RECORDAÇÕES DO BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Cláudio Moreira Bento, associado correspondente

O dia 8 de maio de 2012 evoca o 67º aniversário do Dia da Vitória da Democracia e da Liberdade Mundial ameaçada pelo nazifascismo.

O Brasil então participou do esforço de guerra aliada em defesa da Democracia e da Liberdade Mundial, a partir de 22 de agosto de 1942, quando entrou na guerra, depois de reconhecer o estado de beligerância contra ele de parte do Eixo e, até 8 de maio de 1945 – Dia da Vitória. Sua extensão geográfica (a quinta do mundo), sua posição geopolítica debruçada sobre o Atlântico e mais a sua solidariedade ao continente americano, não lhe permitiram ficar neutro. Assim participou, do esforço de guerra aliado, nos teatros de operações do Atlântico e do Mediterrâneo, em decorrência do Acordo Bilateral Brasil-EUA, de 23 de maio de 1942, que foi coordenado pela Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA, desdobrada em Washington e no Rio de Janeiro.

As Forças Armadas Brasileiras assim participaram: o Exército defendeu o território brasileiro e as instalações militares nele existentes, com ênfase na Zona de Guerra então criada, e, dentro desta, o Saliente Nordestino (RN, PB, PE, AL) e nele o triângulo Natal-Recife-Arquipélago de Fernando de Noronha, além do envio da Força Expedicionária Brasileira – FEB ao teatro de operações do Mediterrâneo, integrando o V Exército dos EUA.

A Marinha encarregou-se da defesa dos portos, patrulhamento oceânico e escolta de comboios marítimos, isoladamente, ou integrando a 4ª Esquadra Americana, com Quartel General no Recife.

A Aeronáutica executou ações de patrulhamento oceânico e proteção de comboios, isoladamente, ou integrando a 4ª Esquadra Americana, além do envio de um grupo de caça (1º Grupo de Caça) que integrou a Força Aérea Aliada do Mediterrâneo e uma Esquadrilha de Ligação e Observação (1ª ELO) que combateu sobre o controle operacional da FEB, também na Itália.

A cooperação do Brasil com os aliados inicialmente ficou restrita ao continente americano. Cessada a ameaça de uma ação do Eixo de invasão das Américas pelo Saliente Nordestino, resolução da Comissão Mista de Defesa Brasil-EUA de n.º 16, de 21 de agosto de 1943, ampliou a ação militar do Brasil o que se traduziu, na prática, no envio de tropas de terra e ar para o teatro do Mediterrâneo e ação de nossa Marinha além de águas continentais americanas. Em contrapartida o Brasil recebeu dos EUA para o cumprimento de suas missões militares no Atlântico e no Mediterrâneo o material bélico correspondente, pela Lei de Empréstimos e Arrendamentos (lend-lease), saldada em 1954, além de instrução americana correspondente à guerra anti-submarino, proteção de comboios, caça aérea, defesa antiaérea e de costa e emprego de divisões de infantaria.

O esforço militar inicial do Brasil foi para defender em ações conjuntas de suas forças de terra, mar e ar o Saliente Nordestino, que, junto à costa do Senegal, na África, formava o estreito Natal-Dakar, através do qual os alemães, antes de serem derrotados no norte da África, podiam tentar uma ação aeronaval ou mesmo ações tipo comandos contra o Nordeste, a partir da conquista do Arquipélago de Fernando de Noronha.

O Saliente Nordestino, através da base aérea de Parnamirim-Natal, cedida aos americanos junto com a bases de Macapá, no Amapá, de Belém – PA, se constituiu em acidente capital estratégico integrando ponte aérea militar americana Natal-Dakar, que foi essencial para a conquista aliada do norte da África e do Oriente Médio, invasão da Europa pela Itália e mesmo apoio a operações dos EUA no Extremo Oriente.

A cooperação brasileira ao esforço aliado, a nível estratégico, se caracterizou: pela defesa do Saliente Nordestino contra uma possível invasão das Américas pelo Eixo, através do estreito Dakar-Natal; pela captura, pela FEB, de duas divisões do Eixo com 20.753 homens; pelo fornecimento de materiais estratégicos como cera de carnaúba, cristal de rocha e borracha, esta colhida pelos soldados da borracha que se embrenharam na Amazônia e pela cessão das bases aéreas de Natal, de Belém e Macapá aos EUA, que apressaram a vitória aliada na África, no Oriente Médio, na Europa e mesmo na Ásia.

