CIDADE IMPERIAL

  CIDADE IMPERIAL Carlos Alberto da Silva Lopes (Calau Lopes), associado efetivo, titular da cadeira n.º 7, patrono Bartholomeo Pereira Sudré Aproveito esse número de nosso Boletim para alertar sobre uma história, propalada aos quatro ventos, de que Petrópolis é “a única Cidade Imperial do Brasil” ou, ainda, “a única Cidade Imperial das Américas”. Isto não passa de enorme balela e que, portanto, não deve ser repetida. Só para citar, na América do Sul, temos a Ciudad Imperial, no Chile, e a Vila Imperial de Potosi, na Bolívia, títulos esses concedidos por Carlos V. Já Cidade Imperial, em terras brasileiras, foi título conferido por decreto a alguns centros urbanos durante o Império do Brasil, destacando-se: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Ouro Preto (então Vila Rica – MG), Itu (SP), Montevidéu (quando capital da Província Cisplatina), Niterói (RJ), São Luís do Paraitinga (SP) e Belém (PA). Também foram concedidos os títulos de Imperiais Cidades Provisórias a cidades que receberam o imperador e passaram a ser capital provisória do Império, até a partida do monarca. Dentre essas, aponto: João Pessoa (então Parnaíba do Norte) – por conta da estada de D. Pedro II do Brasil, de 24 de dezembro de 1859 a 30 de dezembro de 1859; Teresina – por conta da presença da corte real na cidade, considerada também a primeira cidade planejada do país (?), para sua inauguração, cujo nome é uma homenagem à Imperatriz Teresa Cristina. Já os títulos de Fazendas Imperiais foram, por sua vez, destinados às propriedades rurais pertencentes à família imperial, como a Fazenda do Córrego Seco, berço do nosso município. Tratavam-se de grandes latifúndios, cujas áreas foram colonizadas, progressivamente, dando origem a centros urbanos que perduram até hoje, como: Petrópolis — apenas na qualidade de Fazenda Imperial e residência de veraneio da família imperial, por ocasião do Decreto n.º 155 de 16 de março de 1843; Vassouras — na qualidade de Fazenda Imperial e centro cafeicultor do Vale do Paraíba durante o Império. Petrópolis recebeu o título de Cidade Imperial somente em 26 de março de 1981 (Decreto n.º 85.849), durante o governo João Baptista de Figueiredo, como que a reparar uma injustiça histórica. Particularmente, orgulho-me de ter contribuído decisivamente – à época como vereador e presidente da Câmara – para essa exitosa titulação (sim, porque à parte qualquer discussão não há cidade mais merecedora de tal honraria), como também na luta pela […] Read More

PROJETO HISTORIOGRÁFICO PETROPOLITANO (UM)

