CEMITÉRIOS DE PETRÓPOLIS (OS)

Frederico Amaro Haack, Associado Titular, Cadeira n.º 17 – Patrono Francisco Marques dos Santos

 

O primeiro cemitério de Petrópolis consta da planta da cidade levantada pelo Major Júlio Frederico Koeler em 1846. Era situado onde hoje se acha localizada a Igreja do Sagrado Coração de Jesus e a parte do Convento dos Frades Franciscanos, na Rua Montecaseiros. Daí temos a explicação do porquê que esse logradouro por muitos anos foi chamado de Rua do Cemitério, desde a esquina da Rua Roberto Silveira com a Rua Sete de Abril até a Rua Piabanha, lado da Mosela.

Com a mudança do campo-santo para a atual Rua Fabrício de Mattos, tivemos a segunda Rua do Cemitério. A planta de Otto Reimarus (1854) nos mostra esse logradouro no caminho da atual Praça Oswaldo Cruz, antiga Praça Nassau.

O historiador Walter João Bretz, em artigo publicado no jornal Tribuna de Petrópolis, de 12 de agosto de 1920, diz que o diretor da colônia de Petrópolis, o Tenente-Coronel Alexandre Manoel Albino de Carvalho, tratando do alargamento daquela região urbana, resolveu no ano de 1854, dar o nome de Rua Montecaseiros ao trecho situado entre o Hospital Santa Tereza e o rio Piabanha, “a fim de apresentar uma prova perdurável dos mais brilhantes feitos das Armas Imperiais naquela época”, em referência a Guerra do Paraguai (1864-1870). O restante da antiga Rua do Cemitério conservou a denominação, porém, mais tarde foi incorporada as atuais ruas Paulino Afonso e Sete de Abril.

O novo cemitério, com a criação posteriormente de dois outros, ao longo da Rua Fabrício de Mattos (um contíguo e outro do lado esquerdo) passou a ser conhecido como “Cemitério Velho”. Somente, em 1904, um ato do governo municipal declarou que passava a se chamar Rua Fabricio de Mattos “a via de comunicação que vai da Rua Montecaseiros ao Cemitério Velho”.

A mudança do antigo cemitério para a Rua Fabrício de Mattos ocorreu devido ao fato de ser muito pequeno comparado ao grande número de enterros neles efetuados. A administração há muito tempo andava preocupada com a construção de um novo campo-santo. Visto que na Portaria de 27 de Julho de 1854, do Governo Provincial foi ultimada a compra dos prazos de terra para tal fim.

Ainda pensava-se em preparar o terreno do novo cemitério, quando em outubro de 1855, estourou em Petrópolis a epidemia de coléra-morbus, se estendendo até o fim de dezembro. Em torno de 360 pessoas foram atingidas por esse mal, sendo vitimadas mortalmente 50. Esse aumento inesperado de óbitos na cidade precipitou a utilização dos prazos de terras recém-comprados. Preparam uma parte do terreno para imediatamente solucionar o problema dos inesperados falecimentos na colônia.

Na ilha Maurício, próxima de Madagascar, a cólera fez horríveis estragos, matando milhares de pessoas. A epidemia misteriosa foi levada àquela ilha por navios de colonos vindo da costa asiática, distante 3.000 quilômetros.

No Rio de Janeiro, logo que se manifestaram os primeiros casos, foram tomadas pelas autoridades sanitárias as medidas possíveis e aconselhadas conforme os conhecimentos medicinais da época.

Negociantes, médicos, sacerdotes e pessoas do povo, quer individualmente quer organizando grupos de trabalho, procuravam auxiliar a obra de assistência aos enfermos, seguindo à risca as recomendações sanitárias no ataque à propagação do mal.

Em 27 de setembro, quando a epidemia chegou ao se auge, o Imperador Dom Pedro II foi pessoalmente inspecionar os serviços de socorro à população, percorrendo as enfermarias.

Não foi uma visita de caráter político. O Imperador não teve pressa de percorrer cada enfermaria, examinou com grande atenção quarto por quarto, cama por cama, conversando com os doentes, e animando-os com a sua presença e palavras, distribuindo donativos aos mais necessitados.

De acordo com o Almanak Laermmert de 1934, Petrópolis contava com sete cemitérios municipais: dois no 1º Distrito (um de cada lado da Rua Fabrício de Mattos), um em Cascatinha, um em Itaipava, um em Secretário, próximo à Igreja de São Miguel e dois em São José do Vale do Rio Preto (que na época pertencia a Petrópolis).

Por volta de 1862, as pessoas comentavam que “a vantagem do novo campo- santo é que nunca haverá de faltar lugar ali para os enterramentos, seja qual for a concorrência”. Bem, essas se enganaram. Hoje devido ao descaso do Poder Público Municipal, muitas famílias não tem aonde enterrar seus entes queridos ou então têm elas próprias que cavar as covas para realizar os enterros de seus parentes… Fica a dica aos governantes, um crematório público é a solução e também mais higiênico.