RESGATES PETROPOLITANOS [ JOÃO FRANCISCO BARCELOS]

  RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima João Francisco Barcellos foi dos grandes advogados fluminenses, ao lado de tantos outros de igual fama, a montar o seu quartel general aqui em Petrópolis, onde residiu, produziu imensamente e colecionou vasta clientela e inúmeros amigos. Nasceu na antiga Santa Teresa de Valença, hoje Município de Rio das Flores aos 26 de agosto de 1862. A 25 de maio de 1928 tombou fulminado por um ataque cardíaco, quando fazia sustentação oral no Tribunal da Relação (hoje de Justiça) em Niterói, à época capital do Estado do Rio de Janeiro. Fez o Dr. Barcellos curso de humanidades no Colégio Pedro II e, com os preparatórios na mão, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde fez brilhante curso até bacharelar-se em 1885. Como todo moço de sua época, era abolicionista e republicano. Radicando-se em Petrópolis, engrossou as fileiras dos que pugnavam pelo fim da Monarquia. Já na República, durante o governo de José Thomaz da Porciúncula, foi Chefe de Polícia do Estado e Secretário do Interior e Justiça. Eleito deputado federal não tomou posse de sua cadeira na Câmara, abandonando definitivamente a política. Nunca ficou suficientemente esclarecida essa súbita decisão. Homem de caráter forte e incorruptível, alicerçado em sólidos princípios éticos e filosóficos, deve ter experimentado alguma contrariedade para tomar atitude tão radical. Entregou-se dali em diante de corpo e alma à advocacia, ganhando fama, não só por seus conhecimentos jurídicos e habilidade no desempenho profissional, mas também por sua retidão, pelo espírito de justiça e sobretudo pelo repúdio à chicana, à treita, ao chamado apostolado do embuste. Foi o defensor intimorato de quantos necessitavam ver amparados os seus direitos, ainda que as causas não rendessem a seu patrono honorários suficientes. Nesse modelo espelhar-se-ia com certeza Heráclito Fontoura Sobral Pinto. João Francisco Barcellos foi membro do Conselho Diretor e Presidente do Banco Construtor do Brasil. João Francisco Barcellos morava à Rua Silva Jardim n° 163 e de lá saiu o cortejo fúnebre com número avultado de pessoas em direção ao Cemitério Municipal. Ainda nesse mesmo ano de 1928 a Prefeitura Municipal de Petrópolis por sugestão do Dr. Luiz Pessoa Cavalcanti, e de Amadeu Guimarães, Spartaco Banal e Francisco Costa Bastos Filho, todos residentes no Itamaratí, baixou o Ato n° 43 de 26 de outubro, dando o nome de João […] Read More