  UM PROJETO HISTORIOGRÁFICO PETROPOLITANO Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga Completamos este ano exatamente três décadas de criação de um desaparecido “ente” petropolitano, o “Centro de Pesquisa de História” (CEPEH), da Universidade Católica de Petrópolis. Centro que foi fruto de convênio firmado em 05 de dezembro de 1969, entre o Museu Imperial, Instituto Histórico de Petrópolis, Universidade Católica de Petrópolis e Prefeitura Municipal de Petrópolis, sob orientação do prof. Jeronymo Ferreira Alves. Ele ocorreu justamente na época em que a repressão policial se apresentava de forma acentuada na cidade. Época em que professores ou se demitiram ou se afastaram por serem perseguidos por simples suspeições ideológicas, tais como, Francisco Falcon, Cyro Flamarion Cardoso em 1965, entre outros. Porém idéias sedimentaram-se e um louvável trabalho de organização na implantação de novas orientações, de atualizadas perspectivas às retenções históricas petropolitanas ocorreu, apesar de sangrias e perseguições. Mas com a criação deste Centro, realizou-se um projeto pelos então professores-pesquisadores: Maria Amélia Porto Migüeis, Nazira Murad, José Henrique Rabaço e José Ribeiro de Assis, seguindo orientações metodológicas da professora da UFF, Universidade Federal Fluminense, Amélia Maria de Souza. O produto resultante deste projeto intitulou-se “Considerações Sobre a Historiografia Petropolitana”, um levantamento estatístico de fôlego sobre toda produção histórica realizada e publicada no município petropolitano desde o século XIX, e que foi publicado pela Gráfica da UCP, criada para publicação de trabalhos científicos e segundo autorização dos conveniados em 1975. Trabalho historiográfico que carece de continuidade. Mas, não seria a única obra-prima em historiografia editada em Petrópolis. Outra com menor rigor da técnica arquivística, porém fruto das anotações e observações de um museólogo petropolitano, comprometido com o propósito da indexação, ocorreu em publicação pelo anuário do Museu Imperial também nos anos 70, tendo por base a documentação petropolitana presente no próprio Museu. Publicação que até bem pouco tempo era utilizada como índex para a grande maioria dos pesquisadores leigos da imprensa por sua praticidade e generalização sobre os mais variados assuntos a serem pesquisados sobre Petrópolis. Um trabalho em que Geraldo Camargo com grande paciência costurara por décadas, servindo de complemento após a produção dos volumes da Comissão do Centenário de 1957. Não somente uma relação de notas de publicações como também relações produzidas pelos antigos bibliotecários da Biblioteca Municipal. Porém, desde os anos 90 um trabalho de levantamento histórico, dados, biografias e crônicas […] Read More

RÁDIO UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS – FM ESTÉREO

  RÁDIO UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS – FM ESTÉREO Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette O dinamismo e o espírito empreendedor de Dom José Fernandes Veloso foram responsáveis pela fundação da Rádio UCP, criada pela Resolução número 5/1977, do Conselho Universitário, datada de 1.º de abril de 1977, com a finalidade de “Promover a divulgação da literatura, brasileira e universal; e da boa música, em suas várias formas e estilos; terá noticiário amplo e variado com informação adequada; e difundirá os valores artísticos e históricos, sobretudo de Petrópolis e regiões vizinhas”. (1) (1) Artigo 4.º, Resolução número 5/1977, Conselho Universitário da UCP. Foram necessários quatro longos anos de estudos e trabalhos preparatórios para que ela fosse inaugurada, a 30 de abril de 1981. Durante todo este período, contou Dom José com a valiosa cooperação do então Monsenhor Manuel Pestana Filho, na ocasião diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Administrativas da Universidade, hoje Bispo Emérito de Anápolis e de Aristides Cerqueira Leite, conhecido por sua grande experiência de rádio e televisão, que se tornaria o primeiro Diretor Administrativo da citada emissora. Órgão suplementar da UCP, toda a sua programação é inspirada na doutrina cristã de desenvolvimento integral do homem, através da indissociabilidade da educação e da cultura. Não sendo uma emissora comercial, tem inteira liberdade de colocar no ar uma programação que não impõe ao ouvinte o que o mercado fonográfico exige das emissoras com fins lucrativos. Por ocasião de sua inauguração, Dom José definiu com rara felicidade, a missão da mesma, assim se pronunciando: “A Rádio UCP quer ser um instrumento educativo e cultural da Universidade a serviço de Petrópolis; sem qualquer conotação comercial ou de propaganda, deseja divulgar nossa cultura, a realidade de Petrópolis e suas potencialidades; apoiar as promoções culturais da Cidade Imperial; ser fulcro da extensão a toda a Comunidade da missão educativa da Universidade; servir a toda a rede de Ensino do Município em seu noticiário e, posteriormente, quando os recursos disponíveis o permitirem, com a produção de especiais programas educativos” (2). (2) Veloso, José Fernandes Dom: in informativo UCP, ano XII, número 87, maio de 1981, p. 3. A primeira direção da Rádio UCP ficou assim constituída: Aristides Cerqueira Leite (Diretor Administrativo); Doutor Edson Paulo Lobo (Diretor de Programação); Professor Adalberto Imbrósio (Diretor Técnico); Silvio Carvalho da Silva (Diretor de Jornalismo). Inicialmente a rádio teve pouco […] Read More