A base de Parnamirim em Natal permitiu que milhares de aviões militares dos EUA dela saltassem, sem escalas, para a África e de lá para a Europa e Extremo Oriente.

Ela se projetou, inclusive, na vitória inglesa de El Alamein. Sem Parnamirim teria sido muito difícil a ajuda americana aos ingleses. Daí decorreu a expressão – O Trampolim da Vitória – dada ao Saliente Nordestino, onde se localizava a base aérea de Parnamirim-Natal.

O Brasil perdeu nesta guerra 1.889 brasileiros por morte, foram afundados 34 de seus navios, dos quais 31 mercantes e abatidos 22 de seus aviões, além de haver gasto com a guerra 21 milhões de cruzeiros em cálculo da época

Todos os Estados brasileiros se achavam representados na FEB e, entre todos, São Paulo foi o que teve maior número de mortos: 92. Minas Gerais perdeu 80 homens; o Estado do Rio, 63.

O então Distrito Federal chorou a morte de 50 cariocas; 29 paranaenses e 28 catarinenses ficaram no cemitério de Pistóia, ao lado de 21 gaúchos, 17 goianos, 13 pernambucanos, 12 capixabas. 11 baianos, 6 cearenses, 6 paraibanos, 6 rio-grandenses do norte, 6 sergipanos, 5 alagoanos, 4 paraenses, 2 piauienses, 1 acreano e 1 amazonense.

Apenas um Estado, o Maranhão, foi mais feliz: não teve um só morto na campanha da Força Expedicionária Brasileira.

Durante a guerra as Forças Armadas do Brasil se modernizaram doutrinariamente. A renovação do seu material bélico foi expressiva com apoio do lend-lease. Elas se equiparam com o que havia de mais moderno: caças-submarinos; aviões de caça, de bombardeio e anti-submarino; contratorpedeiros de escolta; carros de combate; canhões de campanha, anticarro, antiaéreo e de costa; radares e sonares; detetores de minas; bombas de gasolina gelatinosa, etc…

A instrução se atualizou com base nos padrões das Forças Armadas dos EUA e na experiência operacional adquirida por frações de nossas Forças Armadas que integraram a 4ª Esquadra Americana no Nordeste na Batalha do Atlântico ou que integraram a Força Aérea Aliada do Mediterrâneo e o V Exército dos EUA, na Campanha da Itália.

O Brasil, no rol de suas vitórias militares, incluiu mais os combates de Monte Castelo, Castelnuovo, Montese e Coléchio-Fornovo, vitórias mais expressivas de sua FEB, com o concurso da FAB, através de seu 1º Grupo de Caça e 1ª ELO e da Marinha de Guerra que ajudou a escoltá-la para a Itália e trazê-la de volta.

Lembranças do Brasil na 2ª Guerra Mundial.

Os torpedeamentos de navios mercantes do Brasil por submarinos do Eixo, entre o rompimento de relações diplomáticas com a Alemanha e Itália e a entrada do Brasil na guerra, provocaram imensa indignação popular e “quebra-quebras” em quase todo o Brasil, contra súditos do Eixo, em especial, contra os patrimônios de alemães aqui residentes, além de hostilidades e provocações a brasileiros deles descendentes.

As maiores e mais prósperas colônias eram de alemães, italianos e japoneses e descendentes, cujos países de origem integravam o Eixo.

O Brasil sofreu fortíssimo racionamento de derivados de petróleo que moviam usinas elétricas espalhadas por todo o Brasil, bem como uma escassez de pneus, o que afetou muito, junto com a de gasolina, os transportes rodoviários, ensejando, por outro lado, o mercado negro, origem de algumas fortunas feitas na ocasião.

Os veículos automóveis passaram a usar um complexo adereço – o gasogênio que produzia um combustível à base da queima do carvão vegetal e também o CO que tantas e traiçoeiras mortes provocou por ser letal, mas incolor e inodoro.

Foram realizadas campanhas populares pró-recolhimento de sobras de borracha, para reaproveitamento desse importante item estratégico para o esforço aliado.

Foram feitos exercícios de black-out em diversas cidades brasileiras, mas sem muito rigor e pouco levados a sério.

O analgésico, a Cafiaspirina, da Bayer, na Alemanha, foi substituído pelo Melhoral da multinacional dos EUA.