ESCRAVISMO E ABOLIÇÃO EM PETRÓPOLIS

  ESCRAVISMO E ABOLIÇÃO EM PETRÓPOLIS CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA SOCIAL PETROPOLITANA: ESCRAVISMO E ABOLIÇÃO EM PETRÓPOLIS (1) Oazinguito Ferreira da Silveira Filho “O Balaio, o Balaio chegou Cadê branco? Não há mais branco Não há mais sinhô” ( Cântico das lutas da Balaiada, in, Luiz Luna) “Ó didê, Baba um pê Levanta-se, o pai está chamando…” (O Caçador e os Orixás do Mato, in, Deoscoredes M. dos Santos) Produzir um trabalho sobre o percurso histórico da raça negra em nossa comunidade é na maioria das vezes um trabalho que aparenta relativa facilidade de ser produtivo mas, também torna-se um tanto difícil, quando os elementos que temos que pesquisar se encontram na quase sua totalidade dispersos, e em locais às vezes o mais inacessível. Portanto, procuramos formular uma síntese, ou melhor um “alinhavado” de textos, já anteriormente produzidos, e que até hoje possuem um denotado grau de importância científica em nossa cidade. São estes textos trabalhos fundamentais elaborados pela Comissão do Centenário, produzidos por vários autores. E para complementar, como não podia deixar de ser, recorremos ao constante manancial de informação que são os jornais que compõem a Hemeroteca Publica Petropolitana. A expressão acima utilizada “fácil”, tem por característica não a depreciação do trabalho, mas o fator que o movimento histórico do negro em nossa comunidade difere das dos demais por uma única e atenuante característica; a da densidade demográfica – a não grande representatividade numérica em nosso quadro populacional, através das várias épocas que antecederam ao último quartel do século. Porém, ao tempo ela torna-se significativa, desde que possamos formular um pequeno quadro histórico na formação social. (1) Publicado em 12 de maio de 1984, no Segundo Caderno da Tribuna de Petrópolis AS OBRAS DO CAMINHO NOVO Nossos registros começam por volta do início do século XVIII, quando das aberturas das picadas para construção do Caminho Novo para as Minas Gerais. Em documento um dos pioneiros desta construção, Garcia Rodrigues Paes, filho do famoso “bandeirante das esmeraldas”, que é declarado “falido” não podendo mais continuar seu intento de abrir a nova estrada, em virtude de o esforço haver consumido todos os bens que lhe pertenciam, bem como aqueles que havia herdado. Este “enfraquecimento capital”, resultou nas seqüentes fugas de escravos, mão-de-obra a este pertencente, fruto do capital investido (2). (2) Comissão do Centenário de Petrópolis, volume , pg. 41 Fugas que freqüentemente levavam estes escravos a se refugiarem em nosso […] Read More

EM DEFESA DE PETRÓPOLIS

    EM DEFESA DE PETRÓPOLIS Guilherme Pedro Eppinghaus A fim de simplificar o desenvolvimento do tema proposto e atingir a finalidade do estudo em pauta, orientarei a redação de acordo com o seguinte roteiro: 1. – preservação do que pode e deve ser mantido; 2. – correção do que for conveniente, na medida do possível, em molde econômico; 3. – evolução em todos os setores. 1 – PRESERVAÇÃO Neste ítem, o estudo compreende a manutenção de tudo o que existe de bom. De nada vale ter e não manter. Devemos preservar as ruínas dentro dos limites de garantia e tendo em vista a integridade das peças em questão. Na figura do termo ruína, Petrópolis pouco tem a enquadrar. Com respeito à natureza já se dá o contrário. Muito há a preservar. E para preservar é indispensável lutar corajosamente. A ecologia, que abrange inúmeros fatores de influência, oferece as maiores dificuldades. Algumas invencíveis, que são consequência de intempéries que fogem ao controle dos homens. Outras, resultam das alterações havidas na formação do revestimento superficial do terreno. Nestas, têm importância primordial o desflorestamento e o movimento de terra. A derrubada de árvores provoca a erosão, destruindo assim a capa de terra vegetal que as alimenta, riqueza que constitui sua existência. Com a erosão surge o assoreamento, cuja sedimentação promove obstruções nos vales, que perdendo o seu normal escoamento causam as enchentes. Quanto ao movimento de terra, além dos mesmos fenômenos causados pelo desmatamento e por eles agravados, inicia um regime de escoamento que prejudica a natural disseminação da água nascente ou pluvial. Importante ainda no que diz respeito à preservação é o aspecto paisagístico. Não é necessário referir o quanto representa como atração turística, todos o sabem porque todos o sentem. A natureza nos proporciona uma fonte de beleza, uma tranquilidade contagiante que nos é essencial. Não só uma observação da paisagem pelo simples usufruto do belo, mas uma possibilidade de se aliviar a tensão, resultante do trabalho exaustivo e agitação constante a que somos submetidos. De muita valia é a preservação de obras públicas e particulares, não só pelo valor histórico e paisagístico, mas pela utilidade que proporciona a quantos são beneficiados. A preservação e conservação de logradouros, monumentos e edificações são de grande importância pelo seu valor histórico, adequação da denominação, forma e estilo, servem como instrumentos de fixação e instrução. 2 – CORREÇÃO A correção das distorções que […] Read More