QUARENTA ANOS DA INSTALAÇÃO SOLENE DA ESCOLA DE REABILITAÇÃO DA UCP

  QUARENTA ANOS DA INSTALAÇÃO SOLENE DA ESCOLA DE REABILITAÇÃO DA UCP Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette Autorizada a funcionar pelo Conselho Federal de Educação, a Escola de Reabilitação da UCP, terceira do gênero a ser criada no Brasil, realizou seu primeiro Concurso Vestibular na 2ª quinzena de julho de 1969. Na oportunidade, os vestibulandos foram submetidos a provas de Português, Língua Estrangeira, Ciências (conhecimentos básicos de matemática, química, física e biologia) e um teste psicológico de caráter eliminatório. A dois de agosto de 1969, em expressiva cerimônia realizada no auditório Dr. Guilherme Guinle, a Escola de Reabilitação foi solenemente instalada. A instalação da nova unidade de ensino foi presidida pelo Magnífico Reitor Dom José Fernandes Veloso e contou com a presença de inúmeras personalidades, destacando-se o Professor Doutor Raymundo de Britto, ex-Secretário de Saúde do Estado e ex-Ministro da Saúde. Ao proferir a aula inaugural, o Professor Dr. Raymundo de Britto ressaltou a importância da nova unidade de ensino dizendo a certa altura: “Ser enorme o número de indivíduos afastados da vida, do trabalho, e privados da alegria de viver, os quais poderão graças a formação de terapeutas, voltar à vida normal, integrados para a auto-realização e o progresso do País”. A Escola de Reabilitação iniciou com o curso de fisioterapia e posteriormente passou a oferecer os cursos de fonoaudiologia, reconhecido em 1º de junho de 1977 e o curso de enfermagem e obstetrícia reconhecido em 13 de abril de 1983. Durante esses 40 anos de existência, a Escola de Reabilitação foi dirigida com dedicação e eficiência pelos seguintes professores: Dr. Júlio Pinto Duarte (1969 – 1975); Dr. Giorgio Mazantinni (1975 – 1984); Dr. Valter José Silero (1984 – 1990); Prof. Gerson de Aguiar Loureiro (1990 – 2003); Prof.ª Ana Lúcia Casamasso Machado da Costa Habbib (2003 – 2004); Prof.ª Dulce Amélia dos Santos (2004 – 2006); Prof.ª Marília Isabel Winter H. Leon (2006 – 2008). Em 2008 a Escola de reabilitação foi integrada ao Centro de Ciências da Saúde, criado pela Resolução 08/2008, ocupando a direção o Professor Dr. Helmuth Ricardo Krüger. Em 24 de julho de 1971, sob o patrocínio da UCP, realizou-se um histórico Encontro dos Diretores das Escolas de Reabilitação do país, que contou com a presença de renomados especialistas como os doutores Fernando Nova, de Salvador; Hélio N. Batista, de Recife; Gilberto de Almeida da Fonseca, […] Read More

