ESBOÇO HISTÓRICO DA SOCIEDADE MÉDICA DE PETRÓPOLIS

Nelson de Sá Earp

Não pretendo neste esboço histórico fazer um registro cronológico dos eventos da Sociedade Médica de Petrópolis, nem tão pouco uma lista de estatística rigorosa dos acontecimentos de que foi autora nesses 60 anos de sua existência. Proponho-me apenas, numa visão retrospectiva, constatar se a SM cumpriu finalidades a que se propôs, guardando num fluxo de iniciativas sucessivas, o veio norteador de seu sentido.

Percorri, numa leitura dinâmica, as atas que registram suas atividades. Somam cerca de 947 ocorrências registradas, de 1923 até 1983. Dessas ocorrências, 747 foram devidamente inscritas em atas, lavradas com especial apuro e esmero. É de se louvar os senhores secretários médicos que as escreveram. As demais ocorrências foram transportadas para os livros de presença, contendo, na quase totalidade de suas inscrições, apenas os títulos dos assuntos tratados. As atas e os livros de presença, foram por mim numeradas de 1 até 947, começando em 15 de julho de 1923, data da 1ª sessão da Sociedade, e terminando em 22 de agosto de 1983. De 1 até 747, a numeração corresponde às atas, e, depois, aos livros de presenças.

Com esses dados foi possível erguer uma visão globalizada da vida da Sociedade, que encerra, implicitamente os princípios que regeram sua vida até nossos dias, suas realizações e seu indubitável progresso. Demarquei certos fatos mais significativos, fixando-os dentro dos períodos dos seus múltiplos presidentes, cujos nomes vão surgindo aos poucos, na medida desta descrição. Desculpo-me das omissões incontáveis, tal o número imenso de citações a que estaria obrigado se eu pretendesse um trabalho completo, impossível numa síntese despretenciosa como a que apresento.

Assim como os raios luminosos e divergentes de um espelho côncavo levam, num caminho reverso ao centro luminoso de onde emanam, e de onde projetados não são mais que a expressão desdobrada daquele núcleo luminoso – assim também, a expressão atual da nossa SMP, em sua estrutura orgânica e operacional, não é mais do que a manifestação desabrochada do núcleo inicial de sua existência. Já em seu estado embrionário, a Sociedade continha em gérmen toda a complexidade que hodiernamente sustenta.

O relato puro e simples de sua organização atual é a descrição de um organismo social diferenciado em vários departamentos, cada um com sua função específica. Tais departamentos, já nos primórdios existiam e acabaram por se constituírem em órgãos diferenciados. São cinco esses departamentos: o Conselho Diretor, o Científico e Cultural, o de Defesa Profissional, Ético e o de Especialidades, o de Relações Externas e o Departamento Social de Medicina Preventiva e Assistencial.

COMO ENTENDER A SOCIEDADE MÉDICA DE PETRÓPOLIS. SEU SEGREDO.

A nossa Sociedade é, ao fim, uma conspiração de médicos, numa conjugação de esforços, para melhor atender à finalidade precípua de cuidar dos doentes que lhes são confiados, visando a cura e prevenção das doenças através do culto da ciência e da prática da arte médica. A Sociedade se apoiou sempre no tripé estrutural que rege desde tempos imemoriais a profissão médica, sem o qual ela não teria explicação: o doente, a doença e o médico, ajudado este último pelos recursos sociais postos à sua disposição. Mas o doente é, na estrutura, o ponto referencial básico e principal.

Ideal magnífico, o socorro ao doente, sem o qual a ciência e arte médicas não teriam sentido. Este ideal se corporificou, através dos tempos, em finalidades especificadas que se foram cristalizando em normas de conduta, como se pode notar da leitura do art. 1º dos atuais estatutos da Sociedade. Seria de desejar que em futura reforma estatutária a redação daquele artigo declarasse explicitamente a preocupação máxima e central da Sociedade para com o doente. Eu creio ser devido ao cultivo implícito desse ideal “que não só é da Sociedade”, mas também dos médicos que a freqüentam, que resulta a confiança muitas vezes comprovada que lhes dedica o povo petropolitano.

FUNDAÇÃO, INSTALAÇÃO, CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE. ASPECTO MATERIAL DA SEDE.

A princípio, os médicos se reuniram na residência do Dr. Antônio Joaquim de Paula Buarque, hoje sede da Caixa Econômica Federal, situada na Praça D. Pedro II. Isto, no decurso de 1922. Somente em 1923, conforme se deduz das referências feitas pelo abalizado secretário perpétuo da Sociedade Médica, Ernesto Tornaghi, encontradas em várias atas, e estudos feitos por Salvador Fernandes (mais tarde também presidente) é que se deu a fundação de nossa Sociedade. (Ver mais abaixo o nome dos fundadores). A reunião ordinária foi no prédio do primitivo Instituto de Proteção e Assistência à Infância, situado à rua Paulo Barbosa, 102, que passou a ser sede da Sociedade. Ficou assim resolvido, ao menos temporariamente o aspecto material da recém-fundada associação. A sede sofreu inúmeras mudanças. Assim:

1º) De 1923 até 1925 a sede foi no Inst. de Prot. e Assist. à Inf. à rua Paulo Barbosa, 102, como referido acima, sendo presidentes, Paulo Figueira de Mello, Ernesto Tornaghi e Paula Buarque;

2º) De 1926 até 1929 a sede passou aos edifícios do Banco de Petrópolis, à rua 15 de Novembro nº 102, e depois, onde atualmente funciona o Banco do Brasil; foi presidente durante este período o Dr. Arthur de Sá Earp Filho;

