GUILHERME EPPINGHAUS, UMA VIDA DEDICADA AO COMÉRCIO PETROPOLITANO

  GUILHERME EPPINGHAUS, UMA VIDA DEDICADA AO COMÉRCIO PETROPOLITANO Jeronymo Ferreira Alves Netto Filho do colono Pedro Eppinghaus e de sua esposa Catharina Magdalena Conrad Eppinghaus, nasceu Guilherme Eppinghaus em Petrópolis, a 16 de janeiro de 1854. Inclinado desde a mais tenra idade à atividade comercial, aos 14 anos o jovem Guilherme já trabalhava num dos mais antigos e tradicionais estabelecimentos comerciais da cidade, a “Casa Molitor”, um verdadeiro bazar, onde os fregueses encontravam os mais variados artigos. Em 1872, transferiu-se para a firma Ernesto José Olive que, em 1862, havia fundado a casa comercial denominada “Ao Livro Verde”. No início da Rua D. Januária, atual Marechal Deodoro. Segundo nos informa o saudoso historiador Walter Bretz, “eram na época os mais antigos estabelecimentos comerciais além da Casa Olive, a Ouriversaria Rittmeyer, a Serralheria Faulhaber, a Floricultura Binnot, a Alfaiataria Bretz e a Casa Duriez, firmas que passaram de pais para filhos e netos” (1). (1) BRETZ, Walter. “Do Livro Verde A Casa Olive”. Petrópolis, Tribuna de Petrópolis, 2 de novembro de 1824 Filho de João Batista Olive, proprietário do Hotel França, o carioca Ernesto José olive imprimiu ao seu estabelecimento tal orientação e seriedade, que aca bou recebendo o título de “Fornecedor da Casa Imperial”, alta distinção concedida na época a um estabelecimento do gênero, que lhe permitiu utilizar as armas imperiais em suas faturas. Este honrado comerciante, que ocupou em nossa cidade os cargos de Juiz de Paz e Subdelegado, faleceu em 1694, aos 61 anos de idade. Após o falecimento da viúva Olive, o estabelecimento que então funcionava junto ao Hotel Bragança, passou à propriedade do filho do casal, João Napoleão Olive que o transferiu para o número 1.064 e mais tarde para o número 848, da então Avenida 15 de novembro, onde funcionou até 1924. Nesta casa comercial, Guilherme Eppinghaus completou seu longo aprendizado no ramo do comércio, tendo nela permanecido até 1878, quando então, aos 24 anos de idade, estabeleceu-se com seu próprio negócio, à Rua do Imperador nº 53. Em sua loja os fregueses encontravam sempre grande sortimento de material de escritório, livros, músicas para piano, flauta e canto, tecidos, perfumarias etc. Graças a seu honesto e perseverante trabalho, sua firma adquiriu grande renome e logo se tornou também, a exemplo de “Ao Livro Verde”, fornecedora da “Casa Imperial”. Dezesseis anos mais tarde, mudou-se para um prédio localizado no lado oposto da Rua do Imperador, […] Read More

COLONO THEODORO EPPINGHAUS (O)

