O QUE ESTÁ FALTANDO

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira

Pronto, ai está, falta pouco para a terra-de-ninguém se instalar em Petrópolis. Desde há muito – e põe muito nisso – não se vê a ação repressora de quem de direito municipal contra os abusos que se avolumam a cada dia. Temos uma Guarda Municipal, destinada a zelar pelos prédios e bens urbanos públicos. Pelo menos para tal mister foi criada e sacramentada.

Infelizmente o dito corpo se preocupou muito mais em se estruturar como corporação do tipo militar, negaceando a função básica, que apenas exige guardas municipais em tempo integral nas ruas, diante dos bens mais caros para a cidade. Sem essa de folga em fins de semana e nas horas mortas, como direito de outros funcionários públicos. O serviço de vigilância deve ser permanente com tábua de plantões cumprida à risca e com eficiência.

Um exemplo é o olho vesgo para a rapaziada que fica horas em seus esqueites quebrando calçadas e degraus na área da Câmara Municipal. O calçamento de pedra está cheio de buracos, o mármore da escadaria de acesso ao Palácio Amarelo com vários pedaços faltando e os degraus estão raspados em toda a sua extensão, com perda do polimento e feiamente ásperos.

A última dessa turma foi a grafitação horrorosa e nada artística nas paredes da Catedral de Petrópolis, obrigando os responsáveis pelo templo orgulho da arquitetura e da história da Cidade a ameaçar a gótica estética com um gradeamento. É aquela história de afirmar-se que os cidadãos bons estão presos nas grades que rodeiam suas casas e os meliantes soltos em carnavais de atos e gestos de desafio e impunidade.

Parece um retorno aos tempos medievais, do cercamento das cidades com elevados muros e portões de segurança máxima para evitar as hordas dos inimigos daquela civilização.

Uma das armas eficientes – e todos conhecem – é a inibição através do policiamento ostensivo. De outra sorte, nada se poderá fazer e a coisa vai piorando de pior para muito pior.

Fico imaginando – em loucura tétrica – a Avenida Koeler murada de ponta a ponta para resguardar o casario do vandalismo… Ai.

Poderia desfiar mechas inteiras de argumentos sobre o horror que a inconsequência vem instalando no Município, livremente, com poucas vozes de reclamos e indignações, sob uma política errada (ou seriam as cabeças confusas?) , deixando correrem soltos os cavalos selvagens sem rédeas e privados de jóqueis conscientes empoleirados nas garupas.

E, um conselho final, no caso de persistir o tipo de policiamento em uso (ou desuso?): retirem das vias públicas as grandes placas em bronze de monumentos, recolocando-as no interior dos prédios, já que andam roubando tudo. Ficarei tristíssimo se desaparecer, por exemplo, aquela bela obra de Dennis Cross, de homenagem a Gabriela Mistral, junto à escadaria central do Centro de Cultura Raul de Leoni, ou a placa à Princesa Isabel, na entrada lateral do Palácio da Princesa…

E nem sei se veremos todos, petropolitanos, em uma manhã qualquer, o monumento a D. Pedro II, (sentado na sua Praça), ou totalmente pichado ou seu espaço vazio e o Imperador sendo derretido em imundo ferro-velho.

Exagero? Raspa! Cala-te boca! T´esconjuro!