CIDADE IMPERIAL

Carlos Alberto da Silva Lopes (Calau Lopes), associado efetivo, titular da cadeira n.º 7, patrono Bartholomeo Pereira Sudré

Aproveito esse número de nosso Boletim para alertar sobre uma história, propalada aos quatro ventos, de que Petrópolis é “a única Cidade Imperial do Brasil” ou, ainda, “a única Cidade Imperial das Américas”. Isto não passa de enorme balela e que, portanto, não deve ser repetida.

Só para citar, na América do Sul, temos a Ciudad Imperial, no Chile, e a Vila Imperial de Potosi, na Bolívia, títulos esses concedidos por Carlos V.

Já Cidade Imperial, em terras brasileiras, foi título conferido por decreto a alguns centros urbanos durante o Império do Brasil, destacando-se: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Ouro Preto (então Vila Rica – MG), Itu (SP), Montevidéu (quando capital da Província Cisplatina), Niterói (RJ), São Luís do Paraitinga (SP) e Belém (PA).

Também foram concedidos os títulos de Imperiais Cidades Provisórias a cidades que receberam o imperador e passaram a ser capital provisória do Império, até a partida do monarca. Dentre essas, aponto: João Pessoa (então Parnaíba do Norte) – por conta da estada de D. Pedro II do Brasil, de 24 de dezembro de 1859 a 30 de dezembro de 1859; Teresina – por conta da presença da corte real na cidade, considerada também a primeira cidade planejada do país (?), para sua inauguração, cujo nome é uma homenagem à Imperatriz Teresa Cristina.

Já os títulos de Fazendas Imperiais foram, por sua vez, destinados às propriedades rurais pertencentes à família imperial, como a Fazenda do Córrego Seco, berço do nosso município. Tratavam-se de grandes latifúndios, cujas áreas foram colonizadas, progressivamente, dando origem a centros urbanos que perduram até hoje, como: Petrópolis — apenas na qualidade de Fazenda Imperial e residência de veraneio da família imperial, por ocasião do Decreto n.º 155 de 16 de março de 1843; Vassouras — na qualidade de Fazenda Imperial e centro cafeicultor do Vale do Paraíba durante o Império.

Petrópolis recebeu o título de Cidade Imperial somente em 26 de março de 1981 (Decreto n.º 85.849), durante o governo João Baptista de Figueiredo, como que a reparar uma injustiça histórica. Particularmente, orgulho-me de ter contribuído decisivamente – à época como vereador e presidente da Câmara – para essa exitosa titulação (sim, porque à parte qualquer discussão não há cidade mais merecedora de tal honraria), como também na luta pela preservação do rico patrimônio natural e cultura do município. Luta essa que deve ser contínua por todos que gostam dessa terra e reverenciam seus valores.