  O COLONO THEODORO EPPINGHAUS Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette O colono Theodoro Eppinghaus nasceu em Berlim, em data que não pode ser precisada com segurança, possivelmente em 1800. Consta que era descendente de família nobre e que teria sido deserdado pela mãe por ter se casado com uma plebéia, Katrim Lakes (ou Laks), holandesa, natural de Amsterdam, que se dedicava à criação de cabras. Na verdade, não possuímos dados precisos sobre sua família. Este fato e a originalidade do nome “Eppinghaus”, nos levaram a recorrer a um interessante estudo levado a efeito pelo Dr. Padberg Drehkpol, alemão, nascido na região denominada Westphalia, que residiu em Petrópolis, onde possuía uma casa na Presidência e que, tornando-se amigo do Dr. Guilherme Eppinghaus, se interessou em descobrir o significado etimológico da palavra. Assim, afirma o referido estudioso que “o segundo elemento (haus = casa) corresponde em antigo e baixo alemão a “hus”, em inglês “house” e em holandês “huis”, concluindo deste modo que o nome pertence à classe numerosa dos apelidos de proveniência local, tirados do nome da residência ou origem, quer dizer: “Eppinghaus” chamava-se primitivamente alguém que era natural de uma localidade deste nome ou que tinha qualquer relação com ela. Quanto ao significado do primeiro elemento “Epping”, o citado pesquisador nos fornece uma série de possíveis significados que ele mesmo acaba por refutar, por reconhecer não resistirem os mesmos a uma crítica filológica apurada. Deste modo acaba concluindo que “Eppinghaus” com “pp” corresponde a “Ebbinghaus”, com “bb”, significando a terminação “ing”, deste segundo nome, a filiação ou descendência de um pai ou troco comum”(1). (1) Anotações das informações fornecidas pelo Dr. Padberg Drehkpol ao Dr. Guilherme Pedro Eppinghaus. Theodoro Eppinghaus era ebanista (marceneiro; entalhador), especializado na construção de móveis para piano. Este fato, provavelmente, explica sua presença em várias cidades alemãs, antes de embarcar para o Brasil. Assim além de Berlim sua cidade natal, esteve com certeza em Wesel (Reno-Prússia), onde nasceu seu filho Pedro e Leipzig, onde nasceu sua filha Marie Sophie, pois mesmo numa Alemanha impregnada pelas composições musicais de Ludwig Van Beethoven (1770-1827) e Richad Wagner (1813-1835), o mercado de trabalho para um especialista na construção de móveis para pianos deveria ser até certo ponto restrito.Theodoro veio para o Brasil em companhia da esposa e dos filhos Pedro, Rosine Teodora, Algedunda (ou Hildegonde) e Marie Sophie, a bordo do […] Read More

COLONO PEDRO EPPINGHAUS (O)

  O COLONO PEDRO EPPINGHAUS Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette Pedro Eppinghaus, nascido em Wesel (Reno-Prússia), em 11 de fevereiro de 1830, veio para o Brasil em companhia de seus pais Theodoro e Katrim Lakes Eppinghaus. Até então, havia sido criado pela avó, professando a fé católica, ao contrário dos pais que eram protestantes, tendo aqui chegado aos 15 anos de idade. Pouco tempo depois de sua chegada a Petrópolis, foi trabalhar no Rio de Janeiro, numa indústria ligada ao ramo de madeiras. Ali adquiriu uma doença nas mãos que, apesar de tratamento específico, não apresentava melhoras. Este fato o trouxe de volta a Petrópolis em busca de recuperação. Em nossa cidade conheceu Catharina Magdalena Conrad. Viúva do colono Jacó Feldmann, vizinha de seus pais e onze anos mais velha que ele, com quem se casou em 6 de janeiro de 1850 (1). (1)Livros de Assentamento de Casamentos da Igreja Evangélica: A-42-2345-6-1-1850. Catharina Magdalena Conrad, nascida em Aachen, em 19 de janeiro de 1819 era filha de João Nicolau Conrad e Maria Catharina Conrad. Catharina Magdalena Conrad e Pedro Eppinghaus, casados a 06/01/1850 em Petrópolis. (Acervo da família). O casal Pedro-Catharina deixou uma descendência de três filhos: 1 – Pedro Theodoro, nascido em Petrópolis em 3 de janeiro de 1851 e falecido em 13 de dezembro de 1892. Pedro Theodoro casou-se com Emma Catharina Reichelt, em 1º de junho de 1878, com quem teve dois filhos: Eugênia Ester e José Pedro; 2 – Guilherme, nascido em Petrópolis em 16 de janeiro de 1854 e falecido a 5 de abril de 1944. Guilherme casou-se com Deolinda Hingel Eppinghaus, em 23 de julho de 1890, com quem teve quatro filhos: Olga Clotilde, Bertha Francisca, Guilherme Pedro e Alzira Eugênia. 3 – Catharine Rosine, gêmea de Guilherme, nascida em Petrópolis em 16 de janeiro de 1854 e falecida em 20 de novembro de 1908. Catharine Rosine casou-se com Henrique Knecht, em 22 de novembro de 1879. Seu marido, natural de Sulzheim (Alemanha) era filho de Joseph Knecht e Magdalena Knecht. O casal teve uma única filha, Magdalena Francisca Knecht, nascida em 7 de novembro de 1884 e falecida em 27 de dezembro de 1960. Henrique Knecht, cumpre ressaltar, foi um dos primeiros floricultores de Petrópolis, Em sua propriedade, localizada à Rua Souza Franco, prazo de terras nº 2210 (Quarteirão Palatinado Inferior), cultivou plantas e flores […] Read More

FELISBERTO MONTEIRO RIBEIRO NETO

  FELISBERTO MONTEIRO RIBEIRO NETO Antônio Izaías da Costa Abreu, associado titular, cadeira nº 3, patrono Antônio Machado Designado pelo ilustre e honrado Presidente deste Sodalício, Professor Joaquim Eloy dos Santos, para proferir, na data de hoje, palestra sobre o bicentenário da transmigração da Família Real ao Brasil, senti-me surpreendido, ao receber, na última quarta feira, convite para comemoração do centenário de nascimento do saudoso acadêmico e particular amigo, Desembargador Felisberto Monteiro Ribeiro Neto, indicando-me como o orador deste evento. De início, verifiquei duplo equívoco, posto que o assunto ventilado não era a celebração do bicentenário da vinda da Família Real ao Brasil, nem mesmo o centenário do homenageado, eis que veio ele ao mundo em 12 de fevereiro de 1917. Em sendo assim, apesar de não estar devidamente preparado para tal missão, embora honrado com o convite, coloquei-me na situação do patriarca Abraão, quando, no cimo do Monte Mariá, no Hebron, há milênios, recebeu do Senhor a incumbência de pregar o Evangelho aos gentios. Como o patriarca, eu, sendo o menos indicado para tal mister, piedosamente, perguntei: “Senhor, porque me colocastes o fardo de tão difícil missão?”. O Senhor disse-me, em resposta: “Não temeis porque fostes o escolhido”. Assim, como Abraão, que não pôde recusar a missão que lhe fora confiada, eu também, neste momento, não posso e não devo, em obediência ao digno Presidente e querido amigo, eximir-me de tão grande honraria. Pensei, inicialmente, face à exigüidade de tempo e aos inúmeros afazeres, à conclusão do livro “Comarcas Fluminenses”, já previamente convencionado com o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, para 12 de dezembro próximo, em solicitar adiamento da palestra, contudo, não ousaria decepcionar os presentes com a minha ausência. Na verdade, é sobremodo honroso para mim, mesmo diante de tantos percalços já mencionados, discorrer nesta engalanada noite sobre a inigualável figura de Felisberto Monteiro Ribeiro Neto, erudito jurista, um dos mais respeitáveis desembargadores do antigo Tribunal do Estado do Rio de Janeiro e da mesma Corte de Justiça, após a fusão das duas unidades federativas. Não obstante não haver deixado nenhum trabalho jurídico, legou-nos com a justeza de suas decisões, bem elaboradas sentenças e primorosos acórdãos, que sempre serviram de parâmetros aos seus pares, juízes, advogados, promotores de justiça e a todos aqueles voltados à carreira jurídica. Filho de Arthur Monteiro Ribeiro da Silva e Maria José Monteiro Ribeiro, de quem recebeu […] Read More

VILEGIATURA COMO GÊNERO DIVERSO DO TURISMO (A)

  A VILEGIATURA COMO GÊNERO DIVERSO DO TURISMO Júlio Ambrozio, associado titular, cadeira n.° 30, patrono Mons. Francisco de Castro Abreu Bacelar De imediato, seria necessário observar que a viagem – o deslocamento de um ponto a outro relativamente distante – atravessa a história. A viagem foi comercial – e esta se mantém como uma das formas básicas de deslocamento: os fenícios foram os primeiros a romperem com a tradição do comércio terrestre, navegaram por todo o Mediterrâneo, fundando feitorias e estações marítimas de Beirute, Aca, Jaffa, passando pelas ilhas de Malta, Lampeduza, Gozo, Pantelaria até Alcácer do Sal em terras do rio Sado lusitano (1); os espanhóis viajaram para, violentamente, despojarem a América do Sul e Central; a Liga Hanseática fundara em toda a Europa norte e oriental escritórios e, sob influxo do Capitalismo comercial, cidades como Leipzig e Hannover tornaram-se lugares de referência para os caixeiros viajantes do mundo; até os índios ribeirinhos da bacia amazônica do século XVI dão evidências da viagem de longa distância comercial, ou de troca, interrompida pela chegada do europeu (2); os próprios gaúchos carregam no nome a sua origem errante: gaudério, tipo social afeito à montaria, viajante fronteiriço, até o século XIX, à procura do gado alçado e dos ganhos de contrabando nas duas áreas platinas e no antigo Continente de São Pedro do Rio Grande. (1) Cf. CAMINHA, João Carlos. História Marítima, Biblioteca do Exército, RJ, 1980, pp. 13-17. (2) Cf. CARVAJAL, Frei Gaspar de. Relatório do novo descobrimento do famoso rio grande descoberto pelo Capitão Francisco de Orellana, Escritta editorial / Embajada de España, bilíngüe, SP,1992. Cf. também PORRO, Antônio. As Crônicas do Rio Amazonas, notas etno-históricas sobre as antigas populações indígenas da Amazônia, Vozes, Petrópolis, 1993. É de se notar ademais que, toda a vida, os exércitos viajaram: o Grande Exército napoleônico da Campanha de 1812 atravessou o rio Niemen – fronteira dos antigos Grão-Ducado de Varsóvia e da Prússia Oriental com a Rússia – a caminho de Moscou com 420.000 homens, deslocando-se, entre a marcha ofensiva e a fuga por quase dois mil quilômetros (3); a Coluna Prestes viajou cerca de 25.000 quilômetros pelo interior do Brasil, de São Borja até o seu exílio em Santa Cruz, na Bolívia; os Farroupilhas deslocaram-se pelos campos do sul rio-grandense, guerreando o Exército Imperial. (3) Cf. CLAUSEWITZ, Carl Von. A Campanha de 1812 na Rússia, Martins Fontes, RJ, 1994. Cf. também: […] Read More

WALTER JOÃO BRETZ – RESUMO BIOGRÁFICO

  WALTER JOÃO BRETZ – Resumo biográfico Gabriel Kopke Fróes, Fundador, Patrono da Cadeira n.º 18 Nasceu Walter João Bretz em Petrópolis, a 20 de junho de 1882, filho de Felipe Bretz e de Maria Elisa Auler Casqueiro. Iniciou seus estudos aos seis anos com o professor Frederico Stroele e completou-os no Colégio Brasileiro-Alemão do professor Hans Heilborn. Com apenas 15 anos, emprega-se no armazém de secos e molhados de Land, Avelar & Cia. Trabalha após no depósito de cerveja do pai e no salão Floresta. Em 15 de julho de 1900, ingressa na “Gazeta de Petrópolis” como repórter. Fundada “Tribuna de Petrópolis” a 9 de outubro de 1902, a ela se incorpora Walter João Bretz para sempre. Seu primeiro artigo sobre a história de Petrópolis foi publicado nos números de Tribuna de Petrópolis de 28 e 30 de junho e 2 de julho de 1904; e o último deve ter sido o “1º Batalhão de Caçadores” publicado na mesma ”Tribuna de Petrópolis” de 7 de setembro de 1943 Mas não foi só com “Tribuna de Petrópolis” que Walter Bretz colaborou: quase todos os jornais de Petrópolis publicaram os seus apreciados artigos, podendo entre eles, ser destacados O Comércio, com 26 trabalhos; Jornal de Petrópolis com 11; Pequena Ilustração com 2; A Gazeta, O Século, A Hora e Jornal do Itamarati. Na Tribuna de Petrópolis, seus artigos foram mais de 130. A maioria dos artigos de Walter Bretz foi publicada sob o pseudônimo de “João de Petrópolis”. Walter Bretz, no entanto, nunca foi jornalista profissional. A vida ele a ganhou, inicialmente, no comércio. Em 5 de maio de 1901, ingressou no funcionalismo municipal como praticante da Contadoria, cargo que, a 16 de abril de 1910, deixaria para assumir o de praticante da agência local dos Correios. No serviço federal então, fez carreira, galgando todos os postos hierárquicos, inclusive o de Agente, o mais elevado de todos, para o qual foi nomeado a 29 de dezembro de 1922. Walter João Bretz (1882-1944) – Foto Hees coleção particular Dr. Felipe Eduardo Bretz Fez parte – figura proeminente que era – das principais instituições da terra. Foi sócio fundador e tesoureiro do Círculo de Imprensa, fundado em 1916; presidiu a Associação Petropolitana de Sports, como mediador, de 13 de maio a 12 de julho de 1923; presidiu o Museu Histórico de Petrópolis, datando sua nomeação de 7 de abril de 1933; fez parte da […] Read More

SOBRE O ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL

  SOBRE O ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira O Instituto Histórico de Petrópolis acaba de protocolar documento endereçado ao Prefeito Municipal, manifestando grande preocupação com o Arquivo Público e a Biblioteca do Município. Em um dos tópicos, o IHP assinala que o ‘inestimável tesouro compõe o maior e mais rico arquivo público existente no interior fluminense, representativo de toda a vida petropolitana’. E enfatiza que ele “carece de melhor técnica, de esmerada conservação e de constante atualização”. Uma das argumentações mais fortes do documento é apreciar-lhe a finalidade e real importância quando afirma: “um Arquivo Público é tão essencial ao munícipe como qualquer outro setor da Administração, senão o mais expressivo, em razão de conter a documentação de toda a vida da população, das instituições, da política, enfim, constituindo-se no repositório documental de todo o processo evolutivo municipal”. Atualmente o dito Arquivo encontra-se no prédio do Centro de Cultura Raul de Leoni em dependências da Biblioteca. Está mal instalado em salas e espaços inadequados e carente de climatização ambiental tecnicamente adequada; não oferece condições ideais aos consulentes. Em outro tópico do documento ressalta o IHP que “a manutenção do acervo não tem recebido a necessária atenção, faltando a modernização essencial para que seja mantido e preservado para as gerações futuras. Por fim, tem faltado a compreensão vigilante da Autoridade Pública quanto à sua visceral importância”. O Arquivo Municipal foi criado pelo Decreto nº 198, de 7 de janeiro de 1977, e desde essa época o acervo, para mais de uma década, já deveria ter um espaço adequado e o tratamento que merece, o que não vem ocorrendo, entra administração e sai administração. O documento do IHP esclarece, ainda, que “um Arquivo Público é primordial, alicerce para a prática diária da administração e fonte primária para a pesquisa histórica”. O IHP tem reconhecido pelo menos um fator determinante para que ainda exista a rica documentação, que contempla no documento, ao afirmar “que a situação do Arquivo Municipal estaria muito pior se não fosse a dedicação de funcionários municipais que a ela emprestam seu sacrifício e competência, embora sem respaldo técnico algum”. A solicitação final do IHP é que seja obedecida a legislação pertinente em vigor, urgindo iniciar projeto para o Arquivo, ressaltando-se que o documento ora protocolado ao Prefeito Municipal foi elaborado por uma comissão de historiadores e […] Read More

CINEMA, TRADIÇÃO E PIONEIRISMO

  CINEMA, TRADIÇÃO E PIONEIRISMO Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira Petrópolis tem tudo a ver com o cinema. Dois dentre os pioneiros da sétima arte saíram da Cidade de Pedro. Primeiro, o comerciante William Auler, nascido Cristóvão Guilherme Auler a 27 de setembro de 1865, em Petrópolis, lançou no início do século XX, o “Grande Cinematógrafo Rio Branco”, no Rio de Janeiro, sob a razão social de “William & Cia.”. Em seguida passou a produtor, aliando-se a Júlio Ferrez, produzindo filmagens de espetáculos operísticos e registro de atualidades, mesclando elementos de música, teatro e documentarismo. O segundo cineasta petropolitano foi Henrique Pongetti, realizador de um filme “A Estrangeira”, no ano de 1914, filmado em Petrópolis e com elenco integrado por amigos da terra. Pongetti tornou-se jornalista e dramaturgo de renome, sem abandonar o cinema para o qual escreveu o argumento do clássico filme “Favela dos meus Amores”, dirigido pelo mestre Humberto Mauro, no ano de 1935. Mais tarde, em 1952, fez o roteiro de “Tudo Azul”, dirigido por Moacyr Fenelon, musical de grande sucesso. Antes, porém, desses ilustres feitos, Petrópolis foi palco de dois acontecimentos da História do Cinema: a filmagem de cena da vida petropolitana e a primeira exibição de um filme brasileiro em território nacional. Com efeito, no dia 1º de maio de 1897, no Teatro Cassino Fluminense, à Avenida XV de Novembro (hoje Rua do Imperador nº 970, Edifício Profissional) o empresário Victor de Mayo, em um prédio de um pavimento, adaptado à atividade, exibiu os filmes curtos “Uma artista trabalhando no trapézio do Politeama”, “Chegada do trem em Petrópolis” e “Bailado de crianças no Colégio do Andaraí” e, na sessão de 6 de maio seguinte, mais uma fita nacional “Ponto terminal da linha de bonde de Botafogo vendo-se os passageiros subir e descer”. Não eram filmes como conhecemos hoje e sim pequenas cenas, seguindo o modelo de Lumière, mostrando a vida cotidiana. No mesmo programa passaram mais 16 filmetes (vamos chamá-los assim), da produção européia e norte-americana. Victor de Mayo utilizou-se de equipamento “Edison”, denominado “Cinematógrafo”. Da propaganda divulgada pela “Gazeta de Petrópolis”, a entusiasmada chamada: “Hoje, amanhã e domingo, duas estupendas funções nunca vistas nesta capital. Exibir-se-á o CINEMATÓGRAFO do grande e nomeado EDISON. Esta última maravilha e grande descoberta tem chamado a atenção do mundo inteiro. Pela sua realidade devem todos assistir à sua […] Read More

SUBSÍDIOS PARA UMA HISTÓRIA DE ITAIPAVA

  SUBSÍDIOS PARA UMA HISTÓRIA DE ITAIPAVA Jeronymo Ferreira Alves Netto, associado titular, cadeira nº. 15, patrono Frei Estanislau Schaette SESMARIAS E FAZENDAS Quatro importantes sesmarias foram requeridas, nas terras que constituem o atual 3º Distrito de Petrópolis, ao governador das Capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Tais sesmarias eram as de Fernando Pereira de Vasconcelos, requerida a 15 de março de 1731; a de José Ferreira da Fonte, requerida a 28 de agosto de 1734, contígua à sesmaria que o mesmo possuía no Secretário; a de José da Silva Torres, requerida a 8 de janeiro de 1760 e a de Antônio da Silveira Goularte, também requerida a 8 de janeiro de 1760. Cumpre lembrar que as sesmarias eram terras incultas ou abandonadas, doadas para efeito de povoamento e cultivo. As que foram requeridas no Vale do Piabanha foram doadas em quadras de uma légua, o que corresponde a 3.000 braças ou 6.600 metros. Com o correr do tempo estas sesmarias foram se fragmentando em fazendas e sítios. A sesmaria do Desembargador Fernando Pereira de Vasconcelos deu origem à célebre Fazenda da Manga Larga, com abundantes mananciais de água, com engenho, na qual mereciam especial atenção o cultivo da cana e a criação de gado. Entre seus proprietários destacamos Bazílio Zeferino Ribeiro (1867), Guilherme Carlos que a manteve até o seu falecimento ocorrido em 1914, Jeronymo Ferreira Alves, seu genro, que adquiriu as partes dos demais herdeiros de Guilherme Carlos, em 10 de janeiro de 1917 e as manteve até 25 de abril de 1929, quando então a vendeu a Renato da Rocha Miranda, cujos herdeiros a lotearam, em época recente. Atualmente em suas terras se encontra o importante Centro de Convenções General Ayrosa. Em 1930, era a fazenda administrada por Manoel de Souza Mattos e, a partir de 1931, passou ela a ser administrada por Walter Hasse que, segundo informações fornecidas por sua filha Erica, nasceu em Hamburgo, Alemanha, em lº de março de 1888, tendo chegado ao Brasil, em 11 de novembro de 1911, estabelecendo-se em Pirapora, Minas Gerais, onde pretendia dedicar-se ao cultivo de batatas. Ainda, segundo informações de sua filha, veio para Petrópolis administrar uma propriedade de Walter Schlik no Alto da Serra. Em Petrópolis, casou-se com Elza Gaiser, filha de Fritz Gaiser, proprietário de um açougue à Rua Monte Caseros, sendo o primeiro fabricante de lingüiças em nossa cidade. À procura de um […] Read More

NO CORAÇÃO DA CIDADE HÁ UM PALÁCIO E SEU JARDIM

  NO CORAÇÃO DA CIDADE HÁ UM PALÁCIO E SEU JARDIM… Maria de Fátima Moraes Argon, associada titular, cadeira n.º 28, patrono Lourenço Luiz Lacombe O jardim petropolitano do Imperador Pedro II é um espaço freqüentado até hoje pela população da cidade e seus visitantes. D. Pedro II pelo Decreto nº 155, de 16 de março de 1843, determinou, entre outras medidas, arrendar a Koeler a sua fazenda do Córrego Seco, reservando um terreno suficiente para ali se edificar um palácio para si, com suas dependências e jardins. A importância deste jardim histórico reside não só no seu aspecto paisagístico e nas raridades de suas espécies, mas também como um lugar de contemplação, de estudo, de lazer, de saudade, de lembranças, de segredos e, sobretudo, o seu vínculo estabelecido com a cidade de Petrópolis. Em 18 de abril de 1858, a Princesa Isabel com doze anos incompletos, escreve a seu pai D. Pedro II: “A Condessa [de Barral] nos levou a passear um boucadinho no jardim recitando a minha historia antiga porque tinha um sol muito bonito”. Mais tarde, dez anos depois, já casada, ela escreve a sua mãe D. Teresa Cristina: “Escrevo-lhe esta cartinha para pedir-lhes dois magníficos pés de camélias brancas que existem no jardim, para eu levá-los para as Laranjeiras [local de sua residência no Rio de Janeiro]”. Nos tempos de exílio da Família Imperial, o Visconde de Taunay escreveu no ano de 1891 diversas cartas a D. Pedro, falando de seus sentimentos de angústia e dor com os rumos políticos do Brasil. Na carta de 7 de julho de 1891, ele assim se expressa: “No meu retiro de Petrópolis ponho-me a pensar em muita cousa e não raro me coloco no Parque Imperial, tão cheio de grandeza em seu abandono, para, a gosto, meditar as lições do tempo e dos sucessos […]. A execução dos jardins ao lado e em frente ao Palácio Imperial que iam até a Rua do Imperador coube ao parisiense Jean Baptiste Binot que se achava instalado em Petrópolis desde 1847. O contrato assinado entre Binot e a Superintendência da Imperial Fazenda de Petrópolis, em 1854, foi citado por diversos autores como Alcindo Sodré e Lourenço Luiz Lacombe, mas até hoje nunca havia sido publicado em sua íntegra. Códice 16 do Arquivo Grão Pará 1854 Nº 9 Contrato celebrado para a fatura dos jardins do Imperial Palácio de Petrópolis entre João Batista […] Read More