O lema adotado pela FEB “A cobra está fumando”, respondeu ao ceticismo de que a FEB só lutaria na Europa quando a cobra fumasse.

Os caça-submarinos, adquiridos pelo Brasil nos EUA, deslocando respectivamente 110 e 350t foram batizados dentro da Marinha de “caça pau” ou “cacinhas”, os menores da classe J, em contraposição ao “cação” ou “caça ferro”, por ser o primeiro de madeira, menor, mais desconfortável com pouca água para banhos que o outro da classe G, de ferro, maior e mais confortável, possuindo inclusive dessalinizador – sinal de banho diário e praça d’armas, o equivalente ao cassino de oficiais no Exército e Aeronáutica.

Os beneméritos Catalinas, heróis na guerra e da paz na integração da Amazônia, ganharam o apodo de “patas-chocas”. Os pracinhas brasileiros, nome carinhoso por que passaram a ser conhecidos até hoje os expedicionários da FEB, conseguiram surpreender os aliados, evitando serem vítimas no inverno, nos Apeninos, do “pé de trincheira”, enregelamento dos pés, seguido de gangrena, que tinha sido responsável por muitas baixas americanas e por milhares de baixas no grande exército de Napoleão e aos nazistas quando lutaram no Leste Europeu.

A orientação superior correta e a criatividade do brasileiro driblaram este traiçoeiro inimigo. Os pracinhas o evitaram, colocando de lados as botas, forrando as galochas como calçados, com jornais, papéis velhos e capim.

Como todo o soldado do Eixo ou Aliado, o brasileiro, ou brasiliano, para os italianos, cantou, com versão própria e mesmo com uma paródia, a canção Lili Marlene, de origem alemã, que traduzia a saudade da mãe e do lar, cantando ou ouvindo a canção italiana Mama, e a saudade da terra natal através do canto da Canção do Expedicionário, letra de Guilherme de Almeida e música de Spartaco Rossi, que diz no seu estribilho:

“Por mais terras que eu percorra, não permita Deus que eu morra sem que eu volte para lá e que leve por divisa este V que simboliza a vitória que virá. A nossa vitória final!”

Este fato confirmou-se para a maioria, menos para os que morreram na guerra e foram sepultados em Pistóia na Itália e depois de lá permaneceram 15 anos, foram transladados, em cerimônia cívica tocante, em 24 de junho de 1960, para o Monumento aos Mortos da 2ª Guerra Mundial, erigido na Praia do Flamengo, graças ao empenho do comandante da FEB, desde o final da guerra. Monumento que acolhe os restos mortais de mortos do Exército, Marinha de Guerra e Mercante e da Aeronáutica na guerra, menos os desaparecidos no mar, que tiveram o Oceano Atlântico como túmulo.

Na guerra, os febianos, outra designação aos integrantes da FEB, recebiam dois sacos de lona azul. O saco A, destinado a guardar objetos de uso imediato do combatente, e o saco B, destinado a guardar equipamento de uso eventual. Logo, a espirituosidade do brasileiro da FEB passou a designar de Saco A o febiano da frente de combate e de Saco B o febiano que ficava na retaguarda. Ser chamado Saco B era pejorativo e ofensivo para um verdadeiro soldado…

O Exército enviou, via aérea, para a Itália, 67 enfermeiras recrutadas e adestradas no Brasil, vencendo soldo de segundo-sargento e arvoradas na Itália ao posto de segundo-tenente, para resolver problemas hierárquicos.

Os brasileiros na Itália receberam vencimentos em dólares, no triplo do tempo de paz, que eram divididos em três partes. Uma era entregue à família no Brasil, outra era paga em liras ao expedicionário na Itália e a última era depositada como Fundo de Previdência. Um general-de-divisão ganhava 32.713 cruzeiros e uma pracinha 1.669, o que fazia da FEB, segundo o oficial da 4ª Seção do Estado-Maior da FEB, o mais tarde General Sena Campos, a força aliada mais bem paga.

Havia, no Brasil, um temor generalizado, mas infundado, à espionagem nazista, chamada de Quinta Coluna. Mesmo inocentes receptores de rádio, em mão de alemães e descendentes, eram tratados como transmissores de rádio a serviço da espionagem. Houve muitas injustiças, à semelhança do que ocorreu nos EUA com americanos descendentes de japoneses.

