DISCURSO DE POSSE NO INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS
Ronaldo Pereira Rego, ex-Associado Honorário, Associado Titular, Cadeira n.º 32 –
Patrono Oscar Weinschenck

12/08/2013
Suas Altezas,
Excelentíssimo senhor presidente,
Membros do Instituto Histórico,
Senhoras e Senhores

Gostaria de desculpar-me por não ser um bom orador, razão pela qual procurarei ser
breve nestas poucas linhas.
Antes de tudo gostaria de lembrar e homenagear aqueles que nos idos de 1938 se
reuniram para criar este Instituto, sob os auspícios do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, do qual nosso imperador Pedro II foi fundador. Foram eles:
– Prof. Américo Lacombe
– Dr. Cardozo de Miranda
– Yedo Fiúza
– Paulo de Mattos Rudge
– Pedro Calmon
– Prof. Germana de Souza
– Dr. Paulino de Souza

– José Wanderley de Araujo Pinho
– Rodrigo Otávio Filho
– Eugênio de Castro
– Otávio Tarquínio de Souza
– Décio de Carvalho Werneck
– Herbert Canabarro Reichardt
– José Carlos Macedo Soares
– Leopoldo Feijó Bettancourt
– Magalhães Bastos
– Frei Estanislau Schaette
– Henrique Leão Teixeira
– Claudio Ganns
– Antonio Fontes
Uma plêiades de intelectuais e homens públicos preocupados com Petrópolis e sua rica
herança.
Ainda no governo Vargas, o museu imperial passa a ocupar o antigo palácio de verão
do Imperador, resguardando-se esse importante prédio histórico.
Por ser Petrópolis uma cidade única nas Américas, com um passado tão rico, fiquei
sensibilizado pela honra recebida de fazer parte deste Instituto e de seus egrégios
integrantes.
Somos testemunhas privilegiadas dos acontecimentos históricos que o mundo
atravessa, particularmente nosso país, e temos a obrigação de deixar para as gerações
futuras nosso testemunho e registro. O simples fato de pagarmos um imposto é um ato
político, assim como votar, produzir uma obra de arte ou nos especializarmos em algum
ofício. A parte é o todo e vice versa. Essa visão unitária do ser integral não nos exime
de responsabilidades pessoais e coletivas, pois nosso país atravessa uma de suas
fases mais dramáticas e rica em ensinamentos que devemos incorporar diariamente em
nosso cotidiano.
Imaginamos que uma instituição com o nome de “Histórica” seria apenas um lugar de
registros, com nomes e datas, biografias, iconografias, etc. Mas não é assim. Ela tem
sua dinâmica própria e seus componentes refletem nosso pathos e nosso ethos.
Ao olharmos para nossa cidade de Petrópolis, que caminha para seus dois séculos de
existência, percebemos o quanto ela refletiu a nascença de nosso país como uma
nação distinta. Seu passado imperial e os monumentos espalhados na arquitetura da
cidade mostram as muitas influências que recebemos de povos que para aqui vieram
construir um novo lar. Petrópolis está para o império, assim como Ouro Preto está para
o Brasil colônia. É um sacrário e é nossa obrigação cuidá-la, interpretá-la para as novas
gerações que chegam. Aqui repousam os restos mortais de um Imperador e sua
família. O Brasil é o único país das Américas que teve três imperadores coroados em
suas terras e onde repousam os restos mortais desses imperadores e suas famílias. E
isso significa muito, do ponto de vista político como do transcendente. Não é um acaso,
mas a misteriosa ação que marca estas terras, como eleitas para grandes feitos, para a
liderança e para a grandeza e uma responsabilidade para nossas elites dirigentes.

E não por coincidência, que Petrópolis se encontra no alto de uma montanha, local
sempre considerado como mais próximo dos deuses, de que nos falam todas as
mitologias. Aqui vivem alguns descendentes de uma dinastia cujas raízes se perdem
nos séculos e que são amados e respeitados pelos petropolitanos e brasileiros.
Deixaram-nos grandes exemplos de humanismo e dignidade nos momentos de dor.
Feliz a nação que pode ter tais exemplos. Aqui nestas terras temos, também, a
presença desse grande brasileiro, gênio da pátria, que se chamava Alberto Santos
Dumont com sua casa encantada, visitada por estudantes de todo Brasil. Aqui
repousam os restos mortais de grandes nomes, como o afamado romancista austríaco,
Stephan Zweig, com sua casa, hoje um museu.
Esse Instituto, que preserva nossa história, recebe hoje de braços abertos seus novos
membros, que saberão trabalhar e assumir com responsabilidades novas tarefas.
Para terminar essas breves palavras, chamaremos a atenção novamente, para os
momentos difíceis que nosso país atravessa, com nossa tenra juventude nas ruas,
aprendendo, às vezes, de forma perigosa, as lições de cidadania e liberdade. Que os
governantes entendam a mensagem e obrem no sentido de acelerar nossas urgentes
reformas políticas, administrativas e constitucionais. Ao mesmo tempo devemos estar
alertas para as manipulações por forças que das sombras tentamdirigir esses saudáveis
movimentos juvenis que facilmente podem desaguar na anarquia e na violência. Nosso
país incomoda com seu crescimento e sua força progressiva, os poderes que controlam
e vigiam o mundo. É tarefa dos mais velhos e mais experientes, a exemplo dos que
nos antecederam, alertar os responsáveis pelos destinos da nação. Instituição alguma
sobrevive ao caos como a história nos comprova. Agradeço a todos por sua presença
insubstituível e, melhor ainda, por sua paciência.
Muito obrigado.
Ronaldo Pereira Rego