônico !” Subir para Petrópolis, no verão, era imperativo da nobreza por títulos ou por boas e razoáveis finanças ou, ainda, meros interesses políticos Nossa cidade era encantadora.; a coqueluche do país; o tônico rejuvenescedor dos aflitos imigrantes da canícula carioca. Guilherme de Almeida, “habitué” da cidade, em deliciosa crônica na revista “Ilustração Brasileira”, abril de 1938, comentando o findo verão daquele ano, assim descreveu […] Read More
HINO DE PETRÓPOLIS (O)
O HINO DE PETRÓPOLIS Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Petrópolis, fundada no ano de 1843, desde 1857 elevada à categoria de cidade, residência de verão do Imperador D. Pedro II e de toda a nobreza; em seguida, refúgio sazonal dos presidentes e dos notáveis brasileiros e internacionais, só homenageava a sua natureza, a vida dos pioneiros, o município, através do trabalho e do crescimento da urbe, dos quarteirões e dos distritos. Não existia a sonoridade oficial da homenagem ressoando por seus vales e montanhas em música, sob o canto de seu povo elevado aos céus e cortando o ruço. Lícito comprovar que Petrópolis tem na música uma de suas manifestações artísticas e culturais mais expressivas, desde o século XIX vicejando talentos e registrando gênios. No princípio, as bandas alemães, os coros nas igrejas, o cantar despreocupado da população, com visitas periódicas de conjuntos musicais, vindos de todos os brasis. A montanha convida ao canto e o vento cortando a sinuosidade dos vales é música sob acompanhamento do pipilar dos passarinhos. O maestro Paulo Carneiro, ao fundar a Escola de Música Santa Cecília, em 1893, casa de ensino que, em atividade, ultrapassou um centenário, foi a pioneira instituição de ensino musical em Petrópolis e dela saíram muitos expoentes da arte de Mozart na conquista do mundo. O talentoso maestro compôs um hino de saudação à padroeira Santa Cecília, logo adotado como Hino da Escola, com letra de G. Autran. Belíssimo! Alguns clubes de várias especialidades adotaram hinos e a unidade militar instalada na serra veio com seus hinos e recrutas reservistas como eu, ainda cantarolam as letras de exaltação cívica. Mas, paradoxalmente, nosso Município já atravessara meio século XX não possuía seu Hino Oficial, cantando marchas e valsas de composição carioca, falando das belezas de nossas montanhas. Um comandante do Batalhão D. Pedro II, o Coronel Dácio Vassimon de Siqueira resolveu preencher a lacuna, compondo linda melodia, com letra poética e com alguns versos emprestados de Alberto de Oliveira. Falou-se na adoção de sua página como o Hino Oficial de Petrópolis, porém preferiu-se, com muita propriedade, pela escolha de um Hino através de concurso público, com oportunidade para todos os compositores petropolitanos ou não. E tudo começou com o projeto do saudoso, operoso e dinâmico professor, advogado e vereador Paulo de Souza Ribeiro apresentando seu Projeto nº 1639, de 1969. […] Read More
ALCEBIADES PEREIRA DA SILVA (IN MEMORIAM)
ALCEBÍADES PEREIRA DA SILVA (IN MEMORIAM) Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette Faleceu em Petrópolis, a 16 de julho de 2007, o tenente e professor Alcebíades Pereira da Silva. Partiu, discretamente, como viveu, sem deixar de cumprir, um só dia, seus deveres para com a família, a pátria e a religião. Viveu, portanto, uma existência digna e proveitosa, deixando atrás de si uma produtiva folha de serviços prestados ao exército, ao magistério e à música, que para ele significava encantamento, alegria e vivência cotidiana. Nascido em Três Rios, no Estado do Rio de Janeiro, filho de José Pereira da Silva e Rosinda Baptista da Silva, casado com Regina Lúcia de Almeida Silva, pai de André Felipe e Diana, tinha na família o carinho maior de seu coração. Ingressou no Exército como soldado, em 1º de novembro de 1941, nele permanecendo durante 26 anos, 10 meses e dezesseis dias, sendo transferido para a Reserva de 1ª Classe, em 1º de novembro de 1967, no posto de 1º Tenente. Sua carreira militar foi rápida e bem sucedida, sendo sucessivamente promovido a Cabo (1º de junho de 1942); 3º Sargento (1º de outubro de 1942); 2º Sargento (15 de janeiro de 1951); 1º Sargento (28 de fevereiro de 1958); Sub-Tenente (2 de agosto de 1963); 2º Tenente (10 de maio de 1966); 1º Tenente (24 de novembro de 1966). Durante o tempo em que esteve no serviço ativo foi, por diversas vezes, elogiado por seus superiores, por seu profissionalismo, pontualidade, cooperação, educação e exemplo moral produzido sobre seus comandados. Serviu na Zona de Guerra definida e delimitada pela Lei 1.156-50, durante o período de 1º de novembro de 1941 a 8 de maio de 1945; no 1º Batalhão de Caçadores, hoje denominado 32º Batalhão de Infantaria Motorizado e no III/ 2º Regimento de Infantaria – Batalhão Suez, na Companhia de Comandos e Serviços, acantonado em Rafah, no Egito, em 1966. Foi, durante muitos anos, instrutor do Tiro de Guerra nº 12, em Petrópolis. Após ter passado para a reserva, foi Inspetor de Segurança na Companhia Atlantic de Petróleo, no Rio de Janeiro e, posteriormente, Chefe de Operação dos Terminais Rodoviários de Petrópolis. Foi um grande apaixonado pelo canto lírico, tendo concluído o Curso de Cantor Lírico, reconhecido pela Ordem dos Músicos do Brasil, e vários cursos de especialização e aperfeiçoamento dentre os quais destacamos: Curso […] Read More
