IN MEMORIAM DE PAULO ROBERTO MARTINS DE OLIVEIRA

Fernando Antônio de Souza da Costa, Associado Titular, Cadeira n.º 19 – Patrono Galdino Justiniano da Silva Pimentel

O tempo passa e por mais queiramos demonstrar amadurecimento e preparo para as provações e vicissitudes da vida na verdade não estamos. A morte, por exemplo. Ontem, 3 de maio de 2018, ao anoitecer tomei conhecimento do falecimento do bom e grande amigo Paulo Roberto Martins de Oliveira e relutei em acreditar. Fiz alguns contatos e todos confirmaram a notícia. Era verdade.

Descansou no Senhor por volta das 16h30min. Tenho pleno conhecimento do preparo religioso, formação espiritual e do apostolado da vida de Paulo. Sei também que ele estava em sintonia com o mundo espiritual e sabia, como sabe, que tudo não termina com a morte, ao contrário é um religare entre a terra e o céu.

Evidente que sua esposa Maria Lúcia Mendes de Oliveira e a filha Gabriela Mendes de Oliveira, a senda de amigos e admiradores estamos todos consternados, mas, descansamos na certeza de ele continuará a espargir sua luz aos nossos corações e sobre a sofrida pátria em momentos tão difíceis em que vivemos. Paulo nasceu em Petrópolis/RJ, aos 30 de julho de 1942; trineto dos colonos germânicos Johann Noel e de Elisabeth Katharine Mathieu; quinto filho do casal Adão Martins Noel de Oliveira e de Vera Silveira de Oliveira.

O dileto amigo, irmão pela consideração, historiador, brilhante intelectual, pensador e humanista me honrou com o convite a que eu prefaciasse o livro de “Álbum de Memórias do Batalhão Dom Pedro II,” nascido de suas mãos e da percuciente capacidade de memorialista.

A obra foi condensada em mais de duzentas laudas desenvolvendo com bom gosto e acurado requinte a história que é ilustrada pelas fotos dos fatos ocorridos há mais de um século. Elas certamente emolduram a ouro as preciosidades que o cultor das belas letras foi presenteado.

Eu já estava acostumado a conviver com seus trabalhos históricos e genealógicos, tanto os relacionados aos imigrantes germânicos de várias colônias do país, quanto os publicados em inúmeros institutos, associações, revistas, boletins e periódicos, sem contar suas participações em diversos órgãos de radiodifusão e de telecomunicações. Integrou ao Clube 29 de Junho, Sociedade de Tradições Germânicas, ao Instituto Histórico de Petrópolis, do qual foi membro titular,  sócio efetivo do FECAB – Federação dos Centros de Cultura Alemã do Brasil, sócio efetivo da Associação Nacional de Pesquisadores de História das  Comunidades Teuto-Brasileiras, Membro do Conselho Editorial do Boletim Bauernzeitung de Petrópolis, Colaborador na seção história e genealogia do Site do Instituto Histórico de Petrópolis, sócio efetivo da ASBRAP – Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia, Sócio Efetivo do CEGENS – Centro de Estudos Genealógicos do Vale do Rio Pardo,  Membro   Titular do CBG – Colégio Brasileiro de Genealogia, da SAMI – Sociedade de Amigos do Museu Imperial e, ainda, do INGERS – Instituto Genealógico do Rio Grande do Sul, tendo enriquecido inclusive inúmeros outros com seu brilho e incontestáveis atributos conhecidos e reconhecidos aqui e alhures.

E meu ufanismo completa-se ante a forma harmônica dos escritos selecionados meticulosamente neste belo álbum de memórias e fotos. Narrou com maestria para seus ávidos leitores bela história.

A festejada obra enfoca as origens, a transferência do 1.º B.C. para Petrópolis, os primórdios das terras do Batalhão Dom Pedro II, o Quarteirão Presidência, a caserna, as atividades esportivas, as solenidades, os títulos e honrarias, o N.P.O.R., as Associações, os ilustres visitantes, a Segunda Guerra Mundial, os acampamentos e manobras, os antigos comandantes, narra sobre a criação e atuação da querida Banda do 32.º B.I.Mtz. que abrilhanta as solenidades cívico-culturais e constitui-se orgulho desta cidade e de seus munícipes.

Paulo Roberto usando as lentes grandes angulares à altura de seu talento, sensibilidade, cultura e, sobretudo, de sua alma iluminada, soube como poucos fazer germinar vida e elegância à imponente obra que ora traz a lume. A história do glorioso Batalhão Dom Pedro II mereceu de seu Autor o relevo na pesquisa, na investigação, na leitura atenta e na análise da documentação, desde seu início em 12 de agosto de 1870, há, portanto, 148 anos. As dependências do 32.º B.I.Mtz. são dignas de um museu, haja vista que desde a sala de espera, o gabinete do comandante, o salão nobre e a sala de ensaios da Banda de Música estão ornados com várias preciosidades quer diplomas, moções, títulos honoríficos, quadros, esculturas, medalhas, pratos, troféus, dentre os artísticos lauréis.

Foi um privilégio adentrar os umbrais de tão insigne instituição, guardiã da soberania e da segurança de nossa Pátria, onde seus bem cuidados jardins e dependências adornadas pela reserva ecológica nos aproximam de Deus, porque remontam ao templo da beleza e da paz em perfeita simbiose entre o Divino e o humano.

Paulo relatou e instruiu seu arrazoado com antológicos retratos e eles por si só, falam ao coração e à emoção, são a essência e o reflexo da memória e da história, resgatando a identidade, preservando a cultura e as raízes de ontem e de  hoje para gáudio de seus pósteros.

O Álbum de Memórias do 32.º B.I.Mtz. foi um prêmio aos nossos olhos, uma viagem ao tempo, à tradição, projetando encantamentos e salientando pormenores em ricas informações no contexto sociocultural.

A relevância e o conteúdo da obra e as qualidades culturais e ético-morais do Autor credenciam-no ao pódio do sucesso. Inquieto em tudo que  se refere aos fatos históricos dará prosseguimento a sua missão, qual arqueólogo a garimpar rochas e crateras, escavando o passado e a atualidade, movido pelo desejo e vocação apostólica de  servir, porque imprime amor e determinação em tudo que fez, conforme está insculpido em I Coríntios Capítulo 13, 1-13.

Nos enlevos das comemorações dos oitenta anos de existência do Instituto Histórico de Petrópolis e também de outras instituições, que mercê dos céus e sob o pálio da doce Mãe do Filho Redentor e nossa, do hercúleo esforço de seus abnegados diretores ultrapassaram um século e outras meio século ou um quarto de centenário a exemplo da Academia Petropolitana de Letras (96) e Academia  Brasileira de Poesia – Casa de Raul de Leoni (35) todas, sem exceção, unem-se em aplausos ao querido 32.º B.I.Mtz.(148), por tão brilhante trajetória.

Neste epílogo reporto-me a Arnold Toynbee quando disse que “o relato da história é escrito pelos vencedores”. Paulo foi um desses vencedores por sua tenacidade, idealismo, amor e fé em tudo que se propôs a realizar. Cum Christo In Pace amigo. Vele por nós!