3º) De 1930 a 1931, edifício à rua Epitácio Pessoa, 102, onde atualmente está instalado o jornal Diário de Petrópolis. Presidentes Ernesto Tornaghi e Fernando Villela;

4º) De 1932 até 1943. A Sociedade se instalou no Instituto de Prot. e Assist. Inf. no seu novo edifício à rua Washington Luiz, nº 45, sendo presidentes, Adolfo Pinto, Alynthor Werneck, Paulo Rudge, Ernesto Tornaghi, Nelson de Sá Earp, Virgílio Ferreira da Costa, Ernesto Tornaghi e Genésio Pacheco, em ordem cronológica de sucessão;

5º) De 1944 a 1945 a sede passou ao Colégio D. Pedro II à rua 15 de Novembro, sendo presidentes Nelson de Sá Earp e Mário Pinheiro;

6º) De 1945 a 1954: Centro de Saúde de Petrópolis, à rua Santos Dumont. Presidentes, Mário Pinheiro, Jorge Ferreira Machado, Germano Bretz, João Fontes de Oliveira, Nelson de Sá Earp, Edgar Campos, Acácio Souza Branco, Nazareth Braga Peixoto, Genésio Pacheco, em ordem cronológica;

7º) De 1954 a 1955. Novamente o Instituto de Prot. e Ass. à Inf. à rua Washington Luiz. Presidente Genésio Pacheco;

8º) De 1956 a 1977 Novamente no Centro de Saúde, rua Santos Dumont. Presidentes, Germano Bretz, Nelson Etienne Douat, Sidney Azevedo Lopes, Benigno Girão Barroso, Jayme Trieger, Gabriel da Silva Carvalho, João Werneck, Salvador Fernandes, Donato D’Angelo, Chekib Antoun, Jorge F. Machado, Divany Coutinho, Ivan Bastos Tavares, Miguel Martins, Sergio Kuntz, Jorge T. Martins, Fernando Fraga, Maurício Alliman;

9º) De 1961 a 1980 – Sede própria, a rua 15 de Novembro, Edifício Profissional. Aquisição feita pelo Pres. Salvador Fernandes com participação do Pres. João Werneck;

10º) De 1980 até 1983. Sede própria à rua Piabanha nº 421. Aquisição feita pelo presidente Paulo Melchior Baffi, com participação do Pres. Vicente Albuquerque. Como se vê são dez transferências, sem que haja ocorrido qualquer solução de continuidade de funcionamento da Sociedade, argumento sobejamente forte para demonstrar o entusiasmo e ideal dos fundadores e presidentes, cuja lista integral segue abaixo. O nome dos fundadores foram colhidos de documento original. São eles: F. V. Gonçalves Penna, Vital Fontenelle, Paulo Rudge, A. J. Monteiro, Alcindo Sodré, Paula Buarque, Paulo Regendanz, Hugo Silva, Alynthor Werneck de Carvalho, Augusto de La Rocque, Armando Lacerda, Ernesto Tornaghi, Arthur de Sá Earp Filho, João da Veiga Soares, Modesto Guimarães, Antonio Moreira da Fonseca, Antonio José Romão, Edmundo Lacerda, Armando Lima, Paulo Figueira de Mello, Aroldo Leitão da Cunha, Correa Lemos, Joaquim Francisco Moreira, Sebastião Cesar de Carvalho, Antonio Cardoso Fontes, Candido Martins, Arthur Cruz. 26 ao todo.

O ASPECTO IDEAL DA SOCIEDADE MÉDICA.

O ideal da Sociedade Médica foi sustentado pelos seguintes presidentes que lhe souberam honrar o nome:

