PETRÓPOLIS, FILHA QUERIDA DE PAULO BARBOSA

Célia Lobo Paulo, ex-Associada Titular, falecida –

O Conselheiro Paulo Barbosa da Silva nasceu em Sabará – Minas Gerais – a 25 de janeiro de 1794.

Teve uma mocidade toda dedicada ao Exército. Foi cadete aos 14 anos – Alferes aos 16. Matriculou-se na Academia Militar em 1818, sendo promovido a tenente no ano seguinte. Em 1822, aos 28 anos, já como Capitão, foi transferido para o Imperial Corpo de Engenheiros.

Na campanha do Fico coube-lhe o papel de Emissário dos Patriotas a Minas, onde desempenhou bem sucedida missão.

Em 1837 foi promovido a major e em 1839 a tenente coronel; neste mesmo ano foi eleito deputado por Minas Gerais.

Com a queda do tutor José Bonifácio é nomeado mordomo da Casa Imperial, cargo em que é confirmado por D. Pedro II em 1840 e no qual iria prestar os mais assinalados serviços (Mordomo, Cargo de confiança do Imperador, era o administrador de todos os bens do palácio).

Sua casa, na Chácara da Joana (o clube da Joana como era chamado) nos fundos da Quinta Imperial em São Cristovão – no Rio de Janeiro – foi o centro político-social do início do Reinado. Sua casa está até hoje preservada: é a Casa do Barão de Laguna, próxima ao Maracanã e que serviu de residência, antigamente, ao Ministro da Guerra, depois Ministro do Exército Comandante da 1ª Região Leste.

O decreto Imperial de 16 de março do ano de 1843 estabeleceu metas prioritárias cuja concretização nos mostra que houve um perfeito entrosamento entre a Mordomia da Casa Imperial e o governo da Província do Rio de Janeiro, concretizando as providências oficiais dos vários setores da administração pública para o plano de Fundação de Petrópolis, que ele tão bem conceituou como “Projeto: Povoação Palácio de Petrópolis”.

D. Pedro I havia planejado construir um palácio na Fazenda do Córrego Seco – não o concretizou devido a sua abdicação.

O jovem D. Pedro II, orientado pelo seu experiente Mordomo construiu o palácio e uma vila doando lotes de sua fazenda a quem se dispusesse a colaborar no empreendimento.

Fatores importantes contribuíram para que o sonho petropolitano brotado do coração de Paulo Barbosa, se tornasse realidade dentre outros.

– Sua influência junto ao jovem imperador.

– Sua amizade com o engenheiro Koeler, colega de carreira na arma de engenharia e que elaborou e executou o projeto urbanístico de Petrópolis.

– Sua mentalidade político social de substituir o trabalho escravo pela colonização livre.

– Sua projeção no contexto da política nacional.

Neste mesmo ano de 1843 foi promovido a Coronel e no ano seguinte é reformado como brigadeiro aos 50 anos de idade. Convém ressaltar que a terminologia Brigadeiro, àquela época, no Exército, correspondia ao posto intermediário entre Coronel e General, dentro das normas do Governo português. Paulo Barbosa, embora contando com o apoio do Imperador foi impotente para suportar a antipatia dos escravocratas, chegando mesmo a sofrer ameaça de morte e acabou sendo afastado da Mordomia da Casa Imperial e da Corte e deslocado para serviço diplomático na Europa. Seu afastamento implicou em sérios problemas para Koeler, levando-o a pedir demissão em 1845, embora tivesse Koeler permanecido como Superintendente da Fazenda Imperial até a sua morte em 1847.

Na Europa, Paulo Barbosa fica seriamente enfermo, mas restabelecido é novamente chamado pelo Imperador D. Pedro II e em 1854 reassume suas funções de mordomo. A 2ª fase da mordomia é puramente administrativa mas continua se empenhando pela causa do desenvolvimento e progresso de Petrópolis a qual, em documentos oficiais e em correspondências ao Imperador, chamava carinhosamente de “Minha Filha Querida”.

Casado com D. Francisca de Paula dos Reis Alpoim não deixou descendência. Morreu em 28 de janeiro de 1868, aos 74 anos de idade.

Ele deixou descentes sim, nós filhos de sua filha querida – Petrópolis.

Podemos nos considerar seus netos, bisnetos ou tataranetos.

Se ele tivesse deixado descendentes biológicos e, hoje, um deles estivesse entre nós, diria o que disse o presidente De Cusatis em um de seus discursos

“Agradeceria a Petrópolis que lho deu a cidade para adotar,
A terra para criar e
A vida para viver”!