ACADEMIA: NOVENTA ANOS

Joaquim Eloy Duarte dos Santos, associado titular, cadeira n.º 14, patrono João Duarte da Silveira

Aproxima-se o mês de agosto, deste ano de 2012 e, nele, a data dos 90 anos da fundação da Academia Petropolitana de Letras, organizada a partir de 3 de agosto de 1922.

Trata-se de uma das mais antigas academias de letras do País.

Os pioneiros que a idealizaram, fundaram e organizaram, sempre são relembrados em cada comemoração anual do aniversário.

Coube à “Tribuna de Petrópolis” um papel fundamental na divulgação e apoio a todo o processo, publicando a carta de idealização, as repercussões a cada dia, os noticiários das reuniões, a divulgação de discursos e matérias oficiais. O matutino já abrigava colaborações dos escritores locais, em prosa e verso e a própria direção do jornal – sob Álvaro Machado, na época – tinha comprometimento com a literatura.

Era uma imprensa diferente da que hoje admiramos e respeitamos. A cidade era mais tranquila, os moradores menos estressados, havia acompanhamento das atividades sociais das diversas famílias que se conheciam e se respeitavam; as crianças eram crianças e os escolares, em seus uniformes, mesmo que crianças por vezes irreverentes, traziam um comportamento do lar mais respeitoso.

Poetas e articulistas honravam as páginas dos jornais, fossem matutinos ou semanais, com poemas, crônicas, contos e alguns, mantendo colunas informativas e críticas.

Havia intensa atividade industrial, com operários entrando, almoçando e saindo dos prédios sob o comando dos apitos ou sirenes estridentes; o comércio possuía estabelecimentos tradicionais e comerciantes que todos conheciam e cumprimentavam, enfim, a cidade do verão sazonal vivia os tempos do frio e do calor bem definidos, marcando a encantadora vilegiatura.

Menos automóveis e ônibus, muitas bicicletas e casas de aluguel do gostoso e saudável veículo; respirava-se melhor e a grande fumaceira esvoaçante no Município vinha mais das chaminés fabris do que das descargas dos ônibus e automóveis.

Dificuldades muitas, racionamentos de gêneros ocasionados pelos conflitos armados externos e, nesse ano da APL, a intensa expectativa dos povos diante do fracasso da Liga das Nações e o rearmamento dos beligerantes humilhados e derrotados.

Apesar de tudo, Petrópolis respirava tranquilidade e os sonhadores literatos escreviam suas impressões sobre a vida, poetando sonhos e quimeras. A Academia de Letras aportava à cidade sob o embalo dessa vida em busca de mais sensações e opções de entretenimento.

Por coincidência, ela chega no mesmo ano da “Semana de Arte Moderna”, revolucionário movimento cultural, sem nada ter de igual ou influência. Os jovens que a fundaram eram ainda românticos, idealistas, sonhadores, sem os protestos das modernidades que ganhavam o mundo. Eclética, composta de nativos e veranistas, a Academia sofreu bastante os dias da organização, trocando algumas diretorias nos três primeiros anos, até firmar-se e, ainda na década de 1920, impor-se sob a denominação de Academia Petropolitana de Letras, ela que surgira sob Associação.

É um feito para ser recordado e comemorado. Uma Diretoria nova está surgindo para renovação de pensamento e ação, esperança de todos aqueles que amam a entidade e desejam vê-la sob respeito e credibilidade.

Os fundadores e antigos dirigentes confiam e apresentam irrestrito voto de confiança.