ANO NOME ESPECIALIDADE MANDATO
1923 Paulo Figueira de Mello Cirurgião. Clínico. Ginecologista e Obstetrícia. 6 meses
1924 Ernesto Tornaghi Clínico e Pediatria 1 ano
1925 Antônio Joaquim de Paula Buarque Clínico 1 ano
1926  Arthur de Sá Earp Filho Cirurgião, Clínico, Ginecologia e Obstetrícia 6 meses 
1926 Henrique Pinto Ferreira Professor 6 meses
1927 Arthur de Sá Earp Filho Cirurgião, Clínico, . Ginecologia e Obstetrícia 1 ano 
1928 Arthur de Sá Earp Filho Ver acima 1 ano
1929 Arthur de Sá Earp Filho Ver acima 1 ano
1930 Fernando Vilela Clínica e Neurologista 1 ano
1931 Ernesto Tornaghi Clínico 1 ano
1932 Adolfo Pinto Oftalmologista e Otorrinolaringologista 1 ano
1933 Adolfo Pinto Ver acima 1 ano
1934 Adolfo Pinto Ver acima 1 ano
1935 Alynthor Werneck de Carvalho Clínico 1 ano
1936 Paulo Rudge Clínico, Acidentes de Trabalho, Pediatria. 1 ano
1937 Paulo Rudge Ver acima 1 ano
1938 Paulo Rudge Ver acima 1 ano
1939 Ernesto Tornaghi Clínico, Pediatra 1 ano
1940  Nelson de Sá Earp Cirurgião, Clínico, Ginecologia e Obstetrícia 1 ano 
1941 Virgílio Ferreira da Costa Pediatria 1 ano
1942 Ernesto Tornaghi Clínico, Pediatra 1 ano
1943  Genésio Pacheco  Bacteriologista, Laboratorista, Microbiologista 1 ano 
1944  Nelson de Sá Earp  Cirurgião, Clínico, Ginecologia e Obstetrícia 1 ano 
1945 Mario Pinheiro Pediatra, Higienista 1 ano
1946  Jorge Ferreira Machado Cirurgião, Clínico, Ginecologia e Obstetrícia 1 ano 
1947  Germano Brasilianno Bretz Bacteriologista, Laboratorista, Microbiologista 1 ano 
1948 João Fontes de Oliveira Pediatria 1 ano
1949 Nelson de Sá Earp Ver acima 1 ano
1950 Edgar Campos Oftalmologista, Otorrinolaringologista 1 ano
1951 Accácio Souza Branco Oftalmologista, Otorrinolaringologista 1 ano
1952 Nazareth Braga Peixoto Cirurgião, Clínico, Ginecologista e Obstetrícia 2 anos 
1953 Genésio Pacheco Ver acima 10 meses
1954 Braz Scaldaferri Cardiologista 3 meses
1955 Germano Bretz Ver acima 1 ano
1956 Nelson Ettiene Douat Tisiologista, Técnico Hospitalar 1 ano
1957 Sidney de Azevedo Lopes Radiologista, Radioterapeuta 1 ano
1958 Girão Barroso Tisiologista, Clínico 1 ano
1959 Jayme Trieger Homeopata 1 ano
1960 Gabriel da Silva Carvalho Tisiologista, Técnico Hospitalar 1 ano
1961  João Werneck  Clínico, Higiene do Trabalho, Radiologista 1 ano 
1962 Salvador Fernandes Cardiologista, Clínico 1 ano
1963 Donato D’Angelo Ortopedista 1 ano
1964 Chekib Antoun Cardiologista, Clínico 1 ano
1965 Jorge F.. Machado Ver acima 1 ano
1966 Divany Coutinho Pediatra 1 ano
1967 Ivan Bastos Tavares Higienista 1 ano
1968 Miguel Martins Pediatra 1 ano
1969 Sérgio Kuntz Cirurgião, Pediatria Cirúrgica 1 ano
1970 Jorge T. Martins Cirurgião, Cir. Vascular 2 anos
1971 Jorge T. Martins Ver acima 2 anos
1972 Fernando Fraga Cirurgião 2 anos
1973 Fernando Fraga Cirurgião 2 anos
1974 Maurício Alliman Anestesista 2 anos
1975 Maurício Alliman Anestesista 2 anos
1976 Floriano Achão Cirugião, Ginec. Obstr. 2 anos
1977 Floriano Achão Cirugião, Ginec. Obstr. 2 anos
1978 Vicente Albuquerque Otorrinolaringologista 2 anos
1979 Vicente Albuquerque Otorrinolaringologista 2 anos
1980 Paulo Melchior Baffi Cirurgião, Ginec. Obstr 2 anos
1981 Paulo Melchior Baffi Cirurgião, Ginec. Obstr 2 anos
1982 Jorge de Oliveira Neurocirurgião 2 anos
1983 Jorge de Oliveira Neurocirurgião 2 anos

 

São ao todo 52 mandatos presidenciais, dos quais 44 de 1 ano e 8 mandatos de 2 anos, durante 60 anos de vida societária ininterrupta.

Cada um daqueles presidentes cumpriu sua missão com muita dedicação e brilhantismo. Mereceriam um estudo especial que infelizmente não posso fazer por exiguidade de espaço num trabalho tão sucinto quanto este. Vou aproveitar alguns dados estatísticos, que consegui anotar, sem preocupação de uma exatidão absolutamente matemática. São suficientes, ao que me parece, para um cortejo dos valiosos trabalhoso executados pela Sociedade durante esses preciosos 60 anos. Distribui as atividades da SMP em cinco grupos principais, de acordo com seus departamentos atuais.

ATIVIDADES CULTURAIS E CIENTÍFICAS.

Essas atividades assumiram várias formas que passo a discriminar:

1 – Conferências – Foram em número de 533 as conferências pronunciadas por eminentes conferencistas, não só locais como vindos de diversas parte do país. De natureza variada, elas abrangeram todo o âmbito da medicina, seja da clínica médica, da clínica cirúrgica, ou das várias especialidades, frutos da experiência no campo da clinica particular ou da medicina pública. A progressista especialização da medicina justificou tentativas de criação de associações especializadas, nascidas todas dentro da própria Sociedade, como o foram as Regionais do Colégio Internacional de Cirurgiões, e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, durante as presidências de Accacio de Souza Branco e Mauricio Alliman, respectivamente, a Sociedade de Pediatria (presidência de Jorge Machado, Regional da Sociedade Brasil. de Ginecologia e Obstetrícia, Sociedade Pneumo-Cardio-Vascular Presidência de Nelson Douat). Pode-se considerar a Faculdade de Medicina de Petrópolis como fruto também da vitalidade da Sociedade de vez que um dos seus presidentes, o subscritor destas linhas, foi um dos seus fundadores. Entre seus primeiros professores titulares havia 5 membros da sociedade, e não menos de 15 professores auxiliares eram membros da sociedade. Não é possível destacar nomes entre 533 conferencistas. O ex-presidente Mário Pinheiro, em documentada descrição dos 2 primeiros decênios da Sociedade já fez uma lista dos principais conferencistas daqueles períodos. É de se desejar que continue a fazê-las para os restantes 4 decênios. Vale registrar que a 1ª conferência foi levada a efeito na 1ª sessão da Sociedade, em 15 de julho de 1923. Foi conferencista o Dr. Arthur de Sá Earp Filho. O tema foi, “Tratamento de Sífilis”. O subscritor da ata foi o Dr. Alcindo Sodré em estilo modelar, e que vale a pena ser imitado.

