CORONEL JERONYMO FERREIRA ALVES – GRANDE ANIMADOR DO PROGRESSO DO MUNICÍPIO DE PETRÓPOLIS

Jeronymo Ferreira Alves Netto, Associado Titular, Cadeira n.º 15 – Patrono Frei Estanislau Schaette

Nasceu a 10 de fevereiro de 1874 em São Martinho do Val, Conselho de Vila Nova de Famalicão, Portugal, sendo filho de Antonio Joaquim da Costa Alves e Engrácia Rosa de Jesus.

Chegou ao Brasil com quatorze anos de idade, em 28 de outubro de 1888, vindo logo para Correias, onde morou e trabalhou como caixeiro, no estabelecimento comercial de seu tio Jeronymo Ferreira de Oliveira.

Jeronymo Ferreira de Oliveira, casado com D. Amélia, filha de José Monteiro de Siqueira Carvalho e D. Deolinda Amália, filha do casal João Cardoso Lemos e D. Ana Luiza Corrêa, donos da Fazenda da Samambaia, além de comerciante era grande proprietário de terras naquela região. Grande amigo e correligionário de Hermogênio Silva, segundo nos informa Lacombe, “obteve desse grande administrador várias benfeitorias para Correias, como a ponte de ferro sobre o Piabanha. Em frente à ponte projetou espaçosa praça. À direita de quem entra, construiu prédio em que funcionou o Armazém Correias, abrindo ao lado uma rua, cujo nome precisa ser restabelecido: Rua Jeronymo Ferreira de Oliveira” (1). Deve-se também à sua influência, o fato da Leopoldina ali estacionar os trens de carreira, fato que sem dúvida, muito contribuiu para o progresso local.

(1) LACOMBE, Lourenço Luiz. Quem foi Jeronymo Ferreira de Oliveira. Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, 28 de janeiro de 1940, p.1.

Guilherme Carlos, grande proprietário de terras na região, estabelecido com negócio de olaria em Benfica e Engenho de Açúcar na Fazenda da Manga Larga, de sua propriedade, era filho dos colonos alemães João Pedro Carl e D. Catarina Werlong, chegados ao Brasil em agosto de 1845, a bordo do navio “Marie”.

Nascido em Petrópolis, em 14 de julho de 1846, Guilherme “foi batizado em 17 de julho de 1846, pelo Cura da Boa Esperança, Padre Reitz, na Capela que servia de Matriz, sendo seus padrinhos Guilherme Sindorf e Carlota Flesch”(2).

(2) AULER, Guilherme. Primeiros Batizados. Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, 1955, p. 11.
No armazém do tio, Jeronymo Ferreira Alves iniciou o aprendizado de uma bem sucedida carreira no comércio, mudando-se para Itaipava em 1902, onde se estabeleceu com um armazém próprio, casando-se com D. Margarida Carlos, filha de Guilherme Carlos e sua esposa, também chamada Margarida Carlos.

Guilherme Carlos e D. Margarida Carlos tiveram nove filhos: Guilherme Carlos Filho, Antonio Victorino Carlos, Pedro Antonio Carlos, José Fernandes Carlos, Maria Guilhermina Carlos, Ana Carlos, Adelaide Carlos, Cecília Rosalina Carlos e Margarida Carlos.

Guilherme Carlos faleceu em Itaipava, na manhã do dia 12 de setembro de 1914, aos 69 anos de idade, sendo sepultado no cemitério local.

Guilherme Carlos Filho, cunhado de Jeronymo Ferreira Alves, e o Dr. Antonio Fialho, segundo nos informa João de Petrópolis, foram os dois únicos petropolitanos a integrarem a Câmara Municipal, na lesgislatura correspondente aos anos de 1895 a 1897, tendo o primeiro, atuação destacada em favor do 3 º distrito, com propostas de instalação de escolas, obras de acréscimo no cemitério local e outras.