DO SOBRADO AO PALÁCIO AMARELO

  DO SOBRADO AO PALÁCIO AMARELO Maria de Fátima Moraes Argon, associada titular, cadeira n.º 28, patrono Lourenço Luiz Lacombe Na casa n.º 12 da Rua Paulo Barbosa, residência da Família Rocha, onde hoje se encontra erguido o Edifício Rocha, foi instalada a Câmara Municipal de Petrópolis em 17 de junho de 1859, tomando posse os vereadores Albino José de Siqueira, Manuel Francisco de Paula, Manuel Cândido do Nascimento Brito, Augusto da Rocha Fragoso, João Batista da Silva, Inácio José da Silva. A referida casa e os móveis foram emprestados à Câmara pela Superintendência da Fazenda Imperial de Petrópolis, conforme informação extraída da ata da 2ª sessão da Câmara, de 21 de junho de 1859. Em 10 de fevereiro de 1862, o Imperador D. Pedro II visitou este prédio, conforme relata em seu diário: “Fui ver o edifício da Câmara Municipal. Tinha avisado o presidente da Câmara que aí se achava bem como o procurador. A casa não é má; porém conviria em lugar de pagar aluguel de um conto comprá-la […].” Correio – Rua do Mordomo – Museu Imperial O legislativo petropolitano provavelmente permaneceu neste prédio até 1863 quando então transferiu-se para o sobrado de propriedade de André Flaeschen. No dia 17 de novembro de 1863, o procurador da Câmara, Gregório José Teixeira e o proprietário da casa sita à Rua do Imperador n.º 1, André Flaeschen celebraram o contrato de arrendamento por quatro anos da referida casa, a contar do dia 15 de novembro de 1863, para servir de sede do legislativo. Tratava-se do prazo n.º 1416 da Renânia Inferior, onde funcionou o Bali Beer, esquina das atuais ruas Professor Pinto Ferreira e Dr. Nelson de Sá Earp. O contrato certamente foi renovado, pois na ata da 13ª sessão ordinária, de 17 de setembro de 1877, André Flaeschen apresentou um requerimento de 11 de agosto, no qual pediu pagamento dos aluguéis da casa que a Câmara ocupou de janeiro a julho do corrente ano. 2_CMP_12 Museu Imperial Em 9 de março de 1877, na 4ª sessão ordinária, o Vereador Paulino Afonso Pereira Nunes apresentou uma proposta para que a Câmara mudasse para a casa da Rua do Imperador n.º 52, sobrado, em frente ao jardim público (mais tarde foi o n.º 555/571 da Av. 15 de Novembro), já que o proprietário da casa em que atualmente a Câmara funcionava tinha elevado o aluguel para 1:000$000 réis. Os vereadores […] Read More

SONHO DE UMA CIDADE CINEMATOGRÁFICA – CONCLUINDO (O)

  O SONHO DE UMA CIDADE CINEMATOGRÁFICA – CONCLUINDO Raul Ferreira da Silva Lopes, associado efetivo titular da cadeira n.º 32, patrono Oscar Weinschenck A pesquisa, às vezes, não consegue alcançar todos os documentos que a completariam em tempo hábil. Foi assim no caso deste artigo publicado na edição de aniversário do I.H.P. Após sua publicação, recebemos uma gentil carta de Vitorino Chermont de Miranda (do Instituto Brasileiro de Geografia e História), contestando a data da compra da Fazenda pela CBC (Companhia Brasil Cinematográfica) como avaliamos. Lembrou-se ele de que havia guardado um exemplar da Revista SELETA, nº 10, de 05 de março de 1921. No artigo apresentado, havia três fotos do Castelo São Manoel. Na principal, em frente ao Castelo e nas escadarias do mesmo, um grupo de pessoas e a legenda assim explicava: “Na recepção no Castelo São Manoel – grupos de convidados do casal Oscar de Teffé, vendo-se ao centro os Drs. José Carlos Rodrigues, Afrânio Peixoto, o Conde de Leopoldina e Sua Sra., e o Dr. Leitão da Cunha.” Como se vê, em 1921 a Fazenda ainda pertencia ao casal Oscar de Teffé, e não podia ter sido comprada pela CBC em 1919, quando ela havia atingido o incrível número de ter 400 casas de exibição de filmes, donde imaginamos a suposta data de compra, com o objetivo de produzir filmes para abastece-las. No nosso artigo anterior, publicamos uma carta-requerimento da CBC, em 1927, dirigida ao Prefeito de Petrópolis, em que solicitava a instalação de iluminação pública e informava a venda de lotes do loteamento que haviam implantado na Fazenda, bem como a construção de 20 bangalôs. Está claro que a venda da Fazenda se processou, então, entre 1921 e 1927 Confrontando a história da CBC com os dados acima apresentados, poderemos chegar próximos da real data da compra e venda da Fazenda do Castelo São Manoel. Francisco Serrador, presidente da CBC, ficou nos Estados Unidos de 1922 a 1925, onde foi se aprimorar nos conhecimentos de produção de filmes, em Hollywood e em montagem e realização de musicais na Broadway. Voltando ao Brasil em 1925, inaugurou, no Rio de Janeiro, o Quarteirão Serrador, hoje Cinelândia, e nele o Cine Capitólio, o mais “chic,” na época, do Rio. Como já temos o espaço entre 1921 e 1927 para a data real da venda da Fazenda e a compra pela CBC, tranquilamente podemos avaliar a data em […] Read More

