UM CENTENÁRIO

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira

Sem nenhuma dúvida é o Barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos Junior) um dos maiores e mais notáveis brasileiros de nossa História pátria e figura de merecido conceito internacional, passados exatos cem anos do seu falecimento (10 de fevereiro de 1912).

Felizmente ao Barão tem sido conferido o destaque que merece, aparecendo sua efígie em algumas emissões de nossa moeda circulante, como, no momento, na moeda de cinquenta centavos. Seu nome figura na denominação de artérias urbanas monumentais em dezenas de cidades brasileiras, com menção especial à capital do Estado do Acre, no coração político-administrativo das terras incorporadas ao País graças à diplomacia do chanceler no seu encontro com plenipotenciários bolivianos, em Petrópolis, na assinatura do “Tratado de Petrópolis” (17 de novembro de 1903).

Seu campus maior de trabalho, o Itamarati, tem-no presente permanentemente na lembrança, respeito e exemplo, mantendo memória, objetos em valioso acervo de sua vida, aberto à admiração e respeito de qualquer cidadão.

Petrópolis, que foi seu refúgio, sua chancelaria na serra, mudou para Rio Branco a Avenida Vestfália. A casa onde residiu e firmou o tratado do Acre, funciona hoje como uma escola, belo e adequado destino ao imóvel histórico tão precioso. É preciso que se empreste à casa uma atenção de restauração e preservação com dignidade, como ela merece e a História de Petrópolis e do Brasil anseiam.

Pensando no resgate da data do centenário da morte do grande chanceler e, também, de homenagem ao poeta Sylvio Raphael, retirei do pó da gaveta literária do escritor petropolitano por adoção, Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos (Sylvio Raphael era o seu pseudônimo literário) o livro “Suprema Dor”, mantido em originais manuscritos e fi-lo editar, em tiragem especial, fora do comércio, pela Sumaúma, que realizou belo trabalho gráfico.

2
Capa do manuscrito, também elaborada pelo autor

Distribuindo os exemplares, renovo as lembranças da Petrópolis do início do século XX, ao tempo em que homenageio o Barão do Rio Branco e seu compungido e apaixonado poeta, o qual, com sentimento incrível, traduziu a vida e obra de Rio Branco em primoroso e longo poema, onde a forma/”fôrma” poética é puro sentimento, respeito, consideração, a par de perfeito poema de largo mérito literário.

3

Foto de Joaquim Heleodoro Gomes dos Santos e autógrafo do pseudônimo

“Suprema Dor” foi escrito nas noites petropolitanas amenas e frias, a partir de 10 de fevereiro e até novembro de 1912. Terminado o poema, o Autor não conseguiu edição, não possuía recursos financeiros para tal, deixando o precioso manuscrito em meio a muitos sonhos envolvidos na teia da poeira do tempo.

Como filho de Joaquim Heleodoro, admirador do Barão do Rio Branco, pensei editar a obra por ocasião do centenário do “Tratado de Petrópolis”, em 17 de novembro de 2003, não conseguindo fazê-lo em total frustação e desencanto. Guardei-o para a segunda oportunidade, o centenário da morte do Barão e do poema e ai não teve jeito. Não medi esforços, comprometi parcela do erário destinado à sobrevivência da família, e está circulando o livro.

“Suprema Dor” está à disposição dos interessados. Apanhem um exemplar comigo. Assim, todos cumpriremos uma das mais valiosas emoções do ser humano: ser fiel ao melhor, mais justo, em favor do bem e da honra. E, aceitando a dedicatória de Sylvio Raphael na abertura da obra:

“Aos brasileiros de caráter puro, nobre e leal, oferece o Autor”.

4