DISCURSOS – Saudação de recepção ao associado titular Paulo César dos Santos em sua posse como associado benemérito

Hamilton Chrisóstomo Frias Martins, Associado Titular, Cadeira n.º 34 – Patrono Antônio Joaquim de Paula Buarque

Senhora Maria de Fátima Moraes Argon da Mata, Presidente do Instituto Histórico de Petrópolis, caríssimos confrades e confreiras, meus Senhores e minhas Senhoras.

O tempo é uma estrada. Os nossos passos podem ficar registrados nesta caminhada, quando o servir é uma proposta de vida alicerçada na humildade, na discrição, na condução do bem comum que alimenta a esperança na fé de um mundo melhor.

A História tem a nobre missão de construir memórias para que se eternizem os feitos dos homens que praticam o bem e que servem de referência em função de valores éticos e morais semeados ao longo do viver.

Hoje, estamos aqui, em sessão solene, para registrar, nas páginas dos anais do Instituto Histórico de Petrópolis, a benemerência de um ilustre Membro deste sodalício que, por atos altruístas reveladores do seu amor pela História de Petrópolis, já escreveu o seu nome no patrimônio cultural deste Município.

O professor, o poeta, o historiador, o produtor cultural Paulo César dos Santos, que ocupa a cadeira 26, patronímica de José Kopke Fróes, deste Instituto, fez a doação de uma sala, em um shopping que está localizado na Rua Teresa nº 780. Sala esta que será destinada à preservação e conservação do acervo do IHP. Será utilizada para as atividades administrativas, na qual também será instalada a nossa biblioteca. Por uma questão de reconhecimento deste gesto nobre em benefício do IHP, a sala receberá o nome de Professor Paulo César dos Santos.

Esse espaço será de grande utilidade, uma vez que não se concebe o fato de uma instituição de natureza memorialista sem um acervo para o registro histórico. Mas é preciso evidenciar que não foi somente essa doação que levou os doutores Enrico Carrano, Arthur Leonardo de Sá Earp e este humilde orador a fazer a indicação do referido historiador para o Quadro de Membros Beneméritos, portanto é preciso mencionar que o professor Paulo César é um dos fundadores da Academia Petropolitana de Poesia Raul de Leoni, atual Academia Brasileira de Poesia – Casa Raul de Leoni. Esse referido sodalício foi fundado em 1983. Ele a presidiu até 1990. É Membro Titular da Academia Internacional de Literatura desde 1985. Ano este, em que passou a ser Membro Benemérito também da Federação das Entidades Fronteiristas. É Membro Honorário do Club de Intellectus Français, desde 1986. É Membro Correspondente da Academia Uruguaiana de Escritores e Editores.

Fiz esse pequeno relato de instituições com sede fora das fronteiras petropolitanas para destacar a abrangência internacional do trabalho, da dedicação do confrade Paulo César, que hoje se torna o segundo Associado do IHP a ter a honra de pertencer ao Quadro de Benemérito. O primeiro foi Gustavo Ernesto Bauer, nascido em outubro de 1902, e que veio a falecer em 1970. Descendia diretamente dos primeiros colonos alemães que aqui chegaram em 1845.

O nosso Instituto, que nasceu em 1938, com certeza, guardará, com carinho esta data, este marco na sua História. E aqui é válido ressaltar que essa indicação para o Quadro de Benemérito foi aprovada, por unanimidade, em assembleia realizada em 19 de abril do corrente ano. Respaldado por essa decisão, que ratificou a indicação feita por mim, pelo ilustre jurista Enrico Carrano e pelo doutor Arthur Leonardo de Sá Earp, ouso dizer que os méritos conquistados são reflexos do amor depositado naquilo que realizamos.

Senhora Maria de Fátima Moraes Argon, humildemente confesso que não tenho o dom dos poetas, nem a habilidade dos filósofos na condução das ideias no plano dialético, nem a eloquência dos legisladores, mas aceitei esta incumbência de saudar honrosamente o novo membro Benemérito do Instituto Histórico de Petrópolis, por ser testemunha da trajetória de vida do homenageado, uma vez que, trilhamos pelo mesmo curso de História na Universidade Católica de Petrópolis, a nossa querida UCP, corremos pelos campos de futebol, com mais destaque para o homenageado que foi centroavante titular da seleção da OEA sediada em São Domingos.

Ainda como desportista vitorioso, foi técnico do time juvenil do Palmeiras, clube do bairro Itamarati, onde conquistou, nos anos de 1969 e 1970, o bicampeonato desta categoria e, no ano de 1971, dirigindo o mesmo clube, foi campeão na divisão principal do campeonato da cidade de Petrópolis. Em 1972, foi técnico da seleção principal de Petrópolis no campeonato do caríssimo estado do Rio de Janeiro, antes da fusão com o estado da Guanabara. A partir daí, Paulo César, simples, humilde abandonou o futebol de forma ativa sem nunca ter se vangloriado, sem nunca ter feito alarde de suas conquistas no esporte bretão.