MEMORIAL DE MARIA COMPRIDA: OU SERIA O “SACI PERERÊ DA MARIA COMPRIDA” UMA PROSTITUTA?

  MEMORIAL DE MARIA COMPRIDA: OU SERIA O “SACI PERERÊ DA MARIA COMPRIDA” UMA PROSTITUTA? Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, associado titular, cadeira n.º 13, patrono Coronel Amaro Emílio da Veiga “Em toda África Ocidental, a crença na ação constante dos antepassados falecidos assume uma força incalculável… sente-se a presença contínua deles; os indivíduos são persuadidos de que eles velam pela casa, que estão diretamente interessados em todos os assuntos da família e em suas propriedades, que fornecem colheitas abundantes e garantem a fecundidade…” (G. Parrinder, La Religion em Afrique Occidentale, p.139, in, As Culturas e o Tempo, Editora Vozes/Edusp) É habitual que a pesquisadores sempre ocorra curiosidade por denominações criadas para elementos que compõem o universo geofísico, principalmente quando o são de nosso relevo. Assim, montanhas, morros, rios e outros tiveram a etimologia das palavras que as compõem, pesquisadas e, muitas vezes, explicadas, pois surgia, por vezes, como resultado da visita de viajantes ou exploradores, cristãos, em sua maioria, para comemorar dias santificados, ou como contemporaneamente por reflexo do cotidiano das sociedades que lhe são próximas. Um ex-aluno, hoje excursionista, chamou nossa atenção para o nome de um dos pontos culminantes de Petrópolis, considerado por alguns especialistas em escaladas como o segundo maior monumento monolítico do mundo, por sua condição. Falamos do “Pico da Maria Comprida”, e que também representa uma das mais importantes elevações do Estado do Rio de Janeiro. O pico localiza-se em Araras, erguendo-se a uma altitude de 1.926 metros, e podendo ser seu cume alcançado por caminhada. Mas sua parede sul, ao que parece nunca foi escalada, existindo uma só via conquistada na face norte. A verticalidade e grandiosidade da face sul foram fatores que conduziram a maioria dos alpinistas, profissionais ou amadores, a desistirem de se aventurar em suas paredes. A via pode ter cerca de 900 metros, podendo segundo alpinistas ser a maior do Brasil. Precisamente no momento em que fui inquirido, não me ocorreu razão para a denominação, mas procurei justificar historicamente, que poderia ser um fato do contexto social da própria região, e que iria pesquisar melhor, pois isto nos remeteria talvez a uma investigação até de ordem social, já que de ordem histórica, até onde me recordava nada existia, principalmente, quanto a viajantes do século XIX. Seria “Maria Comprida” uma das moradoras, sitiante ou até fazendeira da área de Araras no século XIX? Lembrei-me de, quando do levantamento do arquivo […] Read More