2ª Sessões conjuntas – Elevam-se a 65 o número de sessões conjuntas, o que mostra o espírito associativo e ajuda mútua da SMP. Elas foram da mais variada natureza. Vamos citar as associações congêneres, deixando aqui consignado o reconhecimento da Sociedade a todas elas.

Instituto de Cardiologia, Capítulo Fluminense das Doenças do Tórax, Colégio Internacional de Cirurgiões, Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Instituto Nacional do Câncer, Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Sindicato Médico do Rio de Janeiro, Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, Centro de Estudos Rodolpho Figueira de Mello, Associação Médica Fluminense, Sociedade Fluminense de Medicina de Campos, de Teresópolis e de Friburgo, Centro de Estudos Oswaldo Cruz, Centro de Estudos do Inamps, Centro de Estudos da Casa da Providência, Escola de Enfermagem do Hospital Santa Teresa, Serviço de Hepatologia da Santa Casa do Rio de Janeiro, Unimed de Petrópolis, Departamento de Doenças Infecto-Parasitárias da PMP, Club Médico de Petrópolis, Faculdade de Medicina de Petrópolis, Sociedade Brasileira de Radiologia, Procor de Petrópolis, Centro de Estudos do Ipase, Clínica Solar Pedras Brancas, Casa de Saúde Santa Mônica, Hospital Santa Teresa, Hospital Municipal de Petrópolis, Centro de Estudos Nelson de Sá Earp da Clínica Luiz Guimarães, Petropolitano F. Club, Casa de Saúde S. Lucas, Centro de Estudos Luiz Stroeckler, Museu Imperial de Petrópolis, Centro de Saúde de Petrópolis, Instituto de Proteção e Assistência à Infância, Centro de Estudos do Hospital da Lagoa, Centro de Estudos do Hospital Souza Aguiar, Serviço do Prof. Montenegro da Universidade de São Paulo, Sociedade Médica de Juiz de Fora, Serviço do Prof. Geraldo Siffert do Curso de Pós-graduação da PUC do Rio, Serviço de Fisioterapia Rocha Miranda e outras que teriam passado despercebidas. São tantas! Que me sejam desculpadas as lacunas por acaso existentes: são involuntárias. Note-se que o auxílio das entidades à Sociedade Médica é o reflexo dos esforços dos presidentes que dirigiram a Sociedade, ao menos, na maioria das vezes, e muitas vezes de sócios abnegados que os ajudaram.

3º – Cursos realizados – Os cursos que consegui anotar foram em torno de 23. A princípio raros, foram surgindo cada vez com maior freqüência no suceder dos anos, a partir, principalmente do presidente Germano Bretz em 1955. Foram de natureza diversa, ligados às diversas especialidades:

1927 – 1º Curso – Curso para parteiras práticas – Presidente Arthur de Sá Earp Filho
1955 – 2º Curso – Curso para médicos sobre “Atualidade Médicas”- Presidente Germano Bretz
1956 – 3º Curso – Curso de Cancerologia – Presidente Nelson Douat em colaboração com o Colégio Internacional de Cirurgiões, iniciativa de seu presidente Jorge Ferreira Machado
1959 – 4º Curso – Curso de Hipnose – Presidente Jayme Trieger
1959 – 5º Curso – Atualidades Médicas – Presidente Jayme Trieger
1964 – 6º Curso – Curso sobre Doenças Cardio-pulmonares – Presidente Chekib Antoun
1964 – 7º Curso – Atualidades Médicas – Presidente Chekib Antoun
1965 – 8º Curso – Curso de Deontologia Médica – Presidente Jorge Machado
1966 – 9º Curso – Curso de Pediatria Cirúrgica – Presidente Divany Coutinho
1968 – 10º Curso – Curso de Oftalmologia – Presidente Miguel Martins
1976 – 11º Curso – Curso de Antibioticoterapia – Presidente Floriano Achão
1979 – 12º Curso – Curso de Ortopedia Pediátrica – Presidente Vicente Albuquerque
1980 – 13º Curso – Curso de Laparoscopia – Presidente Paulo Baffi
1981 – 14º Curso – Curso de Eletrocardiografia – Presidente Paulo Baffi
1981 – 15º Curso – Curso sobre Temas de Obstetrícia – Presidente Paulo Baffi
1981 – 16º Curso – Curso de Endocrinologia – Presidente Paulo Baffi
1981 – 17º Curso – Curso de Laparoscopia em Ginecologia – Presidente Paulo Baffi
1981 – 18º Curso – Curso de Psicoterapia Analítica – Presidente Paulo Baffi
1982 – 19º Curso – Curso de Atualidades Médicas em conjunto com o Centro de Aperfeiçoamento da Casa da Providência – Presidente Jorge de Oliveira
1982 – 20º Curso – Curso sobre Ensino Médico em colaboração com a Associação Brasileira de Ensino Médico – Presidente Jorge de Oliveira
1982 – 21º Curso – Curso para Professores – Presidente Jorge de Oliveira
1982 – 22º Curso – Curso de Patologia Cervical – Presidente Jorge de Oliveira
1982 – 23º Curso – Curso sobre Ensino Médico – Presidente Jorge de Oliveira

Note-se que é a partir de 1981 que os Cursos se tornam mais freqüentes e apresentam uma freqüência de até 260 pessoas por sessão. A maioria é de Acadêmicos de Medicina.