CARNAVAL EM PETRÓPOLIS NO SÉCULO XIX

  CARNAVAL EM PETRÓPOLIS NO SÉCULO XIX CONTRIBUÍÇÃO À HISTÓRIA SOCIAL PETROPOLITANA: SUBSIDIOS PARA UMA HISTÓRIA DO CARNAVAL EM PETRÓPOLIS NO SÉCULO XIX (1) Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga “E o povo? Esse, também, se divertia. Logo às primeiras horas da manhã, os escravos iniciavam, barulhentamente, o entrudo, pelas senzalas e pelos logradouros da cidade. O Rio de Janeiro acordava em alvoroço, ouvindo os ambulantes que já apregoavam as mercadorias da ocasião: – Porvio! Limão de chêro, de toda cô. Bom chêro. Bom chêro. Um pacote de polvilho custava, no começo da passada centúria, cinco réis e uma dúzia de limões d’água, cheirando a canela, dois tostões. O limão vinha no tabuleiro da preta e o pacote de pó de goma no cesto ou no samburá. – Porvio! Limão de chêro! As crianças saltavam da cama, gritando: Entrudo! Entrudo! Entrudo! E iam provocar a vizinhança, bombardeando as urupemas e grades de pau com bolas de cera cheias de água, que lhes davam as famílias, atrás das rótulas, a cocar a cabeça do primeiro que surgisse para responder ao desafio. Dentro em pouco generalizava-se o combate. A labareda de alegria pegava fogo em todo o Rio de Janeiro. E os limões de cheiro a cruzar! Entrudo! Entrudo! Entrudo!” (in, EDMUNDO, Luiz, Recordações do Rio antigo) (1) Extraído do nosso ensaio, “Subsídios para a História: O Carnaval de Ontem”, publicado em caderno especial da Tribuna de Petrópolis em 04/03/1984. O texto acima que bem caracteriza o “carnaval” carioca, popular, genuinamente brasileiro em pleno século XIX, de nada teria a ver com o carnaval que se desenvolveu em Petrópolis a partir dos registros impressos da década de 50 do mesmo século. Embora do carnaval petropolitano nada de novo possuiu-se para se acrescentar à história desta festividade folclórica de herança portuguesa tão presente em nossa sociedade. Todos os elementos que no município encontramos foram transferidos da Corte e das demais regiões e adaptados ao cenário local, principalmente a partir da presença dos “veranistas”. A “Petrópolis colônia”, possuía em sua constituição demográfica uma grande massa de colonos alemães, vindos de províncias “esquecidas” da Alemanha, campesinos em sua maioria, ignorantes, e cujo germe de festividade não passava de seu próprio folclore e costumes, comemorações camponesas às épocas de plantio e colheita, tão comuns herdadas do cotidiano feudal europeu. Por outro lado o contexto dominante entre […] Read More