José Fernandes Carlos, também cunhado de Jeronymo Ferreira Alves, foi proprietário de terras no Benfica, onde residiu toda a sua vida, estabelecido com negócio de olaria, sendo muito estimado pelos moradores daquela região, onde era conhecido como o “Juca Carlos”.

Jeronymo Ferreira Alves casou-se com D. Margarida Carlos provavelmente no ano de 1902 ou 1903. O casal teve nove filhos, a saber: Noemia, Zaida, Dario, Carmem, Iveta, Namir, Edir, Eda e Jeronymo.

Estabelecido como comerciante à Estrada União e Indústria, trabalhador infatigável, fez fortuna em seu armazém, tornando-se proprietário de vastas extensões de terras em Itaipava.

Espírito progressista e empreendedor, muito fez pela localidade, quer construindo casas para abrigar o comércio incipiente, quer exercendo as elevadas funções de Juiz de Paz e Vereador à Câmara Municipal de Petrópolis, no triênio 1919-1921.

Eleito vereador, em 26 de janeiro de 1919, com 1.196 votos, o quinto mais votado, pelo Partido Republicano, chefiado em Petrópolis pelo ilustre Dr. José de Barros Franco Júnior, tomou posse a 14 de junho do mesmo ano.
Segundo nos informa a Tribuna de Petrópolis, de 15 de junho de 1919, “o presidente da Câmara, Dr. José de Barros Franco Júnior abriu a sessão e convidou os vereadores eleitos a prestarem a afirmação legal, após o que a nova Câmara foi empossada. Em seguida, procedeu-se à eleição da mesa definitiva e das comissões permanentes”. Jeronymo Ferreira Alves foi eleito para a Comissão de Obras Públicas e Viação, juntamente com Guilherme Daumas Nunes e Antônio José Teixeira” (3).

(3) Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, 15 de junho de 1919, p.1.

Em 18 de abril de 1920, Epitácio Pessoa, então presidente da República e Raul Veiga, então governador do Estado, percorreram o longo trajeto da Estrada União e Indústria, até a localidade de Alberto Torres. Em Itaipava, foram recebidos carinhosamente pela população e recepcionados pelo Cel. Jeronymo Ferreira Alves, que os conduziu a Escola Pública de Santo Antonio, regida pela professora Theodora Eckhardt Eloy, cujos alunos formaram alas atirando pétalas de flores sobre os presidentes da República e do Estado.

Na oportunidade, os ilustres visitantes foram saudados pelos alunos Zaida Ferreira Alves e Oswaldo Carlos e pelo senhor Paulo Cerqueira, historiando a fundação da Estrada União e Indústria e o seu reerguimento pelos senhores Epitácio Pessoa, Raul Veiga e Oscar Weinschenck, saudando ao final o nome do Cel. Jeronymo, ao afirmar: “o mesmo muito vem trabalhando para o renome de Itaipava, sendo por isso merecedor dos aplausos e da simpatia de todos quanto habitam aquele recanto de Petrópolis.” (4).

(4) CERQUEIRA, Paulo. Discurso pronunciado em Itaipava, por ocasião da visita do Dr. Raul Veiga e Oscar Weinschenck. Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, 18 de abril de 1920, p.1.

Finda a sessão foi oferecida aos presentes uma mesa de doces, champanhe e vinhos finos.

Jeronymo Ferreira Alves foi Ten. Cel. da Guarda Nacional, tendo comandado o 3 º Batalhão de Infantaria, cujo Estado Maior, segundo nos informa o Jornal da Cidade de Petrópolis, em 1914, era assim constituído: “Ten. Cel. Comandante, Jeronymo Ferreira Alves; major fiscal, Theodoro Eckhardt; Capitão ajudante, Manoel Gomes de Macedo; Tenente quartel-mestre, José Raposo Borges; Capitão Cirurgião, Dr. Milanez Machado” (5).

(5) Jornal da Cidade. Petrópolis, 30 de abril de 1914, p. 1.