4º – Jornadas, Simpósios, Encontros, Mesas Redondas – É de se assinalar, a respeito de atividades culturais, a realização de simpósios, encontros e mesas redondas que não somaram ao todo mais de 13. Somente depois de 1964 começam a aparecer tais tipos de reunião. Mas quanto a Jornadas, conta-se a realizada em 1936 que merece destaque especial. A 1ª Jornada foi realizada em 1936 sob a presidência de Paulo Rudge. Foi magnífica. Tive ocasião de participar com contribuição pessoal. Teve atuação destacada além do Presidente Paulo Rudge, o Dr. Ernesto Tornaghi. A Jornada reuniu profissionais de Niterói, Campos e Petrópolis. Foram 3 dias de intensos trabalhos amplamente descritos em nossas atas. Em 1978 tivemos a Jornada de Infectologia, repetida em 1982 e 1983 sob a presidência de Jorge de Oliveira.

5º – Congresso Médico – Em 1949, a Sociedade promoveu o seu único Congresso Médico. Foi um Congresso de muito sucesso onde os colegas de Petrópolis tiveram numerosa participação e grande colaboração. Ele reuniu médicos de Petrópolis, Teresópolis, Campos, Niterói, Trajano de Morais, Juiz de Fora, Rio de Janeiro e São Paulo. Denominou-se 2º Congresso Médico do Estado do Rio de Janeiro. Fizeram parte de sua comissão Organizadora o subscritor destas linhas, o Dr. Genésio Pacheco e Jorge F. Machado. Os seus Anais foram publicados, graças aos esforços, principalmente, de seu secretário, Jorge Machado. Foi seu Presidente o autor deste trabalho. Os médicos de Petrópolis contribuíram com mais de 25 trabalhos entre os 65 apresentados, enfeixando um volume de 665 páginas, ainda hoje digno e útil de ser consultado.

DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES EXTERNAS.

Ao se analisar o que foram as relações externas da Sociedade, verifica-se que elas, de certo modo se confundem com as atividades exercidas em comum com as sociedades congêneres, já assinaladas anteriormente. Desde o seu início, em 1923, o contato com meios médicos e ambientes externos foi uma preocupação constante de todos os presidentes. Destaque-se, no entanto, a atividade de um dos seus presidentes, o Dr. Genésio Pacheco em 1954. Foi durante o seu mandato, que constitui, para mim, um marco da vida da Sociedade, que, por iniciativa de Genésio foi promovida a união das três grandes Sociedades do Estado do Rio: a própria SMP, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Niterói, e a Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia de Campos. Sendo de assinalar que a SMP é a 2ª mais antiga do Estado, afirmação do sempre abalizado Ernesto Tornaghi. A federação de associações médicas que Genésio sonhou colimou com a criação da Associação Médica Fluminense, tendo a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Niterói concordado em perder sua personalidade jurídica e seu próprio nome e seu patrimônio, que passou à Associação M. Fluminense. O trabalho de Genésio teve a cooperação valiosa de Braz Scaldaferri e Tarquinio Duarte Silveira, membros da SMP. Mais tarde, em 1980, houve uma tentativa de desvinculação da SMP da Associação M. Fluminense, mas foi rejeitada por não atender aos interesses da tradição, e respeito aos trabalhos já anteriormente executados. Muito há o que contar a respeito dos intercâmbios com entidades médicas federais, e até estrangeiras, mas não cabem num trabalho como este.

DEPARTAMENTO DE MEDICINA PREVENTIVA E ASSISTENCIAL.

Contei 40 atividades de caráter médico-social. Assinalo apenas algumas delas, por datas.

1929 – Proposta aos poderes públicos e recomendações visando ao controle de “Formicida” (Cianureto de potássio) devido ao acentuado número de suicídios à época. Pres. Arthur de Sá Earp Filho.
1935 – Iniciativa de instalação em Petrópolis de um laboratório de Saúde Pública que ao mesmo tempo servisse a clínica particular. A proposta teve sucesso e dentro de pouco tempo Petrópolis tinha seu Laboratório. Era diretor médico da Prefeitura o Dr. Mario Pinheiro. Foi titular do Laboratório o Dr. Antônio Vieira da Cunha, indicado pela Sociedade.
1934 – Começa a ser agitada na SMP a instalação de um serviço de assistência pública municipal de urgência a qual acabou sendo criado com o nome de Serviço Municipal de Pronto Socorro, sendo Secretário de Saúde Mário Pinheiro. O serviço durou 6 meses, sendo depois transferido para o Hospital Santa Teresa, onde funcionou por mais de 20 anos.
1942 – Série de sessões dedicadas ao problema de fornecimento do leite em Petrópolis, ocupando a tribuna Germano Bretz.
1943 – Repercussão dos trabalhos de Genésio Pacheco sobre a brucelose.
1955 – Atuação da Sociedade Médica sobre a instalação em Petrópolis de um serviço de exame pré-nupcial. Pronunciamentos nesse sentido de Jayme Trieger.
1955 – Várias sessões sobre a poliomielite. Pronunciamentos de Germano Bretz.
1961 – Petrópolis, Cidade Piloto para assuntos médico-sociais, Presidente João Werneck.
1963 – Aspectos sociais das cardiopatias. Pres. Donato D’Angelo.
1965 – Aspectos da poluição da água em Petrópolis. Pres. Jorge Machado.
1980 – Doenças infecciosas Presidente Paulo Baffi e Jorge Oliveira. Direção de Vilhena Leite.

Trata-se de uma lista incompleta, mas suficiente para mostrar a preocupação da SMP com os problemas sanitários.

