PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E INSTINTO SEXUAL

Aurea Maria de Freitas Carvalho, ex-Associada Titular, Cadeira n.º 4 – Patrono Arthur Alves Barbosa, falecida

Muitos hão de estar se perguntando o que tem a ver uma coisa com a outra e eu digo que tem tudo. Os dois assuntos dizem respeito à preservação da vida, um refere-se à vida saudável, digna de ser vivida, e o outro à vida puramente biológica!

O instinto sexual é inerente a todo ser humano e animal, infelizmente o mesmo não se dá com o desejo ou antes, a compreensão, da preservação ambiental.

Hoje em dia vivemos já, em alguns lugares uma vida poluída, indigna de ser chamada de humana. Por que? Porque nos esquecemos de preservar aquilo que nos pode proporcionar meios de “viver” realmente como seres humanos e inteligentes. Por ambição e inconseqüência nos privamos daquilo que é necessário à saúde, e não pensemos que são simples o assunto e a solução.

Uma vida saudável depende de uma série de fatores que diariamente não percebemos ou dos quais não tomamos conhecimento, de outras vidas, de seres animais e vegetais de cuja existência muitas vezes nem temos conhecimento: minúsculas e insignificantes plantinhas que proporcionam condições de vida a outras, seja com a preservação da umidade e da fecundidade da terra, seja servindo de alimento a animais de que nós, que não somos estudiosos do assunto, nem suspeitamos da existência e que, no entanto, são importantes na escala dos seres vivos, que mal podemos distinguir com nossos sentidos, mas garantem o “habitat” propício aos seres que nos favorecem diretamente, como é o caso da vegetação maior, das árvores nativas que proporcionam o nosso bem, no momento, tão ameaçados como os mananciais de água, as nascentes que destruímos com tanto descaso.

Às vezes, para ganhar ou até, o que é mais grave, para “lavar” dinheiro ganho com negócios não muito honestos, constroem-se edifícios em locais de preservação, esquecendo que, desse modo, está se comprometendo a saúde das gerações futuras, dos próprios descendentes dos responsáveis pelas construções de hoje e os pobres operários, que hoje ficam felizes porque arranjaram emprego, nem desconfiam que estão contribuindo para comprometer a saúde de seus de filhos e netos.

Não queremos pregar com isso que deixemos as florestas dominarem todo o solo disponível em detrimento da existência urbana e produtiva, mas façamos isso de maneira racional e inteligente, procurando danificar o mínimo possível o meio ambiente no decorrer de nossas atividades e reservando espaços razoáveis para cultivo das matas necessárias e, sobretudo, das nascentes essenciais à vida …