Paulo César com seu espírito inquieto, encoberto por uma aparente calma, durante o ano de 1970, como Presidente do Diretório Acadêmico São Tomás de Aquino, da UCP, organizou o 1º Festival Petropolitano Universitário de Música Popular, acontecimento ocorrido no Hotel Quitandinha.

Em 1971, licenciou-se em História na nossa UCP, e logo ingressou no Magistério. No ano seguinte, formou-se em Direito, também, na UCP.

Como Professor, lecionou em vários colégios de Petrópolis, sendo que no Colégio São José, que já não existe, coordenou por mais de 10 anos o Festival de Poesia daquele educandário.

Entre 1979 e 1983, o Prof. Paulo César foi Diretor Geral do Centro Regional de Educação e Cultura de Petrópolis – CREC – em cuja gestão, inaugurou o Monumento em Homenagem ao Professor, localizado no Bosque do Imperador.

Foi Secretário Municipal de Cultura na administração do Prefeito Paulo Gratacós quando foi desapropriado o antigo Cinema Dom Pedro que voltou a sua origem, tornou-se a ser teatro. Muitas outras realizações na área da cultura aconteceram na sua gestão.

Mencionei aqui outros dados curriculares do homenageado com o propósito de ressaltar que, desde a juventude, ele sempre se posicionou de forma agregadora, conciliatória, destacando a importância da convivência coletiva, comunitária, fato que também se materializou na Poesia, pelas diversas coletâneas que publicou. Destacamos aqui o livro “Onze Poetas Petropolitanos” que recebeu o “Prêmio Carauta de Souza” da Academia Petropolitana de Letras, que também lhe concedeu o “Prêmio João Roberto d’Escragnolle”, na modalidade conjunto da obra.

Com o objetivo de não tornar extensa essa saudação, citarei apenas uma entre tantas condecorações que ele já recebeu. Destaco aqui a medalha “Fuerza Interamericana de Paz”, outorgada pela Organização dos Estados Americanos – por sua atuação no Destacamento Brasileiro que participou da intervenção na República Dominicana em 1965. Lá permanecendo por seis meses.

 A lavra literária do escritor Paulo César também é vasta, ou seja, na biblioteca do IHP estarão presentes livros para uma boa leitura e para profícuas pesquisas. Entre as obras que ele publicou, destacamos “Verdades Históricas”, com prefácio de Tancredo Neves, “Nossos Poetas”, prefaciado por Arnaldo Niskier, Membro da Academia Brasileira de Letras, “Nair de Tefé, Símbolo de uma Época”, 2ª edição, prefaciado por José Kopke Fróes, “Castelo Branco, visto por Raymundo Padilha”. “Gratacós, o Reencontro com a Missão”, “Petrópolis, História de uma Cidade Imperial”.

Publicou também “Nossos Poetas 2”, prefaciado por J.G de Araújo Jorge, “Semeando Poesia” com prefácio de Homero Homem, “Poetas Petropolitanos, uma Saudade” com prefácio de Antônio Torres, escritor membro da Academia Brasileira de Letras.

Senhoras e senhores, quando a luz da verdade bate sobre o tempo, destacam-se aqueles em que a humildade brilha. O vazio da vaidade escorre pela sarjeta da história. Para manter a esperança de um mundo melhor, precisamos enaltecer as virtudes, os princípios éticos e morais, as atitudes que dignificam o ser humano.

As guerras estão nas páginas dos livros de história, mas é preciso que se diga que o homem foi criado para viver pacificamente em um paraíso, sem divisões de classe, sem fome, sem miséria e sem a ganância do poder.

O registro desta solenidade, no meio desta pandemia, que já ceifou mais de 530 mil brasileiros, abre espaço para reflexão, uma vez que a voz da história ecoa no presente. Por isso quero encerrar esta minha breve saudação ao ilustre Benemérito Paulo César dos Santos, evocando os versos do soneto “Terra do Brasil”, do nosso patrono Dom Pedro II:

Espavorida agita-se a criança,
De noturnos fantasmas com receio,
Mas se abrigo lhe dá materno seio,
Fecha os doridos olhos e descansa.
Perdida é para mim toda a esperança
De volver ao Brasil; de lá me veio
Um pugilo de terra; e neste creio
Brando será meu sono e sem tardança…
Qual o infante a dormir em peito amigo,
Tristes sombras varrendo da memória,
ó doce Pátria, sonharei contigo!
E entre visões de paz, de luz, de glória,
Sereno aguardarei no meu jazigo
A justiça de Deus na voz da história!


Obrigado a todos pelo acolhimento das minhas simples palavras!

Que a voz de Deus esteja na Justiça e na História. E que a porta da sala Professor Paulo César dos Santos na Rua Teresa nº 780, esteja sempre aberta para ouvi-la.