POSSE DE MARIA DE FÁTIMA MORAES ARGON – LEMBRANÇAS DE LOURENÇO LUIZ LACOMBE

  POSSE DE MARIA DE FÁTIMA MORAES ARGON – LEMBRANÇAS DE LOURENÇO LUIZ LACOMBE Maria de Fátima Moraes Argon, associada titular, cadeira n.º 28, patrono Lourenço Luiz Lacombe Já há alguns anos venho sendo convidada para ingressar nesse Instituto Histórico de Petrópolis, mas sempre considerei que não era o momento certo de aceitar, apesar de ser um momento por mim muito esperado e com a certeza de que seria muito especial. Quando meses atrás recebi o convite do professor Jeronymo, meu professor de História Antiga no curso de História da UCP, para me tornar sócia efetiva, pensei: É chegada a hora! Hoje realmente me sinto preparada e, acima de tudo, motivada a participar de forma mais ativa e direta de suas ações e reflexões. Sempre me senti como parte deste Instituto mesmo que informalmente. Sinto-me em casa, isto porque desde 1980, quando ingressei como estagiária no Museu Imperial, passei a ter contato com o Instituto através de três de seus membros: Lourenço Luiz Lacombe, Dora Maria Pereira Rego Correia e Áurea Maria de Freitas Carvalho. Depois, em 1982, como funcionária, passei a ter contato com outros membros do IHP que na qualidade de pesquisadores iam ao Arquivo Histórico do Museu Imperial buscar subsídios para a elaboração de seus trabalhos. Com alguns tive uma relação rápida, mas nem por isso menos produtiva. Durante essa relação, fui não só aprendendo com eles, mas acima de tudo, admirando e respeitando o trabalho de cada um. E o mais importante, eu fui fazendo amigos. Na verdade, a minha formação está intimamente ligada a cada um de vocês. Quando recebi a comunicação oficial de que a Assembléia aceitara a minha indicação e que a posse seria hoje, dia 9 de fevereiro, tive a honra de saber que o patrono era Lourenço Luiz Lacombe, a quem, na oportunidade, eu deveria fazer um breve elogio. Preocupada com essa missão fiquei desde o dia 24 de janeiro pensando: O que vou falar? Daí percebi que falar da sua formação acadêmica, relacionar seus feitos, exigiria de mim conhecimento e pesquisa, mas não era exatamente isso o que eu desejava. Falei da minha insegurança para uma outra pessoa que me é muito cara, José Gabriel da Costa Pinto, e ele disse: “Fale do seu dia a dia com ele, certamente você conseguirá o que deseja”. Refletindo sobre esse conselho, cheguei à seguinte conclusão: realmente, contar histórias vividas por mim e […] Read More

SANTOS-DUMONT, O INVENTOR

  SANTOS-DUMONT, O INVENTOR Manoel de Souza Lordeiro, ex-associado titular, cadeira n.º 24, patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido a 21/07/2008 Cartaz comemorativo (M. S. Lordeiro) Desde cedo Alberto Santos-Dumont mostrara pendores para a mecânica. Ainda menino, conduzia os pesados locomóveis da fazenda dos Dumont em Ribeirão Preto. Aos doze anos já tomava o lugar dos maquinistas nas locomotivas Baldwin que tracionavam os vagões de café através da extensa via férrea que cortava a fazenda. Enquanto seu pai e seus irmãos inspecionavam a fazenda em suas montarias, o pequeno Alberto corria para a usina onde passava horas observando as máquinas de beneficiamento de café. Vem de tempos remotos o desejo de elevar-se às alturas e navegar pelo céu. Até o século XIX, entretanto, os balões que empregavam o ar aquecido ou os gases mais leves que o ar, eram a única realidade em aeronáutica. Podemos considerar como ponto de partida o feito do padre brasileiro Bartholomeu Lourenço de Gusmão que, em 8 de agosto de 1709, em presença de D. João V e sua corte, ergueu-se do solo num balão Bartholomeu de Gusmão 08/08/1709 com ar aquecido de onde pendia uma cesta de vime com a forma de um pássaro, a “passarola”. Passarola Em 1888 Santos-Dumont viu, pela primeira vez, um balão tripulado. Tinha, então, 15 anos, e já estava bastante informado sobre as invenções dos irmãos Montgolfier, de Charles e Pilâtre de Rozier e Henri Giffard. Montgolfier (06/1783). Blanchard e Jeffries (1785) Já pensando além dos balões, e por influência dos conhecimentos adquiridos em mecânica, dizia: “No dia em que for produzida a invenção vitoriosa (referia-se ao vôo mais pesado que o ar) ela não será constituída nem por asas que batam nem por coisa semelhante que se agite”. Navegar em um balão esférico passa a ser um dos seus objetivos. A oportunidade surgiria em 1891 quando seu pai, Henrique Dumont, necessitando de tratamento de saúde, resolveu viajar com a família para a França. Em Paris fora lançado o primeiro balão de hidrogênio e voara a primeira aeronave “com sua máquina a vapor, seu propulsor de hélice e seu leme”, diz Santos-Dumont. Ele acreditava que a aeronáutica teria feito progressos desde o feito de Giffard em 1852. Henri Giffard (1852) Foi com surpresa que constatou que ainda não existiam balões dirigíveis: à exceção das tentativas dos irmãos Tissandier em 1883, e de Renard e Krebs em 1885, ninguém dera continuidade […] Read More