Na assembléia geral, realizada a 19 de agosto de 1917, quando se elegeu a 1ª diretoria, foi eleito presidente, secundado por Antônio José Romão, vice-presidente; Ludovico Ferreira de Matos, 1º secretário; João Napoleão Olive, 2º secretário; Augusto da Costa Alves, 1º tesoureiro; Mário Corrêa da Silva, 2º tesoureiro; Ventura Tomás, procurador; Yossef Antoun, fiscal. O Conselho Deliberativo ficou constituído pelo Dr. Arthur de Sá Earp, José Ricardo da Costa Azevedo, Trajano Ferreira de Matos, Rogério Pongetti, Emílio Kurtemback, João de Deus, Joaquim J. de Abreu, Luiz e Silva e Vicente Gagliardi.

Após a Revolução de 1930, foi nomeado Membro do Conselho Consultivo Municipal e do Conselho de Economia e Finanças do Estado do Rio de Janeiro.

Espírito empreendedor, o Cel. Jeronymo Ferreira Alves favoreceu Petrópolis com duas grandes realizações: O Teatro Capitólio e o Grande Hotel. O Teatro Capitólio, uma das mais modernas e mais luxuosas casas de diversões do Estado do Rio de Janeiro, foi franqueado ao público em 20 de dezembro de 1921, sem estarem concluídos os trabalhos de decoração e inaugurado oficialmente a 15 de janeiro de 1922. Por ocasião do 1º aniversário do citado teatro, “foi realizada uma belíssima festa dedicada à Liga Petropolitana de Esportes e aos seus clubes filiados, aos quais foi prestada significativa homenagem. Na oportunidade foi representada a peça em 5 atos “A Martyr”, uma das que mais agradaram naquela temporada da Companhia Eduardo Pereira” (6).

(6) Primeiro Aniversário do Capitólio. Tribuna de Petrópolis, Petrópolis, 19 de dezembro de 1922, p. 1.
Por ocasião da fundação da Liga de Comércio, destinada a tratar dos interesses da classe, e da cidade, a 20 de julho de 1917, Jeronymo Ferreira Alves figurava entre os sócios fundadores.

Cumpre ressaltar que, naquela época, o Capitólio, anualmente, proporcionava ao público temporadas de bom teatro, com peças modernas e clássicas de autores escolhidos e consagrados. Após ter sido explorado pelo Sr. Luiz Pinto de Carvalho, e pelo próprio proprietário, Cel. Jeronymo, foi o Capitólio arrendado aos senhores Eugenio Ramos e José Trotta, que constituíram a Empresa Trotta & Ramos, a qual continuou a oferecer ao público espetáculos repletos de beleza e esplendor. Finalmente, a partir de 4 de abril de 1940, passou a ser o Capitólio explorado pelo sr. Luiz Severiano Ribeiro.

A construção do Grande Hotel foi outra demonstração de seu grande espírito de iniciativa. Foi a seu tempo o edifício mais alto, maior e mais importante da cidade. Único prédio da cidade que possuía elevador. Havia também um magnífico cassino, com salões luxuosos.

Como industrial, foi proprietário da fábrica de meias “Eda”, à Rua Valparaiso, nº 190, com cerca de 70 teares, à época, inúmeras máquinas fechadeiras, com clientes em todo o território nacional.

Foi o Cel. Jeronymo Ferreira Alves um dos baluartes na construção da Beneficência Portuguesa, cujas obras acompanhou com grande interesse, até a sua inauguração.

Muito ajudou as instituições de caridade da cidade como o Asilo do Amparo, a Catedral e, principalmente, o Asilo dos Desvalidos, inaugurado em 14 de janeiro de 1919 e instalado na Terra Santa, com a finalidade de amparar os desvalidos, dos 5 aos 12 anos de idade.

Jeronymo Ferreira Alves faleceu a 14 de fevereiro de 1946, aos 72 anos de idade. Em 1º de abril de 1966, através da Deliberação nº 2.405, o prefeito Flávio Castrioto de Figueiredo e Mello, denominou Estrada Jeronymo Ferreira Alves, a antiga Estrada da Manga Larga, localizada no 3º distrito de Petrópolis.