DIÁRIOS DE D. PEDRO II: VIAGENS DE CONHECIMENTO E RECONHECIMENTO

  DIÁRIOS DE D. PEDRO II: VIAGENS DE CONHECIMENTO E RECONHECIMENTO Alessandra Bettencourt Figueiredo Fraguas, associada titular, cadeira n.º 27, patrono José Thomáz da Porciúncula Thais Cardoso Martins 1. Introdução A História, cujo objeto precípuo é observar as mudanças que afetam a sociedade, e que tem por missão propor explicações para elas, não escapa ela à própria mudança. Existe portanto uma história da história que carrega o rastro das transformações da sociedade e reflete as grandes oscilações do movimento das idéias (…). (RÉMOND, 2003, p. 13) Este trabalho é um desdobramento da pesquisa desenvolvida pela equipe do Arquivo Histórico do Museu Imperial relacionada ao projeto Conjunto documental relativo às viagens do Imperador D. Pedro II pelo Brasil e pelo mundo, nominado pela UNESCO com o Registro Nacional Memória do Mundo do Brasil, em 2010. O grande desafio para a equipe que analisa esta documentação com vistas à elaboração do dossiê a ser apresentado para a candidatura ao Registro Memória do Mundo Internacional da UNESCO, em 2012, é refletir sobre fontes exaustivamente examinadas, a partir dos novos domínios e abordagens historiográficos, das novas perspectivas teóricas e metodológicas e do novo paradigma institucional, pautado no Plano Nacional de Cultura, a fim de romper com a perspectiva da historiografia positivista e factual e com as narrativas hagiográficas, laudatórias dos grandes personagens da história. Este trabalho tem como objetivo principal analisar os documentos relativos à primeira viagem de D. Pedro II às províncias do sul, entre 1845 e 1846, os diários da sua segunda grande viagem pelo Brasil, de 1859 a 1860, e o diário da viagem à América do Norte, em 1876, como fontes que nos possibilitam perceber o processo de consolidação do Estado Nacional, de construção da identidade nacional e de conhecimento e reconhecimento do chefe da Nação, e também da construção de si do imperador enquanto agente histórico, primando pela interdisciplinaridade entre a História e a Arquivologia e a História e as Ciências Sociais, além de mostrar as possibilidades de utilização de um arquivo privado, a partir de uma abordagem micro-histórica, no que ela pode nos revelar a respeito do objeto de estudo: a trajetória de vida de D. Pedro II. Esses documentos, enfim, são fontes privilegiadas para refletirmos sobre questões mais amplas inerentes ao período monárquico brasileiro, e para buscarmos nos relatos deixados pelo imperador aspectos reveladores em relação à nossa problemática teórica fundamental: a dialética entre agente social e […] Read More

ESTRADA DO CONTORNO – BELVEDERE – MONUMENTO AO TROPEIRO

  ESTRADA DO CONTORNO – BELVEDERE – MONUMENTO AO TROPEIRO Mariza da Silva Gomes, associada honorária Não poderia deixar de destacar outra curiosidade a cerca do local onde está erigido o “Belvedere”: o projeto de intenção de construir no local um Monumento ao Tropeiro de acordo com os apontamentos feitos pelo Sr. Gustavo Ernesto Bauer, gentilmente cedidos por D. Vera Bauer sua filha ao Arquivo Histórico no dia 17 de agosto de 2011, onde consta uma reunião ocorrida às 16 horas no Museu Imperial em 22/05/1967, com a presença dos membros do Instituto Histórico Professor Lourenço Luiz Lacombe, Paulo Machado Costa e Silva e Gustavo Ernesto Bauer; destacamos também a presença do Engenheiro do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem Philuvio de Cerqueira Rodrigues e do Sr. Victor Canongia Barbosa. Sendo aberta a sessão pelo Sr. Presidente da Comissão Organizadora do Museu Rodoviário, o Engenheiro Philuvio Cerqueira Rodrigues, que cientificou aos demais presentes o motivo da reunião: – “a possibilidade de erigir-se o Monumento ao Tropeiro que a rigor deveria ser erigido na Praça General Carmona, próxima a Estação Ferroviária de Petrópolis, por ser ali exatamente, o local por onde passavam as tropas em demanda à Corte, no entanto, devido a exigüidade do espaço e o tráfego intenso do local, verificou-se ser impossível a realização de uma obra de arte de tamanho vulto”. Depois do exame de vários outros lugares, foi lembrado o local denominado “Duques” no km 40 da Estrada Washington Luiz; examinando o mesmo verificou-se que nesse trecho passam ali os “bananeiros”, os tropeiros da atualidade, onde o passado e o presente se confraternizam. Verificou-se então pelo Engenheiro Philuvio, referindo-se ao local “Duques”, um inconveniente: – desapropriação de áreas, absolutamente necessárias; lembrou, então, que a Comissão deveria reunir-se no “Belvedere do Grinfo”, marcando o encontro para o dia 17/07/1967 às 10 horas. O Sr. Presidente comunica, que, tendo pensado melhor sobre o local, concluiu ser o melhor, justamente, este onde nós estamos no momento o “Belvedere do Grinfo’, lugar amplo e sem dificuldade das desapropriações. Nisto os membros presentes Dr. Victor Canongia Barbosa e Gustavo Bauer, estiveram de pleno acordo. Não resta dúvidas que o Belvedere oferece condições favoráveis para um monumento de grande proporções, pois dispõe de uma vasta área e o monumento viria completar o conjunto paisagístico. Gustavo Ernesto Bauer Acervo Particular

