HOMENAGEM JUSTÍSSIMA A PAULO BARBOSA DA SILVA
Francisco José Ribeiro de Vasconcellos, Associado Emérito, ex-Titular da Cadeira n.º 37 – Patrono Sílvio
Júlio de Albuquerque Lima

Há cem anos a Câmara Municipal de Petrópolis prestava justíssima homenagem a Paulo Barbosa da
Silva, ocasião em que, no salão nobre da Casa fora entronizado o busto do homem que soube com
habilidade e clarividência costurar o projeto Petrópolis a partir de decreto Imperial de 16 de março de
1843.
A “Tribuna de Petrópolis” de 4 de março de 1913 dava conta de que no escritório do “Jornal do Comércio”
do Rio de Janeiro estava exposto o busto em mármore do Conselheiro Paulo Barbosa da Silva.
A peça ofertada por D. Francisca Barbosa de Oliveira Jacobina, viúva do Dr. Antonio Araujo Ferreira
Jacobina, deveria ser entregue à Câmara Municipal de Petrópolis pelo Dr. Castro Barbosa, prestigioso
médico no Rio de Janeiro.
Numa sessão solene realizada pela Municipalidade petropolitana, foi o busto do Mordomo e Conselheiro
inaugurado a 6 de março de 1913, ocasião em que o mesmo Dr. Castro Barbosa pronunciou longo
discurso falando da vida e da obra do homenageado.
Na presidência da Câmera, por coincidência, havia um outro Barbosa, Arthur Barbosa, que nenhum
parentesco parecia ter com o Mordomo. A ele coube fazer a locução de agradecimento à generosa oferta.
O busto de Paulo Barbosa da Silva foi introduzido no recinto da cerimônia pelo Barão de Santa
Margarida, Fernando Vidal Leite Ribeiro, que por muitos anos presidiu o Clube dos Diários e que era uma

das figuras mais representativas da sociedade que veraneava em Petrópolis e, por Joaquim Pinto de
Carvalho, tradicional comerciante de fazendas na atual rua Washington Luis, vereador e juiz de paz.
A “Tribuna de Petrópolis” de 7 de março de 1913 publicou na íntegra o discurso do Dr. Castro Barbosa,
do qual destaco alguns tópicos bem significativos, para marcar tão auspicioso acontecimento.
Depois de um palavroso exórdio ao gosto da época, o orador, ferindo o tema que o levara à tribuna assim
se houve: “Paulo Barbosa da Silva, Julio Frederico Koeler e D. Pedro II, João Caldas Vianna e Aureliano
de Souza e Oliveira Coutinho, são todos dignos da mais profunda estima pelos atos múltiplos que
praticaram e dos quais resultou surgir no planalto sulcado pelos afluentes do Piabanha, formando uma
verdadeira árvore fluvial, a bela cidade cuja imagem fica gravada na memória de todos que a visitam, por
suas admiráveis condições topográficas e climatéricas.”
O Dr. Castro Barbosa, em 1913, foi mais clarividente, justo e equilibrado do que aqueles que trinta anos
depois entrincheiraram-se no 16 de março e no 29 de junho, numa luta feroz pelo estabelecimento da
data base de Petrópolis.
Castro Barbosa viu nas pessoas que citou, cada uma a seu jeito, absoluto engajamento no projeto que
nascido a 16 de março de 1843, começou a tornar-se realidade a 29 de junho de 1845, não só pela
participação de Barbosa, de Koeler e do Imperador, mas também pelo empenho dos presidentes da
província Caldas Vianna e Aureliano Coutinho. Todos homenageados em logradouros públicos da urbe.
Continuou o orador: “Paulo Barbosa desde 1841 cogitara da alta conveniência da fundação aqui de uma
cidade em que a Família Imperial e a sociedade da capital do Brasil pudessem passar o verão. O
engenheiro Julio Koeler, de acordo com o Mordomo, que também era engenheiro, projetou o delicioso
centro habitável que hoje conhecemos, uma joia preciosa de nosso país.”
Nessa obra tocada a muitas mãos, entrou o Imperador com as terras de sua propriedade e a província
participou com as providencias legais de sua competência, inclusive com a introdução de imigrantes
alemães para formar a Imperial Colônia de Petrópolis.
Tudo se passou, portanto, em perfeita harmonia e dentro de um esquema bem orquestrado. O mineiro de
Sabará Paulo Barbosa da Silva era tio-avô do Dr. Castro Barbosa e tio do Dr. Lourenço Barbosa da
Cunha, que também esteve presente à sessão solene, deixando ali consignada simpática mensagem em
nome da família Barbosa.
A doadora do busto de Paulo Barbosa da Silva, D. Francisca Barbosa de Oliveira Jacobina era viúva do
Dr. Antonio Araujo Ferreira Jacobina, que, conforme o que consta dos anais, sendo amigo do Mordomo e
Conselheiro, encomendara ao escultor Petrich o busto que acabara na Câmara Municipal de Petrópolis.
O Dr. Antonio Jacobina e D. Francisca eram avós maternos de Americo Jacobina Lacombe (1909/1993),
professor, advogado, escritor, diretor da Fundação Casa de Rui Barbosa e presidente do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro. Foi sócio do Instituto Histórico de Petrópolis, tendo dedicado alguns
ensaios justamente a Paulo Barbosa da Silva.