CURSO DE HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS
CURSO DE HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette Módulo I Antecedentes históricos: primitivos habitantes; penetração para Minas; as sesmarias; a Fazenda dos Correias; Dom Pedro I no Córrego Seco. PRIMITIVOS HABITANTES Os primitivos ocupantes do solo petropolitano foram os índios. A denominação “Sertão dos Índios Coroados”, inicialmente dada às terras que hoje constituem o Município de Petrópolis, nos leva à conclusão de que estes índios, assim denominados pelos portugueses “porque cortavam os cabelos de maneira a formar uma espécie de coroa enrolada no alto da cabeça[…]” (1), seriam os antigos goitacazes que, combatidos pelos portugueses, buscaram refúgio no sertão. (1) DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e História do Brasil. Tomo I. São Paulo: Universidade de São Paulo, p. 52. Por outro lado, a descoberta de vestígios de objetos indígenas nos rios de Petrópolis, reforçou a tese de que, na realidade, muitas picadas no caminho para Minas Gerais e que posteriormente foram aproveitadas pelos colonizadores, na realidade foram abertas pelos índios em seus movimentos migratórios. Do mesmo modo, a Carta Topográfica da Capitania do Rio de Janeiro, datada de 1767, assinala uma vasta área da margem direita do rio Piabanha e da margem setentrional do Rio Paraíba, até Minas Gerais, à qual denomina “Sertão dos índios bravos”. Por esta região erravam os índios Puris, divididos em várias tribos, constantemente em guerra. Assim, os Pataxós, da mesma raça que os Puris “habitavam as florestas do sertão à beira do rio Piabanha”. (2) (2) DEBRET, Jean Baptiste. Viagem Pitoresca e História do Brasil. Tomo I. São Paulo: Universidade de São Paulo, p.71. O CAMINHO NOVO O Caminho Novo, ligando Rio de Janeiro a Minas Gerais, foi aberto por Garcia Rodrigues Pais, filho do bandeirante Fernão Dias Pais, o “Caçador de Esmeraldas”, mediante licença concedida pelo governador Arthur de Sá Meneses. Garcia Rodrigues Pais iniciou a empreitada com alguns homens brancos e mais de quarenta escravos, consumindo nesse trabalho “todos os seus haveres, quer os herdados de seu pai, quer os adquiridos de suas catas auríferas”. (3) (3) LACOMBE, Lourenço Luís. Centenário de Petrópolis: Trabalhos em Comissão. Petrópolis, v. 5, p. 41, 1942. Garcia Rodrigues Pais transferiu sua residência de São Paulo para perto da atual Penha, nos subúrbios do Rio de Janeiro e, ao finalizar o caminho, “obteve duas sesmarias sobre os rios Paraíba e Paraibuna, estabelecendo sobre o primeiro balsas e […] Read More
EVOCANDO D. JOSÉ PEREIRA ALVES
EVOCANDO D. JOSÉ PEREIRA ALVES Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette O ano em curso assinala o centenário de ordenação sacerdotal de D. José Pereira Alves, uma das figuras mais representativas do episcopado brasileiro. Nascido em Palmares, no Estado de Pernambuco, a 5 de março de 1885, foi ordenado sacerdote a 1º de novembro de 1907, logo destacando-se por sua vasta cultura, modéstia, zelo apostólico e uma extraordinária capacidade de trabalho, qualidades que o levaram a exercer as mais elevadas funções eclesiásticas. Foi professor e reitor do Seminário de Olinda, Deão do Cabido da Catedral de Olinda, Monsenhor Protonotário Apostólico, Governador do Bispado e Vigário Capitular da Arquidiocese de Olinda e Recife, deixando em todos estes cargos “a marca indelével de seu espírito de iniciativa, de sua prudência, de sua autoridade e de sua imensa cultura” (1). (1) JOAQUIM, Thomas. D. José Pereira Alves, in: Vozes de Petrópolis, Petrópolis, janeiro-fevereiro de 1948, p. 117. Foi ainda um consumado jornalista, consagrando-se aos temas morais e religiosos. No Nordeste, dirigiu os jornais “A Tribuna Religiosa”, “Mês do Clero” e a revista “Maria”, além de ter publicado inúmeros artigos em outros órgãos de divulgação católica. Deixou-nos ainda duas obras de grande valor literário e religioso, publicadas após sua morte pela Imprensa Nacional e, infelizmente, não reeditadas: “Discursos e conferências” e “Palavras de fé”. Em 27 de janeiro de 1922, foi sagrado bispo, na Basílica do Carmo, um dos mais lindos templos do Recife e designado para a Diocese de Natal, no Rio Grande do Norte, ali permanecendo até 1928, quando foi transferido para a Diocese de Niterói, pastoreando-a até a sua morte em 1947. Na Diocese de Natal fundou um Seminário, a Federação Católica do Rio Grande do Norte e o Diário Católico daquela cidade. Por ocasião de sua posse na Diocese fluminense, a 20 de maio de 1928, a Tribuna de Petrópolis assim se manifestou: “Orador dos mais fascinantes, conferencista dos mais brilhantes, provecto professor, escritor, jornalista e polemista de fôlego, D. José é um espírito que não só honra a sua terra natal, mas enche de orgulho o Brasil inteiro” (2). (2) TRIBUNA DE PETRÓPOLIS. Novo Bispo de Niterói. Petrópolis, 24 de abril de 1928, p. 1. Petrópolis fez-se representar na solenidade de sua posse pelo Dr. Oscar Weinschenck e pelo Padre Lúcio Gambarra, vigário de paróquia de Cascatinha, o qual, em nome […] Read More