JUSTIÇA FEITA!

  JUSTIÇA FEITA! Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Em Petrópolis fez-se justiça. Perfeita. Íntegra. Congratulações à Justiça. Homenagens precisas ocorreram; rejubilemo-nos. Nada foi gratuito ou gerado por interesses corporativos ou egoísticos. Aconteceu na cabeça dos doutos sob nosso aplauso e o de todos que conheceram e conviveram com os homenageados. Por vezes nomes são dados a logradouros e prédios, sem cuidado, injustamente; as homenagens ficam perdidas por insuficientes; desagradam; não têm unanimidade. As duas, que citarei, apresentam-se perfeitas e honram Petrópolis, seu povo, sua Justiça. Ao Fórum na Rua Barão do Rio Branco, o batismo de Dr. Felisberto Monteiro Ribeiro Netto; ao Fórum Trabalhista no Centro Histórico, o nome do Dr. Carlos José Essinger Schaefer. Tive o privilégio de conhecê-los, acompanhá-los, admirá-los. Sei, portanto, como foram justas as homenagens, que perpetuam dois excelentes magistrados, o primeiro petropolitano honorário; o segundo, nato. Dr. Felisberto, mestre do direito, da honra, da simpatia, viveu para servir, ajudar, unir em verdadeiro sacerdócio profissional. Encaminhou advogados valorosos para a Magistratura, a eles assessorando, ensinando, prestando assistência, incentivando com seu saber e exemplo ao exercício digno da nobilitante profissão. Não tive o privilégio de ser seu aluno, infelizmente, mas o admirava, com ele conversando muito nas pausas entre as aulas na Universidade, onde fomos colegas professores, para honra e satisfação minha; e na Academia Petropolitana de Letras, na qual foi titular, sempre presente, atuante, participando em Diretorias, ao meu lado e ensinando sempre, mestre que era. Seu nome na Casa da Justiça é perfeito e honra Petrópolis e o Estado do Rio de Janeiro. Como ele honrou em vida. O Schaefer – adoto esta chamada mais íntima, foi colega meu de bancos escolares, desde os tempos do Colégio São José, na Avenida Koeler, 260, na fase da Diretora Profª Zaida Ferreira Alves Esteves, passando pela Faculdade de Direito, a pioneira do ensino superior, na qual eu me encontrava inscrito e freqüentando a 1ª turma e o Schaefer, nela ingressando no ano seguinte, bacharelando-se na 2ª turma. Participamos do Diretório Acadêmico Ruy Barbosa onde ele despontava com sua alegria, seu falar troante, sua inteligência privilegiada. Advogado brilhante, ingressou na Magistratura Trabalhista, notabilizando-se pela humanidade, aguçada percepção, conhecimento e competência, justo e perfeito magistrado. Seu nome na Casa da Justiça Trabalhista honra seu trabalho e borda de orgulho santo seus companheiros dos maravilhosos idos da mocidade. Justíssimo seu […] Read More

RESGATES PETROPOLITANOS [ANTONIO AUGUSTO DE AZEVEDO SODRÉ]

  RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima Antonio Augusto de Azevedo Sodré, de tradicional família fluminense, nasceu em Maricá aos 13 de fevereiro de 1864 e morreu em sua Fazenda da Quitandinha, aqui mesmo em Petrópolis, a 1º de fevereiro de 1929. Era irmão de Antonio Candido de Azevedo Sodré, pai de Alcindo de Azevedo Sodré, o mago do 16 de Março, idealizador e primeiro diretor do Museu Imperial. O Dr. Alcindo, por ocasião da morte de seu tio e também sogro, era Vice-Presidente da Câmara Municipal de Petrópolis, médico de vasta clientela e responsável pela direção do “Jornal de Petrópolis”. Médico também foi Antonio Augusto que se formara pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1885. Contava então 21 anos e não titubeou em submeter-se a concurso para professor da escola em que vinha de colar grau. Embora aprovado em 1º lugar, deixou de ser nomeado pelo Imperador em virtude de sua pouca idade. O jovem não desanimou. Abrindo-se novo concurso, Antonio Augusto a ele se submeteu classificando-se uma vez mais em 1º lugar. Foi então nomeado para a cadeira de clínica médica, que regeu com brilhantismo e enorme dedicação por 39 anos. Teve enorme clientela no Rio de Janeiro, tendo publicado alguns trabalhos de elevado valor científico, entre eles “Patologia da Icterícia” e “A Febre Amarela”. Nesta teve a colaboração de Miguel Couto. Fundou Antonio Augusto o semanário “Brasil Médico”, que durante muito tempo foi o único periódico no gênero no país. Foi Diretor da Faculdade de Medicina, Presidente da Academia Nacional de Medicina, tendo presidido em 1910 o Congresso Médico Latino-Americano que se reuniu no Rio de Janeiro. Foi secretário de Francisco de Castro no Instituto Sanitário Federal, destacando-se no trabalho da extinção da cólera morbus durante a epidemia que se alastrou pelo vale do Paraíba. Dirigiu a instrução pública do Distrito Federal e foi Prefeito do Rio de Janeiro de 6 de maio de 1916 a 15 de janeiro de 1917, durante a presidência de Wenceslau Braz. Eleito Deputado Federal pelo Estado do Rio de Janeiro, destacou-se na Câmara em duas legislaturas como membro das comissões de instrução e de higiene públicas. Antonio Augusto de Azevedo Sodré foi fundador e diretor-médico da Companhia de Seguros A Equitativa, a maior empresa no gênero de seu tempo em todo o território nacional. […] Read More

RESGATES PETROPOLITANOS [JOÃO BAPTISTA DE CASTRO]

  RESGATES PETROPOLITANOS Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, associado emérito, ex-associado titular, cadeira n.º 37, patrono Sílvio Júlio de Albuquerque Lima João Baptista de Castro faz parte daquele grupo de pessoas que são maiores no atacado do que no varejo. Era natural de São João del Rei, onde nasceu a 1º de dezembro de 1849. Jovem ainda foi mandado para a Inglaterra e depois para a França onde cursou o Liceu Saint Louis em Paris. Rumou em seguida para Gand, na Bélgica, em cuja universidade diplomou-se em engenharia industrial. Sua graduação deu-se em 1873. De volta ao Brasil, casou-se no Rio de Janeiro com a filha do comendador João Martins Cornélio dos Santos. Fixou-se com a família em Juiz de Fora, onde o fizeram vereador, cargo que ocupou por pouco tempo, tendo-o deixado para assumir a direção da Estrada de Ferro de Juiz de Fora ao Piau. Unindo os seus conhecimentos técnicos que lhe advieram da boa formação universitária ao seu inegável espírito empreendedor, João Baptista de Castro conseguiu pelo decreto geral n.º 9715 de 5 de fevereiro de 1887, privilégio pelo prazo de dois anos para explorar fosfato de cal na fazenda Taipas, Município de Queluz (atual Conselheiro Lafaiete), na então Província de Minas Gerais. Havia no decreto em epígrafe uma certa preocupação com o meio ambiente, dispondo ele, por exemplo, que o concessionário ficava obrigado a “dessecar os terrenos alagados em virtude dos trabalhos da exploração, restituindo-os no seu antigo estado, de modo que não possa ser prejudicada a saúde dos moradores da circunvizinhança.” Passando a residir no Rio, tornou-se João Baptista de Castro comissário de café. Fez-se membro da Sociedade Nacional de Agricultura, vindo a ser um dos grandes propagandistas do cooperativismo. Militando entre os republicanos, privou da amizade de Quintino Bocaiuva, no Rio de Janeiro e de João Pinheiro em Minas Gerais. A convite deste prestou relevantes serviços aos cafeicultores mineiros, participando de congressos, simpósios, seminários. Sua ação em prol da agricultura e da pecuária fez-se sentir também em São Paulo. Foi dos grandes propagandista das qualidades do gado zebuíno; em Aparecida estudou as vantagens de certa leguminosa responsável pela melhora na lactação das vacas; em Piracicaba presenciou a inauguração da Escola Agrícola Luiz de Queiroz, hoje uma referência nacional. João Baptista de Castro foi grande produtor rural nos estados do Rio de Janeiro, de Minas e de São Paulo. Envolvido no movimento de 15 de […] Read More

