RUA DO IMPERADOR, 744

Luciano Cavalcanti de Albuquerque, Associado Correspondente

 

Dos exemplos mais raros, da nossa arquitetura, em quase todo território nacional é o art nouveau, como também o chamamos por aqui, terra de francesismos e anglicismos.

Não foge à regra a Cidade Imperial; em caminhadas e caminhadas pelas ruas e avenidas, quase não se vêem edifícios com os traços curvilíneos dessa “arte nova”, característica da Belle Époque. Esse quase fica por conta do número 744 da Rua do Imperador. Está derretendo? Pouco provável, mas sua decoração com linhas sinuosas, de cima a baixo, nos sugere algo em movimento, que se arrasta lentamente pela fachada, geminada a outras quase contemporâneas, nesse importante eixo do projeto urbano do nosso major Koeler. E será que está aí mesmo? Sim é claro, podemos até, além de olhar, tocar, entrar e garantir que é verdade, mas essa casa poderia estar muito bem ambientada em Bruxelas, um dos mais importantes centros do art nouveau no nosso planeta.

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Em 1925, como muitos desses sobrados do início do séc. XX, funcionava como residência e negócio, nessa época de Victorio Falcone. Já em 1931 era uma confeitaria onde também se jogava xadrez; temos ali, em 1933, a Padaria Eldorado de Antonio Rinaldi. Dois anos depois, Pedro Burger instala um armarinho onde também se vendiam “Chapéus de Cabeça”, assim mesmo, donde se conclui que muitos chapéus serviam a mesma cabeça, principalmente das elegantes senhoras da época, onde véus, flores e laços de fita os enfeitavam, os homens talvez tivessem uma cartola e um coco, no máximo, e se muito, um Panamá. Até 1937 a casa funcionou como a fábrica, primeiro de bolos de Isaura Bulls, precursora dessas nossas atuais e depois de vime, agora com Eugenio Cavalli. Quando, então, em 1937, pertencente a Horácio Magalhães Gomes, instala-se um elegante cassino onde se jogava, além do xadrez, bacará e roleta, o “campista”, meio em desuso hoje em dia, um interessante jogo de azar com três baralhos.