A Sociedade foi peça decisiva, por um dos seus eminentes sócios, o Dr. Hélio Bittencourt, vereador e vice-prefeito da cidade, para a instalação de um serviço de Medicina Legal em Petrópolis. Aproveito o ensejo para apontar que vários sócios, preocupados com o problema da cidade exerceram cargos políticos eletivos, quer municipais, quer estaduais ou federais. Assim, de 1923 para cá, ao que me consta, exerceram cargos eletivos os seguintes membros da Sociedade: Paula Buarque, Alcindo Sodré, Nelson de Sá Earp, Mário Pinheiro, Rubens de Castro Bomtempo, Jamil Sabra, Prefeitos. São 6 Prefeitos médicos para um total de 18 prefeitos, de 1923 até hoje, isto é, uma margem de 30%, o que indica a influência da medicina na direção da cidade; Antônio José Romão, Joaquim F. Moreira, Alynthor Werneck, Alcindo Sodré, Nelson de Sá Earp, Hélio Bittencourt, Nazareth Braga Peixoto, Ruotulo Neto, Paulo Hervé, Rubens de Castro Bomtempo, vereadores; Mário Fonseca, Adolfo de Oliveira, Paulo Hervé, Jamil Sabra, deputados estaduais; Antonio José Romão, Adolfo Oliveira, deputados federais; Joaquim F. Moreira, senador. Muitos foram secretários de saúde do Município.

Quanto ao problema da tuberculose, a influência da SMP foi grande. É de se notar o trabalho valioso exercido pelos médicos que se dedicam aos Hospitais situados em Corrêas, principalmente Hospital Alcides Carneiro, Valois Souto, Bela Vista, Oswaldo Cruz, e mais remotamente, o Hospital Canavial, e o antigo Hospital D. Pedro. Nelson Douat, Girão Barroso, Mário Pinheiro, Gabriel S. Carvalho, quando foram presidentes da Sociedade, deram de modo especial uma representação dela naqueles Hospitais.

DEPARTAMENTO DE DEFESA PROFISSIONAL.

Incluem-se aqui quatro tipos de atividades exercidas pela SMP: 1) a respeito dos problemas criados entre colegas; 2) problemas provenientes de tentativas públicas, visando a prejudicar o bom nome de colegas; 3) problemas relativos ao exercício ilegal da medicina; 4) problemas ligados à defesa da classe a favor da melhoria de condições de trabalho e de mais dignos honorários médicos.

Quanto ao primeiro item, a atuação da Sociedade, visou sempre ao ideal da concórdia e de paz entre os colegas. Nesses 60 anos decorridos os casos de que a Sociedade tomou conhecimento atingiram o número reduzido de 11. Todos foram resolvidos a contento, sem prejuízo da unidade da classe.

Quanto ao segundo item, a defesa dos colegas visados pela difamação ou calúnia, vale citar um caso em que um colega foi citado publicamente, e criminalmente indiciado como responsável pela morte acidental de uma criança. A Sociedade, mediante declaração pela imprensa, depôs a favor da honorabilidade, competência e fidelidade do colega injustiçado, o que lhe valeu seu impronunciamento. Ele sequer foi a juízo. Teve confirmado seu bom nome, e seu prestígio amplamente restabelecido.

Com relação ao ítem 3, exercício ilegal da medicina, a Sociedade teve oportunidade de investir contra tal prática nefasta por várias vezes. Como acontece, ainda nos dias de hoje, os pronunciamentos da classe não tem o sucesso que seria de desejar. As campanhas de 1929 e de 1933 tiveram frutos restritos e temporários. As causas do curandeirismo não se deixaram ainda conjurar em que pesem os dispositivos do Código Penal. Ficaram lições que devem ser meditadas para uma ação mais adequada e eficiente.

Quanto ao ítem 4, relativo às lutas que a classe médica vem mantendo para se estabelecerem melhores condições de trabalho para o médico, e mais dignos níveis de honorários e salários, a classe vê, com pesar, deteriorar-se seu valor social. Ela vem sendo impiedosamente nivelada a trabalhos de menos significação humana, com seu conseqüente achatamento econômico. Inscreve-se tal episódio na virada histórica de uma socialização em massa indiscriminada, em que simplesmente o número parece representar o elemento atuante decisivo em que sucumbe o valor pessoal. A Sociedade, na defesa de seus membros e da classe em geral teve e tem tido várias ocasiões de atuar, seja em casos particulares de determinados colegas, seja na luta contra determinações injustas de entidades públicas ou particulares em relação à vida profissional dos médicos. Assim, houve caso em que a Sociedade foi até a contratação de advogados para, como litisconsorte, defender, na Justiça do Trabalho, um colega vítima de exploração salarial. Houve ganho de causa. A Sociedade defendeu tenazmente os médicos do Pronto Socorro, em 1952, prejudicados por uma decisão da PMP que, transferindo o Serviço para uma outra entidade os lesava mortalmente. A intervenção da Sociedade em decisões memoráveis tomadas em várias sessões teve êxito feliz, obrigando o retorno do Serviço a suas condições anteriores com salvaguarda dos direitos dos médicos. Era presidente da Sociedade o Dr. Nazareth Braga Peixoto. Assinale-se, ainda, o pronunciamento da Sociedade, em 1966, repelindo a instalação de indústria de perfumes, com prejudicial emanação de gazes, nas proximidades do Hospital Santa Teresa, do Hospital Municipal, e Hospital Antonio Fontes. A atuação da SMP contribuiu decisivamente para a criação da Lei Municipal que demarcou a Zona Hospitalar da cidade que protege aqueles três Hospitais da cidade. Era Presidente da Sociedade, naquela ocasião o Dr. Divany Coutinho.

É nesse capítulo da história da SMP que se inscrevem os episódios mais recentes, a partir de 1974, principalmente. São as questões relacionadas com o Plano Nacional de Saúde, o Ato normativo, os contratos globais, a produtividade, os dias nacionais de protesto, e ultimamente o Conasp. Em todas essas questões a Sociedade tem atuado.

Não seria possível esquecer nessas lutas as atividades dos Presidentes Chekib Antoun, Maurício Alliman, Vicente Albuquerque, Paulo Baffi, Germano Bretz e Gabriel Carvalho, e outros, os responsáveis pela participação da Sociedade nesses angustiosos problemas. Inclui-se aqui o trabalho desenvolvido pelo atual presidente Jorge de Oliveira na defesa de colegas prejudicados por uma determinada clínica empresarial médica e que viram seus direitos repostos graças a intervenção da Sociedade. Destaco também o papel representado pela Unimed, órgão criado e nascido dentro da SMP, e que tem tido dois paladinos do cooperativismo médico entre nós, os Drs. Germano Bretz e Chekib Antoun.

SINDICALISMO MÉDICO.

Abro aqui um capítulo dos mais importantes e extremamente atual: o do sindicalismo médico. Existem documentos da SMP que provam não só a existência, como revelam as atividades de um Sindicato Médico de Petrópolis, nascido também na Sociedade. Ele data de 1938. Foram seus presidentes: Alynthor Werneck, Rodolpho Figueira de Mello, Arthur de Sá Earp Filho, e novamente Alynthor Werneck. Seus estatutos foram registrados na administração de Sá Earp Filho em 1939. Consta dos resultados de seus trabalhos uma tabela de salários mínimos decretada por assembléia geral, destinada especialmente a evitar a concorrência dos colegas sobre preços, e para evitar o aviltamento dos honorários médicos. Em 1976, o Presidente Donato D’Angelo, sentindo a necessidade de um órgão de defesa profissional mais adequado do que a simples SMP, insistiu em recriar o Sindicato com a denominação de Associação dos Profissionais de Petrópolis. Por motivos alheios à sua vontade, ele não pode se firmar. Vejo, com prazer, que a futura diretoria da SMP tem no seu programa a intenção de recriar o Sindicato.

CONSELHO DIRETOR.

Que seria da SMP se não contasse com direções esclarecidas e aplicadas? De 1923 até 1972, quando entrou em exercício o Estatuto ora em vigor, a responsabilidade da direção, caía todo sobre o Presidente. De 1972 para cá, a direção passou a ser partilhada por um Conselho. Podem ser contadas, sob o primeiro regime de direção, de 1923 até 1972, 711 atividades. De 1972 até 1983, sob o novo regime, 276 atividades.

UMA REFERÊNCIA À BIBLIOTECA.

Ao contrário do que é admitido comumente, a Sociedade já teve uma Biblioteca e seu Bibliotecário. A sugestão de criá-la nasceu do grande mestre Prof. Dr. Henrique Pinto Ferreira, já em 1926. Começou a funcionar em 1933 sob a presidência de Ernesto Tornaghi, sendo dela incumbida o autor destas linhas, sem que houvesse a criação do cargo de Bibliotecário. Este cargo veio a ser criado em 1932, sendo presidente o que ora escreve, e foi preenchido por Virgílio Ferreira da Costa, seu primeiro titular. Acredito que o desaparecimento da biblioteca se deu pelo fato das constantes e repetidas mudanças de séde, e as novas, em geral, não possuírem acomodações para os livros e revistas acumulados.

UMA PALAVRA SOBRE O PRESIDENTE DE HONRA DA SMP PROF. DR. ANTONIO CARDOSO FONTES.

A Sociedade só teve até hoje um Presidente de Honra. Foi ele, o Prof. Antonio Cardoso Fontes, também sócio-fundador. Petropolitano nato, Fontes é uma glória nacional. A Sociedade tem cultuado a sua memória, tendo participado decisivamente na ereção em praça pública do seu busto em bronze, que se encontra na Praça D. Pedro, em nossa cidade. Fontes foi eleito Presidente de Honra em 1938 e nessa data teve seu retrato inaugurado em sessão solene.

UM CAPÍTULO SOBRE O SECRETARIADO DA SMP.

Seria crime de lesa-majestade, se faltasse a este esboço histórico um tópico sobre os secretários da SMP. Se os presidentes são como que as almas da Sociedade, os secretários são como que suas almas irmãs. Este tipo de trabalho que faço seria impossível sem os documentos que eles perfizeram e guardaram, principalmente as atas, que de próprio punho escreveram, e que constituem obras exemplares de fidelidade aos fatos e ao vernáculo. Cito-lhes os nomes numa homenagem de todo apreço e admiração. Ernesto Tornaghi (eleito secretário perpétuo, tal a sua dedicação e eficiência), Edgard Magalhães Gomes, Paulo Rudge, Fernando Villela, Carlos Rudge, Jorge F. Machado, Álvaro Camargo, Tarquínio Duarte Silveira, Accácio Souza Branco, Julio Pinto Duarte, Arthur Cruz Filho, Álvaro Batalha, Ozório Teixeira da Silva, Girão Barroso, Jayme Trieger, José Gabriel da Silva Carvalho, Alberto Gil Chauffaille, Sávio Pereira Lima, Antonio Santoro, Aldo Labronici, José Carlos Spielmann, Fernando Fraga, Gladstone Murta, Nelson de Magalhães Feitosa Junior, Fernando Pereira Campos, Valter Gabriel Maluly, Paulo Figueira de Mello, Luiz A. F. Rosli.

Tão grande crime seria o não me referir ao atual chefe de secretaria, o Sr. Ildo Santos Barbosa cuja competência, dedicação e espírito de sacrifício é reconhecido por todos quantos com ele convivem e de quem recebi a maior colaboração na preparação deste modesto trabalho.

ESTATUTOS.

Uma curta referência faço aos estatutos da Sociedade. Conheço dois fundamentais. O primeiro elaborado pelos fundadores em 1923. Foi muitas vezes alterado. O 2º, o atual, promulgado na gestão de Miguel Martins. Perdura até os dias de hoje. Está para ser alterado, conforme consta do programa da nova diretoria eleita para o biênio 1984-1986 de que é presidente eleito o Dr. Flávio Andriollo.

O DECANATO.

Por consenso foi escolhido, desde longa data, Decano o Dr. Gabriel Bastos. Contando hoje com mais de 90 anos, Gabriel Bastos é um médico queridíssimo e uma figura humana estimadíssima por seus colegas e por toda a sociedade petropolitana. Clínico dos mais abalizados, ele foi durante anos o anjo tutelar dos doentes do 2º Distrito de Petrópolis, onde sempre residiu e onde dobrou esforços em favor de toda a população, sem distinção de classe. É uma honra a SMP tê-lo como seu Decano.

SÓCIOS BENEMÉRITOS.

Faltaria a esse esboço histórico um dado referente aos sócios beneméritos que merecem ser especialmente citados. A lista que transcrevemos contém entre o seus três primeiros titulares aqueles que prestaram relevantes serviços à Sociedade; Os demais foram agraciados por terem colaborado materialmente e generosamente para a aquisição da sede própria da Sociedade. Eis a lista:
1 – Arthur de Sá Earp Filho
2 – Osório de Magalhães Salles – Gerente do Banco de Petrópolis
3 – Paulo Rudge
4 – Ernesto Tornaghi
5 – Abílio Rodrigues Freire
6 – Accacio Souza Branco
7 – Alberto Gil Chauffaille
8 – Aldo Labronici
9 – Álvaro Luiz Lofgren
10 – Antonio Alceu de Araújo
11 – Antonio José Romão
12 – Antonio Santoro
13 – Arthur Fonseca Cruz Filho
14 – Benigno Girão Barroso
15 – Carlos Alberto Costa e Souza
16 – Carlos Eugenio Teixeira Barbosa
17 – Carlos José de Medeiros
18 – Chekib Jorge Antoun
19 – Dirceu Carvalho Barbosa
20 – Divany Figueiredo Coutinho
21 – Edgar Campos
22 – Enrico Caruso
23 – Ernani Duarte
24 – Germano Bretz
25 – Gervásio da Cunha Gonçalves
26 – Hélio Mendonça Bittencourt
27 – Iberê Marins Costa
28 – Jaime Sarninsky
29 – João Fontes de Oliveira
30 – João Manoel de Castro
31 – Jorge Ferreira Machado
32 – José Carvalho de Andrade Pinto
33 – José Benedito de Sá
34 – José Gabriel da Silva Carvalho
35 – Julieta Nicolau
36 – Luiz Gastão da Costa e Souza
37 – Nelson da Cruz Loureiro
38 – Nelson de Sá Earp
39 – Otávio O. Bastos
40 – Oswaldo da Costa Martins
41 – Ozório Teixeira da Silva
42 – Paulo de Barros Franco
43 – Paulo Motta Filho
44 – Salvador Gomes Fernandes
45 – Sérgio José Kuntz
46 – Sydney L. Azevedo Lopes
47 – Teófilo Salim
48 – Waldecy A. Almeida
49 – Alfredo W. Haack

ÚLTIMAS PALAVRAS.

Penso ter apresentado uma noção ao menos aproximada do que foi a vida da Sociedade Médica de Petrópolis, durante seus 60 anos de existência. Ela tem sido, na verdade, uma escola de formação médica. Basta considerar que qualquer médico que a tivesse freqüentado assiduamente teria feito um aprendizado contínuo e reciclado.

Considerem-se ainda os aspectos sociais e humanos que a Sociedade oferece, e decorre, prontamente, o quanto lhe ficam a dever os que a freqüentam. Pense-se nos inúmeros momentos de encontros, festas de recreação e convivência, proporcionados pela Sociedade, testemunhos de sua vitalidade, e impõem-se, com evidência, sua força de união e congraçamento. A expressão mais alta dessa sua missão é a festa que ela promove todos os anos a 18 de Outubro, Dia do Médico. Foi uma iniciativa muito feliz do Presidente Accácio Souza Branco, seu idealizador e primeiro executor. Esta festa anual consta de um jantar comemorativo, ao qual se juntou mais tarde uma Santa Missa em obediência ao sentimento católico da maioria dos membros da Sociedade; nela se presta um culto a Deus Criador, a Jesus Médico e Salvador, em que se sufragam as almas dos médicos falecidos, em que se rende ação de graças pelos benefícios alcançados, e oferecem-se os trabalhos dos médicos a favor dos necessitados e dos doentes a ele confiados, e em que se pede pela paz e harmonia de todos, cada um recebe o que é seu, conforme o seu esforço e mérito. Neste último particular, de congraçamento, tem representado um papel dos mais relevantes o Clube dos Médicos que nasceu dentro da Sociedade e que foi idealizado pelo Presidente Paulo Baffi e com a colaboração e apoio de Alberto Chaufaille e outros.

Termino esse artigo por uma saudação a nossa Sociedade, a todos seus Presidentes, suas Diretorias e seus Membros. Ela é portadora de um cabedal eterno de estuante vida, de que todos os seus sócios não tem sido no passado, e são agora, e serão no futuro, os seus simples depositários efêmeros, mas que possuem, cada um, uma chama de vida aberta para uma imortal eternidade.

Parabéns à Sociedade Médica de Petrópolis por estes seus férteis 60 anos bem vividos.