REVIVENDO HÉLIO WERNECK DE CARVALHO

REVIVENDO HÉLIO WERNECK DE CARVALHO Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel A década de setenta foi o limiar do cordial convívio com o Dr. Hélio Werneck de Carvalho principalmente por sua participação nos concursos literários do Clube dos Advogados. E o contato, até então, literário, solidificou-se em amizade a partir de seu ingresso junto aos Quadros de Membros Efetivos da Academia Petropolitana de Letras ocorrido em dezembro de 1994. Hélio Werneck ocupou a Cadeira número 31, patronímica de Visconde de Ouro Preto do tradicional sodalício em sucessão ao insigne mestre Lourenço Luiz Lacombe. Nesse ínterim, se delineava a sucessão à presidência da APL ao biênio seguinte. Primeiro, convidei o Professor De Cusatis que viria suceder-me e, ao final da administração De Cusatis o nome do mestre Hélio Werneck, por nós foi lembrado, o que, felizmente foi aceito pelo insigne mestre. Era público-notório o espírito empreendedor de Hélio, seu trânsito junto aos meios intelectuais e sociais e o relacionamento harmônico entre seus pares. Mantínhamos encontros quase que diários em meu escritório, outras vezes comparecendo em sua residência e em especial à Casa de Cláudio de Souza nas diversas reuniões plenárias ou solenidades ocorridas em sua profícua gestão. O Professor Hélio me convidou para ser integrante de sua diretoria. O relacionamento foi excelente. Havia comunhão de idéias e de programação. Guardo o Professor Hélio em meu coração e em minhas orações, assim como me lembro com saudades de sua esposa Senhora Alice Atenfelder Werneck de Carvalho, que se destacava pela elegância e sobriedade. O casal trouxe à luz dois filhos: Hélio casado com Heloisa e Maria Alice, viúva do advogado Ivan Guerreiro Vasconcellos. O Mestre Hélio abençoado por Nossa Senhora Aparecida das águas do Brasil, nasceu no dia 12 de outubro de 1923, no lar do Dr. Alynthor Silveira Werneck de Carvalho e de Dna. Maria Helena dos quais recebeu sólida formação moral, religiosa e intelectual. Dentre seus cursos e lauréis destacam-se o de Contador-Bacharel em Ciências Contábeis, Economista-Bacharel em Ciências Econômicas e Administrativas, Técnico em Administração e Ciências Sociais. Detentor do Prêmio Guimarães Rosa, Prêmio Concurso de Crônicas do Clube dos Advogados de Petrópolis, Medalha de Ouro do Concurso Os Mais Belos Contos do Brasil, Prêmio APL de 1988 e muitos outros. Autor dos livros Pó da Terra e Mosaicos da Vida. Realizou inúmeros cursos de atualização profissional quer […] Read More