OBELISCO
Raul Lopes
Obelisco, marco histórico de nossa cidade, não tem recebido a devida atenção que merece. Ouve-se, freqüentemente, que ele é uma homenagem aos colonos que aqui aportaram… Ele só é lembrado no dia da Fundação de Petrópolis, 16 de março, e só homenageiam Koeler e os colonos. Mas será que o motivo principal dele ser erguido foi só esse? Não! O que está faltando é informação.
O fato histórico que o criou foi o 1º Centenário da elevação de Petrópolis à categoria de cidade: 27 de setembro (1857-1957).
O Obelisco tem 20 metros de altura e em sua base estão afixadas quatro placas de bronze principais: a principal delas fica frontal à Praça D. Pedro e tem os seguintes dizeres:
“Este monumento, marco comemorativo do 1º Centenário da elevação de Petrópolis à categoria de cidade (sic), foi mandado construir pelo Prefeito Dr. Flávio Castrioto de Figueiredo Mello, para, perpetuando o nome dos que ajudaram Koeler a construir esta cidade, indicar às gerações futuras, pela contemplação desse passado, o caminho do trabalho, da comunidade e do progresso”.
Aí está o completo sentido da existência do Obelisco…
Abaixo dessa placa constam os nomes de todas as autoridades presentes à inauguração.
Ele foi inaugurado em 29 de setembro de 1957, por ser domingo. O projeto é do engenheiro Glass Veiga e a execução do engenheiro Ellyr Allan Rodrigues.
Nas outras três placas, todas do mesmo tamanho, afixadas nas três outras faces da base, estão os nomes dos que ajudaram a construir esta cidade e os nomes dos primeiros colonos alemães que aqui chegaram (de 29/06/45 a 31/01/46).
Sobre estas placas há um fato curioso: continham erros de grafia em muitos nomes e até alguns nomes que não eram de colonos. Esses erros permaneceram por 39 anos.
Quando foi Prefeito, Sérgio Fadel, o associado do I.H.P., José De Cusatis, conseguiu sensibilizá-lo a mandar corrigir as placas. Foi solicitada a revisão ao associado do I.H.P., Paulo Roberto Martins de Oliveira, pesquisador sistemático da genealogia dos colonos, para apresentar os nomes corretos. Assim foi feito.
O Prefeito Sérgio Fadel mandou, então, refundir as placas com as devidas correções e as reinaugurou em 29 de junho de 1996, ainda dentro dos festejos do Sesquicentenário. Nenhuma administração, até hoje, que se saiba, prestou qualquer homenagem à data histórica de 27 de setembro, junto ao Obelisco, como deveria ocorrer!
Aqui cabe, com o devido respeito, uma sugestão à atual administração: para que o Obelisco chame mais a atenção ao seu valor como marco importante da história da cidade, além dos colonos e criadores da cidade, poderia providenciar para o próximo 27 de setembro as datas 1857-1957, colocando-as, à meia altura da coluna principal, e nas duas faces no sentido da avenida, e também comemorando a data. Isto despertaria mais atenção para um dos fatos mais importantes que o monumento simboliza, tanto para os visitantes como para os petropolitanos.
A sua inauguração, em 29 de setembro de 1957, contou com a presença do Exmo. Sr. Presidente da República, Juscelino Kubistcheck de Oliveira.
Reportemos-nos a “Tribuna de Petrópolis” nº 284, de 01/10/1957, como testemunho ocular do grande evento que movimentou a cidade, num dia de gala.
“Cem anos de cidade”, uma festa empolgante e inesquecível.
Petrópolis viveu um dos seus maiores dias na comemoração do seu 1º Centenário de sua elevação à categoria de cidade…
O Presidente Juscelino Kubistcheck, que subiu especialmente a Petrópolis para presidir as solenidades, foi recebido em Quitandinha pelo Prefeito Flávio Castrioto.
(…) Às 10 horas o Presidente da República saltou do carro em frente ao Banco do Brasil, na avenida, seguindo a pé, sob aclamação do povo, rumo ao palanque instalado na Praça D. Pedro. Acompanharam Sua Exa. o Governador Miguel Couto Filho e o Prefeito Flávio Castrioto.
Seguiram-se, segundo o programa oficial, as festividades por todo o dia, um estrondoso sucesso cívico-popular.”
O programa oficial foi o seguinte:
9:00 – Concentração de trabalhadores na Prefeitura Municipal, diante do Presidente Juscelino Kubistcheck;
10:00 – Inauguração do Obelisco e das obras da (então) Av. 15, pelo Exmo. Sr. Presidente da República;
10:30 – Exibição de acrobatas alemães na Praça D. Pedro e inauguração da exposição Histórica e Industrial petropolitana, no Palácio de Cristal.
18:00 – Recepção do Prefeito com entrega de Condecorações: duas taças aos vencedores do Concurso de Vitrines;
20:00 – Queima de fogos de artifício defronte à Prefeitura;
20:30 – Concerto dos pianistas Augustin Anievar (norte-americano) e Michael Vaskressennski (russo), laureados do Concurso Internacional de Piano, no Rio de Janeiro;
21:00 – Show radiofônico para o povo, na Praça D. Pedro, apresentado pela PRD-3 com artistas cariocas e locais;
22:00 – Novamente os acrobatas alemães na Praça D. Pedro, com seus eletrizantes números.
Como se vê, o marco histórico, o Obelisco, é, em primeiro lugar, uma homenagem ao 27 de setembro e, em segundo lugar, homenagem aos construtores da cidade.
Jamais o Obelisco poderia ficar de fora dos roteiros turísticos do Centro Histórico e muito menos esquecido na data tão importante para Petrópolis, 27 de setembro, quando ela recebeu o título de cidade.
Pela grandiosidade de sua inauguração, ficam imperdoáveis tais esquecimentos.