A FEB dispôs de Pelotão de Sepultamento, atividade logística ingrata, mas indispensável ao tratamento condigno de restos mortais de heróis que se imolaram pela causa da Democracia e da Liberdade mundial.

Houve também uma equipe de Justiça Militar integrada por quatro oficiais-generais, entre eles o já consagrado historiador e geógrafo militar brasileiro General Francisco de Paula Cidade, que vinha de comandar a 8ª Região Militar em Belém, sede da Base Aérea de Val de Cans, cedida aos EUA e que integrou O Corredor da Vitória EUA-Brasil-África, itinerário, da ponte aérea militar que foi essencial para a reconquista aliada da África, invasão da Europa pela Itália e mesmo operações contra o Japão.

Paula Cidade, na 8ª Região Militar, teve a missão inicial:

“Ficar em condições de ocupar a Guiana Francesa, que era administrada pela França por um governo pró-Alemanha, em Vichy, antes que outra nação extracontinental o fizesse e de lá não mais saísse.”

A Justiça Militar funcionou seis meses em Nápoles e depois na Fortaleza de São João, no Rio. Julgou 112 apelações. Condenou à morte dois soldados de um QG de Retaguarda que estupraram uma moça italiana e mataram o parente que saíra em sua defesa. A pena de morte por fuzilamento foi atenuada, sucessivamente, para prisão perpétua, 30 anos, e finalmente seis anos.

O Natal de 1944 a FEB passou nos Apeninos, em situação de grande tensão e no meio da neve; situação que só conhecia de gravuras de cartões de Natal, representando o Papai Noel com seu trenó cheio de presentes, deslizando na neve. Tensão justificada, pois a FEB estava enfrentando tropas alemães veteranas, inclusive remanescentes do legendário Africa Korps do Gen. Rommel.

O soldado brasileiro estranhou a comida farta e múltipla com 10 cardápios, além de colorida, mas estranha ao seu gosto e costumes e, para agravar, sempre comida em pé ou sentado, em situação de desconforto e durante 10 longos meses. Que saudades de um feijão com arroz à moda brasileira!

Foram comuns na guerra na Itália os desapertos ou apropriações indevidas dos veículos para passeios particularmente de transporte pessoal chamados Jeep.

A FEB, ao receber os primeiros teve muitos deles desapertados por americanos. Tão logo possível desapertou vários do V Exército e, qual não foi a sua surpresa, ao remover a pintura dos mesmos, constatar que eles já haviam sido desapertados da Marinha Americana, pelo Exército dos EUA.

Na FEB era multado, respectivamente, com 250 e 300 liras quem abandonasse seu veículo sem a segurança necessária ou o deixasse roubar (desapertar).

A disciplina na FEB foi respeitada em níveis muito bons. Os faltosos eram punidos pelo Regulamento Disciplinar e as punições recebidas eram convertidas em multa em dinheiro, proporcional à graduação e por dia de prisão. Isto era válido para infrações de motoristas e as punições de oficiais recebiam multa dupla em relação às praças.

Isto evitava o afastamento dos punidos do serviço e a imobilização de outros para guardá-los. O produto das multas era destinado a um fundo de amparo às famílias de pracinhas falecidos em campanha. Foi uma medida inteligente e que funciona mesmo na paz por doer no bolso, onde o soldado é, geralmente, muito sensível!

Os oficiais oriundos dos CPORs e NPORs tiveram bom desempenho e representaram cerca de 28% do efetivo total da FEB, dos quais cerca de 10% eram de sargentos promovidos a oficial.

O pracinha brasileiro comportou-se com humanidade. A condenação à morte de dois foi uma exceção.

Ilustra esta afirmação um sargento comandante de patrulha, Nestor Silva, que, ao fazer prisioneiros alemães, evitou que um deles fosse roubado em seu relógio por um dos componentes da sua patrulha. Passado algum tempo, o sargento está num amplo refeitório aliado e percebe que um garçom o fita insistentemente, dando-lhe a impressão de tratar-se até de um homossexual. Percebe que este prisioneiro, ao servir bifes aos pracinhas, coloca um em cada prato e no seu dois bifes. Não suportando mais aqueles olhares insistentes irrita-se, levanta-se e pergunta ao alemão: “Qual é a tua, cara?” E o prisioneiro alemão respondeu com grande alegria: “O senhor não se lembra de mim? Eu sou aquele prisioneiro de quem o senhor não deixou que roubassem o relógio que foi presente de meu avô”. Aí então houve uma confraternização comovida.