CORTE PORTUGUESA NO BRASIL E A ATUAÇÃO DO PRÍNCIPE REGENTE (A)

  A CORTE PORTUGUESA NO BRASIL E A ATUAÇÃO DO PRÍNCIPE REGENTE Manoel de Souza Lordeiro, ex-associado titular, cadeira n.º 24, patrono Henrique Pinto Ferreira, falecido a 21/07/2008 Em 1806 quase toda a Europa se encontrava sob o domínio de Napoleão Bonaparte: a nação que não se aliasse aos franceses era por eles subjugada. Restavam ainda, no extremo ocidental, a Inglaterra – seu inimigo maior – Espanha e Portugal, este um tradicional aliado dos ingleses. Através de um decreto que fez publicar em Berlim, em novembro de 1806, Bonaparte determinava que “os navios, as mercadorias e os imóveis de propriedade de súditos ingleses, e eles próprios, que se encontrassem em qualquer país do continente, seriam considerados boas presas de guerra”. A resposta não se fez esperar: Canning, ministro de George III, declarava à França e a todas as nações que a ela se aliassem ou estivessem sob seu controle, que se considerassem bloqueadas, sendo ilegal todo o comércio marítimo por elas praticado; autorizava-se, ao mesmo tempo, o corso contra os seus navios. Em 1807 Napoleão dominava a Espanha, colocando no trono espanhol seu irmão José Bonaparte, restando, assim, a adesão de Portugal para que se completasse o bloqueio continental. Em novembro desse ano, intimados pela França a declarar guerra aos ingleses, os portugueses ainda tentaram uma manobra de despistamento, com uma fictícia declaração de guerra, ainda que, secretamente, permanecessem fiéis aos compromissos assumidos com a Inglaterra. O ardil não deu certo, ordenando Napoleão a imediata invasão de Portugal. Um tratado secreto assinado entre França e Espanha, em outubro de 1807, suprimia Portugal da carta política da Europa, dividindo o seu território em três Estados, cabendo um deles ao Rei da Etrúria (atual Toscana), outro ao Príncipe da Paz, D. Manuel de Godoy – ministro de Carlos IV de Espanha e que traiu sua pátria em favor de Napoleão – e o terceiro à França, que o manteria sob seu domínio, podendo até restituí-lo, mais tarde, à dinastia de Bragança – desde, é claro, que esta lhe fosse submissa. Por outro lado, o Imperador havia deixado bem claro o tratamento humilhante que seria dispensado à família real quando suas tropas chegassem a Lisboa. Em Portugal, o Conselho de Estado era presidido pelo Príncipe Regente D. João, que assumira o governo em 1792 em substituição à sua mãe, a Rainha D. Maria I, afastada do trono por problemas mentais. Diante das ameaças […] Read More