A EX-VILA DA ESTRELA E SEU PORTO

Antônio Izaías da Costa Abreu, Associado Titular, cadeira nº 3 –

EMANCIPAÇÃO: Lei prov. n. 397, de 20 de maio de 1846.

INSTALAÇÃO: 20 de julho de 1846.

TRANSFERÊNCIA: Decreto nº 241, de 09 de maio de 1891.

EXTINÇÃO: Decreto n 01, de 08 de maio de 1892.

A vila da Estrela à margem direita do rio Inhomirim, quase na junção com o Saracuruna, cujas águas formam o rio Estrela, e desaguadouro no litoral norte da baía de Guanabara, contou essa localidade no período colonial e até a metade do século XIX, com um dos principais e mais ativos portos do território fluminense, o qual servia de corredor permanente à exportação de grande parte de seus produtos, bem como das Gerais. Por ali, anualmente, registravam-se embarque de milhares de metros cúbicos de madeiras nobres, outros milhares de caixas de açúcar e pipas de aguardente e, após o período colonial, com o acentuado plantio do café no vale do Paraíba, toda a produção representada por centenas de milhares de arroubas. As casas de comércio grandemente abastecidas e o extraordinário movimento portuário constituíam verdadeiro empório que dava atendimento às necessidades das populações litorânea, ribeirinha e interiorana. O povoado era o portão de entrada do atalho do “Caminho Novo”, construído pelo sargento mor Bernardo Soares Proença, em 1720, que após o percurso de alguns quilômetros pela Baixada até a raiz da serra, serpenteando a montanha ia ter no lugar denominado “Alto”, para, ao depois, em não acentuado declive, seguindo a margem direita do Córrego Seco – rio Westfalia – alcançar o vale do Itamarati. Daí, seguindo o curso do rio Piabanha o caminho ia até o local onde posteriormente surgiu a localidade de Pedro do Rio e, dali, tomando o sentido oeste, passava por Fagundes, Santana de Cebolas, Encruzilhada até atingir o arraial de Garcia Rodrigues, atual Paraíba do Sul, final do percurso. Esse atalho reduziu em alguns dias e mais segurança proporcionou à viagem da corte para as Gerais, embora, com ressalva no trecho do “Córrego Seco”, onde se situa Petrópolis, posto que, na estação chuvosa o forte aguaceiro, o lamaçal, o frio e a constante neblina cobrindo a área martirizavam, exigindo dos tropeiros conhecimentos da região e atenção, pois, a nula visibilidade naquela época do ano, poderia levá-los ao desvio da rota e conseqüente perda, na ínvia floresta, da carga e dos animais. Entretanto, no alvorecer do século XIX, com a macadamização do trecho da subida da serra, em trabalho de “pedra calçada”, que, não obstante o descuido de sua preservação pelas autoridades, mostra-se, até hoje, a sua grandiosidade, que lhe valeu, à época, o título de “Via Apia Brasileira”, e bem assim, a construção posterior da Estrada Normal do Comércio pelo engenheiro Júlio Frederico Koeler, maior movimentação e prestigio, alcançou o Porto da Estrela, cujo reconhecimento veio através da lei prov. n. 397, de 20 de maio de 1846, elevando-a à categoria de vila, ocorrendo a sua instalação em 20 de julho do mesmo ano. Contudo, com o advento da ferrovia, cuja primeira estrada teve justamente a estação inicial no Porto de Mauá – Guia de Pacobaíba – distante poucos quilômetros da vila, curto tempo de prosperidade respirou a nova comuna, visto que, àquela altura, com a mudança do sistema de transporte, obsoleto e inviável tornou-se a utilização daquele porto, motivando, com o tempo, sua natural e gradual desativação. Após a abolição da escravatura, já em plena decadência, foi a sede da vila pelo decreto n. 241, de maio de 1891, transferida para a povoação de Inhomirim, na Raiz da Serra, mas teve vida efêmera. A vila, já em plena agonia, não mais podendo resistir como célula política, vem a sucumbir-se em 08 de maio de 1892, por determinação do decreto n. 01, dessa data, tendo figurado na constelação estadual apenas durante quarenta e seis anos como um dos seus municípios, curta existência frente aos demais figurantes na referida constelação.