Casos como estes foram comuns e, particularmente, os de divisão de ração de pracinhas brasileiros com italianos famintos e, particularmente, crianças. Os brasileiros feridos ou doentes desfrutam da ordem, higiene, respeito ao repouso de parte de dedicados médicos e enfermeiros americanos, bem como dos médicos e enfermeiros dedicados do Exército e da Aeronáutica que acompanharam e ajudaram a cuidar dos combatentes brasileiros, ao lado de capelães católicos na assistência espiritual, como o Frei Orlando, que morreu em acidente de campanha e veio a ser consagrado como o Patrono do Serviço Religioso do Exército.

Os uniformes dos brasileiros eram os mesmos dos americanos, diferenciados pelo distintivo, no caso o da FEB e pelas estrelas dos oficiais brasileiros que, no inverno, queimavam de frio e queixo dos usuários.

O pessoal do Banco do Brasil usou uniformes, tendo como insígnias distintivas de posto, penas dispostas de diversas formas, gerando confusão e caracterizando o coronel do Banco do Brasil, um irônico cronista, como “tendo penas para todos os lados”. No âmbito, da FEB, foram editadas publicações: Cruzeiro do Sul, Zé Carioca, E a cobra fumou, O Sampaio, Vem Rolando, Marreta, Tá na mão, com fatos cômicos e irreverentes que distraíam a tropa e elevavam seu moral.

Durante a guerra, no Brasil, tornou-se moda a escuta em grupos, em bares, clubes etc., do noticiário sobre a guerra. Se difundiram rádios a bateria que era carregada por aerodínamos, movidos pela energia do vento.

Os pilotos de caça vivem grandes tensões durante as missões e, após cumpridas, intenso extravasamento. Assim, os pilotos do Senta a Pua! cantavam várias canções e, entre elas, a que se tornou o hino oficial da Aviação de Caça da FAB, chamado Carnaval em Veneza, composta depois de um bombardeio a Veneza no Carnaval de 1945, pela Esquadrilha Azul do 1º Grupo, sobre música de Benedito Lacerda e Erivelto Martins. Ela fala nas palavras código Jambock, nome de código do grupo, Bug, código de avião não-identificado, ao contrário da Bandit, que designava avião inimigo, e Flak sigla da artilharia antiaérea alemã, a maior inimiga do grupo.

Quando o Senta a Pua! partiu para os Estados Unidos, alguns despeitados e céticos, julgando que ele não entraria em ação e só faria uma viagem bem remunerada ao exterior, chamavam os avestruzes de “1º Grupo de Caça-Níqueis”.

Encomendadas pela Inglaterra como traineiras, foram adaptadas pelo Estaleiro Lage como corvetas, que integraram a Força Naval do Sul, as Barreto de Menezes, Matias de Albuquerque, Fernandes Viera, Vidal de Negreiros, Henrique Dias e Felipe Camarão, faltando, no lugar de Matias de Albuquerque, a consagração do herói Mestre de Campo Antonio Dias Cardoso, já feita pela Polícia Militar de Pernambuco e Academia Militar das Agulhas Negras, após revelada a sua grande importância e levantada a discriminação odiosa sobre ele da História oficial, por ser português.

O único pracinha sepultado em Pistóia é o gaúcho Fredolino Chimango, que era considerado desaparecido e foi identificado como brasileiro por ter sido encontrada, em seus restos mortais, uma corrente de pescoço com a medalha de N. S. Aparecida, a Padroeira do Brasil.

Foi comum o uso de brasileiros falando inglês como oficiais de ligação junto aos americanos como o falecido historiador militar Coronel de Artilharia Victorino Portella. F. Alves, que foi oficial de ligação da Artilharia Brasileira junto às artilharias inglesa, americana, sul-africana, marroquina e polonesa, tendo o auxiliá-lo Osvaldo G. Aranha Filho, herdeiro do chanceler do Brasil Osvaldo Aranha Filho.

Os pracinhas recebiam do Brasil e passavam aos italianos o péssimo cigarro Yolanda, representado por uma loura e que passou a ser conhecido como bionda cativa (loura má).

Lembranças da participação da FEB na Guerra são as diversas armas inimigas espalhadas pelos parques de instrução da AMAN, trazidos